Gryffinpuff - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Gryffinpuff




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Hermione estava andando pela biblioteca de Hogwarts quase vazia devido ao horário, quando avistou, em uma mesa bem discreta e distante, o jovem garoto de pele clara e belos cabelos castanhos que era capitão do time de Quadribol da Lufa-Lufa.

Queria falar com ele havia alguns dias, porém sempre que o via, ele estava cercado por muitos de colegas, já que era bem popular. Essa era a oportunidade perfeita para abordá-lo.

Sem pressa, se aproximou segurando três livros contra o peito e disse. — Com licença? Você é Cedrico Diggory, né? Posso me sentar aqui?

— Sou. Pode, claro. — O lufano respondeu com um sorriso embora se sentisse um tanto quanto nervoso perto de grifinoros desde o jogo em que o apanhador da Grifinória caiu da vassoura por conta dos dementadores no campo. — Você é...

— Hermione. Granger.

— Ah. — Cedrico conhecia esse nome, era muito falado na escola. — Sinto muito pelo jogo, não vi que seu amigo...

— Não se preocupe. — Ela o interrompeu, tentando tranquiliza-lo com seu tom de voz mais ameno. — Não estou aqui pra brigar com você. É que eu te ouvi quando propôs ao Wood que uma nova partida fosse feita por causa da queda do Harry, mesmo tendo sido uma vitória justa já que não foi ninguém do seu time que o derrubou da vassoura. Por isso eu queria falar com você, te parabenizar pela sua atitude.

— Ah, que é isso? — As bochechas daquele rosto bonito começaram a assumir um tom róseo. — Só estava querendo ser justo. Mas obrigada por ver meu lado.

— De nada. — Hermione sorriu e percebeu o livro ainda aberto sobre a mesa. — O que está lendo?

Cedrico olhou para baixo e fechou o livro deixando a capa bem cuidada exposta. — The Last Mission. É uma mistura de romance e aventura. Meu livro favorito.

— E sobre o que é?

— Um ex-auror que decidiu guardar a varinha pra viver sem magia com sua noiva, que era trouxa. Depois de alguns anos tranquilos, ele é chamado pra voltar à ativa com a missão de encontrar uma arma que foi escondida em algum lugar da América do Sul. Isso seria crucial na eminente guerra contra um grande bruxo das trevas que é uma clara alusão ao Grindelwald. Só que a esposa dele, uma determinada e corajosa ex-espiã, decide ir junto para protegê-lo como pudesse, ele deixando ou não. Mesmo sendo meio louca essa ideia de uma trouxa no meio de uma guerra bruxa, o enredo é tão bem desenvolvido e os personagens tem tanta química, complexidade e intensidade que... Uau.

— Parece ser excelente. — Hermione conteve a empolgação por um puro-sangue ter como favorito um romance bruxo-trouxa e por ter mais um livro para colocar em sua lista de leitura. — Eu nunca li algo parecido, quando terminar me avisa pra eu pegar.

— Não é da biblioteca de Hogwarts, só estou lendo aqui porque meus amigos não me deixam quieto quando a Lufa-Lufa ganha e eu queria um pouco de tranquilidade. Se quiser te empresto, já li tantas vezes que acho que poderia recitá-lo de cabeça. — Cedrico ofereceu com um sorriso simpático.

— Quero sim. — Ela retribuiu o sorriso enquanto pegava o livro. — Não se preocupe, eu vou cuidar muito bem do seu livro preferido.

— Imagino que sim. Sempre te vejo aqui na biblioteca, parece ser o tipo de pessoa que respeita os livros.

— Esse foi o melhor elogio que você poderia me dar. Obrigada, de verdade.

Cedrico riu e pareceu ainda mais bonito do que já era. — De nada. Que esse seja o começo de uma grande amizade então.

— Espero que sim. — Hermione sorriu por um instante e depois lembrou que já estava indo para seu dormitório, pois estava tarde e, ao contrário do que a amizade com Harry Potter e Ronald Weasley sugeria, ela não gostava de arrumar confusão. — Eu tenho que ir.

— Nossa, eu também. — Cedrico trincou os dentes e arregalou os olhos ao encarar seu relógio de pulso e perceber que ficara tempo demais entretido com seu livro. — A gente se vê por aí.

A grifinora afirmou com a cabeça e saiu primeiro enquanto o lufano organizava suas coisas para voltar ao seu dormitório também.

(...)

Assim que terminou de ler The Last Mission, Hermione procurou Cedrico para devolver quando todos estavam saindo do salão principal depois do jantar.

— Nossa, você não gostou do livro? — Ele questionou de cenho franzido pegando-o com cuidado.

— De onde tirou isso? Eu tenho certeza que é impossível não gostar dele. — Hermione sorriu meio incrédula. — O enredo é simplesmente maravilhoso! Estou impactada até agora.

— O livro tem 823 páginas. — Pontuou ainda de sobrancelhas unidas. — Te emprestei há três dias.

— Eu sei. Li devagar pra saborear mais a leitura. — Respondeu aumentando o sorriso. — E, nossa, que história! A estrutura, a ação, o romance, os personagens. Amei todos, mas em especial a Grace porque ela tem peso na história, não tá lá só por estar ou pra tornar a jornada do homem mais heroica, dá pra sentir toda a profundidade da personagem com suas camadas, medos, angústias, vivência e a inteligência. Sem falar da química enorme com o Lewis. A gente sente bem a pressão e a seriedade da missão, mas o alívio cômico quando eles estão sozinhos é muito bom. “Oh, Senhor, dai-me forças para não atirar na cabeça do meu esposo enquanto ele dorme.”.

— “Longe de mim desconfiar de minha amada mulher, mas nossa barraca passará esta noite dividida com um protego, se não se importar.” — Cedrico completou a citação rindo com ela. — São o melhor casal que já li. Mas os outros personagens também são ótimos. Tipo o Sr. Morris, mesmo aparecendo pouquíssimas vezes.

— Sim! Concordo. — Hermione estava bastante empolgada por ter alguém com quem conversar sobre literatura. — E, além disso, tem as ambientações, me senti praticamente junto com eles em cada país visitado. Entendi porque The Last Misson é seu livro favorito.

— Fico super feliz que tenha gostado. — Ele demonstrava o mesmo nível de animação. — Não é muito popular pelo fato do Lewis ser bruxo e a Grace ser trouxa. É ótimo ter alguém com quem compartilhar. Mas me diz você. Qual seu livro preferido?

— Eu costumo dizer que é o último que li porque quando gosto, me atiro de cabeça na história. Já sofri muito por causa disso, mas sofro de masoquismo literário.

Cedrico riu e pôs a mão sobre o peito de forma dramática. — Eu entendo sua dor.

Hermione sorriu e continuou a linha de pensamento. — Antes de The Last Mission, o meu favorito foi A Marca de Daalth que é de um autor trouxa. Meus pais me enviaram semana passada.

— Eu acho que nunca cheguei a ler um livro escrito por um trouxa. — O lufano franziu o cenho, pensativo. — De fato, não li. Sobre o que é esse?

— Dois mergulhadores que são amigos de infância, Edwin e Mark, vão para o México explorar o mar e acabam encontrando uma caverna submersa onde acham uma caixa de ouro maciço trancada com nove cadeados e por todos os lados dela há uma única frase cravada em línguas conhecidas e desconhecidas: "Afaste-se. Aqui hiberna o mal, e deverá permanecer para sempre.". O Edwin não queria abrir a caixa até que ela fosse examinada por autoridades, só que o Mark é muito impulsivo e curioso, então arrombou os cadeados na primeira chance que teve de ficar sozinho a misteriosa caixa. E assim que o fez, uma tatuagem de espiral surgiu na palma de sua mão esquerda, subindo pelo braço até chegar ao peito terminando em um lobo cinza com olhos vermelhos. — Hermione contava com um ar sombrio, Cedrico achou bem legal de ver. — Agora Mark está possuído por um fragmento do demônio Daalth que foi derrotado séculos antes, tendo sua, digamos, “alma” dividida em nove partes que foram espalhadas pelo mundo. Usando o corpo de Mark, Daalth começa sua busca para reunir seus “pedaços” e fazer o ritual sangrento que regenerará seu corpo, assim podendo trazer caos, guerra e destruição para a Terra. O Edwin vai ter que correr contra o tempo e arriscar a própria vida pra salvar não só o melhor amigo, mas também o mundo.

— Nossa, parece bem louco. — Cedrico abriu bem os olhos, impressionado. — Você se importaria de me emprestar algum dia? Fiquei curioso.

— Claro, posso te entregar no café da manhã. — Hermione sorriu. — Eu só quero que cuide bem do meu livro. Mas não estou preocupada, pelo estado de The Last Mission segundo o tanto de vezes que você diz que leu, acredito que você seja o tipo de pessoa que respeita os livros, senhor Diggory.

— Lisonjeado, senhorita Grenger. — O garoto fez uma reverência, lembrando-se então do relógio em seu pulso, consultou-o e percebeu que estava atrasado. — Eita. Pelas barbas de Merlin! Tenho que ir pro treino de Quadribol. O próximo jogo é contra o time da Corvinal que é muito bom.

— Não tenho certeza se te desejo boa sorte.

Cedrico riu. — Não precisa abrir mão da lealdade à sua casa porque somos amigos. Só não torça pra eu cair da vassoura, isso seria deselegante.

Hermione o acompanhou na risada e em seguida se despediu para que pudessem seguir cada um para seu lado.

(...)

Alguns dias depois de pegar o livro emprestado da sabe-tudo da Grifinória, Cedrico sentou ao lado dela durante o almoço no salão principal para conversar, fazendo com que uma boa parte das garotas da casa começasse a cochichar e dar risadinhas em diferentes partes da enorme mesa.

— Hei. — Cumprimentou sorrindo. — Tudo bem?

— Tudo ótimo. — Hermione retribuiu tentando não corar por conta do burburinho ao seu redor. — Como está a leitura?

— Incrível. A história me pegou de jeito. É sério. — Respondeu empolgado, porém logo se conteve e mudou a expressão. — Mas percebi que mesmo praticamente devorando o livro, não consigo ler tão rápido quanto você.

— Nem precisa, pode ficar com ele o tempo que quiser. — Interrompeu-o com um tom suave e reconfortante.

— Obrigado. — Cedrico voltou a sorrir enquanto puxava algo do bolso de sua capa. — Mesmo assim, achei que iria gostar de ter outro livro pra ler enquanto eu estiver com o seu. E aqui está.

— Brown Eyes. — Hermione leu o título em voz alta.

— É sobre a amizade entre uma criança extremamente inteligente com um passado trágico e uma professora que quer ajudá-la a vencer seus demônios internos. — Ele explicou. — Espero que goste. É bem dramático e fofo ao mesmo tempo.

— Eu amo enredos em que há crianças relevantes. Obrigada. — Murmurou com um sorriso enorme e guardou o livro em sua própria capa.

***

Hermione e Cedrico conversavam com cada vez mais frequência até que os livros não eram mais o único tema, falavam sobre suas famílias, achando divertidas as diferenças entre bruxos e trouxas, sobre seus planos para depois da escola e vários outros assuntos.

No ano seguinte, quando a grifinora decidiu criar o F.A.L.E., acabou encontrando no lufano um apoio que não teve em seus melhores amigos, mesmo que não estivesse claro se ele era a favor ou apenas tinha consideração o bastante para não ridicularizá-la, e isso acabou a aproximando dele e afastando de Harry e Rony. Porém as duas amizades voltaram a ficar bem equilibradas quando o nome de Harry foi parar misteriosamente no Cálice de Fogo.

Ou ao menos houve uma tentativa da parte de Hermione já que Ronald dificultava com suas grosserias gratuitas tanto com ela quanto com seus novos amigos, Cedrico e o campeão de Durmstrang, Vitor Krum. Sendo que até Harry, forçado a ser um dos campeões, não tinha problema algum com eles.

No dia em que foi anunciado o baile de inverno, Hermione mal deu importância para a informação, estava ansiosa para encontrar Cedrico e descobrir o que era afinal o que ele disse no café da manhã que lhe mostraria na biblioteca depois das aulas.

Quando se encontraram, sorriram automaticamente um para o outro e seguiram até a mesa mais afastada, a mesma em que começaram sua amizade.

Enquanto o lufano mexia em alguns pergaminhos que tirava da mochila murmurando coisas como “Acho que vai gostar. Estou torcendo para que sim.”, a grifinora observava como o cabelo dele voltou a ficar muito bonito depois de saradas as queimaduras da primeira tarefa.

— (...) três, quatro, cinco. Achei todos. — O garoto constatou sorrindo. — Demorei um bocado de tempo pra fazer cada um.

Hermione pegou os pergaminhos e seu queixo caiu, eram desenhos muito bem feitos e detalhados dos personagens dos primeiros livros que trocaram. Lá estava Mark com seu cabelo preto e ondulado, os olhos vermelhos como os do lobo cinza em seu peito e a espiral no braço terminando na palma da mão esquerda; também tinha Edwin, loiro de rosto sardento e olhos castanhos vestindo uma calça jeans, casaco verde e all star preto, empunhando na mão direita a Adaga de Taycbaw. No terceiro desenho, eles se olhavam, Edwin com postura de baralha e Mark com um sorriso debochado. O próximo era do casal que mais conquistara seu coração no ano anterior, Grace e Lewis, onde ela estava na frente segurando duas armas e com uma faca de caça na cintura, e ele atrás de costas, segurando sua varinha como se estivessem fazendo a guarda um do outro. O último era apenas de Grace sentada em uma pedra observando a lua.

— Sério que foi você quem fez isso? — Hermione ainda olhava embasbacada para os pergaminhos quando questionou.

— Sério. — Cedrico sorriu orgulhoso. — Deu um trabalhão, mas o resultado me deixou muito feliz.

— Deveria mesmo, isso tá incrível. — Ela também sorriu passando a mirá-lo. — Posso ficar com algum?

— Ah, na verdade... — O lufano corou de forma bem perceptível por conta da palidez de sua pele. — Eu fiz pra você. Todos eles.

— Oh, jura? Obrigada, eu adorei. — Agradeceu empolgada.

— Que bom. — Por alguns minutos, o silêncio tomou conta do ambiente enquanto Hermione continuava a observar os detalhes dos desenhos, até que Cedrico pigarreou e disse. — Então... Você costuma passar o natal em casa ou fica no castelo?

— No primeiro ano passei em casa, os dois últimos fiquei em Hogwarts.

— Esse ano pretende permanecer aqui?

— Sim. Por quê?

— Bem... É que... — Cedrico estava com o rosto no tom mais vermelho que Hermione já vira uma pessoa ficar. — Como você já deve saber, vai ter esse tal de baile do inverno... E eu pensei que, sei lá... Pode ser legal a gente ir... Junto.

— Está me convidando? — Hermione sorriu toda boba.

— Estou. Aceita ir comigo?

— Claro que sim. Eu vou adorar ser a sua acompanhante. — Ela avançou para abraçá-lo e agora ambos estavam extremamente corados.

(...)

Para alguém que achava que nem teria um par para o baile, Hermione se surpreendeu com cinco convites. Um deles foi bastante constrangedor e abalou ainda mais a amizade quase ruída com Rony, mas ainda assim foi um convite.

“— Hermione... Você é uma menina. — O ruivo comentou se inclinando para olhá-la ao lado de Harry.

— Bem observado. — Respondeu com ironia.

— A gente pode ir juntos então. — Propôs como se fosse uma ideia brilhante. — Até por que, pensa comigo, um cara ir sozinho é uma coisa, mas uma menina é triste.

— Não vou sozinha por que tem gente menos lerda que não precisou de quatro anos pra reparar que eu sou uma garota. Alguém já me convidou e eu aceitei. — Hermione levantou irritada e só para finalizar o assunto, disse. — E, só pra constar, você é o quinto a me chamar.

— Ela tá mentindo. — Ainda pode ouvi-lo quando começou a se afastar, mas preferiu não gastar saliva.”

E agora estava ali, dançando e sorrindo com Cedrico ao som de As Esquisitonas.

— Toda essa agitação tá me dando sede. — O lufano comentou alto para se sobrepor a música. — Vou pegar uma bebida. Você quer?

— Quero.

— Ok, vou lá.

— Vou te esperar na área das mesas.

Cedrico sorriu e saiu do meio da multidão para um lado enquanto Hermione foi para o outro, logo vendo Harry e Cho, e indo sentar com ele.

— Oi. — Cumprimentou-os com um sorriso largo lhe enfeitando o rosto.

— Oi? — Rony, cuja presença não havia sido notada até o momento, disse com uma expressão irritada. — Vai se ferrar, Hermione.

— Alguém falou com você? — Hermione respondeu cheia de desdém. — Eu falei com o Harry e com a Cho.

— Não acredito que veio com Diggory. — Cuspiu as palavras ignorando o corte. — Ele é da Lufa-Lufa! Está competindo contra o Harry! Você tá confraternizando com o inimigo!

— Eu estou confraternizando com o inimigo? — Havia apenas um fundo de irritação da voz de Hermione no meio de um mar de deboche. — Quem ficou todo “eriçadinho” querendo um autografo do Viktor? Quem é que chamou a Fleur pro baile e tomou um baita fora? E eles nem ao menos de Hogwarts são.

— Isso não...

— Cala a boca que eu não terminei ainda. — Hermione respirou fundo para não se exaltar demais em uma noite em que deveria se divertir acima de tudo. — De qualquer forma, o objetivo central do torneio não é brigar, é fazer amigos.

— É mesmo? — Rony sorriu desdenhoso. — Porque eu acho que o Diggory quer ser mais do que seu amigo.

— Sabe a coisa mais interessante sobre o Cedrico querer ou não ser mais do que meu amigo?

— O que?

— Que não é da sua conta, Ronald! — Dito isto, Hermione se levantou e saiu dali.

Não foi necessário caminhar mais que três metros para encontrar Cedrico com duas cervejas amanteigadas nas mãos.

— Ei. Aconteceu alguma coisa? Achei que era pra te encontrar nas mesas. — O garoto perguntou enquanto estendia uma das garrafinhas para ela.

— Obrigada. Não, nada. — Hermione sorriu e tomou um golinho da bebida, a simples presença daquele lufano a havia deixado bem mais calma. — É que estou elétrica hoje, quero continuar dançando.

— Oh, certo. — Cedrico franziu o cenho sentindo que havia uma ponta de mentira na frase, porém seu instinto dizia que a forma para ajudá-la era levá-la até a pista e fazer com que ela se divertisse o máximo que pudesse, então apenas estendeu o braço e retribuiu o sorriso. — Sendo assim, acompanhe-me, milady.

Hermione se deixou ser conduzida de volta para a massa colorida de alunos dançantes e moveu o corpo no ritmo gostoso e agitado d’As Esquisitonas.

Porém, cinco ou seis músicas depois, uma batida mais lenta e suave tomou conta da pista, Cedrico nem hesitou antes de segurar a cintura da grifinora e colar seus corpos, fazendo questão de olhá-la nos olhos de forma intensa, como se dissesse várias coisas através daquele simples gesto.

E as íris cor de chocolate de Hermione podiam captar os códigos, que a deixavam, ao mesmo tempo, intimidada e encantada. Nada que sentira antes se comparava a isso, era quase como descobrir a magia outra vez, um tipo novo de magia.

Nenhum dos dois percebeu que seus rostos se aproximavam devagar até os lábios se roçarem, causando-lhes um arrepio prazeroso por toda a pele. O sorriso tímido tomou o canto da boca de Cedrico um segundo antes de por fim beijar Hermione sem pressa.

Esse era o primeiro beijo da jovem sabe-tudo da Grifinória, que estava gravando cada detalhe, com todos os seus sentidos. O gosto fraco de cerveja amanteigada, a textura da língua áspera em contato com a sua e dos cabelos macios embrenhados em seus dedos, o som de música e pés se movendo ao seu redor parecendo estranhamente baixos de repente e o cheiro de Cedrico, era tão dele e continuava sendo bom mesmo com um leve toque de suor.

E por fim, o sentido da visão, quando se separaram depois de algum tempo, corados, porém com sorrisos enormes quase rasgando suas bochechas. O lufano sempre foi bonito, mas Hermione podia jurar que nunca tanto quanto naquele momento.

(...)

Logo após a segunda tarefa do Torneio Tribruxo, Cedrico e Hermione começaram um namoro sério. E, por mais que a garota tivesse ficado lisonjeada de ter precisado ser resgatada ao ser considerada o que o lufano mais sentiria falta, mal podia esperar para a terceira tarefa passar de uma vez para não ter que se preocupar com a integridade física de seu namorado.

E, por fim, o dia vinte e quatro de junho chegou, trazendo consigo a gritaria e agitação nos corredores do castelo. Todos conversavam com fervor, tentando adivinhar quem seria o grande vencedor. Grande parte da torcida era para Cedrico, porém Harry não ficava tão atrás.

Obviamente, Hermione ficara divida. Por sorte, o garoto era compreensivo e procurava não forçar a namorada a escolher um lado. Na verdade, até estivera encorajando-a a passar o tempo livre ajudando o campeão da Grifinória, já que estava bem mais avançado do que ele e isso ajudaria a deixar a competição mais justa.

Quando adentraram ao Salão Principal para o banquete da noite, Hermione olhou para Harry como se lhe fizesse um pedido hesitante. Um sorriso pequeno se formou nos lábios finos ao mesmo tempo em que ele suspirava e fazia sinal com a cabeça para que ela fosse para a mesa da Lufa-Lufa fazer companhia a Diggory.

Cedrico não a percebeu se aproximando, apenas sentiu o beijo em sua bochecha e os fios dos cachos fazendo cócegas em sua pele.

— Nervoso? — Ela questionou lhe afagando os cabelos castanhos.

— Um pouco. — Respondeu fechando os olhos para aproveitar melhor a sensação.

— Vai ficar tudo bem. — Hermione sorriu, tentando empregar o máximo de segurança na voz. — Você é um excelente bruxo.

— Obrigado. — Sussurrou puxando suavemente a mão da namorada para baixo, então beijou a palma com carinho.

Depois de um minuto de silêncio confortável, a grifinora respirou fundo e murmurou. — Aconteça o que acontecer, eu...

— Sim? — Cedrico abriu os olhos sentindo o coração acelerar.

— Eu... — Hermione queria de verdade dizer as outras duas palavras, mas aquele seu lado super racional, até mais do que deveria ser, insistia que ainda era cedo. — Eu quero que dê o melhor de si. Afinal, você já é um campeão Tribruxo.

— Pode deixar. — O lufano piscou descontraído embora se sentisse um tanto quanto frustrado, queria ouvir as palavras. — Sabe... Eu tenho uma licença de aparatação.

— Imaginei que tivesse.

— Estive pensando... Talvez eu possa te visitar nas férias. — Uma coloração vermelha começou a se espalhar pelas bochechas claras demais. — A ideia de ficar dois meses inteiros sem te ver não me parece nada agradável.

— Jura? — Hermione abriu o maior sorriso que coube em seu rosto. — Eu vou adorar receber suas visitas.

— Ótimo. — Cedrico se inclinou e selou seus lábios. — Então tá combinado.

Depois disto, ambos finalmente se lembraram que deveriam estar comendo e deram a devida atenção ao delicioso banquete na grande mesa da Lufa-Lufa.

Quando o teto encantado no alto do Salão Principal começou a desbotar de azul para um violáceo crepuscular, Dumbledore se ergueu à mesa dos professores e fez-se silêncio. — Senhoras e senhores, dentro de cinco minutos, vou pedir a todos que se encaminhem para o estádio de Quadribol para assistir a terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo. Os campeões, por favor, queiram acompanhar o Sr. Bagman ao estádio agora.

Assim o casal teve que se despedir, mas antes de entrar no labirinto, Cedrico procurou com os olhos a namorada na arquibancada, acenando assim que a encontrou, se sentindo mais confiante só por saber que ela estava lá.

Hermione sorriu como um desejo mudo de boa sorte e o observou entrar no labirinto.

A duração da prova parecia uma eternidade e o nervosismo atacava o coração de todo mundo já que não dava para enxergar o que acontecia lá dentro, e aumentou bastante quando Viktor e Fleur tiveram que ser retirados da competição.

E então Cedrico disparou faíscas vermelhas e, diferente dos outros dois campeões, ele estava consciente, mas parecia muito perturbado por algum motivo.

— Tem algo errado! Harry pegou a taça e desapareceu! — Gritou ofegante.


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