This Town escrita por vanprongs


Capítulo 1
Everything comes back to you.




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Estar de volta à Londres depois de anos fora era basicamente um emprego de dois períodos para Sirius Orion Black. Estressante, duro e cansativo. Ele via a ex-namorada em cada canto que ia, tinha espelhado em sua mente em cada bar, teatro e até mesmo em cada metro quadrado de seu antigo apartamento Marlene McKinnon dançando, rindo ou o olhando como se duvidasse que ele faria algo. Gostaria que ela nunca tivesse duvidado que ele fosse capaz de machucá-la, como fez no último verão do primeiro ano de faculdade.

Ele se denominava um idiota, como todos os amigos também o faziam.

Lembrava-se de forma cristalina de quando conheceu a loira, assim que completara seus cinco anos de idade. De como os McKinnon e os Potter tratavam bem ele e o irmão, independente de seu histórico familiar. De como ele adorava a irritar, porque ela conseguia ficar mais bonita com a veia saltada em meio a sua testa.

Sirius havia crescido com Marlene, e o relacionamento dos dois mudou gradativamente como as fases da lua mudam no céu estrelado durante os dias percorridos no mês.

Mas o relacionamento de ambos não durara muito. O, ainda na época, garoto tivera problemas com a família, tivera que fugir com seu irmão para outro país; a fim de proteger o mais novo. E para a deixar segura havia estragado tudo. Era melhor assim, ele pensava com o tempo. Melhor para ela ser deixada longe de toda a bagunça que a família Black era, que ele era. Mesmo sabendo que a garota da mesma idade pudesse arrancar seus cabelos apenas com os cinco dedos de uma mão.

Marlene era um furacão. Extremamente o contrário de Sirius, ela não dizia o que pensava o tempo todo, a garota havia aprendido a planejar e era excelente naquilo. Mas a única coisa que a garota de poucas palavras e muitas atitudes não planejara fora se apaixonar pelo melhor amigo de seu melhor amigo. De jeito algum. Ela e o Black mais velho tinham um relacionamento estritamente ético, conversavam às vezes e apenas se juntavam para zombar de James, o melhor amigo dos dois. Porém no momento em que ela vira o outro jogado nas escadas dos Potter, chorando tudo o que tinha para chorar - e tudo o que ainda não havia chorado, McKinnon pôde apenas estender sua mão e ajudá-lo. Dali se fez uma amizade, e em questão de meses uma confidencialidade. Depois de anos ambos se afundaram um no outro, se perdendo de qualquer outra coisa no mundo.

Lá estava o erro, e por conta disso, sem pensar duas vezes, o garoto de cabelos compridos pegara o irmão machucado física e psicologicamente e fora embora, sem olhar para trás. E em seu interior, Sirius, tinha certeza. Se pudesse, ainda, dançar com qualquer pessoa, dançaria com Marlene.

Agora ele estava de volta, cinco anos depois. Ele não era mais um adolescente inconsequente. Tinha seus vinte e sete anos quando pisara novamente em Londres, não a procura dela - porque sabia que seu antigo relacionamento o explodiria em mil pedaços se pudesse. Estava de volta a procura de si mesmo, do que era antes e de quem se tornaria agora.

Decidiu então fazer novas memórias, ir aos mesmos lugares, pedir e fazer coisas diferentes. Criar uma nova história, um novo "eu".  Não contava entretanto que ao ir a um pub com os amigos a veria.

Seus cabelos estavam mais compridos e brilhantes, mas o sorriso de Marlene continuava o mesmo: iluminava tudo à sua volta, percebeu porém que nem sempre o mesmo chegava nos olhos dela. A encarou por tempo suficiente para ver os braços de outro cara passarem por seus ombros.

Uma pontada doeu o estômago dele, ela havia seguido em frente.

Era Fabian, um dos gêmeos Prewett, com McKinnon. Ele reconheceria o ruivo em qualquer lugar. Mas bem, ela parecia feliz.

A vontade de dizer à ela tudo o que não havia dito anos atrás tomara Sirius, o nó em sua garganta era ainda maior e ele apenas respirou fundo, tomando o resto de cerveja em sua caneca grande. Se lembrava de tudo, de cada momento, e agora a única coisa que podia fazer era viver essas lembranças.

Peter havia dito à Sirius que muita coisa no relacionamento novo da loira era fachada, nem sempre as coisas eram felizes ou boas. Ela gostava de dançar, girar e mover o corpo de um lado para o outro com os braços para cima, sentia-se feliz com aquilo - era uma das poucas memórias que Sirius tinha guardada em sua mente que iam e vinham com o decorrer do tempo, o rosto dela suado, o sorriso divertido e a felicidade estampada em seus olhos claros. Se a, agora, mulher soubesse que ele dançaria com ela em qualquer lugar, em meio a quantas pessoas fossem.

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Ele ficava nervoso com poucas coisas, verdadeiramente falando, mas quando Lily, a mulher de seu melhor amigo, disse a Sirius que Marlene chegaria a qualquer minuto para o jantar, o moreno quase tivera uma síncope.

Sabia que ela tinha terminado há pouco mais de quatro anos, agora eles já beiravam os trinta e pouco e Black sentia mais saudade que o usual e quando a viu entrar, tirando o sobretudo e reclamando do frio, ele tivera certeza de que não a superaria.

McKinnon era areia demais para si, e ele havia tentado seguir em frente e parar de pensar que faria quantas viagens fossem necessárias. Só que todos os relacionamentos que entrara no decorrer do tempo que estava em Londres não duravam duas semanas, estando destinados a acabar com uma garota chorando na porta de seu prédio ou da empresa que o pai havia deixado para ele e Regulus meses depois de falecer.

Se comportara bem no jantar, mesmo percebendo os olhares dela para si. Havia comentado uma coisa ou outra com Remus e Nymphadora, sobre o bebê que a prima esperava; brincou com Harry por horas, toda vez sentindo-se vigiado por olhos claros que não eram os da mãe da criança.

— Dinha, incá com a gente! - o Potter mais novo chamou por Marlene, esticando o braço a chamando, juntando os pequenos dedos com a palma da mão para ter a loira perto de si — Dinho qué icança - riu feliz ao ver que o chamado havia causado efeito na madrinha, causando uma risada nos dois adultos que estavam em volta da criança de quatro anos.

— Ainda posso brincar com você por um tempo, campeão - Sirius disse com um sorriso, estalando um beijo na bochecha gorducha do afilhado que resmungara, passando o dorso da pequena mão em sua bochecha.

— Eca, dinho! - murmurou com expressão de nojo e correu em direção a mulher, jogando-se nos braços dela — Ô babado, óóóóó - falou mais alto, arrastado para mostrar a bochecha, fazendo McKinnon rir alto.

— Está tudo bem pequeno, não deixo mais seu tio malvado colocar as mãos em você - compartilhou com a criança em seu colo, dando um sorriso para Black.

O primeiro sorriso em muitos anos. Talvez ele não fosse um filho da mãe por completo, ou talvez fosse o vinho falando. Possivelmente ele nunca fosse descobrir.

———————

Aquela cidade exercia um grande poder a favor dele. Os meses se passaram como borrões e logo conseguia ver sua amizade com o motivo de suas noites mal dormidas, anos atrás, como uma amiga novamente.

Ambos levavam Harry para passear, juntos. Se convidavam para noites de filmes e conversavam qualquer besteira pelo resto da noite, afinal tudo os fazia volta para aquilo. Um para o outro. Foi quando Marlene, a grande planejadora, falou mais que a boca, durante uma noite de vinhos e queijos - coisas de adultos entediados como eles descreviam anos atrás

Ela roubou um beijo dele aquela noite, fazendo com que Black fizesse qualquer comentário absurdo, o que fez McKinnon o calar com outro beijo. Com mais vontade.

Qualquer fosse a magia daquela cidade, o casal devia uma à ela. Se acharam um no outro outra vez, depois de anos, depois de crises e distâncias. Se reergueram como dois indivíduos, completamente diferentes um do outro e assumiram suas responsabilidades e seus relacionamentos. Afinal, quase nenhum amor verdadeiro é desfeito. Seus caminhos foram traçados quando se conheceram, e nada desfaria aquilo, sabiam disso.

— Tudo me faz voltar para você, McKitten - ele sussurrou quando se deitaram na cama um tempo depois, trazendo-a para perto de si.

Sirius repousou a palma grande e calejada de sua mão sob a barriga dela, sentindo sua pequena estrela, Lynx, chutar ali.

— Tudo me faz voltar para você, Pads - a mulher respondeu de volta ao enroscar seus dedos aos dele.

Marlene caiu no sono enquanto o ouvia cantar uma canção que havia escrito para os dois, sobre seu relacionamento e a fria Londres. Sentiam-se contemplados com o que lhes fora destinado e aproveitariam o máximo disso, juntos.

 

 


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