Sempre Em Minha Vida escrita por Sill Carvalho, Sill


Capítulo 25
Capítulo 25 — Epílogo




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Rosalie encerrou uma ligação com Alice, agora noiva de seu irmão, Jasper. O casamento deles aconteceria no outono, duas semanas antes do aniversário de dois anos das trigêmeas. Não levaria mais muito tempo, já que estavam agora na metade do verão.

Deixou o telefone no braço do sofá, na sala de televisão. Olhou através da parede de vidro a família no jardim, a poucos metros do lago artificial, na casa de dois andares para onde se mudaram poucos antes de as trigêmeas nasceram. Levaram um tempo em se decidirem pela casa que agradou a todos. O casal tinha sua própria suíte agora. Joshua também passou ter sua suíte. A terceira suíte, as trigêmeas dividiam, embora ainda restassem mais três quartos na casa. Se no futuro cada uma decidisse por seu espaço individual, não seria problema. Eles ainda teriam um quarto para receber amigos ou familiares.

Aproximou-se da parede de vidro, um sorriso desenhou seus lábios. Toda sua vida estava ali do outro lado. Emmett estava deitado em uma parte do gramado, que se perdia de vista, com duas das trigêmeas em cima dele. Mesmo sendo idênticas fisicamente; todas com cabelos lisos de pontas onduladas, num tom que beirava mel, expressivos olhos azuis, ela sabia exatamente quem era quem. Com o pai estavam Bailey e Grace. Logo ao lado, Hope, correndo de mãos das com Joshua, perseguindo o filhote de labrador, de um ano, com pelagem marrom, cujo Joshua ganhou na primavera, em seu último aniversário. E o chamou pelo nome de Cookie.

Risadinhas, e o latino do filhote, alegravam o jardim na lateral da casa.

Joshua jogou o brinquedo e Cookie foi recuperá-lo. Não voltou para devolver, ficou com ele no gramado, mordiscando.

As três menininhas vestiam roupas iguais, porém, os lacinhos no alto da cabeça tinham cores diferentes: lilás, cor-de-rosa e amarelo.

Bailey e Grace se cansaram de pular em cima do pai e foram atrás de seus brinquedos espalhados no gramado. Hope caiu de bumbum no chão, e Joshua a levantou. Ela foi até as irmãs, pegando também um brinquedo.

Emmett atirou a bola de futebol americano para Joshua pegar.

Rosalie saiu para aquela parte da casa. Acomodou-se no sofá de fibra sintética na cor preta, na varanda, com as pernas dobradas embaixo do corpo. No lago mais a frente, um deque com duas cadeiras de madeira onde ela e Emmett costumavam sentar algumas vezes durante a noite para olhar as estrelas. À direita, a sombra de uma árvore, a lareira de pedras onde assar mashimellows na companhia das crianças, para os s'mores.

Cookie chegou correndo, fazendo farra, onde as meninas brincavam. As três gargalharam chegando ao ponto de soltar gritinhos.

Quando pensava em tudo o que enfrentou para tê-las hoje em sua vida, seus olhos se enchiam de lágrimas.

No mesmo dia que descobriu a gravidez trigemelar, apenas instantes depois, se reuniu em uma sala com cinco médicos que repassaram uma informação atrás da outra. Eles deixaram claro que, por sua vida estar em risco, tinha direito de fazer o aborto ou redução de fetos, se assim preferisse.

Nunca, nem em seus sonhos mais distantes, ainda que tivesse um irmão gêmeo, se viu sendo mãe de trigêmeas, mas, daí a recusá-las era uma coisa impensável. Tirar uma ou duas delas e permitir a que, aparentemente, tivesse mais chance de sobreviver ficasse.

Em caso de placentas diferentes seria injetado um líquido que mataria o feto. Mas, na mesma placenta, como era o caso da gestação dela, não podia porque mataria todos os bebês.  Se escolhesse ficar com uma, seria usada uma espécie de agulha que sugariam as outras. O que também não garantia que o bebê que ficasse não viesse a ter algum problema, pelo fato de ter entrado um corpo estranho na placenta.

A família inteira ficou assustada quando souberam tudo que eles ouviram no consultório médico em um único dia.

Chorou muito. E mesmo depois de tudo o que ouviu, sua decisão foi apenas uma; levar a gestação trigemelar até onde fosse possível. Uma equipe médica foi designada acompanhar a gestação do começo ao fim, por ser de risco. O oposto de sua primeira gestação, que foi parto normal, sem qualquer complicação.

Na primeira gestação os enjoos ocorreram somente no início. Já na das trigêmeas os enjoos duraram praticamente toda a gestação. Por sorte, tinha a família por perto. Emmett contou com o privilégio de poder se ausentar do trabalho presencial e ficar ao seu lado o tempo todo.

Os ultrassons passaram a um intervalo de quinze dias, depois uma vez por semana, algumas vezes menos que isso.  

Com o passar dos dias, seguindo essa frequência, acompanhando tudo, foi se apaixonando cada vez mais pelos bebês, vendo e sentindo se desenvolverem.

Desde o começo, os embriões foram identificados por letras e eles, os médicos, sabiam exatamente qual era o mais velho, o do meio e o mais novo. Subsequente, descobriu-se que eram três meninas.

Rosalie sabia exatamente onde ficava cada uma delas em sua barriga. Grace sempre foi a que mais mexeu. Quando pensava em uma delas morrer ou o embrião não se desenvolver sofria profundamente. Esse medo só foi aumentando porque, dividindo a mesma placenta, elas crescendo, as chances de faltar ar para elas era um risco. Com trinta e quatro semanas e dois dias, elas nasceram em uma cesárea agendada. Uma equipe pediátrica e uma especializada em parto prematuro foram disponibilizadas, além da equipe cirúrgica. A quantia de pessoas na sala era absurdamente maior que quando Joshua nasceu.

As meninas foram levadas imediatamente a UTI neonatal onde duas delas, Bailey e Grace, ficaram por quinze dias. Já Hope, permaneceu por dezoito dias.

Na cirurgia da cesárea, foi submetida à laqueadura. Sua permanência no hospital durou cinco dias. Durante esse período, Joshua ficou aos cuidados dos avós maternos. Rosalie conseguiu segurar as filhas no colo somente após os cinco dias iniciais.

Durante o período neonatal dos bebês, os avós paternos ficaram uma semana na casa deles em New Bern, se dividindo com os avós maternos em cuidar de Joshua e visitar as trigêmeas no hospital. Todos os dias retirava o leite para as filhas, até que chegou o dia que elas já conseguiam mamar no peito.

O pós-parto com os bebês em casa também não foi fácil. Com três bebês, não dava conta de fazer tudo, mesmo com ajuda de Emmett em tempo integral e de sua mãe, Esme, precisaram contratar uma pessoa para ajudar com as coisas da casa.

Mesmo com a dificuldade de criar três bebês de uma vez, a felicidade também era imensa e seguia o mesmo ritmo do crescimento das meninas.

Sentiu um toque na mão, e as memórias foram se dissolvendo jogando-a de volta ao tempo atual. Era Emmett, sentado ao seu lado no sofá da varanda.

Seu casamento com Emmett aconteceu somente no civil, ainda no início da gestação das trigêmeas, antes de as coisas complicarem. Emmett insistiu em não querer esperar para oficializar a união. Rosalie desconfiava que estivesse com medo de ela fugir outra vez.

— Em que estava pensando? — O olhar apaixonado ainda estava ali, sempre que olhava para ela. Tinha o mesmo sentimento toda vez que olhava para ele.

— Em tudo que tivemos de passar para estarmos aqui com nossos quatro filhos — observou as crianças brincando com o cachorro.

Emmett ergueu a mão dela a altura dos lábios para beijar seus dedos.

— Venceu todos eles firmemente — afirmou. — Você foi incrível o tempo todo. Eu te amo ainda mais por isso.

— Você também foi.

— Não, houve momentos onde quase surtei. O do parto foi um deles certamente.

Rosalie deixou escapar um sorriso, a expressão de medo no rosto dele.

— Foi assustador e emocionante ao mesmo tempo. Fiquei perto de cada uma das meninas, mas rapidamente eles a levavam de um lugar a outro. E tinha você. Meu Deus! Eu tive muito medo de perder uma das quatro de vista.

Rosalie acariciou o rosto de barba por fazer.

— É um pai dedicado e amoroso. A prova disso é que as crianças te adoram. Josh se espelha em você para tudo. Estou mais que satisfeita com o marido que tenho.

Emmett passou o braço em volta dos ombros dela, aproximando um pouco mais de seu corpo. Beijou no alto de sua cabeça loura e afagou seu queixo. Rosalie descansou a cabeça no peito largo, olhando as crianças brincarem.

Das três menininhas, Grace era a mais moleca. Bailey impunha suas vontades com maior frequência. Hope é mais amável, a que busca carinho mais vezes. Das três, Grace é a que mais se parece com Joshua na personalidade. Observa as coisas que ela faz, e enxerga Joshua quando tinha a mesma idade. Tinha uma ideia do que esperar para dali alguns anos. Bailey, com certeza não aceitaria impedimentos em seu caminho. Hope, muito amável, poderia se tornar um alvo fácil a ser magoada. No entanto, nenhuma delas estava sozinha, tinham a família inteira para cuidar e proteger.

Bailey pegou de Hope o brinquedo que estava com ela. Mesmo não querendo ficar sem ele, Hope não o tomou de volta. Joshua, por outro lado, recuperou o brinquedo para ela. Bailey se revoltou e desandou a chorar sentada no gramado. Os olhos de Hope se encheram de lágrimas e um beicinho se formou.

Rosalie levantou do sofá na varanda. Emmett fez o mesmo.

— O que aconteceu? — perguntou Rosalie.

— Bailey pegou o brinquedo que Hope usava. Eu peguei de volta, e ela não gostou — Joshua explicou.

Emmett pegou Bailey no colo.

— Não precisa chorar — falou com a menina. Bailey se lançou para frente, exigindo que lhe desse o brinquedo da irmã.

Rosalie pegou Hope no colo, e ela, por decisão própria, entregou o brinquedo a Bailey, que parou de chorar como ligasse um botão, assim, de repente. Hope foi quem chorou por se desfazer do próprio brinquedo. Rosalie a cobriu de carinho.

Emmett pôs Bailey no chão, afagou seus cabelos e a deixou livre para brincar e correr. Voltou se aproximar de Rosalie, pegando Hope em seu colo.

— Não chore, meu docinho.

Hope deitou a cabeça no ombro do pai, ressentida.

Ouviram risadinhas e ao se virarem para olhar, encontraram Grace se acabando de rir, com o cachorro pulando em sua frente.

Rosalie, Emmett e Joshua riram do jeitinho e da felicidade dela.

Bailey deixou o brinquedo de lado para tentar pegar no cachorro, que ficou ainda mais animado, fazendo Grace rir de cair sentada.

Joshua devolveu o brinquedo a Hope, que sorriu para ele em agradecimento.

Rosalie agarrou Joshua, apertando os lábios em sua bochecha corada.

— Gatinho, lindo da mamãe.

Joshua se agitou tentando escapar, quando, na verdade, estava gostando de ser alvo do carinho da mãe naquele momento.

Emmett colocou Hope no chão, quando pediu para descer. Ficou olhando se juntar as irmãs na brincadeira.

Todas as três correram atrás de Cookie, empolgadas, com muitas risadinhas. Grace caiu, Emmett a pegou e pôs de pé novamente. Ela tinha cara de choro quando olhou no rosto dele.

— Ê, papai, não foi nada — falou para ela.

Grace sorriu e voltou a correr, perseguindo o cachorro.

— Mamãe — Hope chamou, mostrando o cachorro correndo ao lado das irmãs. — Au, au.

— É amor, está feliz o au, au.

— Liz — repetiu e se apressou em acompanhar as irmãs.

— Mamãe — Bailey chamou. — Au, au, giu.

— Oh, não, o au, au fugiu?

— Giu — repetiu a menina.

— Mamãe — Grace pediu sua atenção também. — Au, au, lá. — Mostrou o arbusto onde Cookie se escondeu.

— Cookie foi para lá? Ai, esse au, au.

Grace sorriu. Virou-se para o arbusto, o pequeno dedo erguido, e voltou a falar:

— Pinho, dodói.

— Isso mesmo. O espinho faz dodói.

Hope pulou, levantando as mãozinhas.

— Boleta, mamãe. Boleta.

— Você viu uma borboleta, meu amor? Que linda, não é?

— Boleta linda. Boleta, mamãe.

— Isso mesmo, uma borboleta linda.

Emmett se abaixou pegando todas as três de uma só vez nos braços, sacudindo de modo que elas gargalharam, tentando escapar.

Joshua chamou Cookie de volta. Ele veio correndo com as orelhas balançando.

[…]

Emmett ficou na cozinha, preparando três mamadeiras, instantes após o jantar, enquanto Rosalie levava as meninas para o banho.

O barulho e o tumulto eram grandes no andar de cima.

Após uma maratona para escovar os dentes das três, Rosalie levou Bailey à banheira já com água, no banheiro delas. Enquanto pegava Hope, Grace escapou do banheiro pelo quarto e então o corredor.

— Grace — chamou. — Não acredito que esqueci a porta aberta. Grace. — Ouviu suas risadinhas, como tudo não passasse de uma brincadeira.

Grace parou diante o portão que protegia a descida da escada, segurando o patinho de borracha amarelo.

Emmett pegou as mamadeiras. Joshua estava na sala, integrada a cozinha, brincando com o cachorro.

— Josh, tomar banho, filho. Está na hora.

— Já vou, papai.

— Não demore.

— Vou colocar ração no prato do Cookie e subo em seguida.

Emmett continuou o caminho, passando pela sala de jantar e estar até chegar à escada. Abriu o portão que impedia as meninas subirem a escada sem supervisão e passou para o outro lado.

— Papai — Grace o chamou.

Emmett a avistou lá no alto, atrás da segunda proteção, com a maior cara de sapeca, vestida apenas com a fralda.

— Papai — ela o chamou mais uma vez. — Tetê. — Jogou o pato de borracha no chão, levantando as mãos para pedir a mamadeira.

— Você já tomou banho? — questionou indo até ela.

Ouviu Rosalie chamando a menina:

— Grace.

— Mamãe — disse Grace.

Emmett passou para o outro lado do portãozinho, no alto da escada, e a pegou no colo.

— É, mamãe está chamando Grace fujona.

— Jona, não. — Sacudiu a cabeça, negando.

— Ah, não é fujona, não?

— Não. Qué tetê. — Pôs a mão na madeira morna.

— Antes, precisa tomar banho.

Seguiu andando pelo corredor com a menina no colo. Viu quando Rosalie apareceu na porta do quarto, apressada.

— Encontrou a fujona.

— Estava tentando abrir o portão para descer a escada.

— Ai, ai, ai — repetiu Rosalie, retirando a menina do colo do pai. — Não pode fazer isso. — Beijou seu rosto e sorriu. — Josh ainda está brincando com o Cookie?

— Ele disse que vai colocar ração no prato de Cookie, e logo sobe para tomar banho.

Rosalie voltou para o quarto direto ao banheiro, levando Grace.

Emmett entrou e deixou as mamadeiras em cima da cômoda.

— Alguém já terminou?

Rosalie pôs Grace na banheira ao retirar sua fralda. Terminou o banho de Bailey, enrolou na tolha e entregou a Emmett. Ficou terminando o banho de Hope, enquanto Emmett secava e vestia Bailey em cima do trocador.

— Amor — Rosalie chamou, segurando Hope enrolada em outra tolha. — Mais um neném para você vestir.

Hope deu uma risadinha.

— Você gostou, não é? — falou com Hope, recebendo ela dos braços da mãe. Terminou de cuidar de Hope, foi à porta de o banheiro conferir se a outra menininha estava pronta.

— A fujona já está limpinha?

— Papai, não jona — ela sacudiu o dedo.

— Papai não pode falar que é fujona?

— Não.

Rosalie a entregou ao pai. Ele beijou o rostinho molhado da filha.

— Posso, sim.

— Não, não, não.

Emmett deu risada. Rosalie começou penteando os cabelos de Bailey, mas ela correu durante o processo.

— Não qué — reclamou.

— Não quer pentear os cabelos?

— Não.

— Por que, minha princesa?

Bailey mostrou o pai ao mover a mão.

— Papai.

— Quer que o papai penteie seus cabelos?

— Qué, papai.

— Tá bom, então. — Levantou, entregando uma segunda escova de cabelos a Emmett. — Amor, eu fui dispensada. — Pegou Hope e começou pentear os dela.

Enquanto isso, Grace ficou bagunçando as gavetas da cômoda.

— Grace — Rosalie chamou sua atenção. — Não pode fazer isso.

Grace olhou para ela, com uma carinha que parece estar desafiando, e permaneceu retirando roupas da gaveta.

— Grace, mamãe disse “não”. — Emmett advertiu.

Rosalie terminou com Hope, foi pegar Grace, que fez birra e começou chorar.

— Grace, pare com isso. — Não conseguiu pentear direito os cabelos dela, por ficar o tempo todo chorando e afastando sua mão com a escova de cabelos para longe.

Emmett entregou as mamadeiras a cada uma das meninas. E as puseram nos bercinhos.

Rosalie pegou o livro, se acomodou na cadeira de amamentação e iniciou a leitura com elas tomando o leite. Passado um tempo, as mamadeiras foram recolhidas, as chupetas entregues junto às naninhas. Cada naninha tinha um bichinho diferente: ursinho, ovelha e rapozinha.

A luz noturna ficou ligada no quarto das meninas.

Emmett foi tomar banho. Rosalie parou diante a suíte de Joshua, batendo uma vez à porta.

— Vida?

Joshua apareceu, vestido de pijama.

— Tomou banho direitinho?

Joshua rolou os olhos.

— Tomei.

— Quer que a mamãe penteie seus cabelos?

— Não precisa, mamãe.

— Onde está o Cookie? — Ela olhou no quarto. Cookie estava deitado bem à vontade na caminha ao lado da cama de Joshua.

— Colocou comida e água para ele?

— Sim.

— Vou tomar banho e já desço.

— Tá bom, mamãe.

Sempre que as meninas dormiam, Joshua tinha um tempo reservado a ele com os pais, ainda que estivessem cansados. Agora, durante as férias de verão, vinha ficando acordado até um pouco mais que o horário habitual.

Essa noite, Joshua escolheu um filme para assistirem juntos. Deitaram os três no sofá reclinável na sala de televisão, Joshua entre os dois. No decorrer do filme, esteve sempre recebendo um carinho, fosse da mãe ou mesmo do pai.

Quando o filme acabou, cochilava com a cabeça em cima da barriga da mãe, hábito que adquiriu enquanto a barriga dela crescia na gestação das trigêmeas. Nesse período, Joshua conversou bastante com os bebês, fazia carinho e sempre dava muitos beijos. Quase sempre adormecia assim, como agora.

Ainda que tenha se assustado com a chegada de três bebês, e não um da forma como imaginava, sempre se mostrou muito solícito. Os pais fizeram questão que participasse o máximo possível de tudo que envolvia a chegada das irmãs.

Rosalie lembrava com frequência a carinha preocupada quando descobriu que Bailey e Grace viriam para casa, após a alta na UTI neonatal, no mesmo dia, e Hope ficaria ainda mais um tempo no hospital. Pediu que fosse buscá-la. Até questionou as chances de outra família levá-la embora por engano. O quanto ficou feliz quando, dois dias após a chegada de Bailey e Grace, Hope também pode vir para casa. A ansiedade em juntar as três e tirar uma foto com elas. Essa mesma foto estava agora em um porta-retratos no quarto de cada um deles.

Estava constantemente querendo ajudar. Ficava aflito sempre que as meninas choravam. Muitas vezes acordava no meio da noite e ia ficar com os pais, que estavam cuidando das trigêmeas.

Não houve uma só ocasião na qual alguém foi conhecer a trigêmeas e não tenha levado um presentinho para ele. Mesmo com tanto trabalho, Emmett e Rosalie sempre lhe dedicaram um tempo. Isso fez muita diferença.

A babá eletrônica, na mesinha ao lado do sofá, mostrou a eles as meninas dormindo no andar de cima, cada uma em seu bercinho.

— Ele dormiu? — Emmett tentou ver o rosto do filho junto à barriga da mãe.

— Dormiu.

— Quer que eu o leve para cama agora?

— Pode deixar. Quero ficar mais um tempinho ao lado dele. — Rosalie afagou os cabelos de Joshua. — Meu menino lindo — murmurou. — Ele está crescendo tão rápido.

Emmett chegou mais perto, beijando então o canto dos lábios dela.

— Obrigado por me dar quatro filhos lindos. Por trazer a minha vida o pedaço que faltava. Não consigo mais enxergar minha vida sem estarem nela.

[…]

As trigêmeas, cada uma em sua cadeira de alimentação, fazendo bagunça no café da manhã. Emmett estava atrás da ilha, com uma xícara de café na mão. Rosalie e Joshua do outro lado, em banquetas. O cachorro passeando entre a cozinha e a sala integrada.

— Obrigada, amor, por ficar com as crianças. Alice insiste que preciso ver pessoalmente algumas coisas e dar minha opinião. — Rosalie comentou.

— Pode ir tranquila. Eu dou conta de tudo por aqui.

— Mamãe, descê — Bailey pediu para sair do cadeirão.

Rosalie foi até lá e a pegou no colo. Levou para lavar as mãos e o rosto na pia da cozinha. Fez o mesmo com Hope e Grace.

— Vou me trocar, então — disse, deixando as meninas livres a irem de um lado para outro no chão.

Ainda enquanto se retirava da cozinha, ouviu o choro de Bailey. Virou para voltar, mas Emmett já estava pegando a menina no colo. Grace perseguindo Cookie. Hope, brincando com Joshua.

— Está tudo bem, mamãe. — Emmett sacudiu a mão de Bailey como fosse a menina falando.

— Papai, não — Bailey se queixou. A mãe deu risada.

Emmett a colocou no chão. Bailey saiu correndo, ele foi atrás dela, as outras duas acabaram entrando na brincadeira.

— Josh — Hope chamou. — Bincá.

Joshua também acabou entranhado na farra.

Rosalie voltou do quarto, pronta para sair. Joshua e as meninas estavam no sofá, assistindo desenho animado na televisão. Hope, esfregando a naninha no rosto. Grace com uma perna em cima da barriga de Joshua. Bailey, mexendo no cordão da chupeta. Emmett terminando de pôr a louça na máquina de lavar.

Ele se virou ao sentir seu perfume de volta.

— Linda! — Chegou mais perto, passando os braços em volta da cintura dela.

Rosalie o beijou.

— Telefone se precisar que eu volte — disse.

Emmett a beijou de volta.

— Pode deixar. — Olhou as crianças no sofá. — Uns anjinhos.

— Você sabe que não é muito tempo assim, tranquilo. É coisa de minuto.

O sorriso brincou no rosto de Emmett.

— Ô se sei. Amo como as crianças fazem nossa vida agitada e feliz. Cansado, algumas vezes? Sim.

Rosalie apertou os braços em volta da cintura dele.

— Se continuar se apertando a mim desse jeito, vou querer levar você lá para cima, trancar a porta do nosso quarto e… — sussurrou ao seu ouvido.

— É impossível agora, embora tentador. — Ela olhou as crianças no sofá.

O choro de Bailey veio para comprovar o que dizia.

Rosalie o deixou, atrás da ilha, para ver o que aconteceu com a menina. Grace bateu o pé no rosto da irmã sem querer. Pegou Bailey no colo até ela se acalmar. Beijou as crianças no rosto, então, saiu para encontrar com Alice.

A calmaria durou somente o tempo de Hope e Bailey descobrir sua saída. Grace começou chorar pelo fato de as irmãs estarem chorando. Cookie começou a latir. Joshua tentou ajudar o pai acalmar as irmãs.

[…]

Passaram-se alguns minutos desde a saída de Rosalie. Emmett precisou trocar a fralda de Bailey e fez isso ali mesmo no sofá.

— Papai — Josh chegou a ele. — Hope pegou giz de cera e riscou a parede na sala de jantar.

— Você pegou dela o giz de cera?

— Não, porque ela saiu correndo quando me viu. — Ele sorriu, lembrando a cena. — Foi engraçado.

Emmett terminou com a fralda de Bailey e a deixou livre para correr.

— Você joga a fralda suja da sua irmã no lixo? Eu vou ver o que a Hope aprontou.

Joshua concordou com um movimentar de cabeça.

— Hope — Emmett levantou e foi atrás da menina.

Joshua pegou a fralda suja no sofá.

— Leve sua fralda para o lixo, Bailey.

— Não, não, não — ela se recusou, sacudindo o indicador gordinho.

— Sim, sim, sim — Joshua a imitou.

— Não, Josh.

— Sim, Bailey.

A menina virou as costas, e saiu em fuga.

— Papai.

— Nem adianta fugir e chamar o papai. Vem pegar sua fralda fedida, menina. — Joshua estava rindo.

— Não — Bailey gritou a resposta.

Emmett encontrou Hope rabiscando a parede na sala de jantar novamente.

— Hope, sua safadinha.

Hope levou um susto, soltou o giz de cera no chão, e disparou fugindo de cena.

De repente, duas menininhas disparam a chorar. Emmett foi ver o que aconteceu e encontrou Bailey e Hope, sentadas uma de frente para a outra, no chão, próximo à escada. Tinham acabado de colidir. Bailey fugindo de Joshua e Hope, dele.

Pegou ambas no colo.

Hope esfregou a mãozinha na cabeça, chorando.

— Bateu, Bailey — ela contou.

A irmã fez o mesmo.

— Hope bateu.

— Ninguém teve culpa, foi um acidente. — Beijou a cabeça de uma e também da outra. — Já vai passar. Vamos ver o que Grace anda aprontando, porque está muito calada. — Foi com as duas no colo à brinquedoteca. Na porta, parou chamando pela terceira menininha. — Grace — levou um instante para identificá-la em cima dos vários bichos de pelúcia. — Grace, o que você fez? — os braços e pernas rabiscados de canetinhas.

— Bincano, papai.

— Está brincando? E todos esses riscos de canetinha, quem fez?

— Gace fez.

Emmett segurou a vontade de rir. Pegou a terceira filha no colo.

— E agora, como vou limpar você?

— Mamãe limpá — Grace respondeu.

— A mamãe quem vai limpar você?

— Mamãe — afirmou, com um sorriso sapeca.

Emmett não conseguiu ficar sério diante suas afirmações e o como sorria.

— Palhacinha — disse para ela. Beijou sua bochecha riscada. Fez o mesmo, beijando nas bochechas das outras duas menininhas.

Joshua o chamou:

— Papai.

Emmett foi encontrar com ele na sala integrada à cozinha.

— Oi, filho.

— Posso ir lá fora com o Cookie? — percebeu a irmã rabiscada de canetinha e não resistiu em dar risada. — Quem fez isso com Grace?

— Ela mesma.

— Gace palaça — repetiu ao seu modo a fala do pai sobre ela.

— Você é uma palhaça?

— Descê — Bailey pediu.

— Papai, água — Hope também pediu.

— Tudo bem — disse, colocando Bailey no chão. — Uma quer descer. A outra quer água. E você, Grace, quer o quê?

— Descê.

— Quer descer também? Certo.

Deixou duas na sala com Joshua e foi à cozinha, com Hope no colo, lhe dá água para beber.

— Josh, o que você queria? Desculpe, papai esqueceu o que você pediu.

— Quero ir lá fora com o Cookie.

— Espere um pouco, filho.

— Posso jogar videogame, então?

— Pode, sim.

Joshua pegou o joystick ao lado da televisão, ligou o jogo e correu para sentar no sofá.

Cookie ficou junto à parede de vidro, mordendo um osso de borracha.

Emmett voltou com Hope e a deixou livre para ir e vir.

— Vamos limpar esses riscos de canetinhas, Grace?

— Não, papai.

— Tem que limpar.

— Mamãe limpá.

— Mamãe não vai gostar nada de ver isso.

— Mamãe gostá.

— Está bem, então.

Após um tempo correndo e brincando, as três tiraram um cochilo no sofá. Ao acordarem, a bagunça recomeçou.

— Papai vai picar frutinhas para o lanche. Você vai querer também, Josh?

— Sim, papai.

Emmett ficou ocupado preparando o lanche das crianças. Joshua, distraído com o jogo de videogame. Bailey puxou a cauda do cachorro, que ganiu de dor.

— Bailey, não! — Joshua levantou para afastá-la de Cookie. — Não pode judiar dele. Bailey malvada.

Bailey começou chorar. Foi se agarrar as pernas do pai, atrás da ilha, na cozinha. Emmett a pegou no colo.

— Não pode puxar a cauda do Cookie, filha. Assim, você machuca o au, au.

A menina sacudiu a cabeça, aborrecida.

— Qué mamãe.

— Espertinha. Mamãe não irá apoiar essa travessura.

Bailey deitou a cabeça no ombro largo dele.

— Parece que alguém está querendo dormir novamente.

A menina levantou a cabeça como não fosse com ela. Emmett a colocou na cadeira de alimentação e pôs o babador, ao alcance de suas mãozinhas, a tigela com frutas picadas. Fez o mesmo com Grace e Hope. Levou a tigela para Joshua no sofá.

— Obrigado, papai.

— Grace — Emmett chamou sua atenção. — Não pode comer as frutas na tigela de Hope. Você tem na sua tigela. Oh, não — disse, sentindo um cheiro suspeito no ar.

— Quem fez cocô? Foi você Bailey?

— Não Bailey — a própria Bailey respondeu.

— Grace, foi você?

— Foi papai.

— Foi o papai o quê?!

Ela deu uma risadinha.

— Foi Hope, então — concluiu Emmett.

A menina levantou os braços para sair da cadeira.

— Papai já vai limpar você.

— Oh, não — disse Joshua quando o pai chegou com Hope no sofá. — Vou fugir daqui. É uma bomba. — Ele levantou, levando a tigela de frutas.

Hope gargalhou.

— Que bomba, em bebê?! — Emmett comentou ao trocar a fralda dela. — Caprichou nessa.

— Mamãe chegou! — Joshua avistou o carro da mãe chegando. Saiu para a varanda, na lateral da casa, para recebê-la. Aguardou até ela sair do carro.

— Oi, vida. — Rosalie o abraçou. — Está tudo bem por aqui?

Joshua concordou, balançando a cabeça.

— Alguém aprontou?

— Hope rabiscou a parede na sala de jantar com giz de cera. Grace rabiscou a ela mesma com canetinhas. E Bailey puxou a cauda de Cookie.

— Você explicou a ela que não pode?

— Sim. Ela ficou brava e chorou. Papai também disse que não podia judiar do Cookie. Ela pediu você, mamãe. Nem queria mais o papai — ambos riram.

— Espertinha essa menina. Vida, você ajuda a mamãe carregar os pacotes de fraldas? Trouxe comida pronta e uma coisa que você gosta bastante.

— Sorvete de pistache e limão?

— Sim.

— Obá!

Ela abriu o porta-malas. Joshua ajudou carregar tudo para dentro de casa.

Ainda não tinha pisado na sala e as meninas já estavam chamando por ela. Bailey e Grace querendo sair da cadeira de alimentação. Hope deu trabalho para o pai terminar de colocar a fralda.

Emmett levantou com Hope no colo.

— Mamãe, mamãe, mamãe — todas, ao mesmo tempo, querendo sua atenção.

— É mamãe para todo lado — brincou Rosalie.

Emmett chegou lado de Rosalie e lhe deu um beijo.

— Conseguiu ajudar Alice?

— Espero que ela não mude de ideia novamente. — Deixou os pacotes de fraldas no chão para pegar Hope, que pedia seu colo.

Emmett foi retirar as outras duas meninas da cadeira, e retirou também seus babadores melecados. Joshua deixou os restantes de pacotes de fraldas onde a mãe havia deixado os primeiros. O sorvete, ele levou para geladeira. As embalagens de comidas ficaram todas em cima da ilha.

Grace correu para a mãe, com Bailey logo atrás. Rosalie sentou no sofá com Hope no colo, ajudando as outras duas subirem também. Todas as três grudadas com ela.

— Ai, que amor. Isso tudo é saudade da mamãe?

Hope deitou a cabeça no peito da mãe, dengosa. Grace lhe acariciou os cabelos. E Bailey contou:

— Josh, papai, bigô, Bailey.

— Foi mesmo? — Rosalie fez expressão de espanto. — Josh e papai brigaram com Bailey?

— Bigô.

Rosalie apertou os lábios na bochecha grudenta de sumo de frutas.

— Conte a sua mãe o que você fez? — Emmett lembrou.

— Não — Bailey negou, balançando a cabeça.

— Você é muito espertinha.

— Eu contei tudo — disse Joshua. Ele sentou ao lado da mãe no sofá. As meninas foram descendo, uma a uma, se distraindo com os brinquedos espalhados pelo tapete.

Emmett sentou ao lado de Rosalie. Ela aproveitou para deitar a cabeça em seu ombro.

— Cansada?

— Estou bem. — Inclinou o rosto para lhe dar um beijo. — Minha mãe telefonou enquanto estava com Alice. Advinha só?

— O quê?

— Ela combinou com sua mãe de ficar com as crianças, uma noite durante essa semana, para você e eu sairmos para jantar.

— O que disse a ela?

— Que falaria com você sobre isso. O que acha?

— Acho que devemos aceitar. — Beijou seu rosto. — Escolha o dia, ou melhor, a noite, depois combine com as duas. Irei onde você quiser.

— Ei — Joshua entrou na conversa —, estão dizendo que ficarei com a vovó Carmen e a vovó Esme e as trigêmeas para vocês saírem sozinhos?

Rosalie afastou a cabeça do ombro de Emmett para falar com Joshua.

— Você não quer ficar?

— Por mim, tudo bem.

— Obrigada, vida.

— Mas as meninas, eu não sei… acho que não vai ser tão fácil.

As três estavam conversando entre elas, fazendo bagunça à vontade.

— Eu vou até o escritório trabalhar um pouco — disse Emmett ao se colocar de pé.

— Feche a porta, para as meninas não irem te atrapalhar — lembrou Rosalie.

— Papai, quando vamos voltar à cidade de Nova Iorque?

— Na semana que vem nós vamos.

Depois que o pai se retirou, Joshua comentou com a mãe:

— Podemos ir ao Museu de História Natural novamente?

— É muito difícil ir ao museu com as meninas. Talvez, você e o seu pai possa ir.

— Então podemos ir ao zoológico?

Rosalie sorriu.

— Zoológico parece ótimo. — Beijou no rosto dele. — Te amo.

Bailey e Grace começaram uma confusão por causa de um brinquedo. Rosalie precisou acalmar os ânimos. Joshua saiu com Cookie para o jardim. De onde estava Rosalie conseguia ver ele lá fora.

— Papai — Hope pediu.

— Papai está ocupado agora, amor.

— Papai.

— Papai não pode brincar agora. Ele está trabalhando.

As três insistiram quererem ver o pai, e novamente Rosalie precisou acalmar os ânimos.

[…]

No início da noite, Emmett ajudou Rosalie servir o jantar das crianças e também escovarem os dentes. Brincaram com elas um tempinho na brinquedoteca antes do banho. Puseram cada uma em seu bercinho com a madeira de leite, por fim, a chupeta. Sentou junto aos bercinhos e leram até elas dormirem.

Joshua teve seu tempo com os pais, onde jogaram um jogo de tabuleiro e conversaram sobre como foi o dia deles. Antes de dormir, Emmett continuou a leitura de mais um livro com Joshua.

Retornou ao andar de baixo para encontrar Rosalie na cozinha, guardando na lava-louças a louça do jantar.

— Crianças dormindo — avisou. Chegou mais perto, beijando a nuca dela. — Parece que temos um tempinho só nosso. — Virou Rosalie de frente para ele. Ela enlaçou os braços ao redor de seu pescoço, unindo seus lábios em um beijo.

Emmett a ergueu do chão, prendendo as pernas ao redor da cintura. Saiu da cozinha, passou pela sala de jantar, estar e subiu a escada. Voltaram se beijar já no quarto.

— Feche a porta — avisou Rosalie, interrompendo o beijo.

Emmett fez como pediu. Rapidamente, recomeçaram de onde haviam parado.

No início da manhã, Emmett foi pegar as meninas no berço. A mamadeira que Rosalie levou na madrugada para elas estava vazia. Carregou as três para o quarto deles. Joshua apareceu alguns minutos depois. Deitou ao lado da mãe, enquanto Bailey, Grace e Hope ficavam passando sobre eles, ou fazendo o pai de cavalinho. Cookie aos pés da cama, roendo o osso de borracha, às vezes emitia um latido por conta do barulho que faziam as crianças.

 


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