O Colecionador de Histórias escrita por Akiel


Capítulo 4
17 de Ellanaris, 1318




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17 de Ellanaris, 1318

 

Isso já dura demais...

Faz uma semana que ensaio um retorno ao Jardim Congelado. Toda manhã, antes de ir ajudar meu tio na taverna, meus passos me levam ao limite marcado na neve, onde as primeiras rosas começam a se revelar. Não sou capaz de dizer quanto tempo permaneço ali, entre as árvores, apenas observando o vento sussurrar para as pétalas azuis e vermelhas. Em meio a gelada atmosfera do jardim, meu coração bate mais rápido, mais forte e meus pulmões parecem queimar sob o toque do gelo. Sinto como se houvesse um chamado no ar, uma voz silenciosa me chamando, me convidando a dar um passo a mais, a caminhar até o castelo de ardósia negra e encontrar os soberanos que nele vivem.

Só que até hoje eu não consegui. Eu quero— quero ir, quero encontrar Ileanna novamente, quero ver Iverith –, mas algo me puxa de volta para o litoral, para casa. E eu deixo o jardim como o encontrei, nenhuma marca minha entre as rosas. Entretanto, a marca do jardim sobre mim não parece se apagar. Durante o dia, meus olhos são atraídos para a entrada da floresta, para a trilha marcada na terra e na neve que leva até a morada dos Soberanos Silenciosos e aquela voz sem som ecoa em minha mente, se entrelaçando em meus pensamentos como uma constante tentação. Eu me recordo do presente dado a mim pela personificação do Inverno e meu coração implora para que eu retorne. Eu deveria ouvir e ir, aceitar o convite tão presente na minha mente?

A chama da vela treme e eu afasto meu diário, temendo que as páginas acabem queimadas, mas a vela não cai, o fogo continua a dançar, se fragmentando no ar como pequenas estrelas que escaparam do céu. E eu sinto novamente, a voz na minha mente – mais forte, como se duplicada, dois corações batendo junto ao meu. Sinto uma pressão no meu peito, como se meu coração quisesse escapar através dos meus ossos e o eco na minha mente se torna um sussurro tão intenso quanto o silvo do vento. E, em meio ao furacão dentro de mim, consigo distinguir uma única palavra. Uma que coloca um fim a tudo e traz a calmaria de volta para meus pensamentos e meu coração.

Venha.

Mesmo escrevendo essas cinco letras no papel, ainda encontro dificuldade em acreditar. Os Soberanos estão chamando por mim? Por quê? Eles sabem que estive todos esses dias no jardim, apenas observando? Serei punido ou... Ou eles estão tão curiosos quanto eu? Sem pensar, procuro por meu presente de aniversário, a rara rosa que foi dada a mim em um gentil silêncio. Desde daquele momento, eu estou sendo convidado? Talvez... Talvez eles queiram alguém para contar o lado deles da história, o que aconteceu tanto tempo atrás. Alguém para ouvir o silêncio deles.

Eu quero ser a pessoa a ouvir os Soberanos Silenciosos, a conhecer a história por trás da história? Por mais que minha mente insista em racionalizar e se afastar, meu coração já conhece a resposta, já sabe que é afirmativa. Meu desejo por retornar ao Jardim Congelado se renova com esse convite, com essa simples palavra que sei que acompanhará meus sonhos.


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Notas finais do capítulo

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