A escuridão crescia conforme a noite avançava naquela região distante de qualquer grande reino. No coração da floresta, dois jovens corriam por entre as árvores; um, que ia mais a frente, parecia completamente perturbado, e o outro, que o seguia, gritava em vão para que ele parasse. Correram por quase uma hora até que o primeiro rapaz parou de repente e caiu de joelhos, desolado.

Aproveitando para recuperar o fôlego, Falorian se apoia em uma árvore observando o amigo de joelhos. Após alguns segundos se restabelecendo, começou a caminhar na direção de Gallan, mas parou ao sentir uma corrente de ar estranha. Não era nada comum haver uma corrente de ar naquela época do ano, e pior ainda, nada deveria afetar o interior daquela floresta. Seu amigo começou a socar o chão, estava furioso, gritava a plenos pulmões, e o ar parecia se agitar conforme a raiva do rapaz aumentava. Cada vez mais forte.

- Gallan!!! O que está fazendo?

As palavras pareciam não conseguir atravessar a forte ventania que se formou ao redor de Gallan, nem mesmo o próprio Falorian ouvia o que saía de sua boca. Enquanto gritava inutilmente, olhava para o amigo fora de si. Suas mãos estavam banhadas em sangue, mas isso não o detia, a fúria que o consumia crescia cada vez mais.

Um raio que caiu ao lado de Falorian foi o suficiente para arremessá-lo com força em uma árvore, caindo desorientado no chão. A dor era intensa, sua visão estava embaçada e não conseguia ouvir nada além de um forte apito. Seu braço ardia estupidamente devido à proximidade que esteve do raio. Conseguiu aos poucos achar o vulto do amigo, o que não foi fácil com a visão prejudicada e a forte ventania acompanhada de uma verdadeira chuva de relâmpagos.

Esticou debilmente o braço em uma tentativa de alcançá-lo, mas percebia que estava prestes a perder os sentidos. Tentava gritar, mas sua garganta parecia incapaz de produzir qualquer som. Quanto mais forçava, mais fraco ficava, e aos poucos, foi perdendo a consciência.

“Gallan..... Gallan!!......”

- GALLAN!