Sempre Em Minha Vida escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 7
Capítulo 07 — Decisão Tomada




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Estava sendo difícil de aceitar, até mesmo entender, que foi privado pela mulher a qual tanto amou, de estar ao lado do filho que foi fruto desse amor.

Emmett permaneceu por mais um tempo no porão, tentando assimilar todas as informações que lhe foram jogadas. Quando finalmente subiu a escada, encontrou a mesa posta que Carmen tinha mencionado mesmo antes de ele e Rosalie descerem até o porão.

Chegou à conclusão que estava sendo a segunda vez que Rosalie feria seus sentimentos. A primeira aconteceu quando terminou o namoro, tanto tempo atrás, com a desculpa de viajar. Conhecer o mundo.

Um grunhido lhe escapou da garganta. Fúria e mágoa se misturavam. O tempo todo se perguntando: como foi capaz de fazer isso com ele? Menti sobre algo tão sério.

Chegava à sala de estar bem quando Carmen descia a escada que levava ao segundo andar da casa.

— Onde está a Rose? — ela pediu. Notando, em seguida, que havia algo errado. — A conversa não foi boa, não é? — deduziu.

Um gemido de frustração deixou os lábios de Emmett, enquanto levava as mãos à nuca.

— Imagino que ela tenha te contado sobre o tal assunto importante. Então, se puder, me deixar informada… Foi tão ruim assim?

— Você não vai acreditar.

— Apenas tente.

Ele deu a volta para poder se sentar no sofá.

— Ela estava grávida quando me deixou. Carregava um filho meu na barriga, e, achou que eu, o pai, não merecia saber disso.

A forma como Carmen olhou para ele deixou claro a surpresa com a notícia.

Emmett pegou uma almofada e a golpeou mais de uma vez. Descontando toda sua revolta no objeto de decoração escolhido a dedo por sua mãe.

— Pare com isso — exigiu Carmen, retirando a almofada das mãos dele para esconder atrás das costas. — Por que ela faria isso? O que aconteceu com a criança? Pelo amor de Deus, diga que ela teve meu neto.

— A parte boa em descobrir que fui engano pela mulher que amei, é que ela levou a gestação até o fim. E ficou com a criança.

Carmen soltou um suspiro de puro alívio, e nem se importou em disfarçar.

— Graças a Deus! Não entendo por que escondeu de você que estava grávida? Não faz sentido. Eram loucos um pelo outro.

— Ela alegou que foi para que eu não me sentisse pressionado a ficar com ela e o bebê. Para que eu seguisse meu destino. Sem interferências.

— Ainda que tenha feito às coisas da forma errada. Tenho que admitir, ela te conhece bem. Porque era exatamente o que teria feito. Jamais teria saído do lado dela e do bebê.

— Não tente legitimar o que Rose fez. Não vou aceitar isso, mãe. Ela foi egoísta, não pensou em mim, nem no nosso filho.

— O que está feito, está feito. Só gostaria que tivesse nos dito a verdade, na época.

— Eu tenho um filho que completa oito anos em alguns dias. Por culpa da mãe dele nunca podemos estar junto um do outro. Jamais pensei que da conversa que teríamos hoje, surgiria uma revelação tão grave. Porque nunca pensei que fosse capaz de fazer uma coisa dessas.

— Entendo sua mágoa, filho… Mas, pense que também não foi nada fácil para ela. Todas as mudanças pelas quais teve de passar, ainda tão jovem. Enfrentar tudo sozinha.

— Eu podia ter estado ao lado dela em todos os momentos. Só que resolveu fazer isso sem mim. Sinceramente, não sei se sou capaz de perdoá-la. Quer dizer, se meu filho não tivesse demonstrado interesse em me conhecer, talvez eu jamais viesse, a saber, de sua existência.

Carmen sorriu pensativa.

— Agora tenho uma neta e um neto. Um filho seu, e outra de sua irmã. Não podia estar mais feliz.

Embora magoado com Rosalie, Emmett sorriu ao pensar no filho. Afinal, descobrir a paternidade, não foi algo que tenha julgado ruim. O ruim foi ter descoberto só agora.

— Como ele é? Quero dizer, com quem se parece? Ficou alguma foto com você?

Emmett se condenou por ter se esquecido de pedir uma fotografia do filho.

— Com tudo o que aconteceu, acabei me esquecendo de pedir para enviar algumas fotografias dele para o meu número de celular. Como fui me esquecer?!

— Não faz mal. Sei que em breve seu pai e eu teremos a oportunidade de conhecer nosso neto. Então, como ele se chama?

— Joshua. Ela o chama, carinhosamente, de Josh.

Emmett ficou conversando com a mãe por um bom tempo. Repassando, resumidamente, a conversa com Rosalie.

[…]

Já era noite quando Rosalie chegou a New Bern. O retorno não foi fácil, tanto quanto a ida não havia sido. Chorou quase todo o caminho de volta, tendo de se dividir em segurar o volante e limpar as lágrimas no rosto. Sua intenção nunca foi magoar a Emmett, ainda que soubesse que era grande a chance de isso acontecer quando descobrisse a verdade.

Abriu a porta da casa dos pais com a cópia da chave que eles fizeram questão que carregasse com ela.

Fechava a porta, quando foi surpreendida por Joshua. O menino chegou à sala correndo e no mesmo pique que vinha se lançou em seus braços. Rosalie tombou para cair, conseguindo se apoiar a tempo na parede logo atrás de suas costas. Nem mesmo viu de que lado Joshua surgiu.

— Josh… — ela resmungou, recuperando o equilíbrio. Só então segurou Joshua de volta.

— Eu já estava quase ficando sem unhas de tanto que eu queria que você chegasse — admitiu o menino. — Parecia que não ia chegar nunca.

Rosalie caminhou com dificuldade até onde ficava o sofá, na sala dos pais, com Joshua agarrado a ela. Segurou brevemente nas mãos dele reparando nas unhas que havia detonado.

— Não acredito que fez isso de verdade. Josh!

— É que fiquei muito ansioso. Você falou com meu pai? Quando ele vem me ver? Não contou que briguei na escola, contou? — Joshua disparou a falar.

Esme e Carlisle entraram na sala a tempo de vê-lo falar daquele jeito, desesperado. Ambos reconheceram a tristeza nos olhos da filha assim que a viu. A confirmação silenciosa de que a revelação os tinha magoado mutuamente.

Joshua estava inquieto, subindo e descendo do colo da mãe e também do sofá.

— Quando ele vem me ver? — continuou Joshua. — Quando? Quando meu pai vem? Vai ser logo? Vai ser amanhã?

Carlisle sentou no sofá oposto, prestando atenção nos dois. Esme tentou ajudar Rosalie com o neto.

— Josh, fique quieto um pouco, meu amor.

— Mas eu quero saber de minha mãe sobre meu pai, vovó.

Esme segurou suas mãos pequenas, se acomodando ao lado dele no sofá.

— Eu sei, meu bem. Só deixe sua mãe respirar um pouquinho.

— Mas…

— Sua mãe está cansada, Josh. Ela foi à Raleigh e voltou no mesmo dia. Teve uma conversa difícil.

Joshua reagiu com mau humor. Esticou e encolheu as pernas no sofá, depois voltou a falar.

— Tirou foto dele com seu celular? Uma foto do meu pai? Uma foto recente?

A pergunta fez Rosalie lembrar que não tinha deixado com Emmett uma única foto de Joshua.

 — Desculpe, vida. Mamãe esqueceu.

Somente nesse momento, Joshua notou os olhos inchados e vermelhos da mãe.

— Você estava chorando? — Se colocou de joelhos no sofá e passou os braços em volta do pescoço dela. Acariciou seu rosto, por fim, beijou sua bochecha.

Rosalie o abraçou apertado, puxando de volta para sentar em seu colo.

— Mamãe — Joshua gemeu —, você está me apertando.

Rosalie beijou sua bochecha, para só então afrouxar o abraço, ainda que não quisesse fazê-lo.

— O meu pai foi malvado com você?

 Seus olhos voltaram a encher de lágrimas.

Esme olhou para Carlisle, sugestivamente.

— Josh, por que não deixa sua mãe e sua avó conversarem um instante a sós? Vem com o vovô até a sala de televisão.

— Mas eu quero saber o que aconteceu. — Joshua insistiu. — Por que minha mãe chorou?

— Eu deixo você usar meu celular — propôs o avô.

 — Eu não sei… Mamãe não gosta que eu fique com o celular a noite. — Estava tentado a ir com o avô, e, ao mesmo tempo, queria ficar com a mãe e saber mais a respeito da viagem e também do pai.

Rosalie levou a mão à testa dele afastando os fios louros dos olhos.

— Tudo bem você ir com seu avô — confirmou. — Você pode brincar com o joguinho no celular dele, mamãe deixa.

Joshua olhou dela para o avô, incerto.

— Depois eu falo com você sobre seu pai. Pode ir.

— Tá! — aceitou. E já fez outra pergunta: — Só me diz então por que seus olhinhos estão iguais quando a gente chora?

— Eu só estava ouvindo uma música. Ela era tão linda que me fez chorar.

Como duvidasse, Joshua quis saber.

— Do que ela falava? A música.

Esme interveio novamente.

— Vai com seu avô, meu bem. Depois sua mãe conversa com você.

Joshua finalmente aceitou, saindo do colo da mãe para ir com o avô.

— Tá bom. Só quero deixar claro que não acredito nessa história de que foi a música que te fez chorar. Ainda penso que meu pai foi malvado com você.

— Ele não foi malvado comigo, Josh.

— Josh? — Carlisle chamou, mostrando o celular.

— Eu vou com meu avô, mas é só para não achar que estou desmerecendo o celular chique dele.

Esme deu uma risadinha. Assim que avô e neto saíram, chegou mais perto de Rosalie no sofá.

— Foi tão difícil quanto está parecendo que foi?

Uma lágrima deslizou no rosto de Rosalie no momento que seu olhar encontrou o de sua mãe.

— Ah, mamãe… — gemeu. — Emmett me acusou de ser egoísta. De querer Josh só para mim. Jogou em minha cara tudo o que eles poderiam ter vivido e compartilhado. — Ela deitou a cabeça no colo da mãe. Assim como Emmett contou a mãe dele sobre a conversa no porão, ela contou também a Esme. Recebeu o carinho da mãe entre uma palavra e outra de encorajamento.

Pouco mais de uma hora se passaram desde que Joshua e o avô as deixaram sozinhas para conversar.

— Posso dormir aqui essa noite? — pediu Rosalie, após alguns minutos sem dizer nada. — Não quero ter de ir para casa… estou cansada.

— É claro que você pode dormir aqui. Não precisa nem mesmo perguntar.

— Claro que precisa, a casa é sua e de meu pai.

— Você é nossa filha. E Joshua, nosso neto. Sabe que por mim e por seu pai estariam morando aqui com a gente. Foi escolha sua morar sozinha com Josh.

— Eu sei.

— Então…

— Obrigada, por estar sempre ao meu lado.

— Fique tranquila, querida. Tudo vai se acertar. Emmett está com raiva agora, mas vai passar.

— Só espero que não demore. Não quero que Josh seja uma criança com os pais em pé de guerra. Que se odeiam.

— Mas vocês não se odeiam, meu bem. Pelo contrário, vocês se amam. E muito.

— Eu ainda o amo… Quanto a ele, já não tenho certeza.

— Dê um tempo para ele. Emmett precisa que faça isso, mesmo que não esteja pedindo.

[…]

Em Raleigh, Emmett acabava de repetir toda a história ao pai, depois de ele chegar do trabalho.

— Quem poderia imaginar uma coisa dessas — Eleazar comentou, sentado à mesa de jantar ao lado da mulher e do filho.

— Ninguém — Emmett afirmou.

— O que pretende fazer agora?

— Conhecer meu filho, claro. Vou cancelar alguns compromissos para o resto dessa semana. Depois vejo como fazer para estar presente na vida dele. Porque Joshua não será mais uma criança sem pai. Quero ser a presença na vida do meu filho, que você foi à minha.

— Estou orgulhoso de você, filho. Ansioso para conhecer meu neto, também. Aposto que é um garoto tão incrível quanto é o pai dele.

[…]

Rosalie e Joshua estavam juntos no quarto de hóspedes da casa dos pais dela, mais uma vez, em tão pouco tempo.

Joshua se deitou grudadinho a ela ouvindo-a falar de Emmett.

— Então ele ficou feliz de saber que jogo futebol?

— Sim. Ficou bastante orgulhoso, até.

— Fala de novo o que meu pai disse quando vocês se despediram.

Numa imitação fracassada da voz de Emmett, Rosalie repetiu a frase pela oitava vez desde que chegaram ao quarto.

— Fale para meu filho que irei vê-lo em breve. Diga que o amo.

— Ele me ama mesmo, não é?

— É claro que seu pai te ama, vida. Tanto quanto eu.

— Eu acho que você ama um pouco mais que ele.

Rosalie tocou a pontinha de seu nariz.

— Por que acha isso?

— Porque a vida inteira você esteve comigo.

— Ainda assim, penso que seu pai te ama tanto quanto eu.

— Pode repetir mais uma vez a parte que meu pai diz que me ama?

Rosalie acabou rindo. Outra vez repetiu a frase dita por Emmett, numa imitação errada da voz dele. Deu um tapa amigável no bumbum de Joshua quando ele também deu risada.

[…]

Fazia um tempo, Emmett estava em sua cama de solteiro no antigo quarto, na casa dos pais em Raleigh. Não conseguia dormir. Os pensamentos o tempo inteiro voltando a Joshua e a mãe dele. Perguntou-se o que estariam fazendo agora? Rosalie teria contado ao filho que em breve estariam juntos? Que o pai o amava.

[…]

Rosalie repetiu mais uma vez a conversa com Emmett para Joshua, somente as partes que achou que o menino deveria saber. Joshua acabou pegando no sono com um sorriso gravado no rosto. Sua felicidade era mais importante que qualquer coisa, disso tinha certeza. Se tivesse de aguentar a ira e o desprezo de Emmett para ver o filho feliz, então, era assim que iria ser.

Pegou-se lembrando mais uma vez de não ter enviado à Emmett as fotografias de Joshua. Alcançou o celular na mesinha de cabeceira, desbloqueando a tela para entrar no aplicativo de mensagens. Buscou o contato dele, selecionou as fotos e clicou em enviar. Fechou o aplicativo, deixando o celular novamente na mesinha.

[…]

Ainda pensava neles, quando o celular avisou da mensagem. Relutou em conferir. Apenas alguns minutos depois, pegou o celular e abriu a mensagem que chegou de Rosalie. Ficou feliz em ver que eram fotografias de Joshua.

Um sorriso desenhou seus lábios enquanto ia passando as fotos. Percebeu que em uma delas, Rosalie estava com Joshua. Essa havia enviado sem querer. O menino sorria, ao mesmo tempo, fingia morder a bochecha da mãe. Por um instante, chegou a sentir inveja. Joshua a amava, e talvez jamais chegasse a amá-lo como a ela.

Pela forma como tudo aconteceu, percebeu que perdeu a chance de fazer mais perguntas quando estavam juntos no porão. Queria levar um presente para Joshua quando fosse vê-lo. Baseado nisso, resolveu perguntar:

“Além do futebol, do que mais nosso filho gosta?”

[…]

Diferente dele, Rosalie respondeu assim que a mensagem chegou.

“Nosso filho gosta de legos e de dinossauros. O sabor de sorvete favorito é o de limão. A torta favorita, de mirtilo. O bolo, de chocolate. Desenhos, qualquer um que tenha dinossauros. A cor é o vermelho e o azul.”

Logo mais abaixo, o endereço deles em New Bern.

[…]

Pensou em responder de volta, agradecendo. No final, achou que não merecia. Tudo o que fez foi deixar o celular de lado sem dar importância a Rosalie. Quanto a Joshua, sim, memorizou cada palavra que dizia respeito a seus gostos, e também o endereço onde vive, apesar de ser o mesmo endereço da mãe dele.

[…]

Enquanto Emmett se preparava para ir em busca do presente que levaria para o filho em sua visita, Rosalie e Joshua se preparavam para ir ao treino de futebol.

Saíram cedo para dar tempo de passar em casa e Joshua se vestir e pegar a mochila.

O treinador estava com as crianças no aquecimento, quando Joshua chegou com a mãe. Outros pais já estavam dispersos nas arquibancadas.

Largando a mochila no banco, Joshua correu para se juntar aos colegas.

— Boa sorte, filho.

Joshua se virou para olhar para ela. O sorriso no rosto revelava o quanto estava satisfeito.

— Valeu, mamãe.

— Está atrasado, Joshua — Rosalie conseguiu ouvir a voz irritada do treinador ao falar com seu filho.

— A gente dormiu demais… — o menino se explicou. — Depois tivemos de passar em casa por causa do meu uniforme.

— Tá legal, vai lá. Faça o seu trabalho — resmungou o treinador. Olhando na arquibancada onde Rosalie aguardava por Joshua, acenou para ela. Apesar de estar na casa dos quarenta, já havia perdido praticamente quase todo o cabelo. A barriga saliente se apertava na camisa esportiva. Mesmo sendo um homem casado, não deixava de se insinuar sempre que encontrava com Rosalie nos treinos e nos jogos de Joshua.

Ele se movimentou pelo campo dando orientação aos garotos sempre que achava necessário.

Rosalie pegou o celular para filmar o treino assim que a partida teve início. Não eram frequentes os sábados que tinha de ir trabalhar na pousada. Mas quando isso acontecia, os avós é que buscavam Joshua, como aconteceu no último treino.

Estremeceu com o tombo que Joshua tomou durante a posse de bola. Ele se levantou como nada tivesse acontecido, e continuou correndo pelo campo.

[…]

Emmett foi direto ao setor de brinquedos da loja de departamentos. Procurava pelo presente perfeito. Pegou-se pensando que nunca na vida se imaginou estar nesse momento comprando um presente para o filho que teve com Rosalie.

Eram tantas as opções de brinquedos que ficou na dúvida. Comprou um jipe de controle remoto e um Tiranossauro Rex de 90 cm, medidos da ponta do rabo ao topo da cabeça. O brinquedo possuía detalhes e decorações realistas de machucados de batalha, e você pode abrir a boca para ouvir um rugido assustador.

A satisfação que sentiu ao sair da loja com os presentes, foi diferente de tudo que tenha sentido antes em presentear alguém. Ficou ansioso, imaginando o rostinho de Joshua ao receber.

Ainda que não tenha sido da forma como imaginou, seu desejo de ter uma família com Rosalie estava acontecendo. Voltou a sentir raiva dela ao lembrar que foi a culpada de pai e filho não se conhecerem. Ainda assim, não pôde deixar de pensar no que estariam fazendo agora. Será que Joshua estaria tão ansioso quanto ele, se perguntou?

O carro que estava dirigindo, era o carro de Carmen. Ela decidiu que seria melhor para ele ficar com o carro enquanto estivesse resolvendo a situação com Rosalie a respeito do filho.

[…]

O treino de Joshua chegou ao fim não fazia muito tempo. Ele foi pegar a mochila e parou um instante para tomar água.

— Ei, Josh! — Dilan vinha em sua direção. — Sua mãe já disse quando que seu pai vai vir te ver? — pediu o amigo.

— Ela disse que logo. Disse ontem a noite mesmo, quando chegou.

— Legal!

Do outro lado do campo, alguém chamou por Dilan.

— Eu tenho de ir agora. Meu pai está me chamando. Tchau, Josh! A gente se ver na escola na segunda.

Joshua tomou mais um pouco de água. Suas bochechas estavam vermelhas, e os cabelos, úmidos de suor.

Ia se encontrar com a mãe para poderem ir embora quando o treinador o chamou.

— Ei, Joshua. É verdade que seu pai vem te visitar?

O sorriso de covinhas desenhou nas bochechas de Joshua.

— Sim, é verdade. Minha mãe já falou com ele e tudo. Como que você ficou sabendo?

— Os garotos estavam comentando antes de você chegar. E ele gosta de futebol?

Joshua procurou a presença da mãe na arquibancada. Ela estava se encaminhando para a saída, a sua espera.

— Eu acho que sim.

— Foi por causa disso que se atrasaram hoje para treino?

Rosalie não demorou a perceber que queria sua ajuda.

— Vem, vida! Vamos para casa — ela chamou.

— Tchau, treinador Harrison. — Joshua correu, sem esperar para pôr a mochila nas costas.

Foi apenas ao estar ao lado da mãe que terminou de colocar a mochila nas costas. A garrafa de água ainda estava nas mãos.

— O que foi? — pediu Rosalie. — O que o treinador estava falando com você? Era sobre o treino?

— Ele faz umas perguntas nada a ver.

— É? Tipo o quê?

— Se é por causa do meu pai que chegamos atrasados hoje.

Rosalie encostou a mão em seus ombros enquanto caminhavam.

— Você não tem de responder esse tipo pergunta para ele. Nada que não esteja relacionado ao time.

— Ele também perguntou se meu pai gostava de futebol.

— E o que você respondeu?

— Que achava que sim.

— Mas você sabe amor. Eu te falei sobre isso algumas vezes.

— Fiquei nervoso.

Rosalie parou de andar, se posicionando na frente de Joshua.

— Por que ficou nervoso? — pediu. — Aconteceu mais alguma coisa na escola que se esqueceu de me contar?

— Não. Não aconteceu mais nada. Só fiquei com medo de o treinador achar que sou mentiroso, que nem o Brian pensou.

— Você não é mentiroso, filho. Pode falar para quem quiser saber que seu pai, sim, gosta de futebol. Você sabe que antes de jogar futebol americano na escola, ele jogou futebol como você.

— Eu queria que ele viesse aos meus treinos como os pais dos meus colegas.

Rosalie fez um afago no rosto dele, em seguida, afastou seus cabelos suados da testa.

— Ele virá, filho.

— Quando?

— Logo.

Os ombros de Joshua cederam em sinal de desanimo diante a resposta vaga que recebeu.

— O que acha se passássemos na sorveteria para tomar um sorvete?

— Agora?

— Por que não?

— Legal!

O sorriso estava outra vez brincando no rosto dele. Diminuindo a culpa dentro de Rosalie, ainda que por alguns instantes.

— Pode ser uma bola de limão e outra de pistache?

— Pode. Pode, sim.

Joshua entregou a garrafa de água na mão da mãe junto com sua mochila, e saiu em disparada para onde estava estacionado o carro dela.

— Vem, mamãe. Depressa!

— Estou indo, vida. Você me deixou para trás com essa mochila pesada.

[…]

Emmett foi surpreendido pelo abraço da irmã assim que passou pela porta da frente, na casa dos pais, com as sacolas.

— Parabéns, papai!

Ele sorriu.

— Nossos pais já me contaram tudo. — Isabella deu um soco amigável no ombro dele. — O mais novo papai do pedaço — brincou. — Que louco, me tornei tia de um dia para o outro.

Edward também foi cumprimentá-lo. Ele carregava Renesmee no colo.

— Isso é o que eu chamo de surpresa, hein cunhado.

— E põe surpresa nisso. Ainda estou na base do susto. — Ele cutucou a barriguinha de Renesmee. — Ei, coisa linda do tio. — A bebê sorriu para ele.

Isabella relanceou o olhar às sacolas que o irmão deixou ao lado da porta assim que chegou.

— O papai ansioso já foi comprar presentes? — Ela sorriu.

— Não posso chegar de mãos vazias para ver o meu filho.

— Quando vai vê-lo? — Edward foi quem perguntou.

— Amanhã mesmo.

— E quando vamos conhecê-lo? — Então foi a vez da irmã perguntar.

— Eu espero que logo.

— Estamos todos ansiosos — Carmen lembrou.

— Nossa mãe disse que já tem fotos dele em seu celular. Podemos ver?

Emmett entregou o celular para ela com a tela desbloqueada. E foi se sentar ao lado da mãe no sofá da sala.

— Ele é lindo. Parece tanto com você quanto com a Rose. — Olha! — Ela virou o celular para que o marido pudesse ver também. — Fala se meu sobrinho não é lindo? Um príncipe.

— É sim. É um menino muito bonito.

— Ainda não consigo entender como Rose escondeu uma coisa como essa da gente. Ela nem mora tão longe assim. — Isabella emendou.

— Fico furioso toda vez que penso nisso — Emmett confessou.

— Pelo bem do garoto, não vamos fazer disso uma guerra — Eleazar lembrou. — Não vai ser bom para Joshua ficar ouvindo esse tipo de comentário. É da mãe dele que vocês estão falando. Então, vamos tomar cuidado desde já.

— Tem razão, pai. Não vamos ser para ele esse tipo de família. — Isabella concordou. — Joshua é filho dela. Eles se amam.

— Eu também amo meu filho. Se não estou com ele agora, é porque a mãe dele me privou de viver isso.

[…]

— Mamãe, Summer está ali — Joshua se animou ainda mais ao ver a amiga na sorveteria. — Posso ir falar com ela?

— Pode. Só não suma de vista.

O menino se apressou, desviando das mesas no caminho.

— Oi, Summer.

Rosalie assistiu Joshua falar com a amiga. A menina se virou, abrindo um sorriso receptivo.

— Oi, Josh. — Eles se abraçaram. — Você está sozinho?

Joshua olhou imediatamente para trás.

— Não, minha mãe está… ali — completou.

Rosalie acenou para a menina.

— Olá, Summer.

— Estou com minha mãe e minha irmã. — explicou para Joshua. — Vocês não querem se sentar com a gente?

— Summer quer que nos juntemos a elas. Podemos mamãe? — Joshua olhou para ela, esperançoso.

— Podemos, sim.

— Legal! — disseram os dois.

Rosalie cumprimentou a mãe e a irmã de Summer ao se aproximar da mesa delas. Joshua e Summer se apressaram em escolher o sabor de sorvete.

O celular avisou a Rosalie da chegada de uma mensagem. O coração disparou ao ver que era de Emmett.

Estava dizendo que viria amanhã para conhecer Joshua. Automaticamente, seu olhar foi para o menino que estava escolhendo o sabor de sorvete preferido, contente, ao lado da melhor amiga. Imaginou o quanto ficaria feliz quando soubesse que o pai estava se preparando para encontrar com ele.

Estava sorrindo. Só percebeu que fazia isso, quando Joshua retornou e sorriu de volta para ela. O sorriso, idêntico ao do pai, gravado em seu rosto de traços infantis. A coisa mais perfeita que já viu.

Pensou que, amanhã, finalmente, pai e filho se encontrariam. Joshua realizaria seu maior desejo. E, quem sabe, o mesmo acontecesse a Emmett ao conhecer o filho.

 


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