Molly acordou assustado com um despertador que tocava. Ela sentou-se na cama sonolenta e olhou pro criado mudo e não tinha nada. Levantou-se seguindo aquele barulho irritante quando viu que vinha de dentro de uma das gavetas da cômoda. Era um celular, bem moderno e tinha na tela “escola” enquanto apitava.

- escola? – perguntou quando lembrou. – nossa! A escola dela. Hoje é segunda-feira, e agora? Será que eu preciso fazer isso por ela também?

- Alex! Alex! – dizia uma voz que se aproximava no corredor, foi quando a porta se abriu e apareceu a Sra. Campbell. – filha ainda está assim? Anda, senão você me atrasa pras compras. – e saiu deixando-a sozinha.

- Invento algo ou vou pra escola? – perguntou-se. – eu vou e fujo. É isso! Não vou entrar naquela escola se passando por outra pessoa de jeito nenhum.

Ela se vestiu e depois procurou pela mochila da “Alex” e achou-a embaixo da cama. Desceu e tomou um copo rápido de leite e depois foi com sua mãe pra escola e de Limusine. Ficou encantada com tanta nobreza daquela família. A limusine tinha televisão com canais à cabo e tudo.

- Pare de trocar de canal feito louca menina! Parece até que nunca viu uma televisão dessas cheias de canais.

- Tem razão, nunca vi.

- Você está tão estranha esses dias. O que houve?

- Eu? Estranha? – disse largando o controle do seu lado. – que nada. To a mesma coisa.

- Nossa, fazer compras é tão cansativo... – e bufou a mulher recostando-se ao banco. – Josh, acelera que eu quero chegar logo lá na loja.  – disse falando por um aparelho como de interfone. – o que vai fazer hoje? – perguntou à Alex que a observava.

- Nada. – Molly sacudiu os ombros.

- Não vai sair com suas amigas?

- Não.

- Eu te dou dinheiro. – e abriu a bolsa tirando uma nota de cem. – toma, dá pra fazer um lanche com isso?

- Ah...Sim...Bem... – e ela ficou sem saber o que dizer diante daquela situação.

- Então leva mais cem. – e estendeu os duzentos pensando que a filha havia achado pouco os cem de antes.

- Nossa! – disse de boca aberta. – eu não posso aceitar.

- Deixa de bobagem menina. Pega logo.

- Ta. – e pegou o dinheiro sem jeito para aceitar o dinheiro de uma desconhecida que pensava que aquela era sua filha e depois colocou as notas na mochila.

- Pronto, chegamos no seu colégio. Graças a Deus!

- Então...Tchau mãe. – disse se curvando pra beijá-la no rosto e essa se afastou.

- Definitivamente estranha. – disse Shirley assustada.

- Desculpa. – disse Molly sem graça e desceu da limusine que se arrancou em seguida. Aquela família era bastante estranha. Onde já se viu uma mãe não gostar de um beijo de despedida da filha? A mãe de Molly reclamava por não receber e a mãe de Alex reclamava por ter. Molly olhou o colégio que era realmente encantador, gigantesco e parecia aqueles castelos antigos. A frente do colégio era tomada por alunos que conversavam provavelmente enquanto esperavam pela hora da entrada.

– ta. Agora é só ir embora. – quando se virou quase bateu de frente com duas meninas e um menino que as acompanhava. – desculpa pessoal. – e passou entre eles sem graça que ainda a encaravam.

- Onde pensa que vai? – perguntou uma das meninas. Loira, dos olhos verdes. Molly parou e se virou e eles continuavam olhando pra ela.

- Ah...

- Pediu uma chance não foi? Hoje é o teste se esqueceu?

- Teste? Que teste? – perguntou Molly sem saber realmente que teste era aquele.

- O teste que você marcou conosco. – falou a ruiva impaciente.

- Eu? – perguntou Molly.

- Ai! Lógico que é você. O que fez no cabelo? Gastamos horas no salão pra fazer aquelas mexas loiras e agora você pinta de preto de novo? – Molly estava tão assustada que não sabia nem o que dizer. – OK, te espero no ginásio hoje às onze. Não falte.

- Ta. – disse num sussurro. O menino que acompanhava as garotas piscou pra Molly que achou tudo muito estranho. Permaneceu ali parada pesando no que ia fazer agora já que tinha um encontro com aquelas garotas, ou melhor, Alex tinha um encontro com elas. E se aquilo fosse sério? Molly não podia deixar de ir, ou podia? Pensou em fugir e deixar aquilo pra lá já que ela não tinha obrigação de fazer tudo pela verdadeira Alex. Não combinaram nada daquilo.

- O que elas queriam? – aquela voz não lhe era desconhecida. Se virou e viu Gerard, o menino de ontem. Namorado da Alex.

- Oi Gustavo.

- Gustavo?

- Quero dizer, amor. – abraçou o namorado constrangida. Havia esquecido o nome do garoto.

- Pensei que havia esquecido meu nome.

- Não é que...Tava com o Gustavo na minha cabeça.

- Quem é Gustavo?

- Um primo. É isso, só um primo que me ligou dizendo que vinha nos visitar.

- Não sabia que tinha primo.

- É que eu não costumo falar muito sobre família...

- Vamos entrar?

- Vamos. – respondeu ela dando o braço pro menino que esperava com o braço estendido.

Molly estava desesperada conforme se aproximava da porta do colégio. Sabia que teria problemas naquele dia. Sabia que ia acabar se enrolando.