Novamente na estrada, a garota se pegou pensando nas mais variadas coisas da vida... Divagava sobre o bem e mal, se perdia entre o dia e noite, refletia sobre suas tão adoradas companheiras no céu tão distantes e nela mesma presa ao chão.

Foi pensando nas coisas da vida que percebeu a própria barriga roncando e o painel de seu velho automóvel indicando a falta de gasolina.

Naos resolvera então fazer outra pequena pausa em sua jornada – encontrou uma pequena loja de conveniência junto de um posto de gasolina e resolveu encher o tanque e o estomago. Mexia no celular com a mão limpa enquanto comia alguma porcaria gordurosa qualquer que tinha comprado sentada no banco duro de frente a um dos balcões da loja, arrastando o olhar por diversas notícias as quais não se importava o suficiente para ler mais que uma palavra da manchete – bem, isso até repousar os olhos sobre a palavra “estrela” em negrito em um dos cabeçalhos em questão.

“Betelgeuse registra seu brilho mais fraco da história: estaria a estrela perto do fim?” Sussurrou a pergunta escrita na manchete para si mesma.

Orou silenciosamente para deus nenhum para que Betelgeuse ficasse bem, mas ela sabia que aquilo não seria o suficiente... Então, resolveu esperar a noite cair ainda em sua recente parada e desperdiçar mais um desejo.

Estava a poucos passos da porta do próprio carro – dormiria no mesmo por falta de opção, mas não seria a primeira vez, mas suas costas agradeceriam horrores se fosse a última – com os pés fincados ao chão e os olhos perdidos no céu. A espera de Naos durou apenas um suspiro e em instantes a noite estrelada lançava uma das suas ao solo.

A garota juntou as mãos e pediu pelo bem de sua irmã distante; trapaceou um pouquinho ao tentar fazer outro pedido por baixo dos panos: dormir e sonhar que, mesmo por um instante, não fosse humana.

Se ela acordasse na manhã seguinte sem se lembrar de sonho algum, Naos aceitaria seu azar... Eram coisas da vida. Ou, talvez, se levantasse com o seu celular anunciando a notícia da morte de certa estrela, Naos também aceitaria, pois não há nada mais “coisa da vida” do que a própria morte – de humano ou estrela.

Entrou em seu carro em um suspiro e um bater de porta, se fez confortável no banco e sonhou em alcançar estrelas.