Depois de alguns minutos, elas foram atendidas e o médico fez uns curativos nuns cortes no braço, no joelho e nas mãos da menina. Logo depois, as duas já estavam saindo do hospital juntas em direção ao estacionamento.

-         Eu disse que não foi nada. Nem precisava me trazer. – disse a menina. – já estou acostumada com os tombos. Sabe como é né... – disse amostrando o skate.

-         Que bom que está bem. Como eu sou distraída! Me desculpa, não sei o que faria se você tivesse morrido. Olha, eu fiquei desesperada. Me desculpa mesmo.

-         Você não tem culpa. Eu que estava andando de skate sem olhar se vinha carro. Estava distraída. Mas que bom que não aconteceu nada demais. Está tudo bem...

-         É. – e as duas continuaram caladas a caminhada em direção ao carro. – só o carro que ficou um pouco amassado, mas nada que um concerto não resolva.

-         Foi mal. Eu posso pagar o estrago. Ainda não sei como, mas eu posso ver com meus pais...

-         Tudo bem...Depois resolvemos isso com calma. Afinal, qual é o seu nome? – perguntou Alex quando chegaram no carro.

-         Me chamo Molly. – disse estendendo a mão.

-         Alex. – disse ela sorrindo apertando a mão dela. – olha...É incrível como nós somos...

-         Parecidas. – completou Molly. – também não pude deixar de notar isso.

-         Não é estranho?

-         É. – e as duas sorriram.

-         Será que você é minha irmã gêmea? Que estava perdida ou foi dada?

-         Acho que não. Tenho certeza que meus pais são realmente meus pais.

-         Minha mãe também é parecida comigo em alguns aspectos, tem até o mesmo sinal que o meu. Veja se você tem um sinal no braço como o meu. – e pegou no braço esquerdo dela e olhou. – é, você não tem.

-         Isso é bem esquisito. – disse Molly pensativa. Como podia existir alguém igual a ela sem nem ser sua parente?

-         É...Muito esquisito haver alguém igual a você andando por aí. – disse Alex a olhando de cima abaixo. – você parece comigo há algumas semanas atrás.

-         Como assim?

-         Também curtia roupas escuras. Agora mudei meu estilo sabe... – disse pegando na camisa rosa como se quisesse mostrá-la.

-         Ah...Entendi.

-         É...Você... É muito igual...Mesmo – disse examinando-a.

-         O que foi? – perguntou Molly assustada com o olhar que Alex lhe lançava examinando-a de cima a baixo.

 

-         Onde você mora? Eu nunca te vi antes por aqui.

-         Ah, eu não moro aqui. Na verdade sou da Califórnia.

-         Califórnia? – perguntou interessada.

-         É, estou aqui apenas hoje por causa de um trabalho do meu pai. Amanhã cedo eu e meus pais voltamos pra nossa casa.

-         Nossa! Eu adoraria viver na Califórnia. Daria tudo que fosse possível pra passar um tempo por lá.

-         Lá é bem legal. – disse Molly meio constrangida com os olhares de Alex nela.

-         Olha...Molly né?

-         Sim.

-         Então Molly, eu estava pensando aqui comigo, por que...Por que não trocamos de lugar por alguns dias?

-         Como é?

-         É, nós somos parecidas e isso você não pode negar. A não ser pela diferença de eu ter um sinal, ser um pouco maior que você, e eu ter mais estilo, mas fora isso somos totalmente iguais.

-         Ta, onde está querendo chegar com isso? Quer trocar de casa comigo? 

-         Quase isso. É mais ou menos assim, eu fico vivendo Molly por um mês e você vive Alex aqui por um mês também.

-         Isso é loucura. – e a olhou achando tudo estranho.

-         Olha, é só por um mês. Eu prometo que não vai nem perceber.

-         Mas por que isso?

-         Por que quero muito saber como é viver naquele paraíso. Um belo lugar, numa bela casa, o sol, o mar...Aqui faz frio e neva, é um saco.

-         Você não sabe mesmo como é a minha vida. Não ia querer viver no meu lugar se soubesse como é.

-         Ta vendo. Você nem gosta de viver a sua vida. Olha, eu lhe prometo que é só por um mês e voltamos. Você não vai se arrepender. Eu moro numa casa enorme, minha mãe é totalmente liberal e tenho amigos legais também.

-         Se sua vida é tão divertida como diz, Por que então quer trocar comigo?

-         Ah, por que estou cansada disso tudo. Cansada de ver as mesmas caras todo dia, da minha escola, desse lugar, da minha mãe, da minha casa, dos vizinhos, da neve e do frio. Quero uma vida diferente, umas férias pra Alexzinha aqui! E aí? Você topa? Você pode até andar com o meu carro se quiser.

-         Eu não sei... – e olhou desconfiada pra menina a sua frente. Se bem que não seria uma má idéia um tempo longe de seus pais lhe dando sempre um monte de obrigações. - também queria ficar um pouco longe de casa, ser um pouco livre, mas...Não sei...Não sei se isso é certo.

-         É certo. Será por um tempo muito pequeno. Quando você perceber, já estaremos fazendo a troca novamente e você poderá voltar pra sua casa.

-         Está quase me convencendo. – disse Molly já exibindo um sorriso nos lábios.

-         Molly, por favor, faça isso por mim. Lembre-se que tem uma dívida comigo, você amassou o meu carro. Você não queria pagar pelo prejuízo? Pois bem, essa é sua chance. Você faz isso e eu não cobro nada mais de você. Um mês. Por favor, um mês! Me deixe ser você. – Molly a olhou pensando se fazia àquela loucura ou não. Estava com medo, mas era tentador. – e então o que me diz?