Herdeiros das Estrelas escrita por Thea


Capítulo 3
Capítulo 2 - O Expresso de Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Hello!



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Fazia quase meia hora que Cyrus e Neville iam de um lado ao outro do trem procurando o tal sapo do garoto e nada. Cassiopeia tinha saído com eles, mas após alguns minutos de busca decidiram se separar e desde então ele não tinha visto mais a irmã.

— Ei, cara – ele segurou o ombro do garoto, parando-o – é melhor a gente parar um pouco. Vamos chegar em Hogwarts exaustos desse jeito.

O garoto tinha os olhos cheios d’agua.

— Eu sempre perco ele – confessou – ele tá sempre fugindo de mim.

— Bom, se ele tá sempre fugindo é porque você sempre acha ele, não é? – Neville assentiu, fazendo Cyrus sorrir – então cara! Ele já já aparece.

O de rosto redondo pareceu pensar por uns segundos antes de assenti novamente.

— Então, estamos mais perto da sua cabine ou da minha? – Cyrus perguntou recomeçando a andar junto com o Longbottom.

— Da minha, eu acho, mas e suas irmãs? – Neville indagou.

Cyrus deu de ombros sorrindo.

— Conhecendo a Cassie ela já deve ter feito amizade com o trem inteiro – Neville sorriu também – e Sol não vai se importar se a gente encontrar com ela antes de descer.

— Elas parecem legais – o castanho comentou.

— Elas são... completamente loucas, mas muito legais – Cyrus brincou fazendo o outro rir – então, sua cabine?

Neville sorriu guiando-os.

.

Cassiopeia Shafiq podia ser “uma perfeita puro-sangue” como a madrinha costumava provoca-la, mas se tinha uma coisa que faltava a morena era paciência. Mal havia passado dez minutos que estava procurando o sapo de Neville quando encontrou o carrinho de doces parado em frente a uma das cabines e decidiu pausar a buscas por um bem maior: Sapos de chocolate.

— Com licença – disse atraindo a atenção da vendedora – você teria sapos de chocolate?

— Desculpa querida, mas acabei de vender os últimos – a mulher indicou a cabine ao lado, onde dois garotos, um ruivo com uma mancha no nariz e um moreno de óculos de cabelos bagunçados, a encaravam – tem alguma outra coisa que você queira?

Cassie balançou a cabeça sorrindo docemente, agradeceu e observou a mulher se afastar antes de se virar para os garotos da cabine:

— Quanto querem pelos sapos de chocolate?

— Você vai mesmo tentar comprar os doces da gente? – o ruivo franziu a testa.

— Eu preciso achar a carta da Morgana, só falta ela pra completar a coleção, já tenho todas as outras, mas ela nunca vem pra mim – Cassie explicou entrando na cabine e se sentando ao lado do garoto de óculos.

O rosto do ruivo se iluminou.

— Fala sério! Eu tenho umas quinhentas, mas a coleção inteira? – indagou.

— E as internacionais – Cassie respondeu orgulhosa. Sua coleção de sapos de chocolate tinha levado anos até chegar ao que era hoje e a garota se orgulhava dela.

— Uau – o ruivo a encarou como se ela tivesse dito que tinha uma das relíquias da morte – eu sou Rony, Rony Weasley.

— Cassie Shafiq – ela apertou a mão do menino sorrindo antes de se virar para o moreno que observava confuso a conversa – e você?

— Harry Potter – ele disse, receoso.

Por um momento Cassie quis se bater. Como não tinha notado antes? O garoto era tão parecido com o James Potter quanto ela era parecida com a mãe ou Cyrus era com o pai deles... bem, excerto pelos olhos.

— Você tem os olhos da sua mãe – ela disse antes que pudesse se conter.

O garoto franziu a testa confuso.

— Como você sabe? – Harry perguntou analisando-a.

— Minha madrinha estudou com ela – era verdade... bem, parte da verdade – elas eram de casas diferentes, mas tem uma foto lá em casa da turma de Poções do sexto ano delas.

— Você pode me mostrar essa foto? – os olhos de Harry brilhavam.

— Posso pedir pra minha madrinha enviar ela – deu de ombros sorrindo.

Um sorriso gigante tomou conta do rosto do garoto.

— Não vou vender os sapos de chocolate, mas podem pegar quantos quiserem.

Em segundos os três conversavam, atacando os doces sem nenhuma hesitação. Rony foi o último a aceitar e tinha ficado vermelho até as orelhas antes de pegar algo, mas Cassie insistiu que se ela – que literalmente tinha invadido a cabine deles – ia comer, ele também devia.

— E sua família é toda de bruxos? – Harry perguntou a morena.

— Até onde sei – Cassie fez uma careta ao morder um feijãozinho verde – espinafre... bem, os Shafiq estão no Sagrados Vinte Oito então acho que sim, mas os meus parentes ou tão mortos ou presos então não é como se tivesse alguém que se importasse em continuar na lista... talvez minha tia, mas a gente não fala com ela.

— Sagrados Vinte Oito? – Harry franziu a testa.

— Uma lista idiota de famílias bruxas que só tem bruxos – ela revirou os olhos – é ridículo, mas os Shafiq e os Selwyn estão nela, então meus irmãos, minha madrinha e eu também estamos... acho que os Weasley também, não é?

— Acho que sim – Rony deu de ombros concentrado nas cartas – Dumbledore de novo.

— Então este é Dumbledore! – o moreno exclamou pegando a carta.

— Não me diga que nunca ouviu falar de Dumbledore! – Rony disse, mas seu foco continuava nas cartas.

— Ele mora com trouxas, não é como se tivesse aulas de história da magia – a garota observou o de óculos ler o verso da carta e então vira-la novamente.

— Ele sumiu!

— Ele não podia ficar aí o dia todo, não é? – Rony abriu mais uma carta e sorriu entregando a morena de olhos azuis – Morgana.

Cassie soltou um gritinho pegando a carta e pulando para o outro banco para abraçar o ruivo que, se era possível, ficou mais vermelho. Um chiado de protesto fez ela se afastar.

— É só o Perebas – ele mostrou o rato que tinha voltado a adormecer, ou talvez nem tivesse acordado, a morena não sabia – ele podia estar morto e ninguém ia saber a diferença – disse desgostoso.

Os três encararam o rato.

A garota não tinha nada contra ratos, mas algo naquele ali a incomodava.

— Tentei mudar a cor dele para amarelo para deixar ele mais interessante, mas o feitiço não deu certo – Rony continuou – Vou mostrar a vocês...

Ele remexeu na mala e tirou uma varinha muito gasta. Uma coisa branca brilhava a ponta.

— O pelo de unicórnio está quase saindo – o ruivo pareceu envergonhado.

Cassie sorriu puxando sua varinha do bolso. Era tão velha quanto a de Rony, talvez mais, mas estava em melhor estado que a dele. Ela supôs que fosse pela falta de uso.

— Era da minha mãe, está bem velha, mas... – ela deu de ombros – vá em frente ruivo.

Ele sorriu erguendo a varinha enquanto ela guardava a dela. A porta da cabine se abriu outra vez, uma garota, aparentemente primeiranistas pelas vestes novas de Hogwarts que usava, entrou.

— Alguém viu um sapo? Neville perdeu o dele – ela perguntou com um tom de voz mandão.

— Já dissemos a ele que não vimos o sapo – Rony respondeu.

— Meu irmão tá procurando com ele, já devem ter achado – Cassie disse ao mesmo tempo, mas a garota não pareceu ter ouvido nenhum dos dois. Encarava a varinha na mão de Rony.

— Você está fazendo magia? Quero ver – disse se sentando. Simplesmente. Cassie conteve o riso. Rony parecia desconcertado e Harry observava a cena curioso.

— Hum... está bem – o ruivo pigarreou – Sol, margaridas, amarelo maduro, muda para amarelo esse rato velho e burro – a morena se segurava para não rir. Perebas continuou cinzento e dormindo.

— Você tem certeza de que esse feitiço está certo? – a garota cacheada perguntou. Cassiopeia se perguntava a mesma coisa – Bem, não é muito bom, né? Experimentei uns feitiços simples só para praticar e deram certo. Ninguém na minha família é bruxo, foi uma surpresa enorme quando recebi a carta, mas fiquei tão contente, é claro, quero dizer, é a melhor escola de bruxaria que existe, me disseram. Já sei de cor todos os livros que nos mandaram comprar, é claro, só espero que seja suficiente; aliás, sou Hermione Granger, e vocês quem são?

Ela disse tudo isso tão rápido que Cassie se perguntou se tinha entendido direito.

— Espera, espera – a morena encarou a outra surpresa – Você decorou todos os livros?

Harry e Rony pareciam tão espantados quanto ela.

— Eu não podia ficar pra trás, a maioria daqui já nasceu no mundo bruxo, não podia entrar sem saber nada, podia? – Hermione respondeu.

— Bem, eu nasci no mundo bruxo e garanto que não sei de nada – Cassie sorriu – não vai ser surpresa se você acabar na Corvinal – a garota sorriu um pouco envergonhada – a propósito, sou Cassie Shafiq.

— Sou Rony Weasley.

— Harry Potter.

— Verdade? Já ouvi falar sobre você, é claro. Tenho outros livros recomendados, e você está na História da magia moderna e em Ascensão e queda das artes das trevas e em Grandes acontecimentos mágicos do século XX – Hermione disse.

— Estou? – Harry parecia admirado e confuso.

— Claro que está Harry – Cassie revirou os olhos – você é tão famoso quanto próprio Dumbledore.

— Já sabem em que casa vão ficar? Andei perguntando e espero ficar na Grifinória, me parece a melhor, ouvi dizer que o próprio Dumbledore foi de lá, mas imagino que Corvinal não seja muito ruim... – Hermione sorriu para Cassie.

— Não sei bem, provavelmente vou pra Grifinória ou pra Sonserina – a morena deu de ombros.

— Sonserina? – Rony fez uma careta.

— Qual o problema? – ela ergueu a sobrancelha desafiadora, ele não respondeu – minha mãe era da Sonserina e meu tio também. Eles eram pessoas maravilhosas que morreram lutando pelo que é certo. Não julgue a casa pelas pessoas ruins que tem nela. Grifinória também teve alguns bruxos bem ruins se quer saber...

— Acho que está certa... em todo caso, é melhor eu ir encontrar o Neville e saber se ele achou o sapo – Hermione disse se levantando.

— Eu vou com você – Cassie se levantou também – tenho que achar meu irmão e ele estava com Neville da última vez que o vi – ela se virou para os garotos – vejo vocês quando descermos. Me esperem tá?

Harry assentiu sorrindo de volta. Rony acenou parecendo pensativo.

As duas saíram.

.

Cyrus seguiu Neville até uma das cabines quase no fundo do trem. Tinham demorado mais que o esperado, mas realmente era mais perto que a cabine do moreno. Os corredores ainda estavam cheios de alunos conversando e fazendo brincadeiras uns com os outros.

Os dois garotos conversavam pelo caminho e, apesar de parecer ser bem tímido, Neville tinha começado a se soltar com o moreno; Cyrus achou fácil gostar do garoto.

— Neville! E aí, achou seu sapo? – eles ouviram assim que chegaram na porta da cabine.

Havia dois garotos lá dentro e encaravam o Shafiq curiosidade.

Um deles, o que tinha falado, era um pouco mais alto que os Cyrus e Neville, tinha os cabelos castanhos e um leve sotaque que, se o moreno fosse chutar diria que era irlandês. O outro era um garoto negro que, claramente pelas roupas que usava, era nascido trouxa.

— Quem é esse? – o de sotaque irlandês perguntou.

— Cyrus Shafiq – ele estendeu a mão.

Neville tinha se sentado ao lado do nascido trouxa, mas ele achou melhor garantir que o terreno era seguro. Não era como Cassie, não tinha a capacidade dela de fazer amizade com qualquer um; ele tinha puxado mais a irmã mais velha – apesar de eles não terem nenhuma ligação sanguínea – e como Solária, ele costumava ficar na dele e tinha poucos – e fieis – amigos. Ele já considerava Neville um amigo, mas não sabia como seriam as coisas com aqueles dois.

— Seamus Finnigan – o garoto disse apertando sua mão – esse é Dean Thomas.

O outro garoto acenou sorrindo e Cyrus não pode evitar retribuir. Ele tinha um sorriso contagiante.

— É seu primeiro ano também? – Seamus perguntou.

O moreno assentiu se sentando ao lado dele.

— Você é de uma família de bruxo também? – Dean se pronunciou pela primeira vez.

Cyrus assentiu sorrindo.

— Você é nascido trouxa, não é? Minha madrinha também era – o moreno comentou – ela morreu quando eu era bebê, então meio que acabei adotando a madrinha da minha irmã.

— Sinto muito por ela – Dean disse.

— Tudo bem – ele deu de ombros – ela morreu lutando, uma Grifinória nata.

— Vocês acham que vão para que casa? – Seamus aproveitou a deixa – meu pai é trouxa, mas minha mãe era da Grifinória também, então quero ir pra lá.

— Eu não sei muito sobre as casas, mas pelo que Seamus tava me contando a Grifinória parece bem legal – Dean comentou.

— Meus pais eram da Grifinória, mas eu tenho certeza que vou acabar na Lufa-Lufa – Neville disse, desanimado.

— Minha madrinha... a adotiva no caso, era da Lufa-Lufa e ela diz que é uma casa maravilhosa, mas que as pessoas não dão o valor que ela merece – o moreno sorriu – eu ia adorar qualquer uma das casas, mas provavelmente vou acabar na Grifinória como meu pai ou na Sonserina como minha mãe.

Eles engataram numa conversa sobre as casas e em uma discursão sobre como era feita a seleção. Seamus insistia que eles iam ter que fazer uma prova na frente da escola toda e Cyrus tentava convencer ele que isso era impossível. Sarah não tinha contado a ele ou a Cassie como era feita a seleção das casas, só a Solária – algo sobre “manter o máximo de surpresas possíveis.”

Ele não sabia bem quanto tempo tinha se passado desde que chegaram à cabine e Neville parecia ter esquecido do sapo quando Cassie apareceu na porta da cabine acompanhada de uma garota de cabelos cheios e cacheados. Elas pareciam no meio de uma conversa sobre as criaturas mágicas do mundo bruxo, mas pararam no momento em que a morena pousou seus olhos azuis no irmão.

— Graças a Merlin, pensei que só veria você lá fora – Cassie disse entrando na cabine e se jogando ao lado dele – acharam o sapo?

Neville balançou a cabeça, os olhos enchendo de lagrimas novamente. Cyrus encarou a irmã repreensivo, beliscando seu braço discretamente. Cassie esfregou o braço com um olhar irritado.

— Não precisa ficar assim, ele logo aparece – ela disse mais branda se esticando por cima do irmão para apertar a mão do garoto.

— Vocês são gêmeos! – Seamus exclamou atraindo a atenção dos dois.

— Não cara, imagina, eles são clones – Dean brincou recebendo um olhar de confusão do amigo – deixa pra lá. Mas realmente, vocês seriam idênticos se não fosse...

— Os olhos – os gêmeos completaram juntos rindo em seguida.

Aparentemente aquela era uma marca que todos os herdeiros possuíam – pelo menos era o que parecia pelas fotos que Sarah havia mostrado da Ordem da Fênix a eles. Harry era idêntico ao pai, mas tinha os olhos da mãe. Cassiopeia era idêntica a mãe, mas tinha os olhos azuis mais puxados para um azul acinzentado, como o do pai deles. Cyrus era a cara do pai, embora também fosse a versão masculina da irmã, mas tinha os olhos azuis vivo idênticos ao da mãe.

Solária era uma cópia de Sarah quando tinha a idade dela, mas enquanto os olhos da mãe eram verdes, os da garota eram puxados para um castanho mel – herança do pai dela até onde Cyrus sabia... as únicas pessoas que conheciam a identidade do homem estavam mortas ou se recusavam a falar, então não podia ter certeza.

O que mais fugia a regra era Neville. Ele era uma mistura de ambos os pais, apesar de parecer mais com Frank Longbottom na opinião de Cyrus. O rosto redondo era da mãe e os olhos castanhos escuros também...

— Sou Cassie Shafiq – ela se apresentou – e ele é o meu clone.

— Eu sou mais velho, senhorita 31 – Cyrus brincou, a morena mostrou a língua fazendo-o rir.

— Senhorita 31? – a garota que tinha chegado com Cassie perguntou. Ela tinha se sentado ao lado de Neville e observava os dois curiosa – Como assim?

— Ela é três minutos mais nova que eu, mas nós nascemos em dias diferentes – Cyrus explicou – eu às 23h59 do dia 30 e ela às 00h01 do dia 31.

— Legal – Dean disse recebendo um sorriso do moreno – ah! Eu sou Dean Thomas.

— Seamus Finnigan – ele sorriu também.

— Cyrus Shafiq – o outro gêmeo esticou a mão para apertar a da cacheada.

— Hermione Granger.

— Acho que todo mundo já conhece o Neville – Cassie comentou sorrindo para o garoto que ficou levemente vermelho, mas sorriu de volta. A morena se virou para o gêmeo – ficamos de encontrar a Sol e já estamos quase chegando. Hermione e eu fomos na cabine do condutor perguntar.

Ele assentiu, se levantando.

— Vejo você lá fora – Cyrus disse acenando para os amigos enquanto saia da cabine.

— Até daqui a pouco – Cassie reforçou, sorrindo, antes de o seguir.

Eles ainda ouviram Hermione tagarelar mandando os meninos se trocarem e, após olhar pra trás, Cyrus podia jurar que tinha visto a garota sair da cabine e ir na direção oposta.

.

A noite já começava a cair quando Solária fechou o livro e decidiu se trocar. Sabia que estavam quase chegando, tinha perguntado aos dois monitores que passaram fazendo ronda minutos antes... ela só esperava que os irmãos encontrassem com ela antes de desembarcarem. Não sabia se iriam juntos até o castelo e não queria ficar sem falar com eles até depois da seleção... talvez até mesmo só no dia seguinte se fossem de casas diferentes.

A ruiva saiu da cabine, deixando Black adormecido no banco em que ela estivera até pouco tempo, e começou sua busca pelo banheiro para colocar o uniforme. Tinha visto um quando estavam procurando um lugar no trem então não demorou muito para que voltasse a sua cabine, já vestida e... Black não estava mais lá.

O gato tinha a mania de sumir do nada, tinha sido assim durante os três anos em que estavam juntos, mas naquele momento eles estavam a meia hora de descer e ela não queria arriscar perder o felino quando nem mesmo sabia como chegar em Hogwarts.

Xingando um palavrão que faria Sarah encara-la feio, Solária saiu novamente.

Os alunos estavam mais agitados do que pareciam estar quando passavam pela frente da sua cabine, fazendo barulho e interrompendo sua leitura. Talvez fosse a proximidade de Hogwarts deixando todos ansiosos, a ruiva com certeza estava...

Solária tinha acabado de ver Black – ou melhor, o rabo felpudo do gato balançando enquanto ele entrava em uma cabine – quando algum ser infernal passou correndo por ela, desequilibrando-a.

Tudo que a ruiva conseguiu pensar foi puta merda. Não ia conseguir se manter em pé. Ela ia cair bem no meio do corredor cheio de testemunhas. Ótimo jeito de começar em uma nova escola, não?

Ela fechou os olhos esperando o impacto que nunca veio.

— Cuidado! – Solária piscou encarando o desconhecido que a segurava pela cintura.

Ele parecia um pouco mais velho que ela, tinha cabelos castanhos e olhos castanhos brilhante. Tudo que a mente da garota conseguiu computar foi perto demais.

— Obrigada – a ruiva disse, rezando para não está vermelha, enquanto ele a soltava.

Ela apressou o passo até a cabine em que viu Black entrar.

— Sempre que precisar – ele sorriu seguindo-a – você não é primeiranista, mas acho que nunca vi você em Hogwarts.

— É uma escola grande, você conhece todo mundo? – Solária podia ter dito logo porque ele não tinha visto ela, mas não via mal nenhum em prolongar a conversa.

Ele deu de ombros, alcançando-a.

— Da Grifinória você não é – o garoto comentou ainda sorrindo – então qual sua casa?

— Nenhuma – ele ergueu a sobrancelha – eu não sou primeiranista, mas é meu primeiro ano aqui.

— Você é uma aluna transferida! – ele exclamou entendendo – Eu nem sabia que Hogwarts recebia transferência.

— Raramente recebe – Sol deu de ombros sem explicar.

— E de onde você veio, garota transferida? – ele perguntou – Você não parece ter sotaque estrangeiro.

— É porque não sou estrangeira, nasci e morei aqui na Inglaterra até meus seis anos – explicou –, mas eu acabei decidindo esperar até meus irmãos poderem entrar aqui para vim pra cá também.

A ruiva parou em frente a cabine que tinha visto seu gato entrar e o garoto parou também.

Black se encontrava deitado no colo de uma garota negra com as vestes de Hogwarts. Ele ergueu a cabeça quando a viu e miou, como se dissesse “você me achou.”

Solária bufou.

— Você é muito cara de pau mesmo – ela pós as mãos na cintura – eu quase levo uma queda na frente do trem inteiro e você aí, seu gato manhoso?

— Ele é seu? – a garota perguntou divertida. Solária assentiu sorrindo minimamente – ele é muito fofo, entrou aqui e simplesmente deitou no meu colo... qual o nome dele?

— Black – a ruiva balançou a cabeça – ele vive sumindo, depois aparece com a cara mais lavada pedindo carinho e comida. É sempre assim.

A garota riu e então olhou para trás dela, parecendo só então ter notado o garoto, que encarava a ruiva com curiosidade.

— Wood! – ele acenou sorrindo – entrem vocês dois.

Solária não estava muito confortável, mas entrou, se sentando ao lado da menina e o garoto – Wood – se sentou ao lado dela.

— Apresenta sua amiga capitão – a garota brincou, acariciando o pelo de Black.

— Eu apresentaria, mas ela não me disse o nome dela – Wood encarando a ruiva.

— Você não perguntou – a ruiva deu de ombros antes de se virar para a negra – Solária, Solária Selwyn.

— Angelina Johnson – a garota sorriu e então indicou o banco a frente da ruiva, que só então notou os outros presentes na cabine – esse é Lee Jordan – um garoto com o cabelo rastafári sorriu para ela acenando – e os dois ruivos são...

— Frorge... – um dos gêmeos começou

— ...e Gerd Weasley – o outro concluiu.

— A sua disposição madame – o primeiro disse fazendo Solária conter o riso.

Angelina revirou os olhos.

— Fred e George são os responsáveis pela maior parte das dores de cabeça da Profª McGonagall – ela disse – se alguém foi vítima de uma pegadinha e não foi Pirraça, então provavelmente foram eles.

— Calúnia! – um deles disse.

— Difamação! – o outro concordou – o que a menina vai pensar da gente desse jeito, Angie?

Solária riu. Algo lhe dizia que quando Cassie conhecesse aqueles dois, Hogwarts correria grandes chances de ter um novo grupo de marotos.

— E o capitão você já conhece – Angelina continuou indicando o garoto ao seu lado.

— Oliver Wood – ele se apresentou sorrindo. Ele não cansava de sorrir?

— Capitão? – a ruiva ergueu a sobrancelha.

— Não me diga que você não gosta de quadribol! – Angelina arregalou os olhos.

Sol franziu a testa, sem entender a conexão.

— Ela está sendo transferida – Oliver explicou antes de se voltar para ela – eu sou capitão da Grifinória.

Agora ela entendia. Solária sorriu marota.

— Então acho bom torcer para eu entrar para Grifinória, Wood – ele ergueu a sobrancelha – eu não costumo perder no quadribol.

O sorriso dele se alargou e parecia prestes a dizer algo quando uma voz ecoou pelo trem:

“Vamos chegar a Hogwarts dentro de cinco minutos. Por favor deixem a bagagem no trem, ela será levada para a escola.”

— Eu preciso ir, fiquei de encontrar meus irmãos antes de descer – Solária se levantou pegando Black, que reclamou um pouco, mas logo se acomodou nos braços da dona – vejo vocês por aí.

Ela já tinha saído quando a voz encontrou:

— Até mais, garota transferida.

Solária não pode evitar sorrir.

— Até mais, capitão – ela gritou de volta.

O sorriso ainda não tinha sumido quando ela chegou a cabine. Cyrus e Cassie a esperavam, já prontos para descer.

— Bem a tempo, Selwyn.


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Notas finais do capítulo

Então, esse foi um pouquinho maior né? Pretendo que os capítulos fiquem nesse tamanho mais ou menos...
O que estão achando? Comentem, deixem sua opinião, incentiva muito a continuar.



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