Whatever It Takes escrita por Dark Sweet


Capítulo 23
Morgan




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* 7 meses depois *

 

—Menino ou menina? —

—Vocês só irão saber quando o bebê nascer, Melinda. Passei os noves meses dizendo isso. Ainda não entendeu? — Pepper falou, sorrindo.

Bufei, jogando as mãos para o alto.

—Qual é! Eu mereço saber o sexo da minha afilhada! —

—Acontece, Pirralha, que você não é a madrinha do bebê. — Tony falou, voltando da cozinha com um copo de suco entregando para a esposa.

—Claro que sou. Já tenho até o papel assinado por vocês. E é verificado pelo cartório. — eles me encararam.

—Não, você não tem. — Pepper falou.

—Tem razão, eu não tenho. — admiti. — Qual é, gente. Me conta. — choraminguei.

—Oi, chegamos. O que perdemos? — Nat chegou na sala com Theo em seus braços. Hoje foi o dia dela buscar o pestinha na creche, a qual voltou as aulas tem uns 5 meses.

—Melinda está implorando para contarmos o sexo do bebê. — Tony respondeu.

—Ela ainda vai insistir até vocês cansarem. Tudo pela aposta. — ela se aproximou.

—Estamos cansados desde o terceiro mês, Nat, mas tentamos nos manter firme. — a sra. Stark falou, sorrindo. — Mas é divertido ver ela se contorcendo de curiosidade. — cruzei os braços, revirando os olhos.

—Eu ainda não acredito que o Rhodes está no meio dessa aposta. Eu imaginaria a Romanoff, mas não ele. — o Cabeça de Lata falou, fazendo a Viúva revirar os olhos.

—E aí, Papito. Como foi na escola? — indaguei quando eu peguei o garoto do colo de Natasha.

—Foi como todo dia: chato. — respondeu, jogando o corpo para trás.

Arregalei levemente os olhos me apressando em passar meu braço pelas suas costas, o segurando antes que virasse e caísse. O fuzilei com os olhos quando o mesmo me encarou.

—Desculpa. Esqueci que você não gosta quando faço isso. — pediu.

—Será por que da primeira vez você caiu e bateu a cabeça? E da segunda só não caiu porque eu consegui te segurar pelo pé? — perguntei, sarcástica.

—Desculpa. — pediu novamente. — Tem certeza que eu não posso parar a creche, tia? É chato. As crianças da minha turma não estão no meu nível. Eu consigo terminar todas as atividades primeiro que todos e no terço de tempo que elas normalmente levam para terminarem! — justificou. — É chato ter que ficar lá sem fazer nada enquanto eles não terminam, tia. —

—É, senhores e senhoras, Melinda conseguiu fazer uma mini cópia dela. — Tony comentou, fazendo algumas risadas surgirem.

—Já conversamos sobre isso, Theo. Seus pais me matariam se eu te tirasse da creche. — disse, ignorando a fala de Tony.

—Eu sei, mas sair da creche não significa que eu vou deixar de estudar. — falou, chamando minha atenção. — Você podia me ensinar assuntos da escola, tia. Você já faz isso algumas vezes, podíamos tornar definitivo até eu ter idade para entrar na escola, não acha? —

—O moleque sabe o que está fazendo. — ouvi Tony cochichar para Pepper.

—Theo... —

—Você já está me ensinando a lutar e aprender espanhol. — me interrompeu. — Podia me ensinar fração, a tabela periódica, os clássicos da literatura e... —

—Theo. — o interrompi, firme. — Já falamos sobre isso. Não vou te tirar da creche. — ele suspirou, frustrado. — Eu posso sim, te ensinar alguns conteúdos do primeiro ano, como vim fazendo esses meses, posso até te ensinar outro idioma, mas você continua na creche. —

Pelo meu tom, Theo entendeu que não tinha mais o que discutir. Assentiu devagar, fazendo-me suspirar.

—Vai tomar banho. Steve e Bruce já estão quase terminando o almoço. — beijei sua testa, o colocando no chão.

Theo pegou sua mochila e saiu em direção ao seu quarto em silêncio. Acabou nem falando com o Tony ou a Pepper como sempre fazia desde que eles se mudaram para o Complexo para o parto da pequena Morgan, há duas semanas.

Respirei fundo, passando a mão pelo rosto.

—O clima ficou tenso. — Tony murmurou.

Me joguei no sofá que Natasha estava sentada, bufando.

—Eu não nasci para ser mãe, pelas barbas do profeta! Eu nasci para ser a tia rica que mima o sobrinho. "Oh, seus pais brigaram com você, meu amor? Tome aqui esse vídeo game de última geração." —

—Esse tom tem mais a ver com você que o de alguns segundos atrás. — Nat falou.

—Pois é! — confirmei, suspirando logo depois. — Não é querendo concordar com aquele tom do Theo quando disse que os colegas dele não estavam em seu nível... —

—Não precisa tentar nos enganar, Melinda. Sabemos que lá no fundo você gostou. — Pepper me interrompeu.

—É, mas que fique claro que eu falo que usar aquele tom é errado. — me defendi.

—Eu sempre tive vontade de perguntar isso. — Tony apoiou os braços nos joelhos, inclinando o corpo na minha direção. — Como você ensina para o pirralho o que é certo e errado? Porque o seu conceito dessas duas coisas é diferente do dos demais. —

—Ah, é bem simples, na verdade. — disse. — Quando eu falo algo, paro e penso: "por acaso isso é algo que Steve, Nat, Bruce, Rhodes ou qualquer outro adulto repreenderia caso eu fizesse?" Se a resposta for sim, eu digo para ele que é errado. —

—Isso é sério? — Pepper indagou descrente.

—Pior que é. — Nat quem respondeu.

—Gostei. Vou aderir para usar com o bebê. — Tony falou, encarando a esposa. — E se eu acabar falando algo que não deveria na frente dele e ele não parar de falar, vou colocar a culpa em você. —

—Isso não me surpreende. — murmurou. — Mas o que você ia falar, Melinda? Sobre o Theo. —

—Ah, é só que eu entendo o lado dele. O garoto realmente é um dos mais inteligente da turma dele, se não o mais inteligente. Não que eu meça a inteligência das pessoas por um pedaço de papel, mas, já que o sistema é assim, não posso fazer nada. — falei. — Enfim, acho que um mês depois que as aulas retornaram, ou foram dois meses, não lembro direito, a professora dele me chamou para conversar. Eu achei que ele tinha arrumado problemas, como qualquer pessoa sensata pensaria. —

—Não pensaria. — Nat negou. A ignorei.

—Mas na real foi só para falar sobre como ele tinha avançado e muito nos estudos. Ela disse que antigamente ele já tinha se mostrado um garoto esforçado, inteligente, mas que agora ele parecia muito mais, sabe? —

—Talvez seja porque você esteja ensinando algumas coisas para ele em casa. Digo, ele está aprendendo espanhol com você, não é? — Pepper questionou.

—Sim, mas logo no início eu notei que ele aprende as coisas rápido. Sete meses, Pepper, sete meses que estou treinando defesa pessoal para o garoto e ele já pode se defender sozinho caso alguma criança idiota vá mexer com ele. As simulações que fazemos com ele? Theo consegue finalizá-las em um ótimo tempo, se brincar melhor que meu tempo quando comecei os treinamentos e não tinha controle sobre meus poderes. — Nat concordou com cada palavra que eu disse. — O espanhol? Ele já está saindo do básico e indo para o intermediário. Theo já sabe resolver as quatro operações matemáticas sem nenhum problema, aos três anos já sabia ler sem qualquer dificuldade. Um dia desses ele estava lendo A Teoria de Tudo. Fora que o Bruce disse que teve um dia que o pirralho estava no laboratório e perguntou sobre algumas coisas de bioquímica. Uns dias depois, Theo ainda lembrava de todos os termos que o Verdão falou e o que eles significavam. —

—Então o Theo é um garoto prodígio? — Tony indagou, arqueando a sobrancelha.

—Se isso tudo que acabei de falar não comprovar que o moleque é sim um puta de um inteligente para a idade dele, eu dou a minha Hayabusa para o Steve. —

—Realmente saber disso tudo e ficar preso a uma turma de creche deve ser muito entediante. — Natasha falou, me encarando. — Converse com a professora dele. Diga que estão desperdiçando o talento do garoto, fale com uma escola e peça para o Theo fazer uma prova para ver se ele está no nível do primeiro ano escolar. —

—Ele ia ser um ano avançado na escola. — ponderei. — Olha, eu vou amar esfregar isso na cara das pessoas. E se ele for para o primeiro ano, eu não vou mais precisar brigar com ele por causa da porcaria da creche, não é? — sorri. — Vou poder voltar a ser a tia rica que mima o sobrinho. —

—Só converse com a professora primeiro, ok? Não dê falsas esperanças ao Theo. — Pepper orientou. Assenti.

—Pode deixar. E aí o Theo vai poder ensinar tudo isso para o bebê. A propósito, é menina ou menino? —

—Alguém me mata, por favor. — Pepper resmungou.

***

Acabamos continuando uma conversa sobre coisas do dia a dia. Como estava as coisas para a chegada da Morgan, como Thor estava se saindo na finalização da construção do seu novo reino e outras coisas. Theo tinha voltado para a sala já de banho tomado e pedido desculpas por ter insistindo no assunto da creche, pediu desculpas também para Pepper e Tony por não ter cumprimentado eles quando chegou.

Logo depois Steve chegou dizendo que o almoço estava pronto e agora comíamos o almoço delicioso feito pelo Hulk e o Capitão América. O almoço estava silencioso embora vez ou outra alguém comentava sobre alguma coisa engraçada e gerava algumas risadas.

Theo estava falando alguma coisa sobre a volta para a casa com Natasha quando o som de algo derramando chamou minha atenção.

—Quem foi que derramou o suco? — perguntei, olhando para o pessoal que me encararam confusos.

—Que? — Bruce franziu as sobrancelhas.

—Alguém derramou o suco. — expliquei. — Eu ouvi alguma coisa derramando. —

—Fui eu. — a voz de Pepper estava levemente trêmula.

—Mas o seu copo está cheio. —

—Ah, merda. Agora? — Tony indagou encarando a mulher.

Minha cara continuava com uma grande interrogação enquanto o pessoal levantava preocupado.

—A bolsa estourou! —

—Morgan vai nascer! — a voz empolgada de Theo fez um certo pânico se instalar na minha cabeça. E olha que nem era eu quem iria parir.

—Nascer? Agora? — levantei da cadeira de supetão. — Não era só daqui uns dias? Gente! —

—Parece que o bebê resolveu vir antes. — Bruce respondeu do lado de Pepper que já estava em pé, respirando devagar. — Ela já entrou em trabalho de parto, precisamos ir para a ala hospitalar agora. —

Tony e Steve ajudavam Pepper a caminhar até a ala hospitalar que ficava praticamente do outro lado do Complexo. Bruce correu para arrumar uma sala para a Pepper e Natasha retirava algumas coisas do caminho para os três passarem com mais confortável.

E eu ainda estava parada encarando tudo enquanto parte do meu cérebro pifava com tudo que estava acontecendo.

—Tia, você não vai ajudar? — pisquei os olhos um pouco atordoada, vendo o garotinho a minha frente balançar meu braço.

—Ajudar? Pepper que me desculpe, mas eu não piso naquela ala hospitalar nem pagando. — neguei.

—Então liga para a obstetra da Pepper. Manda ela vir para cá correndo, agora! — a voz de Tony se fez presente. — Meu celular está na mesa. A senha é... —

—Eu sei qual é a senha. — gritei de volta, pegando o celular do Tony em cima da mesa.

—Tenho que mudar essa senha depois. — ouvi ele resmungar.

Desbloqueei o celular, procurando pelo contato da médica e ligando para ela. Três vezes, todas caixa postal. Respirei fundo, tentando lembrar o nome do hospital que a dita cuja trabalhava e procurando o número na internet, discando o número logo em seguida.

—Hospital Me... —

—Estou sem tempo para papo furado. A dra. Lance está aí? — interrompi a recepcionista, ouvindo ela resmungar alguma coisa quase inaudível.

—Quem está procurando a dra. Lance? — seu tom de voz era profissional.

—Ela está atendendo aí no hospital ou não, minha filha? Tempo é uma coisa que eu não tenho no momento. —

—Não posso dar esse tipo de informação assim. Preciso saber quem está procurando... — revirei os olhos, a interrompendo novamente.

—Tony Stark, satisfeita? Agora você poderia, por favor, parar de falar asneiras e me dizer se a dra. Lance está aí ou não? — comecei a caminhar de um lado para o outro impaciente, sendo observada por um Theo levemente confuso.

—É a respeito da gestação da sra. Potts-Stark? — no fundo ouvi ela digitar em seu computador.

—Sim. A dra. está ou não está? — repeti já imaginando o porquê dessa demora toda para dizer um simples sim ou não.

—Infelizmente a dra. Lance acabou de começar um parto de risco de outra paciente e não pode se ausentar no momento. — parei de andar abruptamente.

—O quê? — minha voz acabou subindo algumas oitavas.

—Ela está realizando outro parto, um de risco. — repetiu, corri em direção a ala médica sentindo meu coração bater mais rápido.

Não podia ter esperando mais algumas horinhas, Morgan? Só mais umas horinhas!

—Temos outros excelentes obstetras aqui no hospital disponíveis. Posso mandar um agora mesmo se assim desejarem. — a voz levemente irritante da recepcionista voltou a soar pelo telefone.

Parei na porta da sala em que Bruce tinha reservado para Pepper. A propósito, ela já estava deitada em uma cama, com aquelas camisolas de plástico.

—A médica está nesse exato momento ajudando outra mulher em situação de risco a parir e não pode sair de lá. — falei, afastando o celular e cobrindo o microfone do mesmo com minha mão. — A chata recepcionista disse que tem outro obstetra excelente livre que pode mandar ele para cá. Posso eu voando buscar ele, se quiserem. — falei rápido, atropelando algumas palavras.

—Você está bem? Falou tudo enrolado e trocando as palavras. — Steve falou, me encarando rapidamente.

—Eu estou em desespero total, ok? — exasperei.

—Não é nem você quem está perto de parir um filho, Melinda! — Pepper gritou da cama, atraindo minha atenção.

—Não significa que eu não posso entrar em desespero, ok? — retruquei. — Busco o outro médico ou não? —

—Não! Eu não quero outro médico que não seja a dra. Lance! — a mamãe gritou.

—Mas a médica está ocupada! — gritei de volta.

—Bruce! Você faz o parto. — ela encarou o Verdão que parou.

—Eu? — indagou.

—É o único outro médico que eu confio para isso. —

—Tem certeza? —

—Banner, não pergunta, só aceita e faz. — a voz de Tony se fez presente.

—Não vamos precisar de outro médico, querida. Adeus. — falei para a recepcionista, encerrando a chamada.

—Ok, eu posso fazer isso. Só que vou precisar de ajuda. — disse Bruce, encarando a mim, Steve e Nat.

—Tô fora. Pepper e Tony que me desculpem, mas eu não conseguiria ajudar nem se eu fosse a única aqui no Complexo. — tratei de falar logo.

—É, eu realmente não esperava uma resposta diferente de você. — Stark falou. — Então avisa aos outros, ok? Happy, Rhodes e Thor. — assenti.

—Nós ajudamos. Do que precisa? — a voz de Natasha soou firme.

—Primeiro que troquem de roupa. Todos vocês, inclusive você, Tony. — Bruce informou. — Melinda, você poderia também trazer a bolsa com as coisas do bebê. Assim quando ele nascer já vai estar tudo aqui para dar banho e vestir roupas limpas. —

—Eu já trouxe. — a voz de Theo se fez presente, fazendo-me encarar a pequena figura ao meu lado com os olhos arregalados ao ver a bolsa que Tony e Pepper tinham preparado com as coisas do bebê no chão. — Posso ajudar também. — sorriu.

—Ajudar coisa nenhuma, moleque! Não era nem para você estar aqui! — falei, gesticulando nervosa.

—Mas tio Bruce disse que precisa de ajuda. — contrapôs.

—Tem razão, Theo. Preciso que cuide da sua tia. Do jeito que ela está aí, toda desesperada seja lá por qual motivo, é bem capaz de causar uma queda de energia e essa é a última coisa que precisamos. — encarei Bruce com os olhos carregados de espanto.

—Se isso era para me acalmar saiba que você piorou tudo! — gritei, sentindo a ansiedade começar a tomar conta do meu corpo.

—Acho que sair da ala hospitalar irá ajudar você, Pirralha. Sabe que esse lugar não é seu favorito. —

Engoli em seco, notando que minha respiração estava ofegante e algumas gotículas de suor se formavam em minha testa.

—Vem, tia, eu te tiro daqui. — a mão de Theo segurou a minha. — Vou te preparar um chá, ok? — assenti devagar, sendo puxada pelo garoto de 4 anos.

Ainda na cozinha conseguia ouvir a voz de Bruce dizendo o que cada um tinha que fazer. Me sentei numa cadeira, observando Theo vir até mim com um copo de suco.

—Eu ia fazer chá, mas não sei fazer. — me entregou o copo.

—É só colocar água quente e o saquinho de chá dentro. — murmurei, bebendo um gole da bebida.

—Mas você disse que não era para eu mexer com coisa quente. — lembrou. — Está melhor? —

—Um pouco. — sussurrei, passando a mão pelo rosto. — Acabei de arranjar mais um tópico para tratar com o Richie. —

—Você nunca assistiu um parto, tia? —

—Não, eu não tenho coragem para isso. —

—Então você não foi me ver no hospital? — sua cabeça estava tombada para o lado. Pressionei os lábios.

—Não. Sua mãe também entrou em trabalho de parto em casa, que nem a Pepper. — respondi, colocando o copo de suco na mesa, encarando Theo. — Seus avós estavam trabalhando, Will estava na escola e o Adam tinha saído para comprar tacos que sua mãe estava desejando. Estava só Chris e eu em casa quando a bolsa dela estourou. —

—Por isso você ficou que nem uma doida quando aconteceu o mesmo com a tia Pepper? —

—É. — suspirei. — Liguei para o Adam, mas ele tinha esquecido o celular em casa e não tinha outra coisa a se fazer: coloquei sua mãe no carro e dirigi até o hospital. — baixei o olhar, encarando minhas mãos. — Porém, eu passei direto, não consegui parar. Fiquei dando voltas no quarteirão até sua mãe dizer que estava tudo bem, que ela estaria do meu lado. Me senti péssima porque aquelas eram palavras que eu devia dizer para ela e não ao contrário. —

—E você conseguiu parar? —

—Sim. Depois de umas três voltas me toquei que não podia continuar enrolando, poderia trazer complicações para você e sua mãe. Só que eu não entrei no hospital. Gritei dizendo que tinha uma grávida, os paramédicos chegaram, a colocaram numa maca e eu saí com o carro atrás do seu pai. — Theo franziu as sobrancelhas, um pouco confuso. — Adam brigou comigo por ter deixado Chris sozinha no hospital, mas depois pediu desculpas, entendendo que era um trauma que eu ainda não tinha superado. —

—Então quer dizer que eu nasci com um pouquinho de aventura? — não consegui segurar a risada com essa constatação dele.

—Pode se dizer que sim. Tentei te visitar enquanto vocês estavam no hospital, mas não consegui nem parar o carro no estacionamento. — confessei.

—Tudo bem. Eu vi umas fotos de quando eu cheguei em casa depois do hospital. Os Vingadores tudinho estavam na minha casa. — sorriu orgulhoso.

—Você e a Morgan serão as crianças mais privilegiadas desse mundo. O Will também, mas ele não faz mais parte do grupo das crianças, né? — sorri um pouco triste.

—Você não tinha que ligar para o tio Rhodes? — lembrou.

—Ah, é mesmo! — peguei o celular de Tony novamente, procurando o número de Happy que seria o primeiro a saber já que seu nome vinha primeiro nos contatos.

—Tony? —

—Tenta de novo, Zangado. — brinquei.

—Melinda? O que você está fazendo com o celular do Tony? —

—Morgan está a alguns minutos de nascer. — falei sem rodeios.

—O que? O bebê vai nascer agora? — sua voz subiu algumas oitavas.

—Bebê? Então eles não contaram se é menina ou menino nem para você? — Theo segurou a risada.

—Nós só vamos saber isso quando o bebê nascer. — respondeu. — Espera. Isso foi uma pegadinha para me testar? — revirei os olhos.

—Não, embora seria algo muito engraçado. Morgan realmente está para chegar ao mundo. —

—Ah, meu Deus. O bebê vai nascer! Ninguém me toca, esse momento é meu! — soltei uma risada.

—Happy, só dirija com cuidado, ok? —

—O que? Não posso falar agora, estou dirigindo! — e então a ligação foi encerrada.

—Só espero que ele não bata o carro. — murmurei, erguendo o olhar para o corredor que levava a ala hospitalar quando ouvi um grito de Pepper. — Vamos para a sala. —

Após pegar meu celular na mesa da cozinha, Theo e eu fomos para a sala. Liguei para Rhodes do meu celular mesmo, deixando o de Tony de lado.

—Melinda, seja lá o que for não posso falar agora. Estou a caminho de uma reunião importante. —

—Nem um "alô"? Ou um "oi"? — disse indignada. — Poxa, Rhodes. —

—Não posso falar agora. — repetiu.

—Mas o bebê vai nascer. —

—Agora? — sua voz estava contida, mas sabia que se não estivesse a caminho dessa tal reunião importante ele teria gritado.

—Pepper já está na ala hospitalar. Bruce está fazendo o parto, porque a médica estava ocupada parindo outro bebê de outra paciente. —

—Ah, meu pai. Estou indo para o Complexo agora. —

—Ue, e sua reunião importante? — indaguei, sorrindo.

—Pode ficar para outro dia. —

Encerrei a ligação após pedir para ele voar com cuidado e não atropelar nenhuma ave com sua armadura. E então, por último, liguei para o Thor.

—Oi, Baixinha. Tudo bem? —

—Vem para o Complexo, Grandão. O bebê do Tony vai nascer. —

—Sério? — sua voz estava empolgada. — Chego aí em alguns minutos. Vou levar cerveja para comemorar. — meu sorriso desmanchou.

—Se você chegar aqui com cerveja ou cheirando a qualquer bebida alcoólica eu te mato. Entendeu? — disse firme.

—Nem aquelas cervejas com um nível de álcool baixo? —

—Não, Thor. Qual é, você vai estar perto de uma criança. Duas, contando com o Theo. —

—Então acho melhor tomar um banho antes. — revirei os olhos.

—Ok. Estamos te esperando. —

Theo me encarou assim que encerrei a ligação e larguei o celular no sofá. Antes que o pequeno pudesse falar alguma coisa escutei a voz de Natasha gritando pelo meu nome.

—Fica aqui, ok? — disse ao Theo, correndo em direção a ala hospitalar e abrindo a porta da sala em que Pepper estava com tudo. — O que foi? Deu problema em que? Ah, meu Deus! — dei as costas, encarando o corredor quando meu olhar caiu em Pepper. — Odeio partos, odeio partos. — repeti, resmungando.

—Você e o Steve, tanto que ele desmaiou. — Nat falou, fazendo-me virar novamente para a sala.

—O que? — e então meu olhar caiu no homem caído no chão do outro lado da sala. — Está me zoando. O cara esteve na guerra e desmaiou vendo um parto? —

—Não o julgo. Acho que daqui a pouco serei eu caído no chão. — Tony comentou e pela sua cara de enjôo eu não duvidava nada ele cair duro no chão.

—Eu literalmente enfiei a mão no buraco do reator em seu peito! — Pepper gritou. — E você não está aguentando ver um parto? —

—Por isso eu disse logo que não tinha estômago para isso. — murmurei.

—Pepper, você precisa se acalmar. — a voz de Bruce se fez presente. — Tony, é para isso que você está aqui. Então para de frescura e dá um jeito de acalmar sua esposa. Pelo amor de Deus. Você foi sequestrado e mantido em cativeiro em péssimas condições e não estômago para um parto? Ainda mais o parto do seu filho? —

—Ok, choque de realidade absorvido com êxito total. — o bilionário falou.

—Melinda, tira o Steve daqui. Pela sua cara você vai ser a próxima a desmaiar aqui. — Natasha orientou.

—Que Ártemis e os métodos contraceptivos me livrem de ter que passar por essa tal benção que é a gravidez. — sussurrei, erguendo minha mão na direção do corpo de Steve e o fazendo flutuar. — Se precisarem de alguma coisa, chamem o Theo porque acho que ele é o único de nós três que consegue vir aqui sem sentir enjôo. — falei, antes de começar a sair daquela ala ainda sentindo meu estômago embrulhar.

—O que aconteceu com o tio Steve? — Theo questionou assim quem me viu com o corpo flutuando do Capitão.

—O bonitão desmaiou. — deixei seu corpo sobre o sofá, me curvando sobre o mesmo e dando leves tapas no rosto dele. — Capitão? Picolé? Tivinho? — chamei.

—E se a gente jogar água na cara dele? — sugeriu o pirralho.

—Ótima ideia. Vai pegar um copo na cozinha. —

Alguns segundos depois Theo chegou com um copo com água. Parou ao meu lado, me encarando como se pedisse permissão. E eu, como uma boa tia, assenti com um sorriso.

Steve abriu os olhos e sentou no sofá alarmado. Seu rosto agora tinha gotículas de água escorrendo por ele.

—Não olha para mim, foi o pirralho. — apontei para Theo, fazendo o Capitão desviar o olhar para a criatura pequena ao meu lado. — Um homem desse tamanho desmaiando no meio de um parto. Toma vergonha na cara, velhote. — brinquei, cruzando os braços.

—Foi aterrorizante. Você não tem noção. — falou, ainda respirando um pouco ofegante.

—Eu tenho, por isso preferi ficar aqui. —

A porta do Complexo foi aberta com tudo e logo Happy entrou, correndo até onde estávamos. Ele estava suando e parecia até que tinha vindo até o Complexo correndo em vez de dirigindo.

—Cadê eles? O bebê já nasceu? Já sabem se é menina ou menino? — perguntou ofegante, olhando de um para outro como se estivesse perdido.

—Theo, vai buscar um pouco de água para o Soneca porque parece que ele vai ter um enfarto do jeito que está. — falei, observando meu sobrinho ir até a cozinha. —Gente? E então? —

—O parto ainda está rolando. — respondi.

Theo voltou da cozinha com o copo d'água e caminhou até Happy, mas em vez de entregar o copo a ele, o garoto jogou a água no rosto do outro. Levei a mão a boca, tampando ela para evitar que a risada escapasse.

—Theo! — Steve repreendeu.

—Eu achei que era disso que a tia Mel estava falando. Desculpa, tio Happy, vou pegar outro copo para você. — disse, arrependido.

—Não precisa. — fez um gesto de dispensa. — Está saindo tudo bem, não é? —

—Até agora o único imprevisto foi o Steve desmaiando. — dei de ombros.

—Agredeceria se você parasse de espalhar isso por aí. — pediu.

—Tudo bem, eu paro. — assenti.

Rhodes e Thor entraram no Complexo juntos. Eles mantiam uma conversa rápida então imagino que acabaram se encontrando no caminho até aqui.

—E aí? Como a Pepper está? — Rhodes questionou.

—O Steve desmaiou no meio do parto. — falei, recebendo um olhar de repreensão do Picolé. — Agora eu para de espalhar isso por aí. Quando fui pegar o Steve o bebê já parecia estar vindo. Foi uma cena traumatizante, sério. Nunca mais quero passar por uma situação dessas. —

Todos nos acomodamos no sofá, esperando pelo nascimento da pequena Morgan.

—Estou cheirando a sabonete, não estou? — Thor questionou sorrindo assim que sentou ao meu lado.

—Sim. E vai ganhar sorvete por isso. — sorri.

E então, uns dois minutos depois um choro estridente preencheu o Complexo. No rosto de cada um tinha um sorriso enorme.

—É uma menina. — ouvi Bruce dizer e logo depois Tony falando para Pepper que ela conseguiu.

—Então? Menina ou menino? — Rhodes me perguntou. Todos me olhavam em expectativa.

—Menina. — respondi.

—Isso! — Thor comemorou ao meu lado.

—Ah, meu pai. — Rhodey murmurou, prevendo o que iria acontecer.

—Relaxa, Jimmy. Você não estará sozinho. — disse, vendo ele soltar uma risada balançando a cabeça.

—Devíamos ter apostado dinheiro. —

—O que vocês apostaram? — Happy questionou.

—Se o Thor perdesse ele teria que ir para a primeira festa de aniversário da Morgan fantasiado de algo que Rhodey e eu escolheríamos. — falei.

—Mas como ele ganhou, Melinda e eu teremos que ir fantasiados de algo que o Thor escolher para a festa. —

—Normalmente eu rezaria para a Morgan não crescer tão rápido, mas depois dessa mal vejo a hora dela completar um ano. — Happy comentou rindo.

—Só peço, Thor, que você não escolha nenhum personagem branco para mim. — Rhodey quase implorou, fazendo-me rir.

—Sensato. —

***

Só pudemos visitar a Morgan e a Pepper quando as duas tomaram banho, vestiram roupas limpas e Bruce finalizou alguns exames para ver se estava tudo ok. E estava.

Tony estava com a expressão de bobo idiota desde que entramos no quarto ainda da ala hospitalar que Pepper ficaria até receber alta do dr. Banner - e finalmente poder ir para o quarto de Tony aqui no Complexo que é muito melhor que esses quartos de hospital. Eles ficariam algumas semanas aqui até o resguardo da Pepper terminar.

Todos ficaram encantados com a pequena Stark. Ela era fofa e pequena. Theo estava nos braços de Bruce que não conseguia tirar o sorriso do rosto. Deve ser gratificante trazer uma pessoa a vida, mas isso é algo que eu prefiro não experimentar. Alguns já tinham segurado a bebê no colo por um tempinho, com exceção de Bruce, Nat e Tony que já tiveram esse momento.

—Quer segurar ela? — Happy virou na minha direção.

Instantaneamente dei um passo para trás, soltando uma risada nervosa.

—Não, obrigada. — neguei.

—Por que não, Melinda? — Pepper indagou confusa.

—Estudos apontam que o desejo das mulheres de terem filhos aumentam quando ela segura um recém nascido. Eu nunca tive esse desejo, mas é melhor não arriscar. — todos me encararam confusos.

—Onde você leu isso? — Rhodes perguntou.

—Em canto nenhum, gente. É brincadeira. — soltei uma risada. — Mas é sério, não quero segurar ela. Não seguro recém nascidos antes dos três meses de vida. — falei séria. — Morro de medo da criança se desfazer nos meus braços ou eu acabar caindo. Melhor não. —

—Você segurou o Theo quando ele voltou do hospital. — Nat lembrou.

—Sim, mas foi coisa rápida. Cinco segundos no máximo. — esclareci. — E foi uma forma de pedir desculpas por ter sido uma péssima tia e madrinha quando a mãe dele entrou em trabalho de parto. —

—Vamos lá, Melinda. Não é muito difícil. — Happy disse se aproximando. Balancei a cabeça. — Finja que está segurando... sei lá um saco de batatas. — e então ele colocou a menina nos meus braços. Arregalei os olhos.

—Ela não chega nem perto do peso de um saco de batatas, Atchim! — falei aperriada, andando até Pepper e devolvendo sua filha para seus braços. — Muito mais seguro. —

—Acho que devemos escolher uma outra madrinha para nossa filha, amor. Essa daí não quer nem segurá-la. — revirei os olhos.

—Tony, eu já disse que... espera. Você disse madrinha? — perguntei.

O sorriso não deixou os lábios dos novos papais nem por um segundo.

—Só se você deixar dessa baboseira de não segurar a Morgan. — Tony falou. — Você e o Happy para serem padrinhos. O que acham? —

—Eu aceito, nem precisavam pedir. — disse Happy sorrindo.

—Ok, eu posso reduzir de três meses para dois. —

—Um mês, no máximo. Ou a gente coloca a Natasha como madrinha. — Pepper falou, fazendo-me arregalar os olhos.

—Ok, ok. — concordei. — Mas eu não vou limpar fralda da Morgana. —

—É apenas Morgan, Melinda. — Tony corrigiu.

—Sim, mas vou chamar ela de Morgana, ué. Fada, rainha, bruxa, feiticeira. Ela leva muitos nomes nas histórias e foi uma mulher incrível. — disse.

—Vai transformar a pequena Morgan em uma bruxa, Baixinha? — Thor questionou sorrindo.

—A única coisa que tenho certeza é que vou mimar muito ela. —

—Mais que o Tony? Duvido muito. — Pepper riu.

—Pois você ainda não viu nada. Me aguarde. —

—Devíamos ter medo? — sussurrou para Tony.

—Provavelmente. — o marido respondeu.

 


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