Decidiste aceitar-me? escrita por cleopetra
Notas iniciais do capítulo
Só tenho uma pergunta?
Hoje fui ao parque de diversões, não sei porquê, apenas decidi ir.
Apenas sozinho com a minha sombra de companhia. Vi todos a sorrir felizes, enquanto o meu rosto encontrava-se sério e sem energia.
A boca em linha reta, os olhos sem brilho e o rosto pálido.
Não fiz esforço para mudar, para que?
Continuei a caminhar como se já estivesse morto.
Sinto-me um morto vivo, só ando porque sim, cheguei ao carrossel das chávenas de café.
Paguei o bilhete e entrei.
Sentei-me na chávena mais colorida que ali se encontrava.
Sem emoção ou felicidade, abaixei o rosto e assim fiquei.
O carrossel começou a andar, assim como a minha cabeça começou a girar.
Meus medos, minhas desilusões, meus anseios, toda a minha raiva estava ali na minha frente a confraternizar comigo.
Continuei de rosto baixo, enquanto lágrimas caíam.
Murmúrios era só o que eu ouvia.
As risadas felizes e estridentes das pessoas deixaram de ser ouvidas, apenas murmúrios, daqueles malditos.
O carrossel começou andar mais depressa.
Agarrei a minha cabeça com força a gritar para pararem.
A minha cabeça doía, como se o carrossel estivesse lá dentro.
Aqueles malditos, riam histericamente enquanto eu, chorava e gritava a plenos pulmões, para pararem.
—“Parem! Deixem-me sair daqui, por favor!” – Gritava agarrado a si mesmo.
—“Estás bem?” – Perguntou um senhor confuso. – “O que fazes aqui, neste parque de diversões abandonado?” – Mais uma pergunta feita cheia de confusão.
Olhou á sua volta, e viu como tudo estava abandonado e vandalizado.
—“Desculpe, vim apenas dar uma volta.” – Respondeu envergonhado.
— “Não há problema. Só a concelho a sairés antes que chegue o anoitecer. Pode ser perigoso.” – Aconselhou.
Apenas assentiu com a cabeça e seguiu o seu caminho. Olhou uma última vez para trás não vendo mais o senhor. Estranho!
Chegou a e estava escuro, demasiado até.
— “Mas ainda não é noite! Estranho” – pensou intrigado. Entrou e de repente algo o agarrou.
—“Decidiste aceitar-me?” – Alguém perguntou.
—“Quem és tu?” – Perguntou amedrontado. Aquela voz era demasiado gélida e cruel.
—“Eu sou tu. O teu lado mais negro que estava fechado.”— Riu.
—“Aceitei o quê?” - Estava com medo. Não sabia o que estava acontecer e aquela voz causa-lhe arrepios de medo.
—“Aceitaste-me! Ao entrares no parque abandonado, aceitaste-me. Quando te sentas-te na chávena mais colorida aceitaste-me. Quando gritas-te e choras-te, aceitaste-me. Disseste que não aguentavas mais, querias força, querias que alguém tira-se essa dor. Pois então aqui me tens.” – Apontou para si, mostrando um sorriso cruel.
— “O que queres dizer com isso?” – Estava receoso, assustado e confuso com tudo.
—“Aceitaste um ser das trevas. Pediste ajuda e eu dei-te a minha mão! Agora estamos ligados para sempre.”— Ergueu a mão, revelando uma pequena tatuagem.
—“Não. Eu não quero isso.” — Tentou fugir, mas não tinha escapatória.
—“Não tens escolha, aceitaste-me e eu aceitei-te. Agora tu pertences-me e eu pertenço-te. E lembra-te que todos nós temos um lado mais obscuro e um lado mais iluminado, cada um escolhe e dá força ao lado que quer. No teu caso, tu deste-me força e agora pertences-me.” - Deu de ombros. — “Nada e ninguém pode quebrar esse elo. Por mais luz que possas ter na tua vida, nada, mas nada vai quebrar e separar este elo que temos. Tu pertences-me assim como eu pertenço-te.”
— “Não, eu não quero. Eu não quero.” — Gritava aterrorizado enquanto corria. Só queria fugir, sair dali o mais rápido possível para bem longe daquele ser… estranho? Não sabia como o definir.
—“Ei, acorda. Estas bem, meu?” – O amigo perguntou assustado. Nunca o tinha visto naquele estado.
—“Sim, o que aconteceu.” – Olhou tudo á sua volta.
—“Adormeces-te a meio dos estudos enquanto eu jogava. De repente colocaste-te a gritar! Quem não querias aceitar?” – Estava curioso.
Olhou para a frente e ali estava o seu lado mais obscuro, com um enorme sorriso cheio de crueldade, refletido no espelho e os carrosséis do parque abandonado á sua volta. E claro aquela maldita chávena mais colorida dos que as outras, parada, á espera da próxima vitima, enquanto as outras giravam á volta daquele ser.
Olhou para a sua mão e continha a mesma tatuagem que aquele ser imundo tinha. Estavam ligados eternamente, e como ele disse, ninguém iria conseguir destruir aquele elo, por mais que tentassem.
Ele tinha aceitado inconsciente e agora iria sofrer as consequências de ter aceitado dar força e a mão ao lado mais obscuro que estava enterrado no seu ser.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Qual lado aceitavas?
Qual lado davas mais força?