Whatever It Takes escrita por Dark Sweet


Capítulo 7
Cuidados




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 —Melinda, precisa levantar. Nós não... nós não temos mais nada o que fazer aqui. — Steve falou, se aproximando.

Eu ainda estava no mesmo lugar de quando tudo aconteceu, sentada no chão no meio de uma floresta em Wakanda. Tinham levado o corpo do Visão já fazia algum tempo, mas eu não tinha conseguido sair do lugar.

As lágrimas já tinham secado, mas a dor ainda permanecia. Não só a física, mas a emocional também. Principalmente a emocional.

—Eu não consigo. — sussurrei.

—Sei o que você está sentindo. — ele se agachou na minha frente, segurando um gemido de dor. Ele também tinha ganhado uns ferimentos bem grande durante a batalha. — Sei também que você está se sentindo pior do que a gente porque perdeu todos eles, toda a sua família, todos os seus amigos. — o encarei. — Mas ficar aqui não ajudará em nada. Precisamos levantar e lutar para encontrar uma forma de trazer todos de volta. —

—Você acha que... que tem como trazer eles de volta? Todo mundo? — minha voz estava fraca, minha garganta ainda doía e estava seca demais.

—Se tem como transformar metade de um universo inteiro em pó, com certeza tem um jeito de reverter. Nós só precisamos começar a procurar um jeito de desfazer. — ele sorriu. — E para isso acontecer vamos precisar de toda ajuda possível, inclusive da garota que leva o nome de Valente. E qual é o significado da palavra mesmo? — arqueou a sobrancelha.

—Aquele que não receia o perigo, que tem espírito de luta, corajoso. — respondi, sorrindo no final.

—Exato. E não dá para você manter esse espírito de luta e nos ajudar a trazer todo mundo de volta sentada no meio de uma floresta. — Steve sorriu. — Mas para isso acontecer, primeiro você tem que levantar. —

—Obrigada, Steve. — sorri, observando ele levantar e estender a mão para mim. — Mas sabe, Picolé, eu não estava brincando quando disse que não conseguia levantar. — com um pouco de dificuldade, virei minha perna direita deixando a ferida exposta.

Steve encarou o machucado horrorizado.

—E não é só isso. —

Trouxe meu braço esquerdo para minha frente, que eu tinha escondido nas minhas costas quando o pessoal estava aqui.

—Melinda, o seu pulso... —

—Eu sei, parece uma pista de skate para as formiguinhas. — falei, analisando uma grande elevação no pulso inchado causado pelo osso fraturado. — Eu também acho que quebrei algumas costelas devido as pancadas. —

—Você está toda machucada e não nos contou? Caramba, Melinda! — falou bravo, se agachando e olhando meu pulso.

—Eu sei, eu só... desculpa. —

O Capitão levou sua mão até a lateral do meu rosto, provavelmente analisando os cortes que tinha espalhado por ele. No entanto, quando seus dedos tocaram levemente a minha nuca eu recuei, sentindo uma pequena dor.

Steve afastou meu cabelo, voltando a me encarar com pavor.

—Como diabos você ainda está consciente? Tem um corte enorme na sua cabeça! —

—Não sei se consciente é a palavra certa. Posso jurar que vi uns unicórnios pulando por aqui. — murmurei. — Acho que também vi um guaxinim falando. Ele tinha até uma arma. —

—Nat, preciso que fale com a Okoye e peça para ela separar uma sala médica para a Melinda. — encarei Steve com as sobrancelhas franzidas. Sua mão estava no comunicador em seu ouvido. — Ela está com sérios machucados. Estou levando ela. —

—Agora mesmo. — a resposta dela veio rapidamente.

—Está me levando para onde? — questionei, quando vi ele pegar meu braço esquerdo e manter junto ao meu peito.

—Tente se mexer o mínimo possível, ok? — pediu, me pegando no colo. — A viagem vai ser um pouco turbulenta para você. —

Não consegui conter o gemido de dor quando uma onda de dor se espalhou pelo meu corpo.

—Não durma, Melinda. Isso é uma ordem. —

Encostei a cabeça em seu ombro, fechando os olhos com força a cada pontada de dor causada pelos movimentos de Steve. Eu sei que a culpa não era dele, que ele só estava querendo me ajudar, mas tudo doía.

Meu pescoço, meu pulso, minha cabeça, meu tórax, minha perna. Tudo.

—Steve, onde vocês estão? — Natasha questionou.

—Estamos chegando. Chame o Bruce, ela vai querer um rosto conhecido lá. —

—Picolé, para onde... para onde você está me levando? — sussurrei.

—Vai ficar tudo bem, ninguém fará mal a você. Eu prometo. — arregalei os olhos.

—Não. Eu não quero. — comecei a ficar inquieta, sentindo a dor aumentar. — Steve, eu não quero ir para o hospital. Não quero nenhum médico perto de mim. Por favor, Steve, não. — as lágrimas já estavam caindo sobre meu rosto novamente.

O Capitão me segurou com mais força.

Avistei ao longe a cidade e algumas pessoas de branco com uma maca do lado de fora dos prédios. Natasha, Bruce e os outros estavam lá, assim como Okoye.

—Não. Steve, não. Por favor, eu estou bem. — o encarei, sentindo as lágrimas grossas escorrerem. — Por favor, Picolé. —

Os caras de branco começaram a se aproximar com a maca e o pavor tomou conta totalmente do meu corpo.

—Não! Não encostem em mim! Me tira daqui! — gritei, tentando me soltar de Steve a qualquer custo. — Não cheguem perto de mim! Steve, me leva embora daqui. Por favor, Steve, por favor. — supliquei.

Voltei a me debater quando ele me colocou sobre a maca e logo Thor, Bruce e Rhodes vieram ajudar Steve a me segurar.

—Baixinha, fica calma. — ele pediu segurando meu braço e ombro.

Bruce e Rhodes seguravam minhas pernas cada um.

—Eu quero sair daqui. Me tirem daqui! — gritei.

—Melinda, eu estou aqui. Estarei do seu lado quando eles começarem a cuidar de você. Não tem para que ter medo. — ignorei a fala de Bruce ainda tentando me soltar de todos eles.

—General, não vai ter como cuidar dela agitada desse jeito. — um dos homens de branco falou.

—Tem certeza que nenhum sedativo funciona nela? — Okoye perguntou.

—Nenhum. — Natasha respondeu, segurando minha cabeça e obrigando-me a encará-la. — Olha para mim. Você precisa se acalmar, ninguém aqui fará mal a você. Eu estarei do seu lado sempre. — falou firme. — Encare isso como uma crise de ansiedade. Eu sempre estive do seu lado quando ela vinha, lembra? —

—Eu não consigo. Não consigo, Nat. — sussurrei, ainda me debatendo.

—Eu sei que essa não é uma situação que você fica confortável, mas precisa ficar quieta para cuidarem dos seus ferimentos. Melinda, a sua perna e seu pulso estão horríveis. — falou.

—Eu sei, eu sei. — solucei. — Me bate. — pedi.

—O que? —

—Me dá um soco, bem forte. Eu... eu estou fraca então vou apagar rápido. —

—Isso não é uma opção. — ela negou.

—E se tentarmos um sedativo? — Bruce sugeriu. — Ela está fraca, talvez o fator de cura dela esteja bagunçado o suficiente para não interfirir no efeito. —

—Acha que funciona? — Steve indagou, sem soltar meu braço.

—Acho que vale a tentativa. —

—Então acho bom ser um bem forte. — Rhodes falou, segurando minha perna com força.

Natasha estava comigo, falando palavras de conforto enquanto iam pegar o sedativo e lá no fundo eu sabia que deviam tentar. Porém, quando eu vi a seringa e aquela agulha enorme eu pirei.

Tirando uma força sabe-se lá de onde, eu me levantei, sentando na maca.

—Ninguém vai enfiar esse troço em mim! — Thor e Steve voltaram a empurrar meu tronco em direção a maca. — Por favor, me tirem daqui. Eu estou bem, eu estou... — senti uma fisgada no meu braço.

—Desculpa. — Natasha pediu, quando me virei na direção dela. — Mas foi preciso. — meu olhar caiu para a seringa em sua mão.

—Você... — tentei falar, mas parece que a teoria do Bruce estava certa. Meu fator de cura estava fragilizado demais para lutar contra o efeito do sedativo.

Thor e Steve me deitaram com cuidado na maca.

—Bruce e eu estaremos do seu lado, como prometemos. — Nat falou, acariciando meu cabelo.

—Talvez devêssemos prendê-la na cama. — desviei o olhar para Bruce, demorando um pouco para focar nele.

—Ficou maluco? Se ela acordar e ver que está amarrada aí sim que ela surta. — Steve retrucou.

—Justamente. Assim que os ferimentos receberem os devidos cuidados, o efeito do sedativo passará mais rápido e ela pode acordar no meio da operação. — explicou. — E ela pode acabar se alterando e machucando alguém. E vocês sabem que ela se culpa por tudo. —

—Amarra. — sussurrei, encarando o borrão do céu. — Não quero... machucar ninguém. —

Meus olhos começaram a ficar mais pesados ainda.

—Tem certeza? — Capitão indagou. Assenti. — Podem levá-la. —

—Melinda, eu me chamo Zaki, serei o médico responsável por você, tudo bem? — ouvi uma voz masculina soar distante. Um homem negro e alto, com o cabelo e barba rala se aproximou da maca, começando a empurrá-la. — Seus amigos me disseram que você gosta muito de falar. O que acha de me contar uma das suas histórias como Vingadora? —

—Se queria... que eu contasse uma... historinha... por que me dopou? — ele sorriu.

—Você era uma paciente que me daria trabalho se ficasse acordada. Aposto 20 dólares que seus ferimentos pioraram bastante com seus movimentos bruscos. —

—A culpa... é sua... por ser... tão assustador. — murmurei. — Por que eu... ainda não apaguei? —

—Acho que é seu organismo lutando contra o efeito do sedativo. — respondeu. — Mas reza a lenda que se você contar até 10 o efeito acontece mais rápido. —

—Mentiroso. — sussurrei.

—Tenta e me diz se é mentira. — sorri.

—10... 9... 8... 7... 6... —

E então eu apaguei.

***

Abri meus olhos de supetão, tentando me levantar. Porém algo me impediu.

Eu estava deitada em uma maca, em uma sala de cirurgia, com vários médicos ao meu redor. E tinha amarras em meus braços, no meu tronco e pernas me impedindo de levantar.

—Por que eu estou amarrada? O que estou fazendo aqui? Quem são vocês? — perguntei, tentando me soltar.

—Hey, calma. — Natasha estava ao meu lado esquerdo, sentada em uma cadeira. Ela estava com aquelas roupas cirúrgicas de plástico. — Está tudo bem, estou aqui. —

—Por que eu estou amarrada, Romanoff? Quem deixou me prenderem nessa droga de maca? —

—Você, não lembra? Para não machucar ninguém caso acordasse no meio da operação. — respondeu, acariciando minha testa. — Está tudo bem. Nenhum deles te machucou. Estão cuidando de você. —

—Cadê o Bruce? — olhei ao redor.

—Foi com uma das enfermeiras pegar algumas bolsas de sangue para você. — ela afagou meu braço. — Você perdeu muito sangue. —

—Eu quero sair daqui. — sussurrei, sentindo as lágrimas se formarem e começarem a escorrer pelo meu rosto.

—Eu sei, mas eles estão quase acabando. — Natasha limpou meu rosto com o polegar. — O que acha de eu cantar como fazia quando sua crise de ansiedade atacava? —

—Faria isso? —

—Mas é claro. — ela sorriu, começando a cantar Safe & Sound, da trilha sonora de Jogos Vorazes.

Fechei os olhos, ignorando o mundo exterior, focando minha audição apenas em Natasha enquanto sentia seus dedos fazerem carinho no meu cabelo.

Ela cantou a música três vezes. Talvez tenha cantado uma quarta, mas eu não tenho certeza porque apaguei novamente.

***

—Ela vai ficar bem? — ouvi a voz do Picolé soar distante.

—Sim, ela é uma mulher bem forte. — quem respondeu foi o médico responsável pelos meus cuidados.

Como era mesmo o nome dele? Zaki?

—Ela vai precisar ficar em repouso durante as próximas semanas por causa da fratura no pulso e o ferimento na perna. Não pode fazer nenhum esforço, principalmente na perna direita. — permaneci com os olhos fechados, ouvindo as recomendações. — Ela vai precisar de alguém que a auxilie até para ir ao banheiro. Se a verem fazendo qualquer esforço, podem puxar a orelha dela. — revirei os olhos internamente. — Os curativos precisam ser trocados diariamente para não causar nenhuma infecção. Não sei se analgésicos funcionam com ela, mas prescrevi alguns para dor, algo que ela irá sentir constantemente nos dias seguintes. —

—Ela não irá gostar nadinha dessas restrições todas. — ouvi um suspiro. — Mas cuidaremos dela. —

—Diga a ela para não se frustrar por conta do tempo de recuperação. Uma pessoa sem poderes levaria no mínimo de seis a dez semanas para se recuperar da fratura no pulso, mas graças ao fator de cura da Melinda, que já está curando os ferimentos mais leves, ela irá se recuperar em um mês no máximo. —

—Isso significa que eu não preciso seguir a risca todas essas recomendações aí? — murmurei, baixinho.

Eu senti minha garganta rasgar por causa da seca em que se encontrava.

—Então você estava acordada e ouvindo tudo, hum? É bom que me poupa de repetir tudo de novo. — Zaki sorriu. — Como se sente? —

—Vai depender se nenhum de vocês andou coletando meu DNA sabe-se lá para que. —

—Eu asseguro que eles não causaram nenhum mal a você, Melinda. — Steve falou, se aproximando.

—Ok. Eu me sinto com sede. — respondi. — E cansada de estar deitada por tanto tempo. —

—Vou ajudar você a se sentar, ok? — assenti devagar para o médico.

Ele segurou meu tórax com cuidado, a região embaixo dos meus braços, e me colocou sentada na cama. Pude olhar o quarto em que eu estava.

Era quase igual a ala médica do Complexo. Uma cama, aparelhos monitorando meus batimentos cardíacos, uma cômoda ao lado da cama, uma mesa um pouco distante com uma jarra com água e um copo, uma poltrona, uma porta que com certeza dava para o banheiro e as paredes eram de vidro.

Steve se aproximou com um copo d'água.

Como eu era canhota, ergui o braço esquerdo para segurá-lo, mas parei no ar quando notei uma tala gessada preta que ia do meu cotovelo até a metade da palma da minha mão.

No entanto, ela era diferente das falas comuns. Tinha alguma coisa que eu não sabia ao certo o que era.

Baixei o braço, pegando o copo com a mão direita.

Minha garganta agradeceu ao líquido descendo por ela.

—Quer mais? — assenti.

Acabei bebendo três copos de água inteiros.

—Então, como se sente? — Zaki voltou a questionar.

—Dolorida. — o encarei. — Minha cabeça, meu pescoço, meu tórax, meu abdômen, minha perna e meu pulso doem. Tudo dói. —

—E não é para menos. — ele cruzou os braços. — Seu pulso sofreu uma fratura no rádio, você teve três costelas quebradas, o ferimento na sua perna piorou bastante com você seus movimentos bruscos. —

—A culpa não é minha se vocês, médicos, me dão pavor. — murmurei.

—Eu sei, o dr. Banner me contou sobre seu trauma e ele é uma desculpa válida para todo aquele pavor. Sinto muito que tenha passado por algo como aquilo. —

—Não sinta. A culpa não é sua por ter gente escrota no meio do mundo. — encarei minhas mãos. — Quanto tempo vou ter que passar com esse treco? — ergui meu braço com a tala.

—Você me ouviu muito bem quando disse algumas semanas. Passei minuciosamente todo cuidado que você terá que ter a partir de agora para o dr. Banner e ele me assegurou que ficará de olho em você. —

—Ótimo. Lá vou eu dar trabalho para o velhote. — resmunguei.

—Você não estará dando trabalho a ninguém, Melinda. — Steve falou. — E não pense que quando o Bruce não estiver no mesmo cômodo que você, você estará livre para fazer suas estripulias. Todos nós vamos cuidar de você. —

—Maravilha. —

—Você também terá algumas sessões de fisioterapia com o Bruce quando retirar os pontos da perna e a tala do pulso. — encarei Steve séria. — Não me olhe assim. Você ter um fator de cura avançado não significa que já vai poder voltar a desenhar assim que retirar a tala. —

—Então você desenha? — Zaki sorriu.

—É, o Picolé e eu íamos pintar um quadro juntos, mas sua restrições médicas atrapalharam tudo. — falei emburrada. Steve balançou a cabeça para o médico, negando o que eu disse. — Mas que atrapalhou minha volta a tocar violino, atrapalhou. —

—Vejo que você é cheia de talentos. — cruzou os braços.

—Também tenho outros talentos além de desenhar e tocar violino, mas Steve me bateria se eu falasse quais são. — dei de ombros, sentindo uma leve pontada de dor.

—Melinda! — repreendeu. — Ignore ela. — pediu a Zaki.

—Sem problemas. Melinda, você ouviu quando disse que receitei alguns analgésicos para dor, não ouviu? — assenti. — Tome eles, ok? Veja se eles não aliviam a dor nem que seja um pouco, mas se você ver que não está surtindo efeito pode cortar a medicação. Tudo bem? —

—Tudo. E meu pirulito? —

—O que? —

—Desde os meus 6 anos eu nunca pisei em um hospital, mas meus amigos e irmãos sempre falavam que quando iam ao médico ganhavam pirulito se eles se comportassem. — expliquei. — Cadê meu pirulito? —

—Acha que a paciente merece um pirulito, Capitão? — ele encarou Steve que cruzou os braços.

—Não acho que ela mereça depois da cara feia que fez ao ouvir que tem que ficar em repouso. — respondeu, me fazendo bufar.

—Deixem de palhaçada. Eu vou ganhar um pirulito ou não? — Zaki riu.

—Eu vou buscar. —

—Certo. Aquela porta ali é do banheiro? — indaguei, apontando para a porta na única parede de concreto.

Afastei o lençol para o lado, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa Zaki e Steve se aproximaram. O médico segurou meu ombro.

—O que pensa que está fazendo? —

—Eu preciso fazer xixi, ora essa. — respondi como se fosse óbvio. — E adoraria aproveitar o embalo e tomar um banho. —

—E por acaso você pretendia ir até lá andando? — ele arqueou a sobrancelha.

—Óbvio que não. Eu ia voando. Sabe, apenas alguns centímetros do chão e eu ia pousar na perna esquerda. —

—Que parte do você não pode fazer nenhum esforço, você não entendeu? — Steve ralhou. — E antes que pergunte, sim, isso vale para seus vôos. —

—E vocês querem que eu faça xixi nas calças por acaso? —

—Vou chamar uma enfermeira para te ajudar. — Zaki falou, me soltando. — Ela é a minha irmã, pode confiar nela. Vou avisar a ela que você quer tomar um banho também. —

Ele saiu.

—Por que eu sinto que você vai nos dar trabalho não fazendo nada do que o médico mandou? —

—Porque terão vezes que eu vou esquecer que estou debilitada. Qual é, Picolé, eu nunca precisei de nenhuma restrição médica faz anos! — falei. — É óbvio que vou acabar fazendo o que não é para fazer. —

—Vou ter que arranjar uma babá eletrônica para você pelo visto então. — ele sorriu quando o fuzilei com os olhos.

—Você devia era pegar minha mochila no Quinjet. Eu não vou ficar com essa roupa de hospital nem pagando. — encarei a camisola de plástico no meu corpo. — Ela não... —

—Valoriza nem um pouco suas curvas, eu sei. — sorri. — Natasha já trouxe suas roupas, estão no banheiro. Assim como seus assessórios. — franzi as sobrancelhas.

Ao olhar para meu pulso direito não encontrei a pulseira que Tyler me deu no meu aniversário de 18, assim como não encontrei os vários anéis que eu usava nas duas mãos. Eu também estava sem o colar que o Coulson me deu e o colar do Tyler.

—Estão todos bem guardados no armário do banheiro. — assenti devagar.

—Nat, trouxe minha maquiagem? — ele arqueou a sobrancelha. — O que? Eu devo estar com o rosto todo roxo e inchado. Não posso ir lá fora assim. —

—Você sobrevive um dia. —

A porta do quarto abriu.

Então uma mulher negra de uns 25 anos no máximo e o cabelo com tranças preso em um coque alto entrou empurrando uma cadeira de rodas.

—Para que esse treco aí? —

—Para você se locomover até o banheiro, srta. Hunters. — respondeu parando ao lado da cama. — Me chamo Nala, serei sua enfermeira e estou aqui para ajudá-la. —

—Nala que nem a esposa do Simba? — questionei atônita.

—Se quiser associar meu nome assim, então sim, Nala que nem a esposa do Simba. — sorriu.

—Que legal. — murmurei. — 5% de confiança depois disso. — falei.

—Logo chegarei a 100%. — ela se aproximou após posicionar a cadeira de rodas de um jeito estratégico. — Agora vou colocá-la na cadeira, tudo bem? —

—Pode ir, Picolé. — dispensei. — Qualquer coisa eu grito. —

Steve saiu do quarto após dizer que estaria esperando do lado de fora.

Nala me colocou na cadeira de rodas e me levou até o banheiro. E até o banheiro de Wakanda dava de 10 a 0 nos banheiros dos EUA.

Aliviei minha bexiga e logo Nala estava retirando a camisola de plástico. Pela primeira vez avistei a faixa torácica e os pontos na minha coxa remendando um corte de uns 7cm.

O banho não demorou muito, mas eu apreciei a água morna caindo sobre meu corpo. Nunca achei que eu precisaria de ajuda para vestir uma calcinha, mas lá estava eu recebendo ajuda para vestir uma maldita peça íntima.

A enfermeira trocou a faixa torácica e os curativos da minha perna e cabeça.

Natasha tinha escolhido um vestido solto floral com o colo fechado de mangas compridas e que ficava com o comprimento na metade das minhas coxas. Enquanto me vestia, Nala recomendou não utilizar roupas mais justas enquanto tivesse me recuperando das fraturas nas costelas, isso incluía sutiã.

Tranquilizei ela dizendo que eu não era muito fã dessa peça íntima e que não seria nenhum problema passar algumas semanas sem torturar meus peitos.

Nala penteou meu cabelo com delicadeza e eu optei por deixá-lo solto, queria sair logo desse quarto. Quando ela trouxe minhas joias, minha mente acabou viajando para Tyler. O momento em que ele me entregou o colar, dizendo para devolvê-lo quando retornasse depois da batalha.

Nala deixou as joias no meu colo enquanto colocava a pulseira no meu pulso direito. Peguei o colar de Tyler, segurando entre os dedos e sendo invadida por lembranças da nossa viagem a Paris e Brasil.

—Eu devia ter falado as palavrinhas. — murmurei, segurando o colar com força enquanto sentia as lágrimas se formarem.

—O que disse? —

—Nada. — limpei o rosto com a ponta dos dedos da mão esquerda. — Como estão as coisas lá fora, Nala? Aqui em Wakanda e fora dela. —

—Um verdadeiro caos. — suspirou, colocando meus anéis nos meus dedos. — Ninguém fora de Wakanda sabe ao certo o que aconteceu. Ninguém esperava por um evento desse, digo, as pessoas sabiam que os Vingadores iriam enfrentar alguma ameaça devido as espaçonaves em New York e Scottland, mas não imaginavam que seria algo tão... —

—Grande e caótico. — completei. — Todo mundo deve estar apavorado e com razão. — pressionei os lábios. — Foi um grande evento de dizimação. —

—O pior de tudo é que não aconteceu só aqui, mas também pelo universo inteiro. — ela colocou o colar com meu nome de Vingadora primeiro, depois o colar de Tyler. — Assim como as pessoas fora de Wakanda, todos que sobraram nos outros planetas e sistemas solares não estão entendendo o que aconteceu. —

—Eu só espero que tenha uma forma de reverter tudo isso. — murmurei, encarando minhas mãos. — Não sei o que farei se não tiver um jeito de trazer todos de volta. —

—Tem um jeito. Nós só... precisamos procurar. — ela apareceu na minha frente, sorrindo. — Não desistiremos agora, ok? E ficar apenas chorando não irá resolver nossos problemas. Devemos erguer a cabeça e colocar nossos cérebros para trabalhar. O pessoal que evaporou? Eles não estão mortos, não totalmente, pelo menos. Eu confio em vocês, Vingadores, para encontrar um jeito de trazer todos de volta. Se tem alguém que consegue essa proeza, são vocês. — sorri, sentindo meu coração aquecer com o sorriso que ela deu. — Agora, a srta. Romanoff ficou em dúvida de qual bota você acharia que ficaria melhor com seu vestido então trouxe essas duas. E aí, qual você escolhe? —

Nala ergueu os dois pares de botas. Ambas era cano médio e tinham um salto pequeno quadrado. A única diferença era que uma era marrom e a outra preta.

—A preta. — a enfermeira sorriu, se abaixando para calçar as botas nos meus pés.

—Saiba que o único motivo de Zaki e eu permitirmos a bota com salto é que confiamos que você não irá ficar em pé em momento algum. —

—O importante é manter o visual. Já basta ficar sem minha maquiagem. — ela sorriu, ficando em pé.

—Você está linda. Vou pegar um espelho para você ver como estou certa. —

Ela saiu do banheiro, me deixando para trás. Foi aí que eu notei que essa cadeira de rodas super chique era motorizada.

Revirei os olhos com minha burrice.

Estamos em Wakanda. É óbvio que até a cadeira de rodas vai ter Vibranium e uma alta tecnologia.

Empurrei a pequena marcha para a frente, fazendo a cadeira se movimentar. Tive uma pequena dificuldade para fazê-la virar, mas deu tudo certo.

—Vejo que se virou bem manobrando a cadeira. — ela sorriu, se aproximando e me entregando um espelho de mão.

Como eu disse, meu rosto estava horrível.

Tinha um corte na minha testa próximo ao meu cabelo que ia até minha têmpora esquerda, ele não precisou levar ponto por isso estava apenas com três suturas adesivas. O canto do meu olho estava um pouco inchado e tinha um tom roxeado. A maçã do meu rosto também tinha um corte com suturas adesivas e alguns arranhões. Também tinha um corte no meu lábio inferior e no canto esquerdo da boca.

Lembrei da bofetada da berinjela seca com a luva dourada. Se eu encontrar aquela beterraba por aí vou socar ele com tanta força que vou fazer ele se arrepender de ter encostado um dedo em mim.

Baixei um pouco o espelho, mirando o olhar no meu pescoço. Ele estava roxo, como era previsto.

—Se Tyler estivesse aqui, ele ainda diria que eu estava perfeita. — sussurrei com um sorriso triste nos lábios.

—Tyler é o namorado? — Nala questionou, sorrindo.

—Nós não... não tínhamos chegado nessa parte ainda. — entreguei o espelho a ela. — E graças a berinjela e o plano genocida dele, vai levar um tempo para essa parte chegar. —

—Ah, então ele...? — assenti. — Era sobre ele o que você disse no banheiro? Sobre as palavrinhas? —

—É. Antes de vir para cá eu disse que estava apaixonada por ele desde meus 13 anos. — suspirei. — E agora que sei que o perdi, me sinto uma estúpida por não ter falado antes. —

—Como eu disse, srta. Hunters, vocês darão um jeito de trazer todos de volta. E aí, você poderá falar as três palavrinhas para ele. — ela sorriu, deixando o espelho sobre a cama e vindo para trás da cadeira. — Agora, está preparada para começar sua vida cheia de restrições médicas? Soube que é a primeira vez desde que ganhou seus poderes. —

—Se está preocupada por eu acabar fazendo merda e piorando meu estado, não se preocupe. — ela começou a empurrar a cadeira em direção a porta do quarto. — Nem terei tempo para fazer minhas estripulias já que um grupo de super heróis irão cuidar de mim. —


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