Pictures of Us escrita por Ellen Freitas


Capítulo 1
Start of Something New || Oliver


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!

E agora vive entre nós minha nova fic, Pictures of Us, ou Retratos Nossos, em nosso bom português.

Como disse na sinopse, é uma comédia leve, recheada de momentos desse casal lindo e que está nos deixando carentes na série.

Nesse capítulo, vamos conhecer esse novo Oliver, que é bem diferente do que vemos por aí, inclusive nas minhas fanfics. Ele é gente boa, bem humorado, fiel, e... Vou parar de dar spoiler.

Espero que gostem. Até as notas finais! Bjs*



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― Qual é, cara, quebra essa pra mim? ― Lance insistia comigo quando eu já colocava minha mochila nas costas para ir embora aquela noite.

― Meu turno acabou, o seu não ― afirmei. ― Por que eu tenho que ficar depois do meu horário preenchendo os seus relatórios? Qual o problema de Diggle fazer isso? Por acaso ele liberou a vaga de ser seu braço direito?

― Primeiro, sou seu capitão, eu dou as ordens. ― Começou a enumerar erguendo os dedos. ― Segundo, Dig tem todas aquelas crianças esperando por ele.

― Hey! ― O tenente reclamou de sua mesa, também pronto para ir, então apenas fiz um gesto de mão para que deixasse para lá que eu já estava resolvendo a questão.

― E terceiro, ― Capitão Lance continuou sem se abalar ― você dormiu com minhas duas filhas e eu não te demiti por isso.

― Isso foi há muito tempo, as duas já me esqueceram, estão felizes, e agora somos todos uma grande e disfuncional família! Isso não é uma carta que possa usar para sempre, Quentin.

― Ok, é que... ― começou a dizer com um leve constrangimento em sua voz e falando mais baixo, ao que franzi o cenho em estranheza quando ele chegou próximo demais para falar. ― Tenho um encontro. ― Meu rosto abriu um daqueles sorrisos enormes.

― Sendo assim... ― Joguei a mochila no chão, em um gesto exagerado. ― Vá na fé, eu te cubro. Milagres não acontecem tão frequentemente quanto gostaríamos.

― Você é de verdade o rei da comédia, Oliver Queen ― ironizou. ― E mantenha o bico fechado, ou te prendo a uma mesa com trabalho burocrático até o fim do ano!

― Sexo consensual, foi o nome do que aconteceu com suas filhas! ― rebati pegando dele a pasta com o caso que precisava ser arquivado. Aquela magoazinha já tinha rendido mais tempo do que deveria.

― Primeiro com Laurel, depois Sara, depois Laurel, depois Sara de novo. O nome disso é cafajestagem!

― Vai logo para seu encontro, Lance! ― falei mais alto que o necessário, recebendo uma ameaça no olhar.

― Ele deve estar desesperado para colocar logo você para arquivar coisas. ― Diggle chegou ao lado da minha mesa. ― Você é péssimo nisso e toda a delegacia sabe.

― Tá se oferecendo para tomar minha cadeira? ― questionei esperançoso.

― Não, obrigado. Tenho uma esposa e dois filhos lindos me esperando. Peça ajuda para Kara. ― Olhei para o lugar onde ela sempre estava, mas nossa secretária já tinha ido também. Merda. ― Bom trabalho, Oliver. ― Ele me deu um tapinha no ombro e saiu. Aproveitadores.

Eu sei que eles eram teoricamente meus chefes, mas não era assim na Central de Polícia de Star City. Eu era padrinho do filho de Dig, e como Lance não me fazia esquecer, já havia namorado cada uma de suas filhas duas vezes. Havíamos nos tornado uma família no fim as contas.

Mas definitivamente iria cobrar horas extras para aquilo. Ok, eu não tinha um encontro, ou uma família de comercial de margarina, mas tinha marcado com Tommy para bebermos e jogarmos conversa fora aquela noite. Meu amigo tinha planos não tão ocultos para minha companhia que envolviam mulheres desconhecidas, mas eu não me importava, ele era divertido. Se fosse ligar para os esquemas do meu parceiro, não teria tempo para mais nada.

― Cara, onde você estava? ― Ele batucava impaciente a madeira do balcão quando sentei ao seu lado com minha quase uma hora de atraso.

― O capitão me deixou de castigo.

― Sabe que eu preciso da sua testosterona para atrair mulheres. ― Quase ri por estar tão certo sobre suas intenções. ― A minha é ótima, mas ultimamente elas olham para minha cara e leem “cafajeste” e ainda contam para as amigas. Você é o legal e meio infantil que elas querem cuidar e acham que vão mudar. Eu sou o que não liga no dia seguinte que elas querem evitar. ― Apontou para mim e depois para si. ― Você é a ponte, eu sou o pote de ouro no fim dela.

― Valeu, Tommy ― ironizei. Pedi ao garçom uma cerveja, que prontamente me serviu. ― Obrigado.

― Não faz essa cara, vamos conseguir alguém pra você também. ― Ele empurrou meu ombro para girar o banquinho e sentarmos de costas para o balcão com os cotovelos sobre ele.

― Eu sou um cafajeste? ― Levei a bebida aos lábios, meus interesses se limitando cada vez mais a voltar para minha cama. Eu não tinha ideia de onde tinha surgido aquele tipo de pergunta, tudo que eu não fazia era falar sobre sentimentos, mas ver até o Lance ter um encontro e John com sua família perfeita, me fez sentir aquela invejinha boa.

― Não, ou todo meu plano que acabei de explicar não funcionaria. ― Tommy nem se deu ao trabalho de me olhar enquanto respondia, já que estava ocupado demais sorrindo e piscando para duas garotas no outro extremo do bar.

― Eu estou fora daqui. ― Fiz menção de levantar, foi então que consegui sua atenção completa. Ele franziu o cenho e inclinou a cabeça para o lado, parecendo me analisar.

― Ok, papo sério de amigos. ― Suspirou resignado. ― Não, você não é um cafajeste. Não ligue para o papai urso Lance, se ele soubesse das minhas relações carnais com sua caçula, encheria meu saco de igual modo, só que com razão. ― Soltou uma piscadela, logo depois de soltar sua sugestão certeira de onde vinham meus questionamentos. ― Você não ilude garotas, ao contrário disso, as que importam para você é que geralmente te quebrariam.

― Não exagera, ninguém nunca me quebrou! Isso não é uma comédia romântica e eu não sou o mocinho injustiçado e mal compreendido ― defendi meu ponto.

― Quebrariam ― me corrigiu. ― Okay, o que quero dizer, é... Você não consegue mais se envolver apenas fisicamente com ninguém, sempre rola sentimento, toda vez. Então as coisas não dão certo e você fica todo desacreditado no amor. Foi assim quando você terminou com as irmãs Lance, por isso voltaram. Então terminaram de novo e tudo se repetiu. Foi assim com Mackenna, Helena e mais um par delas. Fico imaginando o apocalipse que vai ser quando você amar alguém de verdade.

― Eu não vou...

― Você apenas não consegue, meu amigo. Você quer uma família careta como a de John, mesmo que não admita, só que sempre mergulha de cabeça nessa coisa de fazê-las feliz, enquanto nem sempre elas não têm a mesma preocupação. Quer a solução agora? Você precisa ser mais como eu.

― Não, obrigado ― o cortei, mesmo que ele não estivesse errado em nada do que disse.

― Sério, Oliver, só experimenta ser mais “Tommy”. ― Apontou os dois polegares para si.

― Você não é um conselheiro tão claro e objetivo quanto pensa, Merlyn. Apenas me deixe terminar essa bebida e voltar para casa. Amanhã temos aquele julgamento que serei testemunha, lembra?

― Nem me fala. Coitado de você que vai ter que cruzar com aquela raça odiosa, filhos de Satã. ― Sorri, tomando mais um gole. ― O bom é que vai ser como o herói daquela coisa.

Tommy se referia a advogados de defesa. Eles eram nossa pedra no sapato, soltando ou reduzindo penas de boa parte dos criminosos que nos esforçávamos para colocar atrás das grades, com todas aqueles argumentos e arrumando brechas para serem idiotas.

É, eu também não muito era fã.

― Ok, mas antes de você ir, quer testar uma coisa prática? ― Não, eu não queria, mas não é como se minha escolha o tivesse impedido alguma vez de falar. ― Tente ser eu só por uma noite, vamos ver como você se sai.

― Não quero fazer parte dos seus experimentos, Tommy. E se abomino que me chamem cafajeste, porque agiria como um?

― Não seja teimoso. ― Rolou olhos. ― Olhe, aquela loira bonita está sozinha no bar. Fale com ela, mas não dê muitas informações sobre sua vida, nem pegue as dela. Converse um pouco, jogue charme. Ah, e não faça um maldito pedido de namoro!

― Alguns minutos e poderemos ir para casa?

― Ou você para a casa dela, dependendo de como termine. Olha, que bom amigo sou, até esqueci momentaneamente meus planos da noite para focar nos seus. ― Ergueu as duas palmas em minha direção. ― Agora vai lá, bonitão. ― Lhe lancei um olhar de reprimenda, mas levantei da minha cadeira com a bebida em mãos e fui na direção da garota.

Não custava tentar. Tommy parecia feliz com sua vida, eu já havia sido assim também no início dos meus vinte anos, poderia voltar a ser.

― Oi ― cumprimentei, e ela, que digitava em seu celular, olhou para cima, seus olhos encontrando os meus. ― Meu amigo quase me empurrou em sua direção, apenas com o forte aviso para que eu lhe pedisse em namoro.

Ela sorriu e foi tão bonito. Seus cabelos loiros ondulavam ao redor de seu belo rosto, e os olhos azuis tinham um brilho inteligente, que parecia analisar cada uma de minhas expressões. Não por esse caminho, Oliver!

― E você costuma pedir estranhas de bares em namoro? ― questionou com uma sobrancelha erguida e uma pitada de humor.

― Ele é exagerado. ― Olhei na direção de Tommy, que ergueu os dois polegares do lado do rosto e sorriu como uma criança. ― E um idiota. Prazer, sou... ― A voz do meu amigo me avisando sobre dar informações demais me alertou. Mas eu não poderia mentir totalmente, não sabia fazer isso. Minha cara sempre entregava. ― ...Jonas. ― Optei por me apresentar pelo meu nome do meio.

― Felicity. ― Ela me estendeu a mão e a cumprimentei.

― O que acha de eu te pagar...

― Jonas, como eu vou te dizer isso? ― Ela largou o celular e uniu as duas palmas como se fosse explicar algo para uma criança. ― Eu não faço sexo casual. E trabalho amanhã cedinho.

― Pelo menos ninguém pode te acusar de não ser direta ― murmurei.

― Desculpe. Você é muito bonito, níveis Adônis de bonito, e esses olhos azuis? ― Fez um gesto amplo com a palma em minha direção. ― Deus, todas as garotas daqui cairiam por eles, mas eu realmente tenho que acordar cedo amanhã. Ei, olha só, meu celular encontrou um Uber! ― anunciou animada olhando para o celular.

― Eu também não estou à procura de sexo casual, só para esclarecer ― chamei sua atenção para mim, antes que fosse deixado sozinho ali. ― Mas tomar uma bebida apenas atrasaria tanto seu cronograma de amanhã?

― Dependendo de como você se saísse, sim. ― Como é?

― Ok, tive uma ideia melhor. Vamos sair juntos daqui, eu mando uma mensagem para meu amigo dizendo que vamos para sua casa, e seremos dois felizes desconhecidos em cinco minutos, que tal? Eu também tenho que acordar cedo amanhã. ― justifiquei, mesmo que não estivesse de fato preocupado com isso. Meu atraso crônico era um ponto forte do meu charme.

― Você tem um acordo. ― Sorri para ela e apertei sua mão. Ela pegou a carteira na bolsa, foi quando a impedi.

― Pode deixar, me deixa retribuir o favor. E ainda não vou estar mentindo quando dizer que paguei uma bebida para você. ― A ouvi murmurar um “disser”. Ignorei ela corrigindo minha gramática e a olhei ansioso.

― Tá bem, então ― aceitou, mesmo parecendo não concordar muito. ― Vamos, meu não-sexo casual? ― Felicity me surpreendeu com um beijo no rosto e quando enlaçou o braço no meu. ― Nem sei se é isso que as pessoas fazem quando saem assim de bares ― ela falou para si mesma, o que me fez rir. A loirinha era adorável. Eu quase podia ouvir a risada de Tommy nas minhas costas, mas nem olhei para trás, para nem dar moral. Tinha sido um bom encerramento de noite, no fim das contas.

~

Levantei de um susto com um barulho estranho, sentando na cama. Espera um segundo, essa não era minha cama! Onde eu... Oh, merda.

― Desculpa, eu não queria te acordar ― Felicity pediu envergonhada, então mordeu o lábio, parecendo falar consigo mesma. ― Na verdade, meio que queria, eu estou atrasada, você não acordava, daí derrubei "sem querer" meu secador no chão. Droga, será que quebrou?

― Felicity! ― chamei seu nome, a impedindo de divagar mais.

― Desculpa por te acordar ― falou sucinta.

― Sem problemas. ― Sentei ereto na cama. ― Então, nós fizemos... Sexo casual ― falei as últimas palavras baixando o volume da voz e colocando uma mão espalmada do lado da minha boca, como um segredo.

― Com certeza fizemos. ― Ela sorriu enquanto tentava alcançar o botão de trás da sua blusa. ― Nem foi tão degradante como achei que seria.

― Valeu, eu acho. ― Me fiz de ofendido, quando na verdade estava levando tudo no bom humor.

― Oh, não falo de você, mas de mim ― esclareceu. ― Um amigo do trabalho disse que minha cabeça explodiria se eu sequer tentasse.

― Como chegamos nisso mesmo, já que ambos concordamos que não devíamos?

― Vamos rever os eventos na noite em questão ― ela começou. ― Você me acompanhou até fora do bar, e quando meu segundo Uber cancelou a corrida, você se ofereceu pra me levar em casa. Doce, mas um psicopata também faria isso. ― Sorri. Pelo menos concordávamos com algo. ― Discutimos quinze minutos sobre a segurança do aplicativo, então, como estava muito frio, entramos no seu carro, que estava parado ali perto. Discutimos mais quinze minutos dentro do carro, você argumentou que se fosse me matar já teria feito isso, daí aceitei a carona.

― Você vai ter que concordar comigo nessa ― atestei.

― Eu concordei, por isso chegamos na minha casa. Você a elogiou e eu, agora convencida que você não era um serial killer, te convidei pra entrar.

― Sua casa é mesmo muito bonita ― falei olhando ao redor.

― Obrigada. Conversamos e rimos muito até você dizer que tinha visto todos, menos o último filme de Harry Potter. Então mais de duas horas e uma garrafa de vinho depois paramos... Bem, paramos aqui. Isso não parece em nada com o que meu amigo descreveu que seria sexo casual. ― Ela ficou coçando um ponto imaginário em sua testa.

― É porque não é. Não tenho tantos detalhes da noite passada quanto você, mas eu lembro que foi divertido. ― Felicity fazia jus ao seu nome. Ela sempre estava rindo, o que me fazia rir por tabela.

― Nada mal pra minha primeira vez!

― O quê? ― Quase engasguei com minha própria saliva.

― Não, não! ― Ela ergueu as mãos em minha direção. ― Eu não era virgem, só que às vezes as coisas saem com duplo sentido da minha boca. Não é de propósito, juro.

― Me deixa te ajudar nisso ― ofereci me referindo ao seu botão, que ela ainda não tinha conseguido fechar, mesmo tentando desde que eu acordei.

― Valeu. ― Ela jogou os cabelos sobre um ombro e ficou de costas para mim, que fiquei de joelhos sobre o colchão, chegando na beira da cama usando apenas minhas cuecas. ― Você é legal, sabe, Jonas?! ― comentou. Jonas, acabei esquecendo de falar meu primeiro nome para ela.

― Ei, as pessoas preferem me chamar de...

Fui surpreendido quando ela se virou para mim, segurou meus ombros e alcançou minha boca com a sua em um beijo terno e suave, mas que acabou muito rápido.

― Desculpa, eu não devia ter feito isso. ― Se afastou com os olhos arregalados. ― Eu poderia ter feito isso?

Quando ela começou a dar passos para trás, segurei seu pulso, deixando um beijo ali, na parte interna. Felicity olhou para o local beijado, então para mim, parecendo apreensiva sobre o que fazer a seguir, ou sobre o que eu faria.

― Que bom que fez. ― Coloquei seu braço sobre meu ombro para segurar sua cintura, então a beijei de novo, dessa vez de um jeito nada terno e suave.

Eu estava de joelhos sobre na borda, e quando trouxe seu corpo para mim, aprofundamos o beijo, Felicity se ocupando de apertar meus cabelos entre os dedos, diminuindo ainda mais a distância quase inexistente entre nós, enquanto uma de minhas mãos passeava por suas costas e a outra lhe apertava a cintura.

Então, do nada, ela parou, e se afastou segurando meus ombros e me olhando culpada.

― Desculpa, eu queria ficar, mesmo. Mas tenho mesmo um compromisso agora cedo, já estou atrasada e ainda tenho que passar no escritório antes.

― Ah, claro. ― Concordei com a cabeça a soltando. Eu também queria ficar mais um pouco com ela, talvez passar o dia todo por ali, mas não ia mais atrapalhá-la.

― E achei que você também tivesse dito que tinha compromisso hoje cedo ― comentou, calçando um par de sapatos de salto vermelhos, que faziam conjunto à saia justa preta e blusa azul marinho.

― Ai, caralho, eu tenho! ― Saltei da cama, procurando por minhas roupas no chão. Graças aos céus não havíamos bebido muito, pelo menos ressaca não seria um problema, entre tantos outros. Diggle ia me trucidar pelo atraso. ― Que horas são?

― Oito e meia.

― Merda! ― Me vesti usando uma super velocidade, que sempre vinha no pacote de quem tem os super atrasos.

― Muito ruim?

― Tomara que seja igual todas as vezes que meu chefe me diz o horário errado, e antecipa em uma hora o horário real do compromisso para que eu me atrase menos.

― Sério?

― Você não faz ideia. ― Peguei minhas chaves, celular e carteira de cima da mesinha de cabeceira e fui até a saída, voltando em seguida para junto dela. ― Droga, que indelicadeza. Você precisa de carona?

― Não, meu carro está na garagem, mas valeu. ― Ela também já estava de bolsa na mão, pronta para sair.

― Foi um prazer te conhecer, Felicity.

― O prazer foi meu. ― Deixei um selinho em seus lábios e ela me olhou em expectativa logo em seguida.

Eu deveria ir contra os conselhos do meu amigo e chamá-la para sair, em um encontro de verdade? O pior nem era as opiniões de Tommy, mas o que Felicity achava. Ela não aceitou sequer uma bebida ontem e hoje estava quase me expulsando de casa. Teria que deixar a oportunidade passar, pelo menos por hoje.

― Tchau. ― Ela acenou um tchauzinho, então corri até meu carro, ao mesmo tempo que discava o número de Tommy no celular. ― Ei, preciso de um favor.

Claro que precisa. O que é?

― Leva algumas roupas tuas mais arrumadas para o tribunal, tipo, agora. Sua casa é mais perto de lá que a minha, não vou ter tempo de me trocar e já estou bem atrasado.

Por que você não se troc... Espera aí. Você dormiu com aquela gata?

― Pode ou não, criatura?

Claro que posso. Mas vai ter que me contar a história toda, detalhes sórdidos são necessários.

Encerrei a ligação para não ouvir mais nenhum absurdo e em poucos minutos já estava entrando no tribunal. Encontrei Diggle sentado na entrada de uma das salas de audiência, que me olhou nada surpreso para meu sorriso amarelo, então seu rosto ficou chateado de repente.

― Quantas vezes já disse para não usar camiseta e jaqueta de couro quando for depor, cara?

― Foi mal, Dig, não tive como passar em casa. ― Ele soltou um suspiro pesado.

― Não me diz que você foi seguir os péssimos conselhos de Tommy Merlyn?

― Não digo então. ― Dei de ombros, sentando na cadeira vaga ao seu lado.

― Você seguiu? Dormiu com uma estranha para quem não vai ligar mais?

― Mais ou menos ― assumi, me virando um pouco em sua direção. ― Ela é fantástica, John. Inteligente, divertida, muito bonita. E tem um daqueles sorriso que iluminam o cômodo inteiro, sabe? ― O homem estreitou os olhos para mim e franziu as sobrancelhas.

― Cheguei, como sempre sendo o salvador da sua bunda, Queen. ― Tommy chegou até nós fazendo escândalo. ― Vai, me conta. Como foi a noite, uh? ― perguntou sugestivo, tocando seu ombro no meu.

― Ele não tem tempo para fofocar, Merlyn. A audiência começa em cinco minutos, vá se trocar, Oliver.

― Estou tão feliz que ele está se tornando como eu, me dê tempo para aproveitar, Dig. ― Nosso superior rolou olhos em um gesto de desdém.

― Oliver está gostando da garota, Tommy.

― Quê? O que eu te disse, Oliver?

― Eu não estou...

― “Ela tem um sorriso que ilumina o cômodo inteiro” ― me citou, fazendo sinal de aspas com os dedos. ― Vocês conversam depois, agora vá se trocar que já vão nos chamar.

Fui rapidamente ao banheiro e coloquei o terno e os sapatos que ficaram levemente apertados em mim, e ajustei a gravata, amaldiçoando Tommy por não comprar gravatas adultas. Não que as minhas fossem assim, mas aquela era demais, e tenho certeza que ele fez de propósito ao escolher uma com estampa de pequenas folhas verdes. Melhor deixar essa peça de fora, então.

Entramos os três, já que Tommy resolveu ficar mesmo contra as ordens de Diggle, e assumimos nossas cadeiras no auditório, esperando a vez de sermos chamados, Felicity não saindo um minuto sequer da minha cabeça.

― Raça amaldiçoada, chaveiros das portas do inferno! ― Rolei olhos para meu amigo, que começava a praguejar contra o time da defesa que entrou. ― Espera, eu conheço... Só pode ser brincadeira.

― O que foi?

― Aquela não é a garota de ontem, Ollie?

Me virei de imediato, meus olhos encontrando-se com os de Felicity. Ela também parecia bem surpresa em me ver ali, já que abriu a boca e fechou um par de vezes. Não era possível, eu tinha literalmente dormido com o inimigo. Quando achei que tinha encontrado minha Hermione Granger, ela não era nada além de Belatriz Lestrange.


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Notas finais do capítulo

Então? Continuo?

É só o inicinho, mas já dá pra sentir mais ou menos a vibe da história, certo? Claro, teremos momentos mais românticos apenas dos dois, alguns mais tensos, porque a vida são altos e baixos mesmo, mas no fim, será comédia, sem muita enrolação para eles ficarem juntos e construírem esse relacionamento que nos deixou tão carente com o fim da série.

Por falar nisso, só eu estou sur.tan.do.? com esse final iminente? Vamos conversar sobre isso nos comentários.

Me digam também como vocês acham que eles vão levar esse relacionamento depois de se verem em lados opostos no tribunal.

Até os reviews. Bjs*

p.s.: Se gostarem da proposta, indiquem para as amigas que também curtem Arrow. Me deixaria muito feliz.