Pictures of Us escrita por Ellen Freitas


Capítulo 9
Maybe I’m Amazed || Oliver


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!! Como estão?

Capítulo novo de POU chegando em plena madrugada pra dar uma animada na quarentena e quase feriado!! No último capítulo nosso casal teve uma "perda", que vai ter repercussão ainda nesse. Mas não se preocupem, a história segue adiante para algo que a gente já espera faz tempo.

Espero que gostem, de verdade. Boa leitura!!



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Segurei firme no puxador da porta do carona quando Tommy fez uma curva fechada, passando a centímetros de um motociclista e quase topando com o retrovisor de outro carro, arrancando barulhos coletivos de buzinas.

― Vai devagar, cara, temos um casamento para ir daqui a pouco ― alertei.

― E desde quando você liga para casamentos, ainda mais da sua ex?

― Desde quando é o casamento da Laurel, uma amiga ― justifiquei, mas ele riu incrédulo.

― Conta outra, Ollie.

― Okay, Sara me ameaçou se eu a deixasse sozinha naquele "evento cor de rosa do inferno". ― Fiz o sinal de aspas com os dedos. ― Ela não te forçou também?

― Não, estou indo voluntário. ― Deu de ombros. ― Você não acha esse casamento precipitado? Pra que casar, hein?

― Uma demonstração pública de amor com amigos e família? ― sugeri.

― Tanto faz, besteira. ― Fez outra curva perigosa, o cheiro de pneu queimado dominando o ambiente.

― É sério, vai com cuidado! Se a batida não te matar, eu te mato ― ameacei.

― Você já está pronto para falar sobre o elefante no carro? ― mudou de assunto, atento às estrada. Estávamos indo atender um chamado de última hora, alguém havia visto um traficante que estávamos perseguindo há tempos.

― Você não ganhou tanto peso assim, parceiro.

― Engraçadinho ― me recriminou. ― Estou falando do fato de você não assumir que ainda está abalado pelo bebê inexistente. ― Bufei. Tommy vinha insistindo nesse assunto desde que eu havia voltado de viagem, mesmo com todas minhas negativas de falar sobre.

― Quanta delicadeza, Tommy.

― Somos amigos, cara, pode falar. Eu posso ser o tipo Joey a maior parte do tempo, mas também consigo ser Ross, ou Mônica. ― Seu olhar estava sério enquanto me encarava, enquanto eu entendia cada vez menos. ― Não vou te julgar se disser que mudou de ideia e agora quer gerar uma prole.

― Olha pra frente, você está dirigindo ― o repreendi, desviando do assunto.

― Eu sei que reagi um pouquinho mal na hora, mas eu acho que seria um bom tio. ― Um pouquinho. Tommy fez um escândalo e encheu nossos ouvidos sobre planejamento familiar durante todo o tempo que achou que Felicity estava grávida. Mas aparentemente, também havia mudado de ideia. ― E sabia que homens com crianças no colo são ainda mais atraentes que com uma barba? Algo sobre a necessidade de reprodução feminina, ou sei lá.

― Você não vai usar meus bebês para pegar mulher, Merlyn. ― O moreno ergueu uma sobrancelha como se finalmente houvesse conseguido o que queria, minha admissão sobre ter filhos. O maldito era mesmo bom em fazer pessoas confessarem coisas!

Durante toda minha vida, esse nunca havia sido um plano sequer cogitado. Talvez a culpa fosse da minha relação desastrosa com meus pais, mas eu nunca quis ser pai, tinha certeza que seria péssimo nisso e não queria condenar algum pobre ser humano a ter que lidar com o pai de merda que eu tinha certeza que seria.

Mas tudo havia mudado no instante que Felicity me falou que poderia estar grávida. De início, fiquei apavorado, todos meus pesadelos se realizando tão bruscamente que eu não estava preparado para o tiro. Tentei manter a calma, ela já estava surtando por nós dois, e nada era certo ainda.

Foi quando veio a notícia que não havia um bebê. Se antes eu estava desesperado, agora me sentia devastado. Como uma criança que nem existia havia mudado aquilo em mim tão rápido? Como já amar tanto alguém que nem chegou a existir?

A viagem havia sido uma boa desculpa para reprimir todos aqueles fortes sentimentos, Felicity e eu havíamos feito isso com domínio magistral enquanto aproveitávamos apenas a companhia um do outro naquelas duas semanas no Hamptons, e quando voltamos tudo estava bem tranquilo e de volta aos eixos, se não fosse pelo melhor amigo trazendo tudo à tona. Repetidamente.

― Primeiro, você já consegue admitir, é um passo. Segundo, claro que vou usar seus filhos para isso, já que eu mesmo nunca vou ter os meus próprios. Aceita que dói menos, bebê. ― Me lançou uma piscadela. Assim como o eu de semanas atrás, Tommy era totalmente contra ser pai.

― Eu não admiti nada!

― Tudo bem, Ollie, você seria um bom pai, tem cuidado de mim e da Thea faz tempo. Quer dizer, reconheço que às vezes eu posso ser infantil.

― Às vezes? ― questionei sarcástico.

― Fala com a Felicity ― aconselhou. ― Nenhuma das minhas macumbas funcionaram, vocês ainda estão juntos depois de um ano e, conhecendo ela, sei que deve ter ficado triste quando descobriu que não estava grávida. Se vocês estão prontos para esse passo, por que não?

― Não conversamos sobre isso ― finalmente cedi ao assunto, me recostando melhor no banco do carona, e suspirando alto. ― E sei lá, é estranho. Eu não sabia que queria ter um bebê até não ter mais. Mas ela está certa, não é o momento, há tanto a se planejar e fazer antes disso.

― Você que sabe, eu já estou pronto para ser tio e padrinho. Contando que a dona Baratinha amiga da Felicity não seja a madrinha. Não tolero aquela mulher.

― Essa implicância está começando a parecer outra coisa, meu amigo. ― Tommy fez uma careta.

― Começando a parecer um assassinato iminente? Você pode estar certo ― sussurrou a última frase como um segredo. Rolei olhos, mas escolhi deixar aquele assunto para lá.

Falar sobre aquilo me fez pensar. Talvez fosse cedo demais para filhos, Felicity só os teria com tranquilidade se tivesse um planejamento minucioso. Naquele dia ela já havia recitado de cabeça uma lista de enorme de coisas a fazer, imagine o que minha namorada faria com o computador, sites de pesquisas e algum tempo em mãos. Só imaginava os gigantescos fichários que viriam disso.

Mas nossa relação havia mudado, mesmo sem tocar mais no assunto. Estávamos mais íntimos e, de algum modo, eu sentia que precisávamos dar passos à frente, só não sabia exatamente o quê. Compartilhávamos chaves de casa, mas sobre morar juntos? Já estaríamos prontos?

― Oh, babaca! ― Tommy chamou minha atenção de volta ao carro, quando começou a gritar com alguém do lado de fora. ― Meu amigo aqui te acha um idiota por andar se achando com esse carro! ― O doido ao meu lado apontou para mim, e quando olhei para fora, ele gritava com um cara em sua Ferrari vermelha.

― Tá maluco, Tommy, arrumando confusão na rua? ― briguei com ele, lhe dando um soco no braço. ― Desculpa, meu amigo aqui tem problemas mentais ― justifiquei para o homem, que deu de ombros.

― Já me acostumei com esse tipo de coisa.

― Olha aqui, seu… ― Tommy ficou gritando com o nada quando o carro esportivo cantou pneu, nos deixando para trás com a maior facilidade do mundo. ― Imbecil arrogante!

― Você costumava ser pior ― apontei, puxando o celular do bolso para checar a localização que me havia sido enviada. ― Não era você que tinha três carros de cores diferentes desse mesmo modelo?

― Eu consigo ser um arrogante fofo ― se justificou.

Era isso que eu mais gostava nele. Em um segundo estava me fazendo falar sobre sentimentos e assuntos sérios como família e filhos, e no seguinte estava brigando com uma pessoa aleatória na rua por um motivo mais aleatório ainda. E eu só conseguia ser grato por ter sua presença inconveniente em minha vida.

― Ei, encosta aqui, esse é o endereço. ― Apontei para uma vaga em frente à uma lavanderia. ― Meu informante disse que viu o traficante que procuramos nesse quarteirão não faz nem uma hora.

― Isso não vai demorar, vai? Não quero me atrasar para o casamento, você não vai querer privar todas aquelas garotas de um Tommy em um terno. ― Soltou um sorriso arrogante, ajustando a gola da jaqueta em um gesto exagerado.

― Vamos perguntar se alguém o viu por aí e acabar com isso. E aí você pode se arrumar para ir à sua típica caça de casamentos.

― Saudades quando você ia comigo ― comentou saudoso, nós dois saindo do carro. ― Você vai levar sua cruz para o evento?

― Sim, Felicity vai e eu não poderia me imaginar com uma cruz melhor ― brinquei. ― Te mandei a foto, vamos nos separar para perguntar por aí.

― Uau, uau, uau, alerta de bandido gostoso! ― exclamou. ― Eu vou adorar levar ele à justiça.

― Todos nós, parceiro. ― Dei um tapinha em seu ombro, e cada um de nós tomou uma direção para coletar informações.

Levou quase uma hora para estarmos de volta ao carro, frustrados por não ter conseguido nada. Aparentemente, ninguém com a descrição dele passou por ali.

― Alguém deve estar escondendo ele, eu esconderia ele! Olha esse olho castanho, parece chocolate derretido... Já falei que tenho uma queda por olhos castanhos? ― Eu ri. Meu amigo definitivamente tinha desenvolvido uma crush por aquele bandido.

― Espera aí. ― Peguei o celular, dando zoom na imagem. ― Esses olhos, eu os vi em algum lugar por aqui.

― Onde?

― Está sem barba, o cabelo e os olhos de outra cor, mas o formato deles… O cara da banquinha de cachorro quente! ― concluí, batendo uma palma alta. ― O cara de pau até veio falar comigo e se ofereceu para me ajudar a procurar.

― Esses bandidos estão cada dia mais cínicos, é um descaso com a humanidade como um todo.

― Eu posso estar enganado, é muito diferente da foto ― ponderei.

― Eu aprendi a nunca duvidar dos seus instintos, Oliver. Vamos lá. ― Segui na frente, e quando ele me viu, parecia surpreso.

― Posso te ajudar em mais alguma coisa, detetive? ― Agora sim, eu tinha certeza, era ele.

― Eu tenho algumas perguntas a fazer.

― Eu também tenho. ― Tommy chegou ao meu lado, confirmando de leve com a cabeça que eu estava certo. ― Quem tem olhos tão bonitos e tem coragem de colocar lentes neles?

― Como é?

― Polícia de Star City, você está preso. ― Meu parceiro afastou a jaqueta para mostrar seu distintivo preso no cós do jeans.

― Que sutil, Merlyn ― recriminei. O olhar do homem ficou lívido, e quando ele olhou para trás de si, eu soube o que ele iria fazer.

― Por favor, não corre, tenho um evento mais tarde ― pedi, já sacando a arma do coldre, meu amigo fazendo o mesmo. Como se eu não tivesse dito nada, ele apenas começou a correr. ― Droga, vou ficar suado.

― Por que eles sempre correm? ― Tommy perguntou retoricamente, ambos guardando as pistolas quando começamos a persegui-lo a pé por algumas quadras, ele era bem rápido. ― Vou cortar caminho pelo beco. ― Confirmei com a cabeça que havia entendido e continuei a seguir o homem.

― Sério, cara? ― falei chateado quando ele fez uma curva, jogando algumas latas de lixo que haviam no caminho em mim. ― É minha camiseta preferida!

Ele olhou para trás pra ver se havia me atingido, foi quando perdeu o momento que Tommy o interceptou, o parando com um golpe do antebraço em seu tórax, o derrubando no chão, o girando com o peito para o cimento e o algemando.

― Como eu disse antes, polícia de Star City, você está preso. Tem o direito de permanecer em silêncio, tudo que disser…

― Mas eu não...

― Licença, lindinho, eu sou obrigado a falar essas coisas, então me escuta calado. Tudo que disser poderá e irá ser usado contra você. Você tem direito a um advogado, se não puder pagar, o Estado indicará um pra você. Não recomendo Felicity Smoak, ela vai ficar chateada de você fazer o namorado dela chegar em um casamento fedendo a lixo, então... Acho que é isso.

― Parte final desnecessária, não acha? ― cochichei quando voltávamos para o carro com o homem.

― Eu se fosse você me apressava para tirar esse cheiro ruim, você sabe o quanto sua namorada é neurótica. Aliás, tô com ela nessa, tome um banho ou não chegarei perto de você lá.

~

― Para de quicar no lugar, está enchendo o saco ― reclamei com Tommy, que não parava quieto desde que chegamos no lugar da cerimônia.

― Sara está demorando.

― E desde quando você fica tão ansioso para vê-la?

― Desde que ela prometeu que me levaria com exclusividade à área de concentração das damas de honra, o local de caça mais fácil da história ― explicou. ― Sério, cara, você precisa ver… Eu só preciso jogar a velha história do coração partido e elas caem em cima, quase não precisa fazer nada e ainda não precisa ligar no dia seguinte, porque elas supõem que eu corri atrás do amor da minha vida, como elas próprias me aconselham a fazer. É o plano perfeito!

― Na boa, mano, pare de tratar as mulheres assim. Você pode ser abençoado com uma filha um dia desses.

― Deus me livre, enquanto houver camisinhas no planeta, não haverão herdeiros Merlyn ― refutou minha ideia. ― Mas diz aí, cadê a paquita do capeta? Já conversaram?

― Já disse pra não chamá-la mais assim.

― Felicity não se importa, ela gosta de mim. ― Deu de ombros. ― Me diz que ela não vem e então poderemos usar a história do neurocirurgião, no caso eu, que salvou a vida do magnata de Wall Street, no caso você. ― Apontou para o próprio peito, então para o meu. ― Funciona toda vez.

― Ela vem sim, só estava ocupada. Laurel pediu que Felicity ajudasse Sara a se arrumar, com medo de sua dama de honra se parecesse com…

― Uma stripper gótica? ― sugeriu.

― Não usaria essa analogia, mas sim… Seria exatamente como Sara pareceria.

― E usando um buquê de flores mortas.

― No mínimo.

― Estou ouvindo, seus palhaços. Caralho de vestido! ― Olhamos para o alto da escada de onde estavam descendo as pessoas que chegavam e lá estava Sara, em um bufante e indiscreto vestido roxo. Se já estávamos rindo, agora não deu pra segurar as gargalhadas. ― Parem de rir, é humilhante. ― Levantou um pouco a saia do vestido, para não atrapalhar sua descida.

― Por que sua irmã te odeia? ― questionei. Eu ria quase ao ponto de chorar.

― Por sua causa, eu suponho ― me acusou. ― É a vingança dela por causa do nosso revezamento de Queen. Vaca.

― Pois eu acho que você parece uma princesa ― Tommy se contrapôs, tirando de nós dois um olhar de estranheza. ― Tipo se a Cinderela tivesse ido pra guerra e voltasse uma lutadora MMA, só que meio destruída.

― Destruída é a sua avó!

― Ei, no topete não! ― Ele recuou alguns passos protegendo o cabelo quando ela ameaçou atacá-lo. ― Ollie, diz pra ela não mexer no meu topete.

― Sara, e Felicity? Ela me mandou mensagem que viria com você.

― Ela ficou estacionando. Sério, por que tafetá é tão quente? Se esse casamento demorar, eu corto essa saia na metade com a primeira faca que eu achar.

― Tipo uma stripper princesa?

― Eu vou dar na tua cara, Merlyn!

― Ollie, me protege!

Perdi o seguimento da discussão boba dos meus amigos já que minha atenção estava totalmente voltada para o alto da escada, quando Felicity chegou. Ela usava um vestido cor de rosa, justo até a cintura e com uma saia fluida em camadas. Seu cabelo estava semipreso e alguns poucos cachos caíram sobre seu ombro.

Ela sorriu para mim e uau! Eu não lembro de ter estado tão apaixonado algum dia na minha vida inteira, e além disso, eu estava maravilhado. Deveria parecer um idiota agora, rindo daquele jeito para ela, foi quando eu soube. Apenas compartilhar chaves não era o bastante, tampouco morar juntos. Eu queria toda aquela demonstração pública, eu queria nossos amigos e família juntos em uma noite especial.

Eu precisava pedi-la em casamento.

Estendi minha mão a ajudando a descer os últimos degraus, recebendo um pequeno "obrigada" em retribuição, foi quando ela pareceu querer gastar um tempo me encarando.

― Caramba, você está lindo! ― elogiou, fazendo carinho na lapela do meu smoking.

― E sem palavras para descrever você. Pareceu até aquela cena do Cálice de Fogo quando a Hermione desce as escadas para o baile de gala do torneio tribruxo!

― …do torneio tribruxo! ― Terminamos a frase juntos.

― Nerds! ― Sara falou em tom de crítica. ― Vem, Tommy, vamos ver o que conseguimos naquela área de concentração das madrinhas.

― Finalmente alguém me entende! ― Os dois saíram saltitantes de braços dados.

― Área de concentração das madrinhas? ― Felicity perguntou curiosa, enlaçando o braço no meu quando começamos a entrar para o salão de festas.

― Tommy tem esses planos para conquistar mulheres em casamentos. Segundo ele, é o ponto de vulnerabilidade e carência máxima delas.

― Tommy sabe que pode ter uma filha algum dia, não sabe?

― Foi o que eu disse a ele! ― exclamei impressionado em como, apesar de tão diferentes, pensávamos tão igual às vezes. ― E Sara, te deu muito trabalho?

― Peixinho, se eu me intimidasse com casos difíceis, não teria mais emprego. ― Deu de ombros. ― Mas aquele vestido não ajudou, Laurel realmente quer ser o centro das atenções naquele altar. ― Ela soltou mais uma de suas risadas meio anasaladas e estranhas, me convidando a sentar em uma das fileiras da frente.

― Espera, babe. A gente pode conversar um negócio por dois minutos?

― Claro, o que foi? ― Me olhou preocupada, nos conduzindo até um local mais isolado.

― Você sabe que Tommy pode ser grande um pé no saco.

― Informação de conhecimento público ― concordou.

― Mas ele tem insistido sobre um assunto em particular desde que voltamos e acha que devemos conversar sobre.

― Me deixa adivinhar: é sobre nosso término que não vai rolar?

― Não, é sobre nosso bebê que não vai rolar ― falei diretamente, e seu sorriso morreu na hora.

― Não quero falar disso, Oliver.

― Mas acho que a gente precisa, amor. ― Ela negou de leve com a cabeça, ainda resistindo à ideia. ― Tá bom, só me escuta então. Naquele dia, a gente falou sobre como não daria certo termos um filho agora, todos os contra e por aí vai.

― Não era o momento ― repetiu.

― Concordo com isso. Mas a gente não falou dos prós.

― Não há um bebê, Oliver, não acho que a gente precise...

― Eu quero um filho ― a cortei, seu olhar surpreso para mim. ― Não precisa ser hoje, ou no próximo ano, mas eu quero.

― Eu não adivinharia que você fosse do tipo paternal ― comentou, brincando com minha gravata borboleta do smoking.

― Eu não era, até conhecer você, Felicity. ― Segurei suas mãos entre as minhas. ― Entendi que a diferença entre o antes e o agora é você. Eu tinha toda uma insegurança em ser um péssimo pai e ainda não acho que vá ser tão bom, mas o que me dá segurança que não vou conseguir ferrar com a vida de uma criança é você, meu amor. Quando for a hora, quero ter filhos com você. Se quiser, óbvio. Pronto, é isso. ― Respirei fundo. Foi bom finalmente colocar tudo aquilo para fora.

― Eu também quero ter filhos com você, peixinho ― assumiu com um sorriso emocionado e olhos marejados. ― Vários mini peixinhos teimosos e metidos a espertos. Quando for a hora.

― E ele ou ela, vai ser a criança mais amada do mundo inteiro, com pais apaixonados, família maluca, e vários tios briguentos. Uma confusão deliciosa, do jeito que a gente gosta. ― Seu sorriso ficou maior, fazendo o meu também ficar.

― Obrigada por dizer isso, Oliver, te amo. ― Beijou meus lábios rapidamente.

― Te amo muito. ― Caminhamos de mãos dadas até assumir um lugar nas fileiras do meio.

Confesso que não consegui prestar muita atenção em nada além da minha namorada a partir dali, nem na cerimônia, nos outros convidados ou nos micos pagos na pista de dança por Tommy e Sara.

Tudo bem que filhos seria um plano para o futuro, mas eu não conseguiria segurar aquele pedido de casamento por muito tempo. Minha cabeça já trabalhava a mil na proposta, como, quando e onde fazer.

Eu ia me casar com Felicity, só precisava conseguir meu sim.

~

Quando ativei o alarme do carro, algo em um canto do estacionamento me chamou a atenção, aquele embolado roxo de tafetá não tinha como passar despercebido.

― Sara? ― Me aproximei reconhecendo minha amiga, que se pegava tão fortemente com outra garota que as duas mais pareciam uma só, ela ainda usando o vestido de madrinha do dia anterior. ― Sara? Sara? ― repeti e comecei a cutucá-la no ombro apenas para encher o saco. ― Sarita?

― O que é, peste? ― Se afastou a contragosto. ― Estou ocupada!

― Você ainda não foi em casa?

― Eu ia, mas você me ligou pra vir pra cá a essa hora da madrugada! Ex-namorados não deviam incomodar tanto.

― São oito da manhã.

― Muito cedo pra chegar.

― É o horário normal, criatura! Enfim, melhor dispensar sua amiga, tenho algo importante para falar com todos lá dentro.

― O seu último pronunciamento desses foi pra anunciar o namoro. O que vem agora? ― questionou desconfiada.

― Vamos entrar e eu te conto.

― Tá bom! ― bufou. ― Vamos logo com isso, quero voltar para dormir em casa. ― Acenei um tchauzinho para a morena que nos encarava com um olhar esquisito, foi quando ela pareceu lembrar da garota. ― Ah, foi um prazer, Ali…ce?

― Alison. Meu nome é Alison.

― Pois foi um prazer Alison. Eu te ligo.

― Você não tem meu número ― retrucou ansiosa.

― Sou policial, eu descubro. Tchau.

― Você não vale nada, Sara ― a recriminei quando estávamos longe o bastante para não sermos ouvidos. ― Coitada da garota.

― Coitada de mim, que não dormi noite passada e estou aqui por razão nenhuma só porque você já quer que eu pague o favor que foi me acompanhar ontem no casamento. Tem certeza que quer gastar com uma conversa?

― Não vou gastar com uma conversa, é com o que vou te falar lá dentro. Vamos. ― A abracei pelos ombros, nos levando para o interior da delegacia quase arrastada. ― Ótimo, todos aqui! Capitão e tenente também. ― Soltei Sara, que quase rastejou até sua mesa e bati palmas, chamando a atenção de geral.

― Fala baixo ― Tommy reclamou jogado de cara em sua mesa. ― Estou de ressaca. E ainda é madrugada.

― E veio trabalhar assim mesmo? ― Diggle se manifestou, o olhando com repreensão.

― Silêncio, agulhas no meu cérebro! ― Segurou a cabeça com as duas mãos.

― É bom você acordar, meu parceiro, que tenho uma notícia e uma convocação para fazer. ― Tomei uma respiração profunda. ― Atenção todos, eu vou me casar! ― gritei.

― Você vai o quê? ― Tommy passou por cima da sua dor de cabeça e ficou de pé aos gritos. ― Não vai não!

― Parabéns, Oliver!

― Você e Felicity são bons juntos.

― E você vai casar é com aquela cria de Satanás?! Cara!

― E com quem mais eu me casaria, Tommy? ― perguntei sem entender. ― Enfim, eu a amo mais do tudo, e acho que já é hora desse passo.

― Não, não, é hora de você sentar e pensar no que está fazendo… Sem mais nenhum passo!

― Tommy, não estou te entendendo… Estava tudo certo para você que eu tivesse um filho com ela, mas casar é um plano impossível?

― Claro. Um filho te liga à criança, casamento à mulher! Não dá pra desfazer, casamento é para sempre.

― Interessante essa sua visão tão tradicional sobre o casamento, Tommy ― Kara falou o que eu estava pensando.

― Por isso eu nunca vou me casar, não posso estar ligado para sempre com ninguém! E você não deveria também, Ollie ― apelou.

― Eu te respeito e considero como um irmão, mas a decisão está tomada, o que leva a vocês. Vou precisar de todos para organizar o maior pedido de casamento que vocês já viram!

― No que está pensando? ― Barry quis saber, sentando na mesa de Kara.

― Música, coreografia, surpresa, risos e choros. Vai ser romântico, engraçado, emocionante.

― Um flashmob? ― Kara bateu palminhas animadas. ― Eu amo flashmobs!

― E vai amar esse. Sara, Tommy, Barry, vou precisar de todos. Até de você, Capitão. Pra filmar, não dançar, isso seria estranho.

― Cara, por favor, não…

― Tommy, para de chorar, ou perde o cargo de padrinho ― rebati o último apelo dele. ― Vou falar com os amigos dela, também vão precisar ajudar e, Kara… Você ainda é tão boa no karaokê como eu me lembro?

― Sigo invicta como campeã da delegacia. Em que música está pensando?

― Já ouviu de falar de Celine Dion? ― A loirinha sorriu amplamente, parecendo ansiosa e animada com a ideia.

Era isso, eu ia pedir Felicity em casamento.


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Notas finais do capítulo

É isso aí, galera, nossos bebês vão noivar!! Ou não, vai que ela nega. #brinks
E não vou fazer algo que vocês odeiam, que são as passagens de tempo e quando pulo cenas e eventos, vai ter pedido de casamento sim, com todos os detalhes e megaproduções possíveis sim. E o Arrowverso não deu para essa amante de musicais que vos escreve um monte de cantores como nossos personagens favoritos para não me deixar colocar um flashmob em algum ponto.
Sou cafona, sou romântica (mais ou menos), me aguentem.

Estou sentindo falta de alguns nos comentários. Falem comigo, gente... Vou ter uns dias de folga agora, vai dar de responder todo mundo e escrever mais um bocado. Favoritos e recomendações são inspirações muito bem vindas!!
Enfim... Até os reviews. Bjs*