Luxo, foi o primeiro adjetivo a passar pela calçada da cupido ao pisar os pés na cobertura do hotel Le Grand Paris, palco de muitos primeiros encontros que armara, o restaurante possuía uma atmosfera agradável e a comida uma cara ótima.

Havia saído em um dos quartos e ao seguir pelo corredor logo chegara à sala, uma empregada servia a mesa o café da manhã que eram comidos pelo casal Bourgeois em um clima bastante frio. Passos soaram e logo pudera ver Chloé Bourgeois em um terninho verde escuro e  sapatos incrivelmente altos. A mulher era muito estilosa – um dos motivos de ter escolhido como primeira opção a Adrian.

— Bom dia filha – o homem saudou a loira quando esta sentou em uma das cadeiras, um tom gentil e amoroso ao contrario da saudação da mulher de cabelos loiros em corte chanel – As coisas no hotel estão indo muito bem, estou pensando em organizar uma reunião da câmara aqui.

— Escolha o dia e organizarei tudo com antecedência – a loira maneou a cabeça.

— Esta bem.

Um silencio um pouco menos frio se instalou na mesa ao som de talheres unicamente até o surgimento de um empregado com um telefone direcionado ao prefeito de Paris fazendo o homem precisar se retirar da mesa as pressas rumo ao trabalho com o telefone na orelha e o olhar da filha sob suas costas até desaparecer completamente com aquele empregado.

— Vi você conversando com Adrien no desfile, como estão as coisas entre vocês? – a mãe iniciou o assunto após alguns minutos. A cupido ocupou a cadeira puxada que outrora fora ocupada pelo pai da família, prestando atenção ao dialogo que se iniciava.

— Estão como sempre estiveram.

— Vocês tiveram um encontro, isso deveria ter valido de algo – a mulher argumentou.

— Só que não, mamãe – uma risada curta, seca e desprovida de qualquer humor deixou os lábios da loira mais jovem.

A mais velha largou os talheres no prato emitindo um ruído irritante e crispando os lábios, Chloé conhecia bem aquela expressão resignada da mãe.

— O que você fez de errado? A única pessoa que seria contra vocês não esta mais aqui.

A mais nova repetiu o gesto da mãe, cruzando os braços e comprimindo os lábios.

— É tão difícil acreditar que tenha sido o Adrien a ser o errado nessa historia?

A mãe tombou a cabeça para o lado.

— Mesmo que ele tenha feito, você precisa fazer o certo por você e por ele, querida.

— Por quê? Adrien Agreste não é o único homem em toda Paris.

— Ele é o homem que você precisa ter ao seu lado.

— Talvez eu queira algo diferente.

— Acredite em mim, você não quer Chloé.

A mais velha se levantou saindo do cômodo, mas ao contrario do que fizera com o pai a loira apenas continuou olhando a janela que havia atrás da cadeira da mãe enquanto mastigava aquele omelete.

Então Chloé queria algo diferente de sua realidade?

As lâmpadas de possíveis ideias do que poderia fazer começaram a se ascender na cabeça da cupido. 

Após três dias acompanhando a loira ficara ainda mais claro o quanto a mulher ela parecida com Adrien, com a cara enfiada 100% no trabalho emanando aquela aura forte que fazia alguns os temerem, além de seu comportamento maldoso em muitos momentos.

Marinete suspirou vendo a loira trancar a porta de sua sala rumando para o sofá tirando os saltos de bicos finos e massagem nos pés.

— Eu mereço cinco minutos de paz – ela comentou para ninguém em particular. A própria cupido sentia as pernas doerem por seguir a mulher por todo o hotel resolvendo problemas, dando ordens e saindo atrás de coisas.

Ela merecia muito mais que 5 minutos.

 Um amor para Chloé deveria jamais subjugar sua força e sim admirar por isso por ser assim. Ela era cruel em muitos momentos, mas em alguns se mostrara verdadeiramente humana com o próximo quando não havia a mãe para incentivar a ser ruim com base em sua posição social.

Ela poderia ser boa se tivessem mais pessoas boas ao seu redor.

Batidas na porta soaram e a loira grunhiu.

— Se continuar batendo nessa porta será demitido – a loira gritou voltando a colocar os saltos, sem pressa.

Sabrina, a assistente da loira estava do outro lado com um olhar receoso para a loira que bufou se afastando, dando passagem para a assistente ruiva entrar. Aparentemente a amizade das duas não influenciava muito a maneira como a loira tratava a assistente, em seus momentos de raiva não havia quem não pudesse ser transformado em sacos de pancadas para a mulher descontar sua raiva.

 – O andar do senhor Stone esta isolado temporariamente enquanto os funcionários tentam levar o animal de estimação do senhor Stone de volta para o quarto.

— Algum hospede sabe que tem um jacaré andando por ai a solta?

— Não. Dois funcionários estão nos elevadores dizendo que o andar esta isolado para limpeza e reforma de alguns quartos no andar.

— Ótimo. Mais alguma coisa? – a loira foi para trás de sua mesa se sentando. A ruiva hesitou por um momento fitando sua chefe. – Só fala, Sabrina.

— Sua mãe me mandou conseguir toda a agenda de Adrien Agreste desta semana para escolher um momento para vocês se encontrarem.

A assistente ruiva ajeitou os óculos aproximando-se e entregando a folha para a loira, a cupido também se aproximou ficando atrás da cadeira loira para ver a folha. Havia muita coisa escrita detalhadamente.

— Isso é bem a cara dela – a loira desdenhou.

— O que irá fazer?

A loira deu de ombros.

— O que você acha – a folha rapidamente fora reduzida a uma mera bolinha pela mulher e jogada na lata de lixo. A ruiva franziu o ceio ocupando a cadeira em frente a chefe – O que foi agora?

— Você não é o tipo de pessoa de desistir das coisas facilmente, e se não me falha a memoria você se apaixonou pelo Adrien na infância e sempre quis ter ele. Não faz muito sentido não usar isso para consegui-lo.

— Eu sei que não faz sentido, mas honestamente estou cansada de insistir tanto em Adrien. Sou bonita, bem sucedida e capaz de conseguir alguém mais influente e útil para mim.

— Ou talvez alguém que possa apenas te fazer feliz. Você é autossuficiente e sabe disso.

— Eu sou.

A ruiva estava prestes a dizer mais alguma coisa, mas se interrompeu ao sentir o celular vibrar. Pescando-o ela desbloqueou a tela clicando na notificação de uma noticia recém-soltada.

— Eu acho que sua mãe não pegará no seu pé por causa de Adrien por um tempo.

— O que houve?

— Ele se envolveu em um escândalo com uma de suas modelos.