—Você realmente veio. - Edward estava surpreso e muito feliz também. Ele ainda tinha dúvidas se Bella iria ou não passar o final de semana com ele. 

—Eu disse que viria. - Colocou a bolsa em cima do sofá. Tinha levado mais tempo do que o planejado, pois parou várias vezes no caminho querendo dar meia volta e não prosseguir com o que ela considerava ser uma loucura. 

Não estava certa do que estava fazendo, mas ela tão pouco conseguia parar de pensar em Edward. Ele estava mexendo com ela de uma forma que a levaria a loucura. Talvez fosse só uma carência ou um desejo de fazer algo inesperado. Fosse o que fosse, ela estava ali e aproveitaria cada segundo. Seria a despedida deles e depois não tocariam mais no assunto. Bella estava certa de que aquele desejo logo acabaria. Tinha que acabar para o bem de todos. Esme a mataria se soubesse o que eles estavam fazendo.

—Achei que me daria o cano. - Levou as mãos ao bolso e abaixou a cabeça. Edward era tímido, mas conseguia socializar muito bem com outras pessoas. Era só com Bella que ele ficava nervoso. - Estou agindo feito um idiota de novo. - Lamentou ao vê-la o encarando. 

—Acho fofo esse seu olhar de perdido. Então, o que vamos fazer? 

—Não sei. - Confidenciou e Bella arqueou uma sobrancelha. 

—O que acha de irmos nadar? - Ele assentiu freneticamente. - Acho melhor eu ir na frente. - Apontou em direção ao mar e Edward a acompanhou com o olhar. 

—Seu idiota. - Resmungou querendo bater nele mesmo. - Ela vai achar que você é só um adolescente besta sem atitude. E vai sair correndo daqui. - Ele não tinha a convidado para passar o final de semana com ele? Então era hora de agir como aquele homem confiante que bateu a porta dela e fez aquele convite indecente. - Seja homem, Edward. - Respirou fundo e tirou a roupa ficando apenas de sunga. Pegou duas toalhas no armário e seguiu até a praia. 

Edward procurou por Bella e a viu emergir balançando os cabelos. Ele gemeu e correu para entrar no mar, jogando as toalhas de qualquer jeito na areia. Estava grato por aquela parte ser deserta. Havia apenas os dois no local e poderiam ficar à vontade. 

—A água está boa? - Perguntou se aproximando dela. 

—Bem relaxante. Está melhor? - Passou o braço envolta dela e Bella se apoiou nele.

—Fico nervoso perto de você. Já participei de debates, fui orador da turma e nunca tive problemas para falar em público. Mas com você eu simplesmente não sei o que fazer. 

—Você pareceu saber muito bem o que fazer outro dia lá no meu escritório. - Edward deu um beijo rápido nela. 

—Acho que quando você me provoca eu perco um pouco da timidez. - Confidenciou e Bella jogou água nele. 

—Eu não te provoco. - Se defendeu e ele a abraçou. 

—Provoca sim. E o pior é que você nem percebe. Ou será que percebe e faz por querer? - Ela riu jogando a cabeça para trás. 

—Eu ajo naturalmente. - Se defendeu. 

—Eu me sinto provocado. E toda ação tem uma reação. - Beijou os lábios dela com lentidão e Bella se agarrou a ele. – Eu quero você, Bella.

—Você me tem pelos próximos dois dias. – Declarou e ele os levou até onde as toalhas estavam. Dois dias não seriam o suficiente, mas seria o começo. Ele mostraria a Bella que a relação deles poderiam ser muito mais do que apenas uma atração física.

[...]

—Quero te perguntar uma coisa. - Levou a colher à boca e Edward se apoiou em um dos cotovelos. 

—Pergunte o que quiser. 

—Você realmente já tinha feito isso? - Apontou para os dois. 

—Quer saber se você foi a minha primeira? - Pegou a colher da mão dela e enfiou no pote de sorvete, depois levou a própria boca prolongando a curiosidade de Bella. - Pareci tão inexperiente assim? - Para ele tinha sido tudo perfeito, agora se perguntava se ela realmente tinha gostado. 

—Não é isso. Você pareceu bem experiente. - Edward sorriu convencido. - Ainda tem uma coisinha ou outra para aprender, mas eu posso afirmar que você não parecia nenhum virgem. 

—É porque eu não era. Eu realmente já tinha feito isso antes. - Bella pareceu decepcionada. - Foi com uma garota do projeto de construção de casas. Ela é britânica. 

—Olha, quem sabe você não a encontra por lá. - Edward sorriu ao perceber o ciúme de Bella. 

—Bella. - Edward se colocou sobre ela. Os rostos bem próximos um do outro. - Eu só fiquei com ela para não parecer um idiota com você. 

—Como? - Com ele tão próximo ela não conseguia pensar direito. 

—Era, na época, só uma fantasia de garoto. Eu me imaginava com você, cheguei a sonhar várias vezes até, e sempre parecia um tolo. Não sabia o que fazer e você me rejeitava. Então eu quis estar preparado. Uma coisa é ler sobre e assistir vídeos, outra é realmente saber fazer. - Bella o puxou para ela e o beijou. 

—Seu bobinho. 

—Deu certo no final da história. Mas confesso que se soubesse que um dia eu realmente teria alguma chance com você, teria esperado para que você fosse a minha primeira. Foi só uma coisa de momento e não significou nada para mim. Não senti nada do que senti com você. - Correu as mãos pelas costas dela. - Posso perguntar algo? - Ela assentiu apreciando a carícia dele. Os dois estavam deitados na cama de um dos quartos de hóspedes dividindo um pote de sorvete.  - É tão ruim assim ficar comigo? 

—Não. - Apressou em garantir. - Você é meigo, gentil, inteligente, lindo e muito engraçado também. Me sinto jovem com você. 

—Então o problema é a diferença de idade? 

—Nós estamos em momentos diferente. Sem falar que as pessoas não aceitariam isso. 

—Nós dois aceitarmos não é o suficiente? 

—O problema é que eu também não aceito. Hoje está sendo incrível, mas não consigo nos ver em um relacionamento sério. 

—Você ainda o ama? - Bella levou alguns segundos para perceber a quem ele se referia. 

—Não. - Declarou com total convicção. - Eu não tentei me matar aquela vez na piscina. Foi um acidente. Bebi muito e cai, mas não foi de propósito. Ele não iria tirar mais nada de mim. - Bella respirou fundo. Era bom ter alguém para ouvi-la. - Eu me dediquei tanto a esse casamento. Tranquei a faculdade quando o Emm nasceu. Alguém precisava cuidar dele e esse alguém não podia ser o Jacob. Ele tinha que vir em primeiro lugar. Dizia que as chances dele de sucesso eram maiores do que as minhas. Ele iria nos sustentar e eu só precisava ficar em casa, cuidar do nosso filho e estar pronta para ele. Mas então as dívidas começaram a acumular e ele passou a chegar cada vez mais tarde. Consegui arrumar uma creche boa e barata para deixar o Emm enquanto estava no trabalho. Sua mãe se ofereceu para cuidar dele enquanto eu estudava à noite. Falta dois anos para terminar a faculdade. Foram dois anos muito difíceis. - Edward se lembrava do amigo passar muito tempo na casa dele quando eram crianças. - Eu tentei, e como tentei, mas uma relação não é composta apenas por uma pessoa. Eu sabia que ele me traía e não pedi o divórcio por causa do Emm. Achava que era melhor ele ter os pais na mesma casa, queria dar a ilusão de que estava tudo bem. Mas nunca esteve. Ele era um péssimo pai. 

—Emmett dizia que o pai era caminhoneiro e que vivia viajando. Mas eu sabia que era mentira. Acho que ele só não queria que todo mundo ficasse perguntando onde o pai estava e o porquê de ele nunca ir aos jogos. 

—Tentei ser uma boa mãe para ele. 

—Você é uma mãe incrível, Bella. Emmett te ama mais do que tudo. Está preocupado que você fique infeliz quando ele for para a faculdade. 

—Eu vou sentir tanta falta dele. - Secou as lágrimas que começaram a cair. - Mas vou ficar firme. Sei que ele se preocupa e que acha que vou fazer alguma besteira. Sobre aquela vez. - Retornou ao assunto. - Já tinha muitos anos que eu sustentava a casa, Jacob dizia que os negócios estavam ruins, e eu ainda querendo de alguma forma salvar nosso casamento, o ajudava a tentar dar a volta por cima. Bem, descobri que ela tinha um caso com a secretaria e que tinha dois filhos com mulheres diferentes. E era para eles que ele dava o nosso dinheiro e dedicava o precioso tempo. Ele ia a todos os jogos dos outros filhos, participava das reuniões da escola e para o Emmett ele não tinha nada a dar. Tempo, dinheiro, atenção, amor, absolutamente nada. E isso eu não podia aceitar. 

—O Emmett nunca contou que tem irmãos por parte de pai. 

—Ele não sabe. Acha que foram só as traições. 

—Ele merece saber. - Edward não queria guardar mais um segredo do amigo. 

—Jacob me pediu um tempo para contar. Acho que ele nunca vai fazer isso e eu não sei como contar. Partiria o coração do meu filho. 

—Por que insistiu para ele ir ao casamento? Esse traste não merece o filho que tem. 

—Por pior que o pai seja, não quero que o Emm tenha ódio no coração. Ele é tão doce e bondoso, merece ter apenas pensamentos e sentimentos bons. 

—Acho que deveria contar a verdade. Ele merece saber. 

—Acho que você pode estar certo. - Edward se colocou sobre ela, tirando o pote de sorvete de perto deles. 

—Bella, está na hora de começar a pensar mais em você mesma. E se você me desse uma chance, gostaria de te mostrar que nem todos os homens são iguais. - Deu um beijo suave na testa dela. - Eu estaria sempre ao seu lado e te apoiaria nos seus sonhos. E ajudaria a cuidar das crianças. - Bella o afastou. 

—Nada de crianças. Um filho está ótimo. - Levantou ajeitando a blusa e Edward a agarrou pela cintura. 

—Então vamos esquecer os filhos. - Ele imploraria por uma chance se fosse preciso. - Vamos ser só nós dois então. 

—Edward, se tem uma coisa que aprendi com o meu casamento é que os dois precisam participar da relação de forma igual. 

—E você não está disposta. - Concluiu com tristeza.

—Não vamos estragar a nossa noite falando disso. - Segurou o rosto dele entre as mãos. - Concordamos que seria a nossa despedida. Vamos aproveitar. - O abraçou e Edward suspirou. O plano dele não estava dando muito certo. Ele queria mostrar a Bella que os dois poderiam sim ter um relacionamento. Talvez com um pouco mais de tempo ela percebesse isso. 

—Prepare-se para a diversão. - Edward a ergueu e Bella soltou um gritinho de empolgação.

[...]

—Café na cama? – Ela espreguiçou e se ajeitou na cama para ficar sentada. Quando foi que ela ganhou café na cama? O gesto de Edward foi tão simples e a deixou muito emocionada. Ele era gentil e muito carinho. Seria fácil se apaixonar por ele e ela torcia para que ele encontrasse uma garota que o fizesse muito feliz. Infelizmente, ela não era mais uma garota e não poderia se apaixonar por ele.

—Tive que procurar no YouTube como se usa a máquina de café e fui correndo até a padaria para comprar o resto. – Ele não sabia cozinhar, mas gostaria muito de aprender.

—O que vale é a intenção. - - Ela fez uma careta ao tomar o café.

—Está forte demais? – Ele tinha certeza de que ela gostava de café forte.

—Está ótimo. Só precisa de um pouco de açúcar. – Ele faria melhor da próxima vez.

—Toma o suco, comprei na padaria. – Bella apertou a bochecha dele e lhe entregou um pão doce.

—Obrigada. Você foi muito gentil. Eu poderia ter preparado o café.

—Você já fez tanto, queria fazer algo para você. O que acha de sairmos para uma caminhada? – Ele conhecia uma trilha e seria seguro para eles passearem por lá. 

—Só preciso de um banho e podemos ir.

—Sabe. – Ele levantou e tirou a camisa. – Também preciso de um banho. – Estendeu a mão e Bella a segurou com força.

—É só banho. – Alertou e ele fez cara de inocente.

—Prometo me comportar.

—Por que eu não acredito em você? – Ela se agarrou a ele.

—Talvez pelo simples fato de eu não conseguir resistir a você.

[...]

—Está animado com a universidade? – Edward ajudou Bella a subir a pequena encosta. Eles estavam indo pelo caminho mais difícil que era também o mais deserto.

—Muito. Vai ser bom fazer algo diferente.

—A faculdade é incrível e totalmente diferente do ensino médio.

—Você ia a muitas festas? – Bella parou e entregou uma garrafa com água a ele.

—Nunca fui a nenhuma festa da faculdade. Jacob tinha ciúmes.

—Ele a proibia de fazer as coisas? – Ela assentiu e suspirou. Se odiava por ter acatado tanto as vontades dele. Se ela tivesse se imposto mais as coisas teriam sido diferentes.

—Eu vi o cartaz de uma festa que vai ter no centro. Podemos ir se você quiser.

—Não quero correr o risco de alguém nos ver.

—Eu disse que a festa é a fantasia? – Ele abriu um largo sorriso. – Vamos nos divertir um pouco. Sair para dançar e fingir que nada mais existe. – Bella considerou as opções e aceitou a proposta.

—Vamos fantasiados de quê? – Ele passaria em uma loja assim que voltassem para casa.

—Vou olhar o que ainda tem na loja. – Os dois sentaram admirando a vista. – Eu queria ter te levado ao baile de formatura. Não é a mesma coisa agora, mas pelo menos posso dançar com você.

—Está falando sério? – Perguntou surpresa com a admiração dele por ela.

—Você pode até não aceitar, mas eu amo você. Desde os 14 anos.

—Como poderia saber o que é amor aos 14 anos?

—Eu não sabia, mas agora eu compreendo.

—Você ainda vai saber o que é amor. Mas posso adiantar que não é isso o que sente por mim.

—O que eu sinto por você, então? – Apoiou o queixo nos joelhos.

—Desejo, afeição, carinho, qualquer coisa...

—Menos amor. – Ele completou por ela.

—Exato. Eu já me enganei assim na sua idade. – Ele escondeu o rosto e Bella colocou a mão nas costas dele o confortando. – Vamos mudar de assunto. Por que escolheu fazer engenharia civil? Todos achavam que você fosse cursar medicina. 

—Por sua causa. – Bella foi pega de surpresa. – Os dois cursos são bem parecidos. Achei que talvez pudéssemos fazer algum tipo de parceria.

—Você não pode fazer isso apenas para tentar me agradar. – Ela não permitiria aquilo.

—Eu amo matemática e ajudei a construir casas sustentáveis no ano passado. Não é só por você que estou fazendo isso. Embora, você tenha sido a minha inspiração. – Admitiu e ela sorriu, emocionada. – Quero fazer mais projetos assim e já tenho algumas ideias que gostaria de te mostrar depois. Se estiver interessada em ver, é claro.

—É claro que estou interessada. Tenho buscado fazer mais projetos sustentáveis. Pensei até em fazer uma especialização.

—Você deveria fazer. Seus trabalhos já são incríveis e poderiam ficar ainda melhores. Está sempre surgindo novas tecnologias e tal. Posso verificar se tem algum curso lá na universidade. Seria bom ter você por perto.

Bella suspirou e o beijou. Era bom ter apoio.

—Obrigada! Prometo que vou pensar com carinho no assunto.

—Eu te apoiarei em tudo, Bella. Sempre. – Prometeu e os dois se abraçaram apenas apreciando a companhia um do outro.

—Espero que encontre o amor, Edward. – Falou após alguns minutos de silêncio.

—Eu já encontrei, Bella. Eu já encontrei e não vou desistir dele. Mesmo que você me desencoraje. Sou paciente, baby. – Deu um beijo na testa dela. – Muito paciente.

[...]

—Minha última festa foi quando tinha 16 anos. – Bella segurou a mão de Edward e ajeitou a máscara no rosto. Eles estavam fantasiados de Mulher Gato e Batman. Edward conseguiu uma peruca ruiva para Bella e ela estava irreconhecível. Agora que estava na festa ela pensou que talvez não precisem de tanto para esconder a identidade deles. Só tinha jovens na festa e nenhum deles parecia interessado nos dois penetras.

—Quer dançar? Se quiser posso pegar uma bebida para você. Acho que ninguém vai pedir a minha identidade. – Ele queria que ela se sentisse confortável e que se divertisse.

—Estou bem assim. Mas eu amaria dançar.

Os dois foram até a pista de dança improvisada e Bella voltou a ser uma jovem. Não havia preocupações, medos ou responsabilidades. Ela estava ali apenas para se divertir. Edward segurou a mão de Bella e fez rodopiar pela pista. Ela não parava de sorrir e Edward se sentiu vitorioso por proporcionar aquela liberdade a ela.

—Está gostando? – Ele teve que gritar para que ela o ouvisse acima da música.

—Estou amando. - Entrelaçou as mãos atrás da cabeça dele e o beijou.

—Isso é melhor do que imaginei. – A manteve junto a ele e foi descendo a mão até pousar na cintura dela.

—Será que podemos ir? – Eles estavam na festa a mais de uma hora e Bella estava cansada. Não estava mais acostumada a festas.

—Achei que estivesse gostando. – Parou de dançar e ela sorriu sedutoramente.

—Quero terminar essa dança em casa. Aproveitar a nossa despedida. – Ele assentiu, mas prometeu para si mesmo que não deixaria que aquilo fosse uma despedida.

Bella podia não o amar, mas ela gostava dele. Gostava das coisas que ele proporcionava a ela e gostava da companhia dele. Aquilo era o suficiente para dar esperança a ele. Só precisava ser paciente e continuar a amá-la. O tempo cuidaria do resto.