TÃO SIMPLES:

Ele é simples.

Toma banho com sabão de côco, e usa talco como desodorante.

Tem um relógio de ponteiro na parede do seu quarto, que nem funciona mais, ou era isso que eu pensava, até ele mesmo me falar, que era só colocar pilhas novas que o relógio voltaria a funcionar.

Cheguei a questioná-lo enquanto estávamos deitados na sua cama do motivo dele não ter colocado pilhas novas no relógio, já que era só isso que precisava. E ele direcionou os seus olhos para o relógio, dizendo que era muito reconfortante não ter os ponteiros se movimentando e apontando que horas, minutos e segundos eram. Era como estar em um universo só dele, com o tempo estático, paralisado. Como se nada estivesse acontecendo do lado de fora do seu quarto, da sua casa, com a sua porta fechada se sentia como se qualquer coisa que ele estivesse pensando naquele momento, simplesmente seria só dele e seria algo único.

Sem a pressão dos afazeres, e obrigações que constantemente tentavam atravessar em batidas a porta do seu quarto.

Com os ponteiros paralisados, era como um lembrete de que nem todo tempo do mundo é suficiente, ou que simplesmente só não temos tempo.

Em uma correria constantemente em obter aquilo que achamos que realmente necessitamos. Da onde tiramos isso? Quem disse ou impôs isso? Será que realmente é a verdade, ou só mais uma mentira para nos ocupar?

Com os ponteiros paralisados nada disso importava.

E ao dizer isso tudo, me deixava bastante pensativa com uma única questão, o que realmente era importante para mim?

E antes mesmo de conseguir desvendar a minha própria questão. Ele me dizia sem nem exitar, ou sussurrar, que eu estar ali com ele era importante, e que todas as vezes em que ele pensava em mim, em saber se eu estava bem, quando iríamos nos ver, nos abraçar e estar no seu quarto, com a porta fechada, a luz apagada, só o barulhinho do ventilador e da respiração um do outro, sem saber das horas ou o que está acontecendo lá fora, eram sem dúvida, importantes em que ele queria logo em poder obter e fazer mais uma vez.

E fechando os meus olhos, penso o quão simples ele é.

Ele é tão simples, que não sei como não respondi a resposta que me questionei mentalmente, do que realmente era importante para mim. Quando a resposta estava diante de mim, tão perto e tão simples.

Ele é.

O nosso amor é.

É tão simples, como ele é.