Oliver se encontrava pensativo nas diversas salas da base de combate da Terra- 38. A crise definitivamente iria começar em questão de horas, e ele não sabia o que sentir. Não por ele, mas em especial por uma pesssoa que estava com ele nessa confusão.

Sua filha.

Se lembra exatamente do dia que a viu. Olhos vermelhos, que indicavam um choro, hematomas e o arco em mãos. Seu primeiro contato foi um pouco hostil, ele não a julgava, entendia exatamente sua situação. Mia cresceu em um ambiente diferente, longe do pai, e de repente se encontraram ali, olhando um para o outro. O primeiro contato.

Tão único.

           Tão díficil.

Lembrou- se também como foi díficil deixá-la o aproximar. Mia não tinha facilidade em deixar as pessoas se aproximarem ou de confiar em alguém. Era teimosa, sempre tentando resolver as coisas da sua maneira, mesmo que nem sempre fosse a melhor solução. Mostrando liderança, não deixando aparentar cansaço ou medo, se mostrando forte, mesma que na verdade, só queira um tempo.

Ela era exatamente igual a ele.

Sua filha.

Ela também era curiosa, e não tinha o dom para a cozinha, o que já havia deixado claro. Ela também era muito parecida com a mãe.
  Oliver sorriu e limpou a pequena lagrima que teimava em descer. Lembrou- se também de quando começaram a treinar. Cada teste, explicação, flecha atirada. Mia sempre prestava atenção em tudo atentamente. Pegava os movimentos de uma forma fácil e quando errava uma flecha, ficava irada.
  Isso ocorreu no treinamento com as bolas de tênis. Ela tentou, tentou e tentou, e só ficou satisfeita quando finalmente acertou todas. Oliver a olhava orgulhoso, vendo como sua filha ficava implácavel.
Sua grande prova disso foi na Rússia, quando ambos tiveram que lutar juntos.

Ele realmente tinha orgulho dela.

E só em saber que estava perto de deixa-la, uma sensação ruim, como uma nuvem negra o cobria.

— Pai?- chamou a figura loira parada na porta.

Oliver a olhou e a  lançou um pequeno sorriso, ele amava escutar ela o chamando daquela maneira. Fez sinal para que se aproximasse, a mesma parecia confusa, suas expressões eram claras, e isso o fez se lembrar de uma pessoa em particular.

Sua esposa.

Só ele sabia o quanto estava sendo díficil o tempo longe dela. Felicity sempre esteve ali, ao seu lado, trazendo esperança e paz nos momentos díficeis. Ele só queria tê-la por perto, sentir seu cheiro, estar no seu abraço, escutar suas palavras doces de que tudo acabaria bem. Mais uma onda o atingiu em cheio ao se lembrar do que o esperava. Voltou sua atenção para a filha, que estava entrando na sala.

Mia se aproximou e então o olhou com expectativa.

— Disseram que havia me chamado.- continuou.
         - É, eu chamei sim.- a deu mais um sorriso.- Tenho uma coisa pra você.

Ele então caminhou até a mesa, pegando uma mala. Mia se aproximou e ainda o encarava com as sobranchelas franzidas.

— O que é isso?
           - Um presente.- sorriu antes de abrir.

Oliver análisou suas expressões. A mesma tinha a a boca entre aberta. Se aproximou mais e passou a mão no tecido com delicadeza.

— Me diz que é você que vai usar isso.- disse um pequeno acúmulo de água nos olhos.

— Você mereceu.

— Pai eu... Eu não posso.- disse o encarando.

— Sempre irá haver ao menos um Arqueiro Verde, é a sua vez.- a lançou um sorriso.

A mesma ainda olhava emocionada o manto verde. Ela sabia o peso que aquilo significava, o que inspirava. Olhou para o pai mais uma vez, entendendo o que ele queria dizer.

— Por um momento eu achei que pudesse ter o meu pai na minha vida.- falou com pequenas lágrimas descendo o seu rosto.- Eu não sei se estou pronto pra seguir com o seu legado, eu...
        - Mia.- falou colocando uma mão em um de seus ombros.- Como eu disse, algo me diz que você vai criar suas próprias histórias.- sorriu deixando finalmente as lágrimas mancharem seu rosto.- Eu tenho muito orgulho de você e sei que está pronta. Eu nunca quis que você, seu irmão ou sua mãe sofressem. Tudo o que eu fiz ou faço é pensando em vocês.
     - Eu sei.- disse com a feição vermelha.- Eu entendo agora. Quero que saiba que eu tenho muito orgulho de você, e que nesse curto tempo, eu amei passar cada momento com você, mesmo que pequenos.- se calou quando sentiu a mão do pai acariciar seu rosto.- E me desculpe se eu fui hostil quando cheguei, eu só...

— Eu sei.- a lançou um sorriso.- Você é muito parecida comigo.- falou a fazendo rir.- Não importa o que aconteça, tudo vai ficar bem. Nunca esqueça que eu amo você, sua mãe e seu irmão.

           - Nós também te amamos.

Nesse momento Mia o abraçou. Ele retribuiu de forma intensa, a apertando. Ficaram nos braços um do outro até serem interrompidos por Barry, que precisava falar com Oliver.

— Oliver você...- se calou quando os viu abraçados.- Tá tudo bem?

Mia se afastou e limpou as lágrimas, voltando a se recompor.

— Sim só... Estávamos conversando.- disse agora mais séria.- Vou deixar vocês a sós.

— Não esqueça isso.- apontou para a mala aonde contia o traje.

— Jamais.- o lançou um sorriso fraco.

Ela comprimentou Barry e saiu rápidamente, ainda um pouco abalada. Oliver cruzou os braços e então encarou o amigo que o deu um pequeno sorriso.

— Momento pai e filha?- disse se aproximando.
           - Alguma coisa assim.- o deu um sorriso fraco.
         - Ela é literalmente a sua cópia.- disse Barry ao lado de Oliver.- Me lembra você há alguns anos atrás.- falou o fazendo rir.
        - Já passamos por muita coisa meu amigo.- disse dando um suspiro.
        - É, e é bom ver que o legado continuou.- disse Barry se referindo a Mia, fazendo Oliver sorrir.
       - É bom.- sorriu.- Vamos aproveitar o tempo, o tempo que durar.- o lançou um sorriso fraco.
         - Oliver, vai ficar tudo bem.- disse preocupado.
       - Eu sei que vai.- disse Oliver com um sorriso fraco.- Quero que me prometa uma coisa.
          - O que quiser.- disse mais atento.
        - Não importa o que aconteça, certifique-se que minha familía irá ficar bem.
           - Eu prometo.
         - Então... Hora do show.- o lançou um sorriso.- Uma última vez meu amigo.-

— Uma última vez.

***

A tensão era compartilhada entre os hérois. Todos haviam ido colocar seus trajes, Oliver esperava por alguém em especial. Escarava seu arco pensativo, quando escutou alguém se aproximar.

— Pai?

A mesma parecia tensa. Postura rígida e atenta. A expressão do pai a fez ficar aliviada. Ele sorria e a olhava com brilho, o mesmo se aproximou e ergueu seu capuz, a deixando com o traje completo.

— Como eu estou?- perguntou ansiosa.

— Como uma heróina.- disse sorrindo.- Ficou perfeito em você.

— É fantástico.- disse a mesma olhando pra si.- Então... E agora?

— Esperamos o momento certo.- disse a vendo mudar as expressões.- Mia, quando estivermos lá fora quero você ao meu alcance, entendeu?

— Qual é! Você já viu o que eu posso fazer, se eu tiver que ficar na linha de frente eu vou ficar.- afirmou um pouco impaciênte.

Típica arrogância Queen, pensou Oliver.

— Certo, mas vai seguir as minhas instruções, tudo bem?

— Tá.- disse cruzando os braços.- Onde estão os outros?

— Se preparando.- deu um suspiro.

Oliver sabia o que o esperava. Seu futuro inevitável e inexorável. Ele sabia que seu tempo era precioso.
        Uma coisa que Oliver aprendeu em seus anos como vigilante era em como temos que aproveitar os momentos, pois um dia, eles ser tornarão apenas lembranças.
     Tempo pra ele agora era um luxo, um luxo que iria se esgotar.

Em pouco tempo.

Sorriu e então olhou para sua filha, crescida, em sua frente. Ele não iria desperdiçar nenhum momento ao lado dela.
            Só ele sabia como haviam sido preciosos seu tempo com ela.

Um tempo tão curto.

Prestes a se esgotar.

— Não importa o que aconteça, quero que saiba que eu tenho muito orgulho das pessoas que você e o seu irmão se tornaram.- disse a olhando com ternura.

Mia sabia exatamente o motivo de seu pai estar dizendo aquelas palavras. Uma onda de inquietação a atingiu em cheio, como um lembrete, de que logo ela o perderia.

Ele não queria arrependimentos, palavras presas.

Ela também não.

— Pai... Vai ficar tudo bem.- disse tirando a máscara e o capuz, o dando a visão de seu rosto que começava a se avermelhar.

— Eu sei que vai.- a lançou um sorriso de canto.

— Eu cresci ouvindo as histórias do lendario Arqueiro Verde e seu time, salvando a cidade das terriveis ameaças que a cercavam.- disse o deixando atento.- E eu vi o peso que esse traje representa... Eu tenho medo de não ser boa o bastante.- desabafou.- No meu futuro, eu tive dificuldades em liderar um time, como tem certeza que eu posso fazer isso?

— Eu também tive dificuldades em começar um time.- falou a vendo análisa-lo.- Nem tudo será sempre perfeito, leva tempo para aprender a liderar, erramos e aprendemos com nossos erros, e eu tenho certeza que você vai ser íncrivel.- falou a fazendo sorrir.- Você é filha de uma mulher forte Mia, está no sangue. Não há nada que você não possa enfrentar.

A mesma sorriu e limpou algumas lágrimas. De repente um estrondo do lado de fora se intensificou, os fazendo voltar a dura realidade. Mia o olhou apreensiva, agora estava com seus ombros rígidos. Oliver sorriu, já sabendo que era a hora.

— Acho que temos que ir.- falou a fazendo assentir.

— É.- concordou olhando para baixo.

— Então vamos.

Oliver se virou, quando deu dois passos sentiu uma mão em seu ombro.

— Pai...- falou o fazendo encara-la.- Eu só queria dizer que te....
        - Eu também.- falou a fazendo sorrir.- Não importa em que tempo estejamos, isso nunca vai mudar.- falou a fazendo sorrir.- Pronta?

A mesma colocou sua máscara e ergueu seu capuz. Pegou se arco em mãos e uma flecha.

— Pronta.- assentiu sorrindo.

— Então vamos lá.- falou a fazendo sorrir.

Ambos então sairam juntos, indo enfrentar a terrivel ameaça que colocava em risco tudo o que conheciam.
       Oliver sabia o que iria acontecer, mas ele estava contente com uma coisa. Ele lutaria ao lado de sua filha, e sabia que seu futuro seria brilhante, não importava o que acontecesse.

***

A noite caia na cidade de Star City. Ela nem percebeu quando chegou ali, só viu no momento que se deparou com a estátua do pai.

" Em memória ao lendário guardião da cidade de Star City.
O Arqueiro Verde"

Deu um sorriso fraco ao ler a frase. Ela teve o privilégio de conhece-lô, ve-lô com os seus próprios olhos, o implácavel Arqueiro Verde em ação. Cada momento com o seu pai foi único, e ela jamais iria esquecer.
 Deu um suspiro ao saber que não o veria mais,e das responsabilidades que agora a aguardavam. A dor de perde- lô era uma coisa que ela jamais esqueceria. Porém, saber a forma tão nobre que ele se foi a fazia sentir mais orgulho do sobrenome que carregava, antes, um fardo, agora, um presente.
  Ela amou cada momento com ele, principalmente os treinamentos. Ve-lô em ação foi algo que a inspirou ainda mais. Cada explicação que ele a dava era algo que ela guardava muito bem. Ser treinada pelo pai era algo que ela jamais pensou que aconteceria.

Era como se ele ainda estivesse com ela.

E ele realmente estava, de certa forma, em cada parte dela.

— Sabia que iria te encontrar aqui.

Mia sorriu e olhou para o irmão. O mesmo retribuiu e olhou para a estatua, como a mesma estava fazendo.

— Ele realmente merece.- disse William olhando para a estátua.

— E muito mais.- o lançou um pequeno sorriso.

— Ele teria orgulho do que estamos fazendo.- disse Will olhando para a irmã.

— Com certeza sim. Ele mesmo me disse isso.- falou fazendo o irmão a olha-la mais atento.

— Falou?

— Sim, e ele disse que nos amava muito, e tudo o que fazia era pensando em nós.

— Eu sei.- disse William com um sorriso fraco.- Então... Como se sente Arqueiro Verde?- falou fazendo aspas, a fazendo rir.

— Sabe, no começo eu fiquei com receio, mas agora...

— Ele estaria orgulhoso de você.- falou a fazendo sorrir.

— De todos nós.

— Claro que temos nossas complicações, mas vamos dar um jeito.- falou fazendo a irmã assentir.

— Eu nunca entendi o motivo dele querer ser um herói, se sacrificar por pessoas que nem ao menos conhece. Mas depois de realmente ve-lô, de conhece-lô, eu entendi.

— Nosso pai sempre foi muito altruísta.- disse William de forma nostálgica.- E teimoso, não é atoa que você é assim.- falou a fazendo revirar os olhos, mas quebrou em um sorriso.

— Foi díficil perde-lô, mas de certa forma foi um presente poder passar um tempo com ele.

— Foi sim.- concordou Will.- Vamos honra-lo.

— Com toda certeza.- disse de braços cruzados, olhando a estátua do pai.

— Bom... Você já vai pra casa? Amanhã temos um dia cheio por conta daquele grupo dos exterminadores, a linha do tempo pode ter sido alterada e o JJ ter virado a bebê Sara , que na verdade não é um bebê, já que tem a nossa idade.- disse divagando como a mãe, fazendo a irmã rir.- Mas as ameaças não param.

— Eu sei, só preciso ir em um lugar antes.- disse se afastando um pouco.

— Ok, cuidado.- disse de forma protetora.

***

Mia estava em um ponto alto da cidade a observando. A cidade tão amada de seu pai, que tinha um símbolo de esperança, um simbolo que agora ela iria dar continuidade.
  No começo ela ficou assustada, afinal, seguir com o manto do Arqueiro Verde era algo assustador, até que Laurel e Dinah a fizeram lembrar de quem ela era filha, e de como ele confiava nela o bastante para passar o manto.
 Star City não era um lugar seguro, mas ela trabalharia nisso, salvando e protegendo aquela cidade, trazendo justiça áqueles que tentavam a envenena-la. Ela protegeria seu lar, e tornaria em realidade o desejo de seu pai.
  A adrenalina corria em seu sangue. A sede por justiça. E ela ali, trajada com o manto do Arqueiro Verde olhando a cidade, seu lar, a fazia ter mais certeza de uma coisa.

      Ela lutaria e honraria seu pai.

  Star City havia ganhado uma nova protetora, a qual faria o impossivel para protege-lâ.
Sua protetora se chamava Mia Smoak Queen, mais conhecida como o legado do Arqueiro Verde, e ela salvaria aquela cidade.