POV JACE
Hoje não estava chovendo, talvez milagres existissem. Desde que eu havia chegado na Inglaterra a três anos atrás, tudo o que eu mais via era dias de chuva e neve, o sol quase nunca se dignava a aparecer e isso me deixava um pouco triste, eu sentia falta do clima de Nova York.
— Amor, o que acha de irmos comer alguma coisa? – Diz Aline depois de me arrastar o dia inteiro pra lá e pra cá enquanto ela fazia compras.
—Finalmente, eu não sei pra que você precisa comprar tanta coisa! - Falo irritado, pois eu odeio fazer compras e odeio mais ainda ficar o dia inteiro bancando o namorado idiota carregando as compras da namorada por todo lugar.
—Ai amor, as roupas que eu tenho já usei mais de uma vez, além do mais já saíram de moda, fora que você não quer ver a sua noiva bem vestida?
Oi? Noiva?
— Aline que conversa doida é essa? De onde você tirou que nós estamos noivos? Eu não vou me casar! –Muito menos com você, pensei.
— Mas Jace, já estamos juntos a tanto tempo que eu pensei que nós casaríamos quando você terminasse a faculdade, ainda mais agora que você já tá no último ano. Você sabe que eu te amo e que eu sei fazer coisas que te deixam louco na cama. –Ela tentou se aproximar de mim, mas eu a afastei rapidamente.
— Sério mesmo? Quer saber, perdi a fome! –Saio do shopping rapidamente e decido ir caminhar pelo centro.
Vou até um pequeno quiosque e compro um café bem forte, me sento do lado de fora do lugar e mando uma mensagem para o Alec vir aqui conversar comigo. Começo a pensar na minha vida desde que sai de NY, foi um erro ter me envolvido com Aline, eu estava mal, tinha acabado de chegar aqui, me sentia sozinho já que metade de mim havia ficado com a Clary. Eu sou tão burro que comecei a sair com a Aline e em dia em uma festa, nós não usamos proteção, passados dois meses eu já tinha mandado ela cair fora, pois eu nunca tinha sido apaixonado por ela, mas a doida apareceu dizendo que estava esperando um filho meu. No começou não acreditei, achei que tudo não passava de um joguinho dela, mas ela fez o teste na minha frente e deu positivo, então eu não tive escolha. Eu ia ser pai então é óbvio que eu decidi assumir o bebê, mas deixei claro desde o começo que não queria nada com ela.
Quando ela já estava de 3 meses e meio, perdeu e o bebê e ela e eu ficamos muito tristes, acho que eu mais que ela, mas no fundo eu estava aliviado por saber que o bebê não iria ter que nascer num mundo onde Aline era mãe dele, ela era mimada e fútil, nunca saberia dar amor a uma criança.
Eu deveria ter dado um basta nessa história quando tudo isso aconteceu, mas fiquei com pena dela, resultado? Já estamos nisso a quase três anos e toda vez ela me joga na cara que perdeu o nosso filho por minha culpa, porque eu não dava apoio pra ela!
— Jace, o que aconteceu? Por que tá com essa cara? –Alec se sentou ao meu lado, parecendo preocupado.
— Aline apareceu com uma história de sermos noivos!
— Eu não entendo o motivo que te faz ainda estar com ela, você não tem mais nenhuma ligação e você nem gosta dela.
—Você tem razão, eu preciso terminar com ela! Agora vamos mudar de assunto. –Ele segurou o meu braço e me olhou de forma séria.
—Jace, eu to falando sério! –Olhei no fundo dos olhos dele, daquele jeito que eu sabia que ele reconheceria, porque nós éramos irmãos e conhecíamos um ao outro como a palma das nossas mãos.
—Eu também tô falando sério! –Ele pareceu satisfeito com a minha resposta e então mudou de assunto.
—Eu tô morrendo de fome, vamos almoçar?
—Vamos sim, tem um restaurante maravilhoso aqui perto!
Quando chegamos ao restaurante, escolhemos uma mesa perto da janela e fizemos os nossos pedidos, depois disso ficamos conversando sobre coisas aleatórias, a faculdade. Assim como eu, Alec está fazendo direito, nossos pais são sócios em uma firma em Nova York e querem que a gente assuma quando se formar.
Estávamos no meio de um assunto, quando Alec cortou a conversa e me olhou rapidamente.
—Ela chega hoje!
—Ela? –Eu não estava entendendo sobre o que ele estava falando até que segui o seu olhar e percebi um outdoor do outro lado da rua com uma foto da Clary e as datas dos shows que ela faria aqui na Inglaterra. Ela está tão linda na foto e o meu peito dói de saudades dela, na maioria do tempo tento não pensar na nossa história, pois é algo que me machuca muito, mas escutar o nome dela sempre causa coisas dentro de mim, ela era e sempre será muito importante pra mim.
—Você nunca foi capaz de esquece-la, não é?
—Não, nunca! Acho que eu nem quero, ela é muito importante pra mim!
—Eu também sinto falta dela e do Sebs, temos que ir vê-los Jace, agora que eles estão aqui!
Ri baixinho de forma amargurada e revirei os olhos. –Não sei se ela vai querer me ver!
—É claro que ela quer, vocês combinaram de não se falar mais pra não sofrerem muito com o término, mas já se passaram três anos!
Dou um sorriso de leve e aceno, pois tenho certeza de que Alec não aceitaria um não como resposta, mas é impossível não pensar que ela pode ter me esquecido, pode não querer me ver mais, ou pior, pode ter me superado de tal forma que agora é indiferente a mim.
— Acho melhor irmos comprar os ingressos pro show dela!
— Alec não podemos nos esquecer da Izzy, se não comprarmos um ingresso pra ele, ela vai nos matar.
Ele ri baixinho e concorda rapidamente, em seguida entramos no carro dele e caminhamos até um dos pontos de venda, demos sorte porque agora não estava tão lotado e conseguimos pegar alguns dos últimos ingressos.

POV SEBS
Acabamos de chegar ao hotel e a Clary foi descansar com a Yasmine, afinal havia sido um dia e meio de viagem e eu ainda preciso resolver algumas coisas aqui relacionadas aos quatro dias de show e ao Jace também. Sei que vou fazer uma coisa que minha irmã não vai aceitar e sei também que ela provavelmente vai me odiar, mas já não consigo ver a minha sobrinha chorando quase todo dia e perguntando pelo pai enquanto a Clary simplesmente olha e não fala nada, eu mesmo me culpo por não ter contado e ter deixado minha irmã fazer isso, eu entendo o porquê, ela queria que Jace pudesse ter a sua vida ir para a universidade, mas hoje eu vejo que todos nós erramos em esconder isso dele e está mais do que na hora da minha sobrinha conhecer o pai.
Saio dos meus pensamentos quando ouço o meu celular tocar e rapidamente o atendo.
—Oi filho, chegaram bem?

— Oi mãe, chegamos sim graças a Deus!
— Como as meninas estão?
— Estão bem, elas foram descansar agora!
— Tá bom, eu ligo mais tarde pra elas, beijos meu amor, eu te amo!
—Também te amo mãe, tchau.
Depois que minha mãe desligou eu fui rapidamente terminar de resolver as últimas coisas pro show, estava terminando tudo quando senti o meu bolso vibrar e fui ler a mensagem que havia recebido:

Amanhã 13:00 hora no salão