It's a Match! escrita por mandy


Capítulo 3
Sete membros para grifinória


Notas iniciais do capítulo

Abro o terceiro capítulo agradecendo quem está por aqui e dando boas vindas aos novos navegantes ♥ Espero que aproveitem o capítulo!



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— O que que você tá fazendo??? – Tomava o celular da mão de Sirius no momento seguinte ao choque, escondendo-o dele numa atitude boba.

— Eu tô tentando dormir… – ouvia James resmungar da beliche alta ao lado.

— A gente achou o Regulus – Sirius colocava a cabeça para fora da minha cama, sorrindo de lado a lado – Ele e a Luci deram Match!

— Parabéns, o seu irmão é hétero. Podem calar a boca agora?

— Meu Deus, não é tão simples quanto parece!

Sirius respirou fundo então. Como quem precisa explicar uma coisa muito séria, sentou-se em minha cama e cruzou as pernas em posição de monge, erguendo os olhos para James na cama de cima e esperando que ele lhe desse a devida atenção. E James insistia em lhe dar plateia, sentando-se igualmente e coçando os olhos inchados. Voltou-se para Peter, mas ele continuava roncando. Não se dignou a olhar para mim, provavelmente para não deixar que minha expressão lhe desmotivasse.

— Se eu fosse gay, na idade do Regulus, eu também iria querer mudar o fato e me envolver com garotas… – começou a explicação, mas tão logo eu revirava os olhos.

— Vocês tem um ano de diferença, Sirius.

— Está desviando do foco – só assim olhou para mim, arqueando uma das sobrancelhas. Mas tão logo respirava fundo, os ombros pesando para baixo – Se Regulus for gay, ele certamente vai se esconder, sabe? Porque os meus pais nunca aceitariam e ele precisa ser o filho perfeito. Reggie quase nunca questiona a minha mãe. Se Walburga manda, ele abaixa a cabeça e obedece. E isso já está tão entranhado nele que mesmo quando ela não está perto, ele precisa se portar como um príncipe inglês.

— Claro – concordava, realmente compreendendo o dilema da família fodida de Sirius mas, tão logo, encolhia os ombros – Mas eu não tenho absolutamente nada a ver com isso.

— Remus! Você tem a essência da Luci! – O meu amigo segurou as minhas mãos com força, tão teatralmente que quase me fez acreditar que era verdade – E o seu próximo passo é descobrir se este perfil é real ou só uma fachada! Quero dizer, você não fica nenhum pouco curioso para saber se existe algum podre na minha família?

— Você é o podre da sua família – James intervinha.

Ótimo o ponto.

Sirius respirou fundo então, cruzando os braços sobre a perna e desviando os olhos por um momento. Um tempo convivendo com Sirius e você já é capaz de identificar o drama que corre em suas veias e quando está verdadeiramente chateado. Eu poderia entender, naquele momento, que ser parte tão deslocada da família Black e enxergar fora da bolha poderia ser deveras doloroso para ele. Ainda assim, levava uma das mãos ao seu ombro, lhe dando tapinhas compreensivos, porque também reconhecia aquela novela.

— Vai precisar conversar com ele, Six. É o melhor conselho que eu posso te dar.

E, aquelas sendo as minhas palavras finais, eu voltava a me esticar em minha cama, mesmo com ele ainda ocupando boa parte do espaço, bloqueando o celular para não ter mais de encarar mais a foto de Regulus Black, ao lado de uma garota que somente existia num universo paralelo.



O dia seguinte era uma sexta-feira. A programação estava razoavelmente tranquila naquele dia, mas logo no Café da Manhã já presenciávamos um surto de Marlene McKinnon porque não estavam servindo café preto. “A nutricionista não recomenda para o desenvolvimento de jovens como vocês”, insistia a cozinheira a cada argumento desesperado da garota. E, quando foi vencida pelo cansaço, voltava à mesa de Lily Evans com cara de quem preferia a morte.

— Foda-se a nutricionista.

Eu também lamentava a falta do café. Geralmente, em casa, era a única coisa que me fazia levantar da cama: sentir o cheiro do café que minha mãe passava, as torradas recém-saídas do forno. Aquelas torradas, croissants, bolos e tantas outras iguarias, apesar de ter o intúito, não chegava nem perto do que seria uma vida no campo de verdade. E eu nem morava no campo, mas sabia como viver melhor. Mas não tinha a intenção de morrer de fome. Comi, junto de Sirius, James e Peter, seguindo um momento depois para o pátio externo, onde alguns Instrutores aguardavam.

Resumidamente seríamos guiados por quatro Instrutores, cada um encarregado de uma equipe: Minerva McGonagall, a chefe da equipe Grifinória; Horace Slughorn, chefe da equipe de Sonserina; Pomona Sprout, chefe de Lufa-Lufa e Fillius Flitwick, de Corvinal. O que primeiramente fizeram para organizar as equipes foi abrir o espaço para quatro líderes voluntários.

Geralmente, em dias comuns no Colégio, cinco ou mais pessoas estariam com as mãos erguidas. Naquele contexto pairou-se o silêncio. Ninguém queria jogar ou fazer qualquer outra coisa numa tarde ensolarada no final das contas. No entanto, dando um passo para frente e com ares quase tímidos, Severus Snape erguia a mão. A comoção contida entre os meus amigos quase que não passa despercebido.

— Eu vou também… – James se pôs a frente igualmente, o que era esperado.

Ficou ao lado da Instrutora McGonagall até que alguém mais tivesse voz para seguir o mesmo caminho. Para a equipe da Corvinal, Gilderoy Lockhart cruzava os braços e, num desfile, seguia para a frente, encarando a todos com o seu sorriso brilhante, cheio de expectativas. Para fechar o time dos líderes, Bartemius Crouch.

Eu só o acompanhei com os olhos por alguns segundos e, tão logo, estava mirando a Regulus. Era inevitável. Ao mesmo tempo que o irmão mais novo de Sirius revirava os olhos para a atitude do amigo, ele sorria, cruzando os braços divertidos. Eu nunca deveras havia reparado nele, apenas sabia das coisas que Sirius dizia, mas estava lá, o sorriso dançando na boca.

Depois, os quatro líderes sortearam a ordem de escolha do time e o riso de James era tão triunfante que ninguém precisou anunciar que o primeiro a escolher seria ele. Era idiota, mas James devia contar aquilo como uma pequena vitória contra Severus Snape.

Mas grande foi a vitória seguinte.

— Lily Evans.

Eu contive o riso em respeito a Lily, porque eu realmente tinha muito apreço por ela. Vínhamos de realidades semelhantes e às vezes, perdidos entre os livros da biblioteca, acabávamos conversando sobre uma coisa e outra. Lily diversas vezes me havia perguntado porque eu andava com Potter e Black. “Pettigrew parece legal, mas os outros dois?” Eu geralmente ria, e lhe dava respostas genéricas: Eu gosto deles. Não havia como lhe explicar em meio a correria das aulas. Nem mesmo se houvesse, talvez ela não entendesse deveras.

Mas a sua expressão, naquele momento, foi de indignação. Tentou ainda buscar auxílio em alguns dos Instrutores, mas nenhum deles estava a par das implicâncias entre James e Lily. Então, arrastando os pés, ela seguiu para o lado dele.

O que me fazia segurar o riso era o fogo que queimava os olhos de Severus Snape. Era, de muitas maneiras, gratificante vê-lo queimar ali, sabendo que só o consumiria por dentro. E também havia a expressão teatralmente indignada no rosto de Sirius, o namorado oficial de James, ofendido por ter sido trocado por uma moça ruiva, mil e uma vezes mais bonita do que ele mesmo. Mas eu queria rir pelo desespero apaixonado de James. Por mais que aquela parecesse uma jogada contra o inimigo, os olhos que recaiam sobre Lily enquanto caminhava em sua direção eram cheios de brilho. Quis gritar para ela de onde estava: É ISSO! É por isso que gosto tanto deles e de suas verdades.

Severus ficou um bom tempo quieto, sem olhar de fato para ninguém ali. Me perguntava se o intuito dele era montar uma equipe apenas de dois. Lily e Severus contra o mundo, nada mais. Mas, um tempo depois, ele resmungava com sua voz anasalada:

— Regulus Black.

E então, os meus olhos se voltavam automaticamente para Crouch e seus olhos grandes de descontentamento. Tinhas as duas sobrancelhas arqueadas para Snape, como se ele tivesse lhe roubado alguma coisa. E depois, seguiam para Regulus, como se esperasse que ele interviesse de alguma forma. Ao contrário disso, com a expressão neutra de todos os dias, sem sorrisos, sem troca de olhares, ele seguiu para o lado de Snape.

E as escolhas continuaram. James, muito rapidamente, tratou de nos levar para o seu lado, um a um. Além de nós cinco, haviam ainda Marlene McKinnon e a namorada de Peter, McDonald, devido aos seus pedidos insistentes. Se eu fosse levar em consideração o namoro dos dois, os olhos de Sirius para uma irritada Marlene sem café matinal e a queda de abismo que James tinha por Lily, eu estava sobrando ali.

Mas ainda assim eram os meus. Era melhor do que o time da Sonserina que, além de Regulus e Snape, contava com duas garotas que eu nunca havia notado na vida, o pretensioso Evan Rosier, a prima Narcisa de Sirius, e Avery. Se fosse pelo dinheiro dos membros daquela equipe, eles certamente ganhariam as atividades, e eu não duvidava que eles estariam dispostos mesmo a pagar.

Ao que tudo indicava, a guerra de gigantes aconteceria entre Grifinória e Sonserina. Os demais times me pareciam fracos e eu odiava aquele senso de pensamento porque eu só os associava a fraqueza porque não tinham nome de destaque. Mas estava claro também em seus olhos, em seus corpos. Crouch mesmo era um dos que não pareciam mais tão animados com a competição. James havia estragado os planos de Snape. Snape havia estragado os planos de Crouch.

— Bem, vocês terão a tarde para fortalecer a equipe de vocês. Separei uma hora para cada uma na sala de artes e, lá, vocês devem confeccionar um brasão, um lema que dê cara aos times! – Flitwick, um homem baixinho e de barbas brancas, dizia depois de um tempo – Usem o tempo livre para conhecerem uns aos outros. E lembrem-se: a união faz a força!

— Ah, puta que pariu, alguém tem um cigarro? – Marlene inclodia dentro do nosso grupo, com expressão aborrecida de quem não havia prestado atenção em uma palavra do que havia sido dito e, ainda assim, preferia a morte ao estar ali.



Ninguém usou o tempo livre de fato para “se conhecer”. A primeira coisa que Evans fez foi puxar Marlene consigo para a cabana que dividiam, deixando-nos com Mary. Ela e Peter formavam um casal bonito, até, desses de filmes adolescentes, que ficam de mãos dadas, mas diante dos outros tem vergonha mesmo de se olhar nos olhos. Peter tentava se controlar o tempo todo. Em nossa cabana, brigava para não falarmos tanta besteira, o que só fazia James e Sirius descarrilharem uma porção de palavrões fora do contexto. Ela ria, ele ficava vermelho. Mas estava feliz.

Quando fomos encaminhado para a sala de artes  depois da hora utilizada pela equipe da Corvinal, que era nada mais do que um balcão com uma mesa central grande e alguns objetos empilhados nos armários, ficamos um bom tempo em silêncio, encarando papéis e tintas espalhados pela mesa.

— A gente podia usar, como símbolo, uma mariposa… – Mary deu a primeira ideia, timidamente. – Tem uma frase que diz…

— Não… – McKinnon balançava a cabeça negativamente, não lhe dando oportunidade de continuar a falar – É lindo, mariposa, flores, mas se fôssemos pensar numa briga literalmente, entre os nossos símbolos representantes, seríamos massacrados.

Novamente, silêncio. Eu tinha a impressão de já estarmos ali há horas, e não havia qualquer esboço da nossa equipe. Falei a primeira coisa que veio em minha cabeça.

— Um lobisomem?

— Amado? – Marlene arqueava as sobrancelhas.

— Sem contos de fadas, Rems… – sentia a mão de Sirius em meu ombro.

— Vocês querem um animal forte, então…

— Isso nem existe, Remus. Porque não um cachorro? Bem grande.

E, chamando atenção de Sirius, James começou a latir. E tão logo os dois estavam latindo um para o outro, como duas crianças hiperativas que não controlam os impulsos. Eram aquelas as vergonhas que Peter queria evitar passar perto da namorada, mas certamente se estivesse sozinho com eles, estaria latindo em igual sonoridade.

Mary continuava a rir daquele tipo de coisa, o que era uma má ideia. Nunca dê corda a bobos da corte. Lily e Marlene, no entanto, observavam a cena com as sobrancelhas arqueadas. Eu poderia sentir vergonha alheia naquele momento, mas apenas segurei o riso.

— Meninos – Lily estalou o dedo algumas vezes, até que os dois parassem e se voltassem para ela. – Foco. Hm… Que tal um leão? Estamos, supostamente, no meio do mato. E o leão é o rei da selva.

— E o slogan seria, tipo… you’re gonna hear me roar.— Marlene complementava entre risos.

— Isso é Katy Perry? – Questionava.

E, com um sorriso surpreso, ela concordou.

— A gente vai mesmo usar uma música da Katy Perry como lema? – era a voz de James agora. – Depois de toda uma discussão sobre animais fortes, rei da selva…

— Porque você acha que quem ouve Katy Perry não é forte? – indagou Lily, em tom de provocação.

Ele diria que sim se eu lhe houvesse perguntado. Mas ficou em silêncio diante dela, e, novamente, estávamos todos afogados ali. Suspirei.

— Eu gosto… – Mary encolhia os ombros na sequência.

— Eu gosto… também – porque Peter queria, de verdade, agradar a Mary.

— Vocês são votos vencidos – me voltava a James e Sirius que, mesmo sem ter deveras votado, tinha mesma expressão discordante no rosto – 'Cause I am a champion, and you're gonna hear me roar! — E finalizava com uma piscadela.

Nos juntamos no centro da mesa e, enquanto as garotas esboçavam a imagem de um leão, eu e os meus amigos nos empoleirávamos em Peter. A habilidade que ele tinha com os traços era sensacional, mesmo que nem sempre acreditasse nisso. Peter tinha um caderno de desenhos, histórias em quadrinhos, que eram deveras muito bem feitas, muito criativas, mas os pais acabavam por nunca incentivá-lo, porque aquele não era um tipo de inteligência aceita por eles. Ao final de tudo, ele nos apresentava um leão enorme, rugindo na direção dos oponentes.

Na reunião de exposição, pouco antes do jantar, tínhamos quatro equipes: A Grifinória, simbolizada por um leão, nas cores vermelho e dourado; A Sonserina, simbolizada por uma cobra, verde e prata; A Corvinal, com uma águia, representada pelas cores azul e bronze; e a Lufa-Lufa com um fucking texugo, nas cores amarelo e preto.

Um texugo, Crouch? Sério?



Depois do jantar estávamos exaustos. James havia levado alguns filmes no computador, então jogamos dois colchões no chão e, depois de ver Clube da Luta, entre cigarros e alguns goles de uísque da garrafa que Sirius havia aberto, passamos parte da noite discutindo teorias de múltiplas personalidades, até que o sono começasse a nos derrotar um a um. Peter. bêbado, usou de todo o autocontrole para atender a mãe ao telefone e no final ele acabava por dormir no colchão no chão mesmo. Eu ainda coloquei de volta o colchão para a cama e, como hábito noturno, mexi no celular.

Apenas por curiosidade acessei o Tinder. Regulus não havia mandado nenhuma mensagem. Voltei a observar o perfil, passando de um lado para o outro as três fotos existentes. Em nenhuma delas ele estava sorrindo.

Reli a biografia então, me demorando um pouco mais na frase final: eu não acredito na paz mundial. Mas se eu puder viver em paz comigo mesmo, já é o suficiente. Respirei fundo uma vez e mandei mensagem.

 

LUCI: Oi. Tem estado em paz consigo mesmo?

 

E cinco minutos depois, com seguidas batucadas fortes do meu coração, ele me respondia.

 

REGULUS: No momento posso dizer que sim. Você tem estado em paz?

 

Bloqueei a tela antes de responder. Não era como se ele estivesse me observando pelo outro lado da tela, era apenas um nervosismo bobo, de quem sabe que está fazendo a coisa errada. Cogitei ignorar, mas nos minutos seguintes pensava numa resposta interessante. Eu estava em paz comigo mesmo? Olhei para os garotos que dormiam ao meu lado. Eu tinha ótimos amigos, que eram também uma “baita má influência”, como minha mãe diria se soubesse que fumávamos e bebíamos escondido, que pregávamos peças em garotos que achávamos mesquinhos, que já havíamos corrido sem roupa numa rua deserta, no meio da madrugada, apenas por que era divertido.

Eu estava em paz com eles. Mas e comigo mesmo?

 

LUCI: Não sei se consigo te dar uma resposta agora.


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Notas finais do capítulo

Oiê! E então, o que acharam?? (eu mesma, a senhora insegurança)
Eu tô tentando fazer uma dinâmica não muito extensa ou cansativa nos capítulos, o que dificultou um pouco com o surgimento da troca de mensagens entre Luci e Regulus. A solução que encontrei foi resumir mais ou menos a conversa entre os dois e deixar, para quem esteja interessado (como fiz no capítulo anterior) o link interativo da troca de mensagens, que pretendo postar simultaneamente ao capítulo sempre que preciso. Caso queiram dar uma olhada, o link é:
PARTE 1: https://twitter.com/mandyravenclaw/status/1225464254171615232?s=20
PARTE FINAL: https://twitter.com/mandyravenclaw/status/1225464297117167617?s=20

No mais, espero que tenham gostado mesmo! Beijinhos e até o próximo, ♥



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