Cinderella escrita por Alina Black


Capítulo 4
Despedida




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Nunca estamos prontos para dizer adeus a quem amamos, principalmente de uma forma tão repentina, diante das lápides com o nome de meu avô e minha mãe eu permaneci em silêncio enquanto todos passavam por mim.

Tia Maeve não permitiu que abríssemos os caixões, o velório havia sido bastante curto pois segundo ela os corpos não estavam em condições de serem vistos e permanecerem muito tempo expostos, não tive tempo de ver quem eu amava pela última vez e as lagrimas haviam desaparecido.

Tudo que eu tinha era o silêncio.

— Menina!

Lucinha me chamou carinhosamente me estendendo a mão, dei um sorriso tímido e a segurei levantando lentamente, o cemitério estava quase vazio e tia Maeve me esperava com minhas primas no carro.

Lucinha me abraçou e eu encostei a cabeça em seu ombro e então caminhamos até a saída, tia Maeve conversava com um homem que eu não conhecia, apesar de achar estranho ignorei entrando no carro.

— Aí até que enfim vamos para casa! Mel murmurou entrando no carro e sentando ao lado de Lucy em seguida a irmã, Abby olhou pela janela.

— Esperem, eu vou sentar onde?

— É verdade! Mel respondeu olhando para Lucy – Empregados não devem ir no carro com os patrões.

— Mel não é empregada, e o carro ainda é meu! Respondi.

— Nossa priminha, a alguns minutos estava aos prantos pela morte de tia Bella e agora já está reivindicando herança? Abby provocou.

Rolei os olhos e suspirei.

—Não se preocupe menina, eu posso ir caminhando! Lucy falou me soltando de seus braços e abrindo a porta do carro.

— O que está acontecendo?

Tia Maeve aparecia acompanhada do motorista, Abby e Mel reclamaram ao mesmo tempo enquanto Lucy saia do veículo.

— Não acredito nisso! Murmurei.

— Chega dessa discussão, Lucy vai caminhando e se Renesmee se importa tanto com a empregada pode ir caminhando com ela!

Olhei para tia Maeve incrédula enquanto Mel e Abby riam baixinho – Lucy espera! Falei abrindo a ponta e saindo atrás dela.

—  Não deveria ter saído menina, aquele carro é seu não de Maeve.

— Honestamente, ir para casa com elas seria um pesadelo, prefiro caminhar com você! Falei a abraçando novamente.

Lucy beijou minha cabeça carinhosamente e seguimos a pé para casa, como ela sabia que eu me trancaria no quarto novamente me obrigou a comer em um pequeno restaurante de uma amiga, era um lugar aconchegante, mesmo sem apetite acabei cedendo.

Após o almoço seguimos para casa ao chegarmos encontrávamos o mesmo homem que eu havia visto no cemitério, tinha uma pasta nas mãos e após nos cumprimentar entrou em seu carro e partiu.

Lucy e eu trocamos olhares e entramos em casa.

— Até que enfim chegaram, achei que tinha fugido! Tia Maeve reclamava sentada no sofá enquanto olhava uma revista.

—Paramos para almoçar! Respondi – Mas agora preciso ir para o meu quarto.

— Espere! Tia Maeve falou me fazendo parar no primeiro degrau da escada.

— O que foi tia?

—Precisamos conversar sobre algumas mudanças que teremos a partir de hoje nessa casa!

— Mudanças? Perguntei confusa – Do que está falando?

—Um agiota me procurou hoje no cemitério, Isabella estava devendo horrores para ele!

—Como é que é? Perguntei descrente – Isso é mentira, mamãe tinha economias, nunca deveu ninguém.

— É o que ela dizia a você querida! Ela respondeu levantando-se e pegou uma pasta com alguns documentos – Ele queria tomar nossa casa, mas eu consegui negociar com ele.

—Nossa casa? Murmurei abrindo a pasta e olhando os papéis.

— Creio que sua mãe se endividou tentando dar a você uma vida de princesa, aulas particulares, vestidos caros, babá! Ela olhou para Lucy – O quarto que usava é o maior da casa!

Lia os papéis atentamente enquanto a escutava, olhei para ela novamente com um olhar de incompreensão – Como assim o quarto que eu usava? O meu quarto você quer dizer.

— Chegamos no ponto exato das mudanças Renesmee – Ela respondeu – eu paguei a divida da sua mãe, portanto não acho justo eu continuar em um pequeno quarto apertado com minhas duas filhas – Ela olhou para Mel e Abby que sorriram – Portanto a partir de hoje eu ficarei no quarto que era de Bella, Abby ficara no quarto que já usávamos e Mel no quarto que era seu.

— O que? Falei de forma exaltada – Você só pode estar brincando.

—Acho que não entendeu princesinha! Tia Abby se aproximou de mim - Essa casa agora é minha!

— Fique longe dela! Lucy Falou se colocando entre nós duas.

Tia Maeve gargalhou – Só me faltava essa, a empregada querendo me enfrentar, arrume suas coisas sua velha, está demitida.

— Você não pode...

—EU POSSO! Tia Maeve gritou – Mas como sou uma boa tia e você ainda é menor de idade você pode ficar no celeiro, quero você aqui ajudando nas tarefas domesticas, mas se não quiser pode ir embora, mas será triste vê-la passar um ano em um orfanato e sua cachorra pulguenta em um abrigo de animais.

Olhei para tia Maeve e meu único desejo era pular sobre aquela peruca feia que a mesma usava, mas Lucy me segurou – Calma menina! Ela sussurrou.

Honey latiu correndo em minha direção, me abaixei a peguei em meus braços voltando novamente a pisar no primeiro degrau da escada.

—Onde pensa que vai? Tia Maeve perguntou.

— Pegar minhas coisas, e as coisas da minha mãe, você pode ficar nessa casa, mas não vai encostar em nada que era da minha mãe.

Tia Maeve falou mais algo, porém ignorei, subi as escadas apressada com Honey nos braços e Lucy indo para o quarto da mamãe, ao entrar sentei na cama desabando em lagrimas.

—Isso só pode ser um pesadelo!

— Sempre soube que essa mulher era um demônio, tentei alertar sua mãe mas ela não acreditava em mim! Lucy falou me abraçando.

— O que eu faço Lucy, não posso sair daqui ela tem razão, tenho dezessete anos, se eu for para a rua vou parar em um abrigo de adolescentes e vou me separar da Honey.

—Oh querida! Lucy voltava a me abraçar – Eu vou pensar em algo, sua tia me mandou embora, mas eu prometo que vou pensar em uma forma de ajudar você.

—Eu não quero ficar sem você.

— Seja forte Renesme, sua mãe passou por muitas dificuldades gravida de você, não baixe a cabeça para ela...víbora!

— Tem razão! Suspirei deitando a cabeça nas pernas dela, em seguida olhei para o guarda-roupa de minha mãe e levantei caminhando até o mesmo, após abri-lo afastei algumas roupas abrindo um pequeno cofre que ali havia.

— O que está fazendo?

— Tia Maeve pode ficar com essa casa, mas não vai ficar com o que era importante para a mamãe – Respondi pegando um porta joias de dentro do cofre, sentei na cama e o abri.

— Isso parece ser valioso! Lucy falou sentando-se ao meu lado.

— Sim, tem algumas coisas que ela ganhou do papai – Respondi.

Deixei o porta joias sobre a cama e voltei a ir ao guarda-roupa, pegando uma caixa maior, em seguida a coloquei na cama e a abri, dentro havia um lindo vestido azul.

— Que vestido lindo Nessie.

— Mamãe usou em um baile, mas ela nunca quis me contar a história – Respondi escondendo o porta joias no meio do vestido de forma apressada ao ouvir o abrir da porta.

— Saiam!

Revirei os olhos ao ouvir tia Maeve – Já estamos de saída! Respondi.

—O que leva nas mãos?

—Não está vendo? Um vestido!

— Sabe onde Bella guardava as joias? Preciso delas para pagar algumas dividas dela.

—Mamãe não tinha joias, as que tinha ela levou, e outras estão no banco junto com as economias que ela guardou para mim e só podem ser retiradas por mim daqui a um ano.

Tia Maeve fechou a cara, passei por ela seguida de Lucy indo em direção ao meu quarto e para minha surpresa Mell estava lá mexendo em minhas coisas.

— O que pensa que está fazendo?

— Você tem vestidos lindos, eu amei esse!

Entreguei o que tinha nos braços para Lucy e puxei o vestido das mãos de Mel a empurrado – Sai daqui agora!

— Esse quarto agora é meu e tudo que tem nele! Ela respondeu.

Respirei fundo e caminhei em sua direção, Mel me olhou assustada dando alguns passos para trás – Se você não sair do meu quarto agora eu tiro você pelos cabelos.

Mel me olhou assustada e se afastou indo até a porta e então saiu, respirei fundo colocando o vestido que ela tinha pego sobre a cama, mamãe havia me dado antes da viagem, eu usaria na minha festa de dezessete anos que não aconteceu.

Peguei uma grande mala e Lucy me ajudou a arrumar tudo dentro, Honey correu em minha direção com sua tigela na boca me fazendo rir, acho que ela tentava me dizer quer era para mim não esquecer.

Após arrumar duas malas com ajuda de Lucy me despedi do meu quarto, confesso que tinha uma imensa vontade de chorar, mas Lucy tinha razão eu precisava ser forte, Tia Maeve estava na sala acompanhada das filhas quando desci as escadas com as malas, Lucy e Honey.

— O que tem nessas malas? Tia Maeve tentou se aproximar, mas Honey latiu se colocando a minha frente e ela se afastou.

— Minhas coisas! Respondi.

—Ela me expulsou do meu quarto, dele ter tirado tudo de lá! Mell falou.

— Eu peguei minhas coisas, o quarto é seu, mas tudo que ganhei da minha mãe não sua invejosa!

— Mesmo na rua e pobre você continua de nariz empinado! Tia Maeve respondia.

— Vamos Nessie! Lucy me puxou carregando uma das malas, passei por minha tia e primas enquanto Honey latia para elas as afastando de mim e então saímos.

Em vinte quatro horas eu havia perdido tudo, minha mãe, meu avô, minha casa, tudo que eu tinha agora era Honey e Lucy.

Lucy me ajudou a levar minhas coisas para o Celeiro, ficava um pouco distante da casa, ao entramos o local estava escuro, tentei acender as luzes mas não havia nenhuma.

— Droga!

— Renesmee, me corta o coração deixar você aqui!

— Eu vou ficar bem Lucynha! Respondi a abraçando.

— Eu preciso ir filha, preciso arrumar minhas malas, vou passar a noite na casa de uma amiga, eu prometo a você que pensarei em uma forma de ajuda-la.

— Obrigada Lucynha, amo você.

— Também amo você menina! Ela falou me dando um forte abraço e então se foi.

Arrastei as malas para dentro do celeiro, a lua estava bem diante de uma janela clareando o local, deixei as malas em um canto e então voltei para a porta sentando na mesma, Honey latiu e sentou ao meu lado, a abracei forte.

— Somos apenas nós duas agora Honey, uma vai cuidar da outra! Sussurrei olhando as estrelas.


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