Jogo de poder escrita por Letícia Oliveira


Capítulo 1
Capítulo 1




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Tudo começou no dia do aniversário da Diretora Joyce. Naquele dia, o professor de educação musical, preparou uma homenagem em que os alunos tocariam uma música com flautas para aquela senhora de olhos azuis. Os estudantes estavam agitados, pois não tinham um mínimo de afinidade pela diretora. Quando ela entrou na escola com sua feição de poucos amigos, e viu todas aquelas crianças com sorrisos falsos, com suas flautas, abriu um sorriso muito grande, embora mais tarde ficasse mais que claro para um funcionário em especial que aquele sorriso não se tratava de alegria, mas estava envolvido de malícia e luxúria.

Antônio trabalhou fielmente dez anos em uma escola pequena e animada da cidade de Teresina. Em meio a tantas lendas e acontecimentos daquela escola, a reputação daquele homem de quarenta e dois anos permanecia quase intocada. Quase intocada. Quase, porque  diziam que sua integridade física não estava tão boa. Alguns alunos que estudavam na escola, relataram que muitas vezes viam seu Tony, como era mais conhecido, saindo da sala da direção cabisbaixo logo após entrar lá dentro sorridente. E o mais curioso que era justamente quando Joyce estava lá.

"Ele ficava sentado olhando para a cantina com uma feição que pairava entre medo." Uma das alunas, vulgo Carol, relatou.

Certo dia, Joyce resolveu visitar a escola, sem motivos aparentes. Mas como ela responderia certos bisbilhoteiros, a escola é dela e ela anda a qualquer momento, sem aviso prévio. Tony não sabia da visita surpresa, por esse motivo estava aleatório, e pouco importando-se com muitas coisas neste dia. Mara, a coordenadora da  escola, avistou a diretora e dona do recinto adentrando o local.

— Olá, diretora Joyce! – sorriu amarelamente – Que ventos a trazem por aqui?

Joyce sorriu, ajeitando seu cabelo impecavelmente ajeitado e brilhoso, e virou-se para ela: - Os afazeres. Bom dia.

Mara a olhou de cima a baixo com uma feição que beirava a antipatia. Não entendia o porquê de a mulher ser tão arrogante. Ela vestia sua roupa mais cara naquele dia: um vestido branco com azul que ficava um dedo acima do seu joelho, além de ter pintado as unhas de vermelho. Quando a senhora entrou na sua sala, mandou chamar o porteiro.

— Senhor Antônio - chamou a coordenadora com cara de poucos amigos-, a dona Joyce quer que você vá vê-la em particular na sala da direção, de novo - ela cerrou o cenho sobre o homem.

—Pois não, Dona Mara! - Disse o porteiro tentando disfarçar o nervosismo.

— Olha aqui, Antônio - a coordenadora puxou o senhor pela gola de sua camisa de uniforme -, essa história de conversa privada não me cheira bem, além disso, você fica todo nervoso quando a patroa chega. O quê que está acontecend... - ela avistou de longe o jovem professor de biologia - Quer saber, melhor eu cuidar da minha vida! - ela disse aos suspiros e com malícia no olhar.

Tony se direcionou para a direção e ao tocar o trinco da porta, sentiu o estomago gelar. Quando ele abriu a porta, se assustou com a cena que viu. Aquela senhora dos olhos azuis sempre o surpreendia. E percebeu que sua patroa não havia vindo para a escola com intenções de trabalho.

—Olá, Antônio! - disse a diretora que estava sentada de pernas cruzadas sobre a mesa.

—Olá, diretora Joyce! – pigarreou – Soube que me chamou aqui em sua sala.

— Sem formalidades, por favor. Você sabe que odeio isso quando estamos a sós. Venha cá.

O homem relutou, mas caminhou em direção a diretora, que abriu um sorriso imenso ao perceber a proximidade dos dois.

— Sei. Mas é que...

—Sem conversa. Está com medo de mim? – A mulher agarrou a gola de sua camisa e o puxou para perto, dando leves beijos em seu pescoço.

— Não. Mas não acho que devemos continuar. - Ele se afasta um pouco mais dela, que faz menção em levantar da mesa. - Não precisa levantar. Essa vai ser a nossa última...

— Você sempre diz isso... –Revirou os olhos, suspirando. Ela não tinha paciência para os surtos de consciência de Antônio -  Só gira a chave e vem.

— A nossa última conversa. Você é casada.

— Ele está entrevado numa cama.

— Mas é seu marido. E eu cansei de compactuar com isso.

A mulher levanta-se impacientemente da mesa, ajeita o vestido e caminha até ele.

— Ele não quis me dar o divórcio. Você sabe disso.

— Ele nem fala.

— Mas antes do AVC, ele disse que não me daria divórcio. Agora não assina os papéis. Estou presa nesse velho até o fim da vida dele.

— Que seja. Espere ele morrer então. - Pôs a mão na maçaneta e ia retirando-se, até que sente a mão macia tocar-lhe. - O que foi?

— Espere... eu só... - ela respira fundo - Me deixe ao menos dar uma última despedida de você.

—Joy... não dificulte as coisas. - Ele vira-se e fica cara a cara com ela, que lhe olha com feição de choro. - Tudo bem.

Ela aproxima-se dele, cheira-lhe o pescoço, e fecha os olhos, afastando-se imediatamente.

— Vai embora logo antes que eu me arrependa de ter tomado esta decisão.

Seu Antônio vira-se, abre a porta e sai correndo em direção ao seu quartinho. Enquanto Joyce cai no chão desesperada e quebra tudo e rasga provas recém-corrigidas dos alunos.

— EU TE ODEIO CHAGAS. ODEIO!

Chegando no seu quartinho, Antônio se senta de cabeça quente e, como sempre, para relaxar, pega seu iPod e põe o fone de ouvido. Contudo, quando o aparelho de som está prestes a ser ligado por ele, chega a professora de português, Marcele.

Nossa, Tony, como você está abatido! -ela entrou quarto adentro arrastando sua rasteirinha azul pelo chão do local- Por ironia do destino estou aqui para levantar seu astral - põe uma mão no ombro do homem.

 


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