—Edward! Edward! Está me ouvindo, cara? 

—O quê? - Perguntou olhando para o amigo. 

—Estou te chamando há um tempão e você aí olhando para o nada. - Deu um soco no ombro dele. - Está olhando para a minha mãe? 

—Não! - Gritou horrorizado com a pergunta. 

É claro que ele estava admirando a mãe do melhor amigo, mas ele nunca poderia saber que ela era o objeto de desejo dele há quase 4 anos. Emmett o mataria se soubesse que ele ficava tendo fantasias com a mãe dele. 

—Então o que tanto olha lá para fora? - Cruzou os braços irritado. Não aguentava as piadas que os amigos faziam sobre a mãe dele e era grato por Edward sempre a respeitar. 

—Vai chover. - Respondeu apontando para o céu escuro e tentou não olhar para a mãe do amigo que fazia ioga ao lado da piscina. - Queria ir à praia nesse final de semana, mas com essa chuva não vai dar. - Torceu para que o amigo tivesse acreditado na desculpa dele. 

—Queria que surgisse um furacão em Atlanta nesse final de semana. - Emmett resmungou fechando o livro. 

—O casamento do seu pai. - Edward sorriu em solidariedade ao amigo. 

Os pais de Emmett se divorciaram há menos de um ano e o pai dele ia se casar com a mulher com quem traiu a esposa durante anos. Edward entendia bem o porquê de o amigo não querer ir a esse casamento. Se fosse com ele também não iria.

Emmett não falava com o pai desde que ele saiu de casa e foi morar com a amante. A mãe dele, Bella, sofreu muito com o abandono e com as traições. E desde então, Emmett passou a ser bem mais protetor com ela. 

—Não quero ir a esse casamento, mas a minha mãe disse que independente de qualquer coisa ele é meu pai. - Revirou os olhos e deu um soco na mesa. - Vou ter que ficar rindo para os dois sabendo o que eles fizeram com a minha mãe e com essa família. Eu odeio os dois. - Declarou cerrando os punhos. 

—Sinto muito, cara, mas a sua mãe parece estar superando bem, talvez seja hora de perdoar o seu pai. 

—Está do lado de quem? E desde quando a minha mãe parece ter superado alguma coisa? Ela ainda chora por causa dele. Não gosto de vê-la sofrer assim. Poxa, ela é minha mãe e sempre fez de tudo por mim. Enquanto meu pai ficava a traindo por aí, ela ia a todos os meus treinos, sempre me apoiou e é a minha melhor amiga. - Os dois olharam para fora e Bella acenou para eles. - Olha, não tem como eu fugir desse casamento e não quero deixar a minha mãe sozinha. Então, pode ficar de olho nela? 

—O quê? - Edward se engasgou e olhou para o amigo como se ele tivesse ficado maluco. Entendia que ele queria garantir que a mãe não cometeria nenhuma loucura, mas não podia ficar sozinho com ela. Ele a respeitava e respeitava o amigo, mas não confiava nos hormônios quando estava perto dela. 

—É só dar uma passada aqui e ver se ela não vai esvaziar a nossa adega ou sair por aí e ficar com algum otário. Minha mãe é nova e bonita, merece encontrar algum coroa bacana, mas não quero que ela faça isso quando o julgamento dela não está em seu perfeito estado. 

—Então você quer que eu fique de babá da sua mãe? - Aquela ideia era insana e Edward não poderia concordar com aquilo. 

—Algo do tipo. - Deu de ombros e Edward engoliu em seco quando Bella entrou na cozinha. 

—Oi Edward, com fome? - Ele apenas assentiu, ficando completamente envergonhado. Ele era popular é muito bom com as garotas, mas quando se tratava da mãe do amigo, ele perdia completamente a fala. - Só vou tomar um banho rápido e desço para preparar um lanche para vocês. 

—Muito obrigado, mãe. - Emmett levantou e deu um abraço na mãe. - Amo você. 

—Também te amo, querido. - Apertou a bochecha dele. - Espero que já tenha arrumado a sua mala. Sua avó vai te buscar no aeroporto. 

—Pelo menos a vovó vai estar lá para rir comigo desse circo todo. - A avó dele também era contra o casamento. Ela adorava Bella e ficou muito chateada quando o divórcio saiu. Esperava que o filho consertasse tudo e que os três voltassem a ser uma família feliz. 

—Mande um abraço para sua avó. Já volto. - Avisou saindo da cozinha. 

—Então… - Emmett voltou a sentar ao lado do amigo, e Edward juntou os livros. Estava na hora de ir embora. - Pensei que talvez pudesse levar a minha mãe ao karaokê. 

—Emmett, eu não vou sair em um encontro com a sua mãe. 

—Quem falou em encontro? Encontro envolve contato físico e você não vai ter nenhum contato físico com a minha mãe. - Avisou apontando o dedo para ele. 

—Claro que não. É a sua mãe. - Edward fingiu estar enojado, quando na verdade ele adoraria ter qualquer contato físico com Bella. 

Tudo começou quando ele tinha 14 anos. Ele e Emmett viviam dormindo um na casa do outro e aquilo nunca foi um problema. Até que, acidentalmente, Edward viu a mãe do amigo apenas de roupa íntima. A porta do banheiro estava entreaberta e ele a viu trocando de roupa. Para um adolescente aquilo foi o paraíso e o inferno também, já que ela era mãe do seu melhor amigo e ele não poderia pensar nela daquela forma. 

Saiu correndo e foi para casa e desde então se pegava pensando nos dois juntos e fazendo coisas que fariam com que Emmett o matasse ou no mínimo deixasse de ser amigo dele. 

—Então, você a leva até o karaokê e passam um tempo juntos. Só não a deixe beber e nem nenhum babaca dar em cima dela. Vai ter que cuidar dela como se fosse a sua mãe. 

—Argh, Emmett. - Ele não poderia pensar em Bella como a mãe dele, seria estranho demais. 

—Você entendeu o que quis dizer. Por favor, estou te implorando. Eu pediria a Rosalie, mas um tio dela morreu e ela teve que ir ao funeral. Não posso deixar a minha mãe sozinha. 

—Tudo bem. - Não poderia negar aquele favor ao amigo. Emmett sempre o ajudou em tudo. - Vou ficar de olho na sua mãe e não a deixarei fazer nada estúpido. 

—Obrigado, cara. Você é o melhor amigo de todo o mundo. - O abraçou e Edward riu. 

—Sei que você faria o mesmo por mim. Agora preciso ir. 

—Espera até a minha mãe fazer o lanche. Deve estar com fome, sei que eu estou. - Edward queria sair correndo de lá, mas não queria que o amigo suspeitasse das ações dele. Ele já agia estranho demais perto de Bella e todos faziam piada com isso.

—Prometi a minha mãe que cortaria a grama. - Ela realmente o havia pedido para cortar, mas aquilo fazia meses e ele nunca cortou a grama. 

—Vai chover, cara. Senta aí e relaxa. - Empurrou a cadeira para que ele se sentasse. - Mãe, adivinha só? – Bella sorriu para o filho. - Edward quer ir ao karaokê no sábado e perguntou se não quer ir também. - Fez a sua melhor cara de inocente. 

—Ah, é? - Bella conhecia bem as artimanhas do filho. - Está me convidando para ir ao karaokê, Edward? - Levou as mãos a cintura e ele engoliu em seco ao notar a blusa apertada que realçava tudo nela. 

—Si… Sim, senhora Swan. - Conseguiu falar após várias tentativas. - Vai ser legal e quem sabe assim consigamos cantar sem sermos interrompidos o tempo todo. - Os dois olharam para Emmett. 

—O que foi? - Perguntou fingindo inocência. 

—Querido, sabe muito bem que palpita nas nossas escolhas e sempre dá um jeito de intrometer no meio da música. - Emmett fez uma careta e Bella começou a separar os ingredientes para os sanduíches. - Edward, aceito o seu convite. - Piscou para o garoto que teve que se segurar na mesa para não cair da cadeira. Aquela era uma péssima ideia. Poderia levar a mãe também… não aquilo seria ainda pior. As duas eram amigas e seria muito estranho os três juntos. - Está satisfeito agora? - Perguntou ao filho. Ela sabia muito bem que fora ele quem pediu a Edward que a convidasse para sair e evitasse que ela passasse a noite toda bebendo e se debulhando em lágrimas. 

—Não muito. Aposto que vão escolher as piores músicas. - Balançou a cabeça lamentando não estar lá com eles. O karaokê era uma tradição dos três.

—Nem pense em faltar a esse casamento. - Sabia bem o que o filho estava pensando. - Ele é seu pai e faz questão que você esteja lá. 

—Faz tanta questão que pediu a vovó para me contar que iria se casar. 

—Emmett, não quero que você o odeie pelo que ele me fez. 

—Não foi só você que ele machucou, mãe. Ele sempre foi um pai ausente. 

—Acho melhor eu… - Edward não queria se intrometer na conversa dos dois. 

—Fique aí mesmo, Edward. Não vou deixar você ir embora de barriga vazia. Emmett, pegue o suco e os copos. - Isso evitaria que a conversa deles fosse adiante. - Então, sábado às 7? - Bella colocou os sanduíches na mesa e os garotos passaram a devorar o lanche. - A menos que não queira sair com uma velha. 

—A senhora não é uma velha. - Edward apressou em negar e ficou surpreso por ter pronunciado uma frase inteira sem gaguejar. 

—É, mãe. Velha é a vovó. Você acabou de fazer 40 e todo mundo sabe que 40 é o novo 20. - Aquilo a fez rir. - Ainda pode até me dar um irmãozinho. 

—Isso não vai acontecer, querido. - Colocou a mão no ombro do filho. - Não tenho mais pique para cuidar de uma criança. 

—Seria bom se arrumasse alguém para te fazer companhia. Vou para a universidade e não quero te ver sozinha. - Segurou a mão dela e deu um beijo.

—Vou ficar bem, querido. Posso arrumar um cachorro. - Sugeriu e ele fechou a cara. Sempre quis ter um cachorro, mas a mãe nunca deixou. E ela não teria um agora que ele ia embora. - Que tal um gato? - Ela odiava gatos. 

—Daremos um jeito. Ainda falta um mês para as aulas acabarem e temos o verão todo. - Ele arrumaria um namorado para a mãe. 

—Posso ir morar em um asilo. - Bella sugeriu e Edward riu. 

—Não banque a engraçadinha comigo. - Emmett apontou o dedo para a mãe. - Você merece encontrar alguém que a valorize e que a ame. Deixa comigo. Edward vai me ajudar. - Edward se engasgou com o suco e Emmett teve que dar uns tapas nas costas dele. - Tudo bem cara? 

—Sim. - Ele estava vermelho como um pimentão. - Tenho que ir. - Levantou-se num pulo. - Obrigado pelo lanche, Senhora Swan. 

—Por nada, Edward. Sábado às 7.  - O lembrou e ele apenas assentiu. A veria se ele conseguisse sobreviver até lá. 

[...]

Péssima ideia, péssima ideia. Por que ele teve mesmo que concordar com aquilo? Ah, sim, porque Emmett não sabia dos sentimentos de Edward pela mãe dele. 

Jogou mais uma camisa em cima da cama e abriu o guarda roupa em busca de outra peça. Ele não se importava com moda e normalmente vestia a primeira coisa que encontrava, mas aquela não era uma ocasião normal. Tudo o que vestia parecia ser errado para um não encontro com a mãe do melhor amigo. Deveria ir formal ou casual? Definitivamente, não com uma blusa de time de basquete. Pegou uma camiseta de manga longa azul. Estava no meio termo. Agora tinha que decidir o que faria com o cabelo. 

[...]

—Quem é a sortuda? - Edward deu meia volta e sorriu sem graça para os pais. Queria sair de fininho para evitar perguntas.

—Está tão lindo, filho. - Esme bagunçou o cabelo dele. - Assim fica melhor. 

—Mãe, levei quase uma hora para deixá-lo arrumado. - Choramingou e ela riu. 

—Espero que esteja levando proteção. - Carlisle o lembrou e Edward gemeu. Ele estava sim levando, mas tinha absoluta certeza de que não usaria. Não que ele fosse descuidado, era só que não haveria oportunidade para usar. 

—Não é um encontro. Só estou fazendo um favor para um amigo. - Os pais o olharam sem entender. - Vou ir ao karaokê com a senhora Swan. 

—A Bella? - Esme levou as mãos ao peito, chocada demais com a informação. - É melhor se explicar logo. 

—Não é nada do que está pensando mãe. - Garantiu, erguendo as mãos. 

—Ela é meio velha para você, filho. - Carlisle já desconfiava que o filho tinha uma paixonite pela vizinha. 

—Já disse que não é nada do que estão pensando. Hoje é o casamento do pai do Emmett e a senhora Swan ficou sozinha em casa. O Emm está preocupado que a mãe dele faça alguma idiotice. Vocês sabem bem como ela reagiu ao descobrir sobre as traições do marido. - Esme sabia melhor do que ninguém. Ela passou horas ao lado da amiga no hospital. Bella bebeu tanto que caiu na piscina e se afogou. Emmett conseguiu a tirar de lá rapidamente e chamou por ajuda. 

—Ela não deveria sofrer por esse traste. Todo mundo sabia que o Jacob não prestava. - Foi Carlisle quem tirou Emmett de cima do pai quando o garoto o socou em defesa da mãe. 

—Ela nunca quis acreditar. Bella o amava tanto. - Esme colocou as mãos no ombro do filho. - Por favor, cuide dela, filho. Não quero que ela faça nada do que vá se arrepender. 

—Acho que ela não vai fazer nada. Ela fez terapia e está bem melhor agora. Mas o Emmett não está certo disso. 

—Não vai fazer mal algum você fazer companhia a ela. - Esme deu um beijo na bochecha do filho. - Eu iria com vocês, mas seu pai e eu já temos planos. 

—Acho que o Edward não iria nos querer por perto. - Carlisle provocou e Edward corou. - Bella pode ser mais velha do que ele, mas ainda é jovem, nós dois já passamos da idade de acompanhar o ritmo deles. 

—Ah, amor, é só um karaokê. Não é como se fossem para uma boate. 

—Quem sabe eles não esticam um pouco a noite. - Carlisle piscou e Edward se engasgou. 

—Tenho que ir. Não gosto de chegar atrasado. - Os pais sabiam muito bem que o filho sempre chegava atrasado, principalmente na escola. 

—Mande um abraço para a Bella. - Esme voltou para a cozinha. 

—Pode usar meu carro. - Carlisle pegou a carteira e tirou algumas notas de lá. - Aqui, um homem deve pagar pelo menos a parte dele. 

—Não precisa, pai. Ainda tenho dinheiro que ganhei no meu aniversário.

—Leve mais um pouco. Se não gastar você me devolve. - Edward pegou o dinheiro e guardou no bolso. - Tenha juízo, garoto. - Deu um abraço rápido nele. - Lembre-se que ela é a mãe do seu melhor amigo e que em breve você irá para a universidade. 

—Pai, não sei do que está falando. - Pegou a chave do carro do pai. Seria melhor irem de carro do que na bicicleta dele. Os pais o fizeram escolher entre uma viagem e o carro, e ele ficou com a primeira opção. Ele e Emmett fariam um mochilão pela Europa antes de irem para a universidade. 

—Boa noite, filho. - Edward saiu mais do que depressa de lá. Ele sempre achou que escondia bem o que sentia por Bella, mas de alguma forma o pai descobriu e ele esperava que fosse o único ou estaria em sérios apuros.