Depois de sua escapada Naos se sentia renovada – seu objetivo claro novamente, sua estrela brilhando como nunca. Dirigia acima do limite de velocidade em uma estrada vazia do interior sem sequer uma preocupação lhe pesando sob os ombros, seguiria em frente como se absolutamente nada estivesse errado porque, assim que visse sua próxima estrela cadente e fizesse seu tão aguardado desejo, tudo se resolveria em um estalar de dedos.

Ao afundar ainda mais o pé no acelerador a garota resolveu parar de ouvir ao silêncio e, pela primeira vez desde que começou sua viagem, ela deixou o velho rádio de seu carro brilhar. Depois de alguns segundos de estática, uma música qualquer passou a tocar e, por mais que Naos nunca a tenha ouvido, a menina colocou-se a fazer o melhor que podia dançando sem tirar o pé dos pedais e as mãos do volante.

E assim ela seguiu viagem até lugar nenhum – ou melhor, para qualquer lugar onde pudesse ver as estrelas –, dançando e cantando.

Com o fim do que Naos julgava ser a milésima música, veio o fim do dia. Seus olhos subiram ao retrovisor vendo o sol se pondo de relance, era hora de viver a noite.