Legado escrita por Kayko


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Uma nova missão e uma descoberta surpreendente



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Já tinha passado alguns meses desde que ela havia ficado sabendo do incidente na cidade de Redgrave. Mas foi justamente aquele incidente que chamou a sua atenção: demônios havia invadido a cidade causando várias mortes. Demônios não fazia parte da alçada dela, mas havia algo naquele evento que pudesse ajudá - la a resolver a pendência do passado.

O táxi a deixou em uma rua deserta e sem saída. Ao final da rua havia uma construção com uma placa luminosa escrito Devil May Cry. Ao entrar no local, encontrou o homem negro com quem havia conversado por telefone semanas antes:

—Acredito que seja a senhorita Shinomiya. - O homem a cumprimentou.

—E o senhor deve ser o Morrison. - Ela falou se aproximando.

—Sente - se, por favor. - Morrison indicou uma das cadeiras a frente da escrivania. - Então a senhorita esta a procura de algo perdido. O que seria?

—Um fruto de uma inconsequência. Meu filho que foi tirado de mim desde que nasceu.

—Nesse caso não deveria procurar a polícia?

—Esse não é o caso. Meu filho foi tirado de mim por demônios, por isso eu estou aqui.

—Nossos honorários são caros, esta mesmo disposta a isso?

—Tenho dinheiro suficiente para comprar um país, isso não vai ser problema. - Ela sorriu de canto.

—Me dê mais detalhes. - O homem pediu interessado.

—Eu me envolvi com um demônio a mais de vinte anos atrás, e desse envolvimento nasceu um menino. Assim que o recebi nos braços, minha casa foi atacada e levaram meu filho.

—E o demônio com quem se envolveu, o ataque não poderia ter sido feito por ele?

—Tenho total certeza que não.

—Bem, preciso de mais detalhes para a investigação.

—Vai achar o que precisa dentro dessa pasta. - Ela tirou uma pasta bege da bolsa e depositou a frente do homem, que pegou o objeto, abriu e passou a analisar.

Morrison passou alguns minutos lendo as folhas que a mulher havia trazido, e logo um sorriso surgiu no rosto dele:

—Acredito que veio no local certo, senhorita Shinomiya. Tenho alguém que quero que conheça.

O homem se levantou e pegou um chapéu, o colocando na cabeça em seguida. Ele indicou para que a mulher o seguisse e foi prontamente atendido. Em poucos segundos eles estavam em um táxi que os deixou em frente a um pequeno prédio que possuía uma porta de aço fechando ao que parecia ser uma garagem. Morrison acionou uma campainha e logo eles ouviram passos apressados, em seguida um pequeno portão lateral foi aberto e um homem de cabelos brancos e olhos verdes surgiu:

—Nero, trouxe uma cliente para você. - Morrison anunciou com um sorriso de lado.

—Porra Morrison, não combinamos de encontrar clientes apenas no escritório? - O homem falou mal humorado.

—Olha a boca rapaz. - O homem negro repreendeu o mais jovem. - Senhorita Shinomiya esse é Nero, ele vai te ajudar em sua busca.

—Agradecida Morrison. - A mulher falou e viu o homem se afastar, deixando ela e o rapaz sós.

—Então, eu realmente não gosto de receber meus clientes em casa. 

—Tem alguma cafeteria aqui por perto? Podemos comer alguma coisa e assim podemos conversar. - A mulher sugeriu.

—Claro, só um minuto.

Nero entrou em casa e em pouco tempo voltou para acompanhar a misteriosa morena de olhos dourados que havia vindo atrás de seus serviços. Após uma rápida caminhada os dois ocupavam a mesa de uma cafeteria não muito longe do local onde estavam:

—Então, qual o seu nome? - Nero perguntou.

—Agnes Shinomiya. E você é o Nero, correto?

—Sim. - Nero fez sinal para trazerem o cardápio. - O que tem para mim, Agnes?

—Estou procurando o meu filho. Fiquei sabendo que essa cidade foi atacada por demônios e por isso decidi remexer essa história depois de anos.

—Anos?

—Sim. Mais de vinte anos. Uma mãe nunca desiste de tentar encontrar seu filho, mesmo que as chances dele estar vivo são praticamente zero.

—Mas o que tem haver demônios com o fato de seu filho perdido?

—Meu filho foi tirado de mim assim que nasceu. Houve um ataque de demônios e ele foi levado.

—Não vá me dizer que você é um demônio.

—Ah não… - Agnes riu. - O pai dele que era.

—Nossa, parece que já ouvi algo parecido em algum lugar. - Nero sorriu sem graça.

—Não sei se pega muitos casos assim e pra falar a verdade eu nem deveria estar mexendo com isso, mas estou sozinha no mundo desde que meu marido morreu, eu não tive outros filhos após isso e...ah, me desculpe, é só conversa de uma mulher velha.

—Velha? - Nero observou a morena que parecia ter quase a mesma idade que ele.

—As aparências enganam, meu rapaz. acredite, meu filho deve ter mais ou menos a sua idade.

—Me dê mais detalhes de onde ocorreu esse ataque.

—O ataque ocorreu justamente quando eu voltei para cidade onde encontrei o pai do meu filho. O nome da cidade é Fortuna.

Nero engoliu seco. Após tantos ano achando que estava sozinho no mundo, ele encontrou o pai e descobriu que todos aqueles anos estava ao lado de seu tio. Reunindo toda a coragem que possuía, ele encarou a bela morena à sua frente e perguntou:

—Qual o nome do demônio que é pai do seu filho?

—Vergil. Vergil Sparda. - Agnes respondeu devolvendo o olhar.

—Ah não… - Nero gargalhou. - Não pode ser...Vergil e Fortuna na mesma história, só pode ser castigo.

—Espere, você conhece o Vergil? - A morena perguntou esperançosa.

—Vergil é o nome do meu pai. - Nero respondeu sério. - E descobri isso a pouco tempo, porque o meu tio, que por acaso eu não sabia que era meu tio, só soltou a língua após o incidente de meses atrás. 

—Tio? O Vergil nunca me disse que tinha um irmão, se bem que eu nunca soube nada daquele otário. - Agnes falou emburrada.

—Então o infeliz é um cuzão desde sempre. Aliás os dois são.

—Então, você falou do Vergil e Fortuna, sabe de algo?

—Eu fui criado em um orfanato lá, até que meu finado cunhado tomou a responsabilidade de cuidar de mim e da minha esposa. Eu fui deixado na porta do orfanato enrolado em um manto preto, por isso meu nome é Nero.

—O dia que meu filho nasceu fazia frio e eu tinha comprado uma manta de pelos de cor preta, porque é a minha cor favorita e eu não sabia o sexo do bebê…

—Acho que nossas histórias se encaixam…

—É...se encaixam sim. - Agnes observou o rosto do mais jovem e em seguida tirou uma fotografia da bolsa. Na fotografia ela estava ao lado de um homem de feições sérias, que era bem claro, tinha cabelos brancos e olhos azuis. Na imagem, ele recebia um beijo no rosto. - Você se parece muito com ele…

—É... - Ele sorriu.

—Nero, eu imaginei esse reencontro de diversas formas, nunca me esqueci do filho que tive. Voltei a fortuna para investigar diversas vezes, procurei o Vergil também para pedir ajuda...mas cada ano que passava as coisas ficavam mais difíceis…

—Você tentou e o fato de estar aqui deixa claro que esta tentando, diferente dos idiotas que me deixaram pra trás…

—Então aparentemente eu encontrei o meu filho… - Agnes tinha os olhos marejados de lágrimas. - O meu amado filho...o  meu deslize mais lindo. - ela segurou uma mão dele. - Posso te abraçar?

—É...acho que sim. 

Nero se levantou, foi até ela e a abraçou. Naquele abraço ele sentiu - se confortável. O cheiro dela o acalmava diferente da esposa. Era uma sensação nova, porém, única. Era o abraço da sua suposta mãe, o abraço que até então ele nunca havia recebido em sua vida. Ele se afastou e a encarou:

—Então esse é um abraço de mãe? - ele perguntou sentindo a voz embargada pela emoção.

—Sim e pretendo lhe dar todos que guardei durante todos esses anos. - Agnes tinha o rosto manchado pelas lágrimas de emoção.

 -A cara, eu nem sei por onde começar...eu tenho tanta coisa pra te perguntar, tanta coisa para te falar… - Nero voltou a sua cadeira.

—Faço de suas palavras as minhas. Mas por enquanto, eu quero saber de você. 

—Acho que eu não me tornei nada que pudesse lhe dar orgulho. Não estudei muito, não aprendi nada além de ganhar dinheiro matando demônios.

—Só de estar vivo e ter encontrado um caminho, isso já é maravilhoso. Fico orgulhosa disso.

—Mesmo? - Nero sorriu.

—Sim. Eu também não sou um bom exemplo a se seguir. Larguei tudo pela carreira e agora estou sozinha no mundo.

—Não mais, agora temos um ao outro e também tem a minha esposa.

—Esposa?

—Ah sim, a Kirye. Estamos juntos há algum tempo. Ela é uma pessoa maravilhosa, você vai gostar dela.

—Imagino que sim. Mas então, eu já tenho netos?

—Ainda não amadurecemos a ideia o suficiente, e também não tenho boas condições para manter um bebê.

—Eu entendo a decisão de vocês dois. Mas não esperem muito, ou vão acabar não tendo tempo, como eu não tive tempo de lhe dar um irmão ou irmã.

—Então, o que você fez durante esse tempo?

—Além de surtar de vez em quando por você, eu fazia shows para me distrair, ainda mais depois que meu marido morreu.

—Ah...eu sinto muito. - Nero falou sem jeito.

—Não sinta, ele morreu porque quis, não fui eu que o forcei para ir para as frentes de batalhas. - Agnes falou com um ar displicente. - Sabe Nero, eu me casei apenas por casar, não foi por amor ou algo do tipo. Para ser sincera, eu sempre amei o infeliz do seu pai e nunca o esqueci.

—Desculpe a pergunta, mas como vocês se conheceram?

—Em uma livraria. - A morena sorriu nostálgica.

 

—*-

 

O dia estava escuro e prometia uma chuva torrencial, mas aquilo não iria impedi - la de fugir do agente em suas horas de folga. Era sua primeira turnê mundial e bem, ao que parecia naquele local ela não tinha muitos fãs, pois o local do evento era bem reduzido, mas trabalho era trabalho e ela tinha que cumprir.

Após tomar um café e comer um pedaço de bolo em uma cafeteria na rua principal, ela passou a andar, até que uma livraria lhe chamou a atenção. Encantada pela fachada e arrumação dos livros, a jovem morena de olhos dourados entrou no local recebendo os cumprimentos de um atendente.

Ela andou por entre as prateleiras, até que uma seção lhe chamou atenção. Eram livros de poesias, os quais ela gostava muito de ler. As mãos dela passaram por algumas capas, até que uma lhe chamou atenção, assim que ela foi puxar a edição do livro, algo além do livro lhe chamou a atenção: um par frios de olhos azuis. Assustada, Agnes se virou de costas com o livro em mãos, ela sentia - se estranhamente eufórica ao se lembrar daqueles olhos. Foi então que passos chamaram sua atenção, ao olhar os detentores daqueles passos ela encontrou o dono dos olhos azuis gelo:

—Com licença, eu iria pegar esse livro. - Ele tinha uma voz calma, meio que encantadora.

—Perdão, pode ficar com ele. - Agnes estendeu o livro a direção do desconhecido.

—Não vai nem olhar? - Ele perguntou com um sorriso de lado.

—Era essa intenção, mas se veio até mim, acredito que esteja mais interessado que eu. - A morena estava encantada pelo homem de cabelos brancos e tez clara.

—Talvez eu esteja mesmo. Mas já li esse livro, se gosta desse tipo de poesia, deveria levar esse aqui. - Ele pegou outro livro e estendeu a direção dela.

—Por acaso trabalha aqui?

—Se eu trabalhasse faria alguma diferença?

—Faria. - Ela respondeu sem pensar.

—Vergil. - Ele se apresentou.

—Agnes.

 

—*-



—Depois disso, eu o contratei como segurança e passamos um mês inteiro juntos. Eu me apaixonei por aquele idiota desde o nosso primeiro encontro. - Agnes confessou.

—Acho que não conhecemos a mesma pessoa. - Nero falou se lembrando do pouco tempo que passou com o homem que dizia ser seu pai.

—Provavelmente é a mesma pessoa, mas eu aprendi a compreendê - lo de uma forma que nem eu mesmo entendo. Foi apenas um mês, Nero, mas aquele mês mudou completamente a minha vida.

—Você parece mesmo gostar dele.

—Não minto quando digo que eu o amo ainda. Mas tenho vontade de socar a cara dele por ter desaparecido do mapa, e o fato de saber que ele não fazia ideia de que era seu pai me faz ter mais vontade ainda de encher ele de socos. - A morena tinha um tom irritado o que fez o mais novo gargalhar.

—Eu realmente adorei essa ideia. Se um dia ele conseguir sair do inferno, faremos isso juntos.

—Pode ter certeza de que faremos.


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Notas finais do capítulo

Então, será mesmo Agnes mãe do Nero?



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