Bella sentia que explodiria a qualquer momento. A barriga dela estava enorme e o humor dela não era dos melhores. Ela sabia que todos queriam o bem estar dela, mas a super proteção deles a estava irritando. Ela precisava de espaço e por isso pediu para que se afastassem um pouco. Edward, é claro, tinha medo de perder o nascimento da filha e queria ficar por perto, mas não era como se a filha fosse nascer logo após a primeira contração. Com Emmett foram longas e dolorosas 26 horas. Ela torcia para que com Eloise levasse menos tempo.

Bella mal conseguiu dormir durante a noite, não achava uma posição adequada, então resolveu levantar cedo e foi checar se estava tudo certo para a chegada da filha. Ajeitou o móbile quando sentiu outra pontada. Levou as mãos até a barriga. As contrações dela vinham a cada dez minutos, talvez fosse a hora de ligar para Edward.

—Já está na hora? – Edward sussurrou saindo da sala de aula.

—Sim. Dez minutos de intervalo. Talvez oito. – Confessou cerrando os punhos.

—Bella! Por que não me ligou antes? – Eles combinaram que assim que ela sentisse a primeira contração deveria ligar para ele. – Já estou a caminho e vou ligar para o meu pai. Ele vai te levar ao hospital. – Eles tinham tudo planejado.

—Com o Emmett levou tanto tempo que não quis preocupar você.

—A segunda gestação costuma ser mais rápida. – Ela tinha se esquecido daquele detalhe.

—Não precisa se preocupar, a bolsa ainda não… - Edward parou de correr e esperou que Bella terminasse a frase. - Certo, venha correndo, por favor. Não quero passar por isso sozinha, de novo. - Ela só queria um pouco de espaço e não ficar completamente sozinha. Bella se sentou na cama e começou a chorar. 

—Calma, meu amor. Respire fundo e lembre-se de tudo o que nos ensinaram nas aulas de parto. - Na teoria era tudo tranquilo, mas na hora do desespero, Bella não se lembrava de mais nada das aulas e era como se ela nunca tivesse passado por aquilo. - Meu pai chega em um minuto aí, e lembre-se que eu te amo e estarei com você logo, logo. - Ele encerrou a chamada e discou o número de casa. 

—Casa dos Cullen. - Esme atendeu no terceiro toque. 

—Oi, mãe, o papai está aí? Edward desceu as escadas correndo, ele precisava achar Emmett.

—Oi, querido, como você está? - Ela estava feliz por ter o filho de volta. 

—Mãe, o papai, ele está aí? - Droga! Onde Emmett estaria? 

—Não, ele tinha uma conferência em… - Edward afastou o celular soltando um palavrão. As coisas não estavam saindo como planejado. O pai não estava na cidade e Renée tinha voltado para casa. Bella disse que se sentia sufocada com toda atenção que estava recebendo. 

—Preciso do telefone dos Hale. - Helen poderia levar Bella até o hospital. Ou então Jasper. Sim, nem tudo estava perdido. 

—O que está acontecendo? - Esme perguntou preocupada. 

—A bolsa da Bella estourou e ela está tendo contrações. Alguém precisa levá-la até o hospital e rápido. - Ele avistou Emmett e atravessou correndo o jardim do campus. 

—Eu a levo. - Esme declarou e Edward quase tropeçou. 

—Você leva? - Não passou pela cabeça dele pedir ajuda a mãe. Depois que voltaram para o chá de bebê, Esme não foi hostil com Bella, mas também não tentou uma aproximação. Edward achava que a mãe precisava de mais um pouco de tempo para aceitar toda a situação. 

—Não sei o porquê de estar surpreso. Estamos falando da minha neta e da minha amiga. Não se preocupe. Nos encontre no hospital. - Esme desligou já pegando a bolsa e as chaves do carro. 

Edward sabia que a mãe não faria nenhum mal a Bella e que ela seria um grande apoio, mas Bella precisava dele e ele não perderia o nascimento da filha. 

—Emmett! - Gritou quase atropelando um grupo de estudantes. 

—A Izzy vai nascer? - Para o amigo estar tão aflito só poderia ser por uma razão. 

—É Eloise. - O corrigiu levando as mãos aos joelhos. Ele estava ofegante. - Precisamos ir logo. A minha mãe vai levar a Bella ao hospital.

—A sua mãe? - Emmett considerava Esme como uma segunda mãe, mas não achava que ela fosse a pessoa mais indicada para aquela tarefa. 

—A minha mãe não é nenhuma bruxa má. - Sabia que ela não estava lidando muito bem com a situação, mas ele precisava defendê-la. - Agora, vamos logo. 

—Esqueceu que o meu carro está na oficina? - Edward praguejou. Por que tudo tinha que dar errado justo no dia mais importante da vida dele? 

—Vou pedir ao Zach o carro dele. - Puxou o amigo pela manga da camisa e os dois começaram a correr. 

—E ele vai emprestar? - Zach era o colega de quarto de Edward e Emmett não estava nada feliz por não ter conseguido voltar ao antigo dormitório. 

—Espero que sim. Ele tem um Volvo e ele é bem veloz. - Os dois encontraram Zach dormindo no quarto. 

—Esse cara nunca vai às aulas? - Emmett resmungou e Edward o censurou com o olhar. O colega de quarto não era o melhor estudante que ele já conheceu, amava uma boa farra e umas ervas, mas ele era uma boa pessoa. 

—Ei, Zach. - Edward o sacudiu com força, não tinha tempo para ser gentil. 

—Já está de dia? - Perguntou bocejando. 

—Zach, a minha filha está nascendo e preciso do seu carro emprestado. 

—Ah, que legal, a pequena Eloise finalmente virá ao mundo. - Ele sorriu emocionado. Estendeu a mão e pegou a calça. - Toma cara. - Entregou as chaves para ele. - Coloque gasolina e dê um beijo nas suas garotas por mim. - Antes que eles saíssem do quarto, Zach já estava de volta ao sono. 

—Toma, você dirige. - Edward colocou a chave na mão do amigo. - Estou muito nervoso e precisamos de alguém que está acostumado a desrespeitar as leis de trânsito. 

—Permissão para pisar fundo? - Emmett estava animado para dirigir. Ele poderia não gostar de Zach, mas tinha que admitir que o carro dele era incrível. 

—Permissão concedida. Mas tome cuidado, quero ver a minha filha. - Emmett deu um tapinha no ombro do amigo. 

—Vamos conhecer a Izzy. - Cantarolou arrancando com o carro. 

[...]

—Bella! – Esme usou a chave de emergência para entrar na casa. Ela seguiu os gritos de Bella.

—Esme? – O plano era que Carlisle a levasse se Edward ou Emmett não estivessem na cidade.

—Sei que não estava me esperando, mas veja pelo lado positivo: tenho experiência em partos. Já fiz vários. – Bella sorriu tentando se levantar.

—Parto de animais. Você é veterinária, Esme.

—É basicamente a mesma coisa. – Estendeu a mão a ajudando a levantar. – Qual o intervalo das contrações?

—Acho que oito minutos, mas não sei ao certo. Estou sentindo dores desde a madrugada.

—Isso não é bom. Consegue andar? – Passou o braço em volta dela. – Cuidado com o degrau. – Primeiro a colocaria no carro e depois voltaria para pegar as bolsas.

—Sinto muito, Esme. Eu nunca quis trair a sua amizade ou te magoar.

—Não vamos falar sobre isso. – Bella estava suando e pálida.

—Acho que não estou me sentindo muito bem. – Bella confidenciou se apoiando no carro e as duas olharam para baixo notando sangue no chão. – Isso não é bom. – Bella sentiu a cabeça rodar e Esme a colocou no carro. Não havia tempo para chamar uma ambulância e a estação dos bombeiros tinha mudado de lugar há dois anos.

—Bella, fique comigo. Está me ouvindo? – A chamou e Bella gritou de dor. Esme pisou fundo no acelerador.

[...]

Edward saltou do carro antes mesmo que Emmett parasse. Ele olhou a mensagem da mãe e correu até o andar em que elas estavam.

—Como elas estão? – Perguntou, levando as mãos ao peito, recuperando o fôlego.

—Você precisa se sentar. – Pediu torcendo as mãos.

—O que aconteceu? – Edward se apoiou na parede.

—Bella teve um pequeno deslocamento da placenta. – Edward levou as mãos ao rosto. – Ela está bem e eles vão tentar fazer um parto normal.

—Não seria melhor uma cesariana?

—A Bella não quer e como foi um deslocamento pequeno eles querem tentar um parto normal, mas eles estarão prontos para fazerem uma cesariana de emergência se for preciso. – Esme abraçou o filho. – Sei que parece assustador e que está com medo, mas você precisa ser forte. A Bella precisa de você.

—Não sei se consigo. – Confidenciou sentindo o peito apertar.

—Respire fundo, meu anjo. – Sussurrou passando as mãos pelas costas dele. – Você é forte. A sua filha precisa de você e Bella também. Tem que estar lá por elas.

—O que eu faço, mãe? – Ele respirou fundo tentando se acalmar.

—Segure a mão dela e não solte. Ela só precisa saber que você está ao lado dela e que a ama. – Beijou a testa do filho.

—Obrigado, mãe. Pode cuidar do Emmett? Ele vai ficar assustado.

—É claro. – Apertou a mão dele e Edward respirou fundo.

—Você consegue. – Murmurou e entrou na sala que a mãe indicou.

—Que bom que você chegou. – Bella estava aliviada.

—Desculpe pelo atraso. – Ele sorriu e foi ficar ao lado dela. – Como estamos?

—Já estamos quase prontos, você precisa se preparar.

—Desculpa não ter te ligado antes. Não achei que precisava correr para cá tão cedo. Da outra vez demorou tanto e tive dois alarmes falsos. 

—Está tudo bem, meu amor. Estou aqui e em breve nossa filha estará conosco. – Ele precisava distrai-la. – Me conte, antes da noite do karaokê, já tinha pensado em mim de outra forma?

[...]

Bella estava olhando para a piscina quando Edward a puxou.

—Não faça isso de novo, Sra. Black. Sua vida é muito importante e ele não pode tirar mais nada de você. – Ele a segurou com firmeza.

—Edward, se vai continuar me chamando de senhora, use o meu sobrenome de solteira.

—Desculpe, Sra. Swan. – Bella se virou de frente para ele. Ela fungou e ele passou os braços em volta dela. – Calma, vai ficar tudo bem. – Passou as mãos pelas costas dela e Bella se aconchegou nele.

Ela notou os músculos dele. Desde quando Edward era tão forte? Ela sempre o viu como um garoto magricela e tímido, mas o Edward que a estava abraçando era outro. Bella inclinou sentindo o cheiro dele, ela aproximou mais e sentiu algo a cutucando. Ela se afastou pigarreando. Era só uma reação normal de um adolescente. E ela só teve uma breve atração por ele. Aquele era Edward, melhor amigo do filho dela. Não deveria sentir nada por ele. Era só carência.

—Vou... vou... – Ele apontou para dentro de casa.

—Emmett está lá dentro. – Confirmou e ele a olhou com preocupação. – Pode ir, Edward. Você tem razão, ele não vai tirar mais nada de mim. – Ela inclinou dando um beijo na bochecha dele. – Obrigada, Edward.

[...]

 —Está indo muito bem, querida. – Bella gritou apertando forte a mão de Edward. – Só mais um empurrão.

—Já estou vendo a cabeça. – A médica informou e Edward sorriu, empolgado. – Quase lá, Bella. Força!

—Isso, amor, muito bem. – Ele a incentivou e ouviram um choro forte.

—Você foi incrível, Bella. – Edward beijou a testa dela e depois inclinou para ver a filha.

—Ela está bem? – Bella estava cansada, mas muito feliz. Edward observava os movimentos da equipe médica.

—Quer cortar o cordão? – Edward assentiu empolgado e fez como a médica indicou.

—Ela é perfeita, Bella. Seja bem vinda, Eloise. – A médica colocou a bebê nos braços de Bella.

—Ela é muito linda. – Bella tinha perdido a esperança de ter uma filha, não imaginava que poderia passar de novo por aquela experiência. E isso tornava tudo ainda mais especial. A filha era maravilhosa.

—Obrigado, Bella. – Ele tocou no rosto da filha com cuidado. – Podem tirar uma foto? – Ele tinha entregado o celular para um dos enfermeiros. – Nunca vou me esquecer desse momento. – Edward sorriu para as duas. – As enfermeiras pegaram Eloise, a limparam, fizeram as verificações e medições necessárias antes de entregá-la de volta para Bella. A pequena chorava, mas se acalmou ao sentir o toque da mãe.

—Minha princesinha mais linda. Nós te amamos muito.

—Muito mesmo, meu anjinho. – Os dois estavam encantados admirando a filha. – Não consigo acreditar que ela é nossa filha. Ela é tão pequena e frágil. Céus! Como eu a amo. Amo vocês duas.

—Também amo, vocês. – Bella sorriu para ele. Edward não sabia se era o calor do momento ou se Bella realmente o amava, fosse qual o motivo, ele aproveitaria aquele momento ao máximo.

—Precisamos levá-la.

—Fique de olho nela. – Bella pediu sem querer que a filha ficasse sozinha. Edward deu um beijo rápido em Bella e seguiu as enfermeiras, ele queria registrar cada momento.

[...]

—Eu tenho a filha mais linda de todo o mundo. – Edward anunciou para a família. – Ela é saudável e maravilhosa. E a Bella está ótima. – Emmett abraçou o amigo.

—Você tem uma filha. – Os dois pularam animados.

—Eu tenho uma filha.

—Parabéns, filho. – Esme o puxou para um abraço.

—Obrigado, mãe. Por tudo. – Ele estava feliz pelo apoio dela. – Querem vê-la no berçário?

—Sinto pena das outras crianças, a Izzy é a mais linda. – Emmett estava emocionado. – Fiquei com medo de você passar seus genes feios para ela.

—Haha... E eu que pensei que a Bella não soubesse fazer filhos bonitos, mas acho que a feiura veio do seu pai. – Retrucou e Emmett riu.

—Parabéns, cara. Ela é perfeita, muito perfeita mesmo. – Edward se sentiu o homem mais sortudo de todo o mundo.

[...]

—É a sua? – Edward estava admirando a filha, ele queria pegá-la no colo, mas tinha medo de deixá-la cair. – Ela é linda. Quer carregá-la? – Ele tinha treinado com bonecas, mas aquilo era totalmente diferente. Eloise agitou os bracinhos e começou a chorar. – Não precisa ter medo, você saberá o que fazer. – A enfermeira colocou Eloise nos braços de Edward.

—Oi filha, é o papai. – A segurou com cuidado e passou o dedo pelo rostinho dela. A mãe tinha razão, ela tinha o nariz dele. Talvez os olhos e os cabelos também fosse dele, mas ela era mais parecida com Bella. – Você sabe quem eu sou, não sabe? – Eloise parou de chorar e ficou olhando na direção dele com os olhos meio cerrados. – É filha, eu sou o seu papai. Eu lia e cantava para você. Espero que não ache que eu tenho uma voz ruim, pois você vai ouvi-la todos os dias. Estarei sempre com você, meu anjinho. Em cada passo e momento eu estarei te segurando. Papai ama demais a princesinha linda dele. Você sabe que pode confiar em mim, não sabe? – Ela abriu a boquinha e Edward podia jurar que era um sorriso, ele sabia que era apenas um reflexo, mas gostava de acreditar que era um sorriso real e que ela estava feliz com ele. – Você é o meu bem mais precioso. É sim. – A voz dele estava falhando e os olhos marejados. – Você é perfeita, Eloise. E tem pais que sempre vão te amar. Sua família toda vai te amar. – Ele deu um beijo leve na cabeça dela. – Não precisa ter medo de nada, meu anjinho. O papai está aqui. Quer ir ver a mamãe? A sua mamãe é maravilhosa e você tem muita sorte dela ser a sua mamãe. Ela vai me ensinar e me ajudar a ser um bom papai para você. Você também vai ter que ajudar o seu papai aqui. Me dizer o que fazer, do que você gosta. Espero que um dia você possa me amar. Eu já te amo desde o momento em que a sua mãe me contou sobre você. Amo, sim. Amo demais, filha. – Ele abriu um largo sorriso e a ergueu. - Tudo o que eu tenho e tudo o que eu sou vai ser seu. Pra todo o sempre. Sim, estou citando Barney Stinson, um dia te apresento a essa série, filha. Agora vamos ir ver a mamãe.

—Aí está ela. – Bella estava meio sonolenta, mas se recusava a dormir enquanto não visse a filha mais uma vez.

—Oi amor, como está se sentindo? – Bella sorriu e estendeu as mãos para pegar a filha. – Essa é a sua mamãe.

—Me sinto como se tivesse parido uma criança de quase 4 quilos. A criança mais linda e perfeita de todo o mundo.

—3,600. – Edward informou. – Eu observei atentamente e vigiei para que ninguém a trocasse. Já gravei cada lindo detalhe desse rostinho.

—Obrigada por ter feito isso. – Bella também tinha medo de que trocassem a filha na maternidade. – Tive tanto medo de perdê-la.

—Também fiquei com medo, mas deu tudo certo. – Ele passou o braço em volta de Bella. – Quer ser a minha namorada? – Ele planejava algo mais romântico, mas não queria perder mais tempo. Bella olhou da filha para Edward.

—Sim, eu quero ser a sua namorada. – Ele a beijou com cuidado.

—Amo você, Bella. E quero construir uma família com você.

—Já estamos construindo.  – Ela se aconchegou nele e juntos observaram Eloise dormir tranquilamente.

Edward sabia que as coisas não seriam fáceis e que ainda haveria um longo caminho a percorrer, mas ele sentia que tinha dado um passo muito importante. Ele e Bella poderiam ficar juntos e serem felizes.