Imortalidade escrita por Carol Bandeira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, povo, tudo bem?

Será que tem gente ainda curtindo CSI? Espero que sim.
Estou voltando de um período afastada da escrita. Tive problemas e mais problemas, mas agora as coisas se acertaram.
Essa fic aqui é relacionada ao fim da série.
Eu achei que ele foi bom, mas poderia ser muito melhor. E achei também que foi muito fim de conto de fadas. Por isso estou exercitando meus ossinhos criativos para dar um fim mais realista para nosso casal favorito, onde eles realmente encarem seus problemas. Essa aqui é a primeira parte. Fiquem ligados para uma segunda.

Boa leitura!



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IMORTALIDADE:

— Eu não acredito que você está aqui!

Gilbert Grissom enfim falou, ainda nos braços de Sara Sidle.

—Mas eu estou!

Sara se afastou um pouco do ex-marido, simplesmente para olhá-lo melhor. Passou uma mão pelo rosto áspero dele, fazendo com que o homem sorrisse.

Era inacreditável para os dois estarem novamente reunidos, não quando a partida deles em Las Vegas parecia tão definitiva. A sensação, entretanto, de estar nos braços um do outro mostrava ao casal que não havia lugar mais certo para estarem.

Ainda assim, sendo o cientista que era, Grissom não podia se deixar levar somente por sentimentos. Por isso não se ateve em perguntar:

—Não que eu não goste de ver você, mas... o que está fazendo aqui?

Sara deu um meio sorriso e se separou dele.

—Você acreditaria se eu te dissesse que não sei?

—Claro...

Afinal, Gil seria muito hipócrita se respondesse ao contrário. Não importava o quão bem eles estavam, não importava se eles estavam juntos há um, dois ou três anos. Ele parecia nunca saber o que falar a ela.

—Por que você não me mostra seu barco?

Sara perguntou, mudando de vez o assunto da conversa. Apesar de curioso para saber o motivo daquela visita, ele deixaria o controle da situação com ela. A última decisão sobre o casamento deles foi tomada por ele, então nada mais justo de Sara ter a vez dela.

—Não sei se há muito o que mostrar. O Ismael é praticamente isso aqui- Gil apontou os braços em volta de si mesmo – Mas venha, deixe- me te mostrar meus nobres aposentos.

Gil retirou a mala do braço de Sara, apoiando-a no banco do barco. A julgar pelo peso da mala , ela não estaria ali para ficar muito tempo. Tentou tirar a decepção de seu peito.

Conforme avisara, não havia muito o que se mostrar no barco. Além da cabine de controle, havia somente um quarto, um pequeno banheiro e uma copa. Não era um luxo, mas o fato de Grissom poder sobreviver com tão pouco não assustava a Sara.

Por falta de espaço os dois voltaram para a proa e Gil ofereceu a Sara uma pequena viagem, para ver o pôr do sol do alto-mar.

—É uma das mais lindas visões daqui de dentro- Gil confidenciou.

E realmente era. Sara havia se esquecido de como era magnifico apreciar aquele fenômeno da natureza. Muitas vezes durante sua viagem no Sea Shepard ela pode ter essa visão, mas aqueles dias qualquer alegria era diminuta ante a sensação de solidão que tomava conta dela. Não querendo mais se sentir assim, Sara procurou os braços de Grissom e se achegou nele. O homem a recebeu prontamente, e beijou-lhe a têmpora. De todos os pores do sol que o casal já havia presenciado, aquele estava sendo o mais doce.

Assim, embalados em um clima de nostálgico romance, o casal ficou embalado até o sol se por, como o casal que um dia já foram.

—Eu não te tirei de sua rota, não? Não fiz você perder um dia de trabalho?

Sara perguntou a Gil

—Não!- ele foi rápido em negar- Quando parti para Las Vegas avisei aos rapazes que não saberia quanto tempo ficaria longe. Eles não estão esperando por mim.

—Bom...- Sara desviou o olhar do dele e Gil voltou sua atenção para o barco.

—Você dorme aqui dentro?

—Nem sempre. Quando aporto tenho um lugarzinho que alugo... essa cama do Ismael não é para os velhos como eu.

—Você não é velho, Gil!- Sara foi rápida em defende-lo. Era uma velha discussão entre eles. Toda vez que ele fazia um comentário depreciativo sobre sua idade, Sara o repreendia e mostrava para ele como estava errado. Tantos foram os argumentos dela que conseguiu convencer o então namorado de que idade eram só números. Mas parece que os anos longe dela fizeram um velho hábito retornar.

Gil riu da reação da morena e comentou:

—Honey, passe uma noite naquela cama para ver do que estou falando!

O chamado carinhoso de Gil para com ela saiu tão natural e provocou em Sara um arrepio. Era sempre assim, somente Gil mexia com ela daquele jeito.

—Aqui- Gil retirou o casaco que estava usando e colocou nos ombros dela, confundindo o arrepio dela com frio.

—Não precisa, Gil...

Os dois ficaram se encarando por um tempo e então falaram juntos, embolando as vozes de tal modo que não conseguiam se entender. Gil então pôs a mão na boca de Sara para calá-la e depois ofereceu:

—As damas primeiro...

—Ok... o que você estaria fazendo, se eu não tivesse aparecido?

—Não sei... provavelmente em alto mar, como agora... olhando as estrelas...- e pensando em você, ele omitiu essa última parte, logicamente.

—Ok...

—E você... está aqui por quanto tempo?- Gil ia perguntar o porque de ela estar ali, mas medrou e mudou o teor da pergunta.

—Não sei... isso depende...

—Do quê? De acontecer outro “ataque terrorista” em Las Vegas? Afinal, sua cidade não pode ficar sem sua melhor defensora- Gil brincava, pois levar a sério os motivos dela estar ali podia lhe trazer muito sofrimento.

—Não, Gil... depende do que você vai me responder- ao olhar confuso do ex, Sara tratou logo de explicar- Eu vim aqui com a intenção de te fazer uma pergunta mas... há tanta coisa que eu quero saber.... sobre nós... mas me falta coragem de perguntar...

“Sobre nós”. Ela queria saber sobre eles como um casal. Depois de tudo o que ele a fez passar. Sara era realmente uma mulher como nenhuma outra. Ele mesmo achava que já teria desistido, fosse a situação reversa.

—Ah.. você quer ir a algum outro lugar... para conversarmos ou...

—Não, aqui está ótimo- Sara falou enquanto esquadrinhava o local. Ao longe, o porto era iluminado por postes de luz, e não havia uma alma os espreitando.

Gil então convidou Sara a se sentar nos bancos fofos do barco e foi até a copa passar um café para eles. Quando voltou e se deparou com a cena de sua ex-mulher deitada no banco de seu barco, obviamente perdida observando as estrelas, seu coração descompassou. Como ele sentia falta dela... a presença dela em seu barco dava cor e calor ao ambiente, e ele sentiu-se desejando poder deitar por sobre ela e beijar-lhe a boca até faltar o ar.

Optou então por somente oferecer a ela a caneca fumegante de café.

—Coloquei um pouco de Whiskey para ajudar a nos esquentar...

—Café Irlandês?- ela perguntou ao se sentar e pegar a caneca de sua mão- é seguro você beber enquanto está sozinho aqui?

—Só uma pequena dose nunca matou ninguém... afinal, já sou um marinheiro experiente!

Sara riu e Gil se viu perdido mais uma vez no desejo de beijá-la. Para espantar qualquer pensamento impróprio, Gil deu uma golada no café. Fortificado pela pequena dose de cafeína, ele começou a conversa.

—Então, o que queria me perguntar?

—Era nesse lugar que você se via, quando era jovem? Era essa solidão que você buscava?- ela apontou para o mar- Como aquela baleia de uma nota só de quem você falava? É isso mesmo que quer para sua vida?

—Eu não sei se era isso que eu sonhava... ficar sozinho, mas sempre me pareceu mais uma verdade do que um desejo... do jeito que eu era...

— E quando nos conhecemos? Não te fiz mudar nem um pouco essa sua visão de mundo, de você?

—É óbvio que sim, Sara, do contrário não teríamos nos casado!

—Você foi feliz, Gil, casado comigo?

—Mais feliz do que eu achei que merecia...

—Eu sou sua melhor amiga? Ou Heather é?

Mais do que qualquer outra pergunta, aquela deixou Grissom nervoso. Mas ele sabia a resposta.

—Você é para mim muito mais do que Heather pode ser, Sara. Se ela é minha amiga, você é muito mais que isso...

—Então porque você consegue dizer a ela que me ama, mas não o diz na minha frente?- ao ver que Grissom não lhe daria uma resposta Sara continuou- Olha Gil, eu te amo... eu disse há algum tempo que eu sinto como se te amei desde sempre, e isso não parece mudar.... eu estou divorciada, mas ainda assim não tenho vontade de encontrar ninguém... E quando ouvi que você ainda me amava... não precisei de muito para pegar o primeiro avião para vir para San Diego... mas no caminho daqui me dei conta... que era a história se repetindo...mas dessa vez fui eu que vim te encontrar... mas me dei conta de que é preciso muito mais que amor para fazer um relacionamento funcionar... e eu preciso saber se você quer me dar mais do que isso... mais do que eu jamais te dei... mas se você realmente for esse lobo solitário do qual falou... então eu não tenho que estar aqui...

Gil suspirou e olhou a sua volta rapidamente. Realmente, ele não podia mentir e dizer que não se sentia a vontade em alto mar, com sua solidão. Mas também não era verdade que somente sozinho ele se sentia bem. A presença de Sara em seu barco melhorava os seus dias. Sua companhia era o bálsamo que ele nem sabia que precisava, antes de se conhecerem.

—Sara, eu nunca quis tanto a companhia de alguém como eu quero a sua, mas...você tem razão quando diz que isso- ele apontou para eles dois- não vai funcionar somente porque nós queremos... e foi por isso que eu pedi o divórcio em primeiro lugar.

—Porque você não acredita que nós tenhamos algo a mais para sobreviver a isso?

—Não...Sara... nossas vidas tomaram rumos muito diferentes. Apesar de amarmos um ao outro, e eu sei que a gente se ama, nós estamos em etapas tão diferentes em nossas vidas... você por exemplo... não sei se percebe, mas o que você mais deseja é um lar... um local que seja a sua cara, que tenha o seu aconchego... onde você se sinta querida... porque você nunca teve isso quando mais nova, então agora você crava por isso. E você escolheu Las Vegas para ser esse lugar. Até sua mãe você levou para lá. Você quer estabilidade e família, meu amor...

—E você? O que quer?

Gil sorriu, mas não foi um sorriso de felicidade.

—Eu quero isso aqui- ele largou a caneca de café e fez Sara colocar a dela- quase intocada- ao lado da dele no chão. Depois pegou a mão dela e a levou até sua boca para dar ali um beijo e, em seguida, leva-la até o lado esquerdo de seu peito- Eu quero tudo o que eu desejo... eu quero você a meu lado, quero essa liberdade de ser meu próprio chefe...quero explorar o mundo, com você a meu lado. Quero fazer aquela viagem até a Floresta Amazônica, e quero seguir os passos de Darwin... em suma, eu só quero estar preso a você.

—Como é que a gente pode se amar tanto mas ter sonhos tão diferentes para a nossa vida?- Sara perguntou, sem nem tentar contestar a resposta de Gil. O homem a conhecia como ninguém, e apesar de ela não se dar conta até agora, era aquilo mesmo que ela perseguia a sua vida toda. Uma vida totalmente diferente da de seus pais. A vida que todo pai sonha para os filhos. Uma casa, um marido/mulher, filhos... até seu novo posto de Diretora. Era tudo parte de uma fantasia elaborada que ela levava em seu peito desde criancinha.

—Eu não vi como conciliar nossos planos de vida, Sara, e por isso tomei aquela decisão. Foi a pior decisão da minha vida, diga-se de passagem... não há um dia que eu não sinta falta do seu toque, meu amor... mas nós teremos que abrir mão de muita coisa para estarmos juntos novamente.

—Gil... quando você se sentiu mais feliz?

—Quando nos beijamos, bem na frente daquele macaco em Costa Rica... eu me senti completo.

—Idem... mas foi no seu abraço que eu me senti mais feliz...

—E quando você se sentiu mais triste?

—No meu aniversário...quando você pediu o divórico...

— Quando você recebeu o cargo das mãos de Ecklie...você estava tão feliz e eu não podia compartilhar disso...

—Não vê, Gil?- Sara se levantou e segurou o ex pelos braços- Não vê que nós ficamos mais felizes juntos? Não importa esse meu sonho em separado do seu... nós fazemos parte de um sonho em comum... será que não podemos viver esse sonho em comum?

Grissom trouxe Sara para mais perto de si, levou suas mãos até a nuca dela e roçou os lábios nos dela. Novamente um arrepio tomou conta do corpo de Sara, mas dessa vez Gil entendeu.

—É o que eu mais quero nessa vida.

O beijo que se seguiu foi o mais esperado da vida deles. E ainda assim foi delicado. Delicado como o amor deles. O que não durou muito.

Sara não ouviu o pequeno gemido que soltou, mas seu companheiro sim. Animado com a resposta e com seu corpo pegando fogo, Grissom levou sua mão esquerda- que estava nos quadris de Sara- para a curva de sua lombar e empurrou o corpo dela ao encontro do seu.

As mãos da morena não ficaram parados. Foram dos ombros largos até a nuca de Grissom, seus dedos explorando os cachos curtos de seu amado. O beijo ficou mais intenso quando suas línguas partiram a explorar a boca um do outro, em uma luta para se reacostumar com o sabor e a textura um do outro.

O desejo foi  consumindo os dois amantes e elevando a temperatura do pequeno barco. Sara não conseguia mais pensar, somente sentir. Sentiu o toque faminto de seu amante em suas costas e cada centímetro do corpo dele que estava colado ao seu. Sentiu também a ereção de Grissom , esfregando-se contra ela, enquanto ele levantava a perna dela em um pedido para sentir mais dela.

O movimento inesperado, junto com o balançar das ondas fez os amantes se desequilibrarem e caírem no banco do barco.

—Oh, Deus- Sara gemeu alto quando Gil aproveitou a oportunidade para beijar-lhe o pescoço- Gil...por favor...

—Quer testar se a cama do Ismael aguenta duas pessoas, Sara?- ele perguntou no ouvido dela, mas nem esperou por resposta. O corpo dela já dizia o que queria. O casal então seguiu para o quarto, onde passou a noite a se amar. Eles só surgiriam horas mais tarde, para ver novamente o nascer do sol. Juntos, eles achariam um jeito de ficar. Porque doía demais existir em outra forma.

Para sempre.

 


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Notas finais do capítulo

E aí, ficou bom?



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