Little Angel escrita por TC Nagahama


Capítulo 7
Capítulo 7 - Interlúdio


Notas iniciais do capítulo

Magnus e Alec conversam sobre o passado de Jace
*Ataques de fofura*



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Quando Magnus acordou deu de cara com Jace que o observava curioso.

Teve que se segurar para não rir do menino que apesar da expressão até séria, tinha os cabelos em pé ainda bagunçados pelo sono que lhe davam uma aparência adorável.

— Bom dia, filhote.

— Bom dia. - Respondeu com uma voz calma, ainda lhe observando.

— Está com fome? - perguntou e o menino concordou com a cabeça. — Então vamos preparar algo. 

— E ele?

— Deixe-o dormir um pouco mais. Só me deixe ir ao banheiro primeiro. 

Parou na porta quando viu que o menino lhe observava, e espremia as pernas, mas não fazia menção de segui-lo.

— Já foi ao banheiro?

O menino negou veemente.

— Monstros.

Riu.

— Venha. Eles não terão chances contra um feiticeiro e um shadowhunter.

Jace não precisou de mais incentivo, para acompanhá-lo. E para a surpresa de Magnus, lhe deu a mão.

Obviamente, teve que fazer todo um reconhecimento no ambiente, antes de provar que era seguro o seu uso.

Se tivessem falado há uma semana atrás que ficaria esperando do lado de fora da porta do banheiro que Jace usasse o sanitário, ele teria rido muito.

— O que é isso? - Jace apontou para um dos gatos, quando passavam pelo corredor.

— Um gato, oras.

— O que é um gato oras? É selvagem? - perguntou, fazendo o mais velho rir.

— Alguns diriam isso.

— Sumiu! - Falou espantado.

— Gostam de serem caçados. - Comentou com um sorriso que sumiu assim que viu a expressão séria do menino.

— Mas nem tem muita carne. - Explicou, fazendo o feiticeiro gargalhar.

— Tantos questionamentos antes do café… - Reclamou, levando o menino até a cozinha.

Normalmente, não teria perdido tempo em fazer nada e só conjuraria um café da manhã de dar inveja para impressionar seu namorado, mas havia um certo apelo em fazer tudo manualmente para o menino.

Jace estava sentado no balcão, por insistência do feiticeiro, e acompanhava ávido cada movimento e as explicações sobre tudo. 

— Cheiro bom.

— Que bom que gosta, filhote. Sinal de que deve estar bom.

— Tem gosto de quê?

Magnus estranhou.

— Como assim?

— É gostoso que nem espaguete?

— É bem diferente de espaguete. Aqui, prove um pouco.

O menino pegou um pedaço mínimo do ovo mexido que estava na colher e mastigou pensativo.

— E?

— É estranho, mas é bom. - Deu seu veredito e o feiticeiro não pôde evitar estufar o peito, orgulhoso. — Não tão bom quanto espaguete. - Comentou com um sorrisinho malvado, e riu quando Magnus fez um bico.

— Você é um menino malvado, Jonathan. - Brincou, mas se arrependeu quando o menino fez uma expressão triste.

— Não sou. Eu fui bonzinho!

— Fazendo bullying na criança logo cedo, Magnus? - Alec perguntou ao entrar na cozinha e se deparar com a cena. Tinha um sorriso no rosto ao observar os dois.

— É 90% da graça, Alexander. - Respondeu, indo dar um beijo no namorado que retribuiu e o abraçou.

— Bom dia, Jace. - Cumprimentou o menino, que corou na hora.

— Acho que alguém tem um crush em você. - Magnus cantarolou para o namorado que se aproximou do menino sorrindo.

— Você que fez tudo isso, Jace? - perguntou ao menino, que abaixou o rosto, envergonhado.

— Ele estava me ajudando. - O feiticeiro o salvou. 

— Vamos comer então. - Alec falou, pegando o menino nos braços e o levando para mesa. 

Quando chegaram à mesa, Jace não pareceu nem um pouco a fim de descer, e Alec acabou deixando-o em seu colo, após uma troca de olhares com o namorado.

Os dois se divertiram com o menino que não conhecia a maior parte das opções à mesa.

Porém, uma coisa que Magnus notou foi como o menino não pedia ou pegava qualquer comida que não lhe fosse ofertada, o que era uma atitude incomum para uma criança pequena.

E por isso, quando Jace dormiu nos braços de seu parabatai, foi a primeira coisa que questionou.

— Como ele não conhece ovos, Alexander?

— Como?

— Ovos, pães. Coisas simples. - Explicou. — É como se tivesse sido criado numa bolha.

Alec só suspirou desanimado, e acariciou os cabelos do menino que dormia em seus braços.

— Porque ele foi. - Respondeu com a voz baixa, para não perturbá-lo. — Ele nunca contou exatamente sobre o seu passado, mas ao longo dos anos fomos percebendo algumas coisas e colecionando as poucas informações que ele deixava escapar.

Pareceu pensativo por um instante.

— Ele foi criado com o pai.

— Isso eu sei.

— Não. Só com o pai, afastados de todos. - Explicou, para a surpresa do feiticeiro. — Na época, meu pai disse que ninguém questionou muito por tudo que aconteceu na Ascensão e pelo fato de Michael Wayland…

— O disfarce de Valentim?

— Sim. pelo fato dele ter sido um membro do ciclo. Virou um recluso. Nós só fomos conhecer o Jace quando ele veio morar com a gente depois que o pai foi “assassinado”. E ele era estranho.

Magnus pareceu entender exatamente do que ele falava.

— Mas éramos crianças e não entendíamos muita coisa. Só com o tempo que algumas coisas foram se encaixando. Ele era muito magro. Muito magro mesmo. Só músculo, e um perfeito shadowhunter.

— Uma criança soldado.

— É. - Abraçou instintivamente o menino, que ainda dormia com uma expressão relaxada e a boca entreaberta. — Ele não sabia interagir com as pessoas. Ele grudou na minha mãe assim que a viu, mas o meu pai? Isso demorou um tempo. Ele tinha...medo? Não sei se é o termo? Acho que seria mais terror. Na frente dele, Jace era sempre exemplar, impecável. 

— Ninguém é perfeito, ainda mais uma criança.

— Com certeza, e quando ele falhou, surtou. Levamos um bom tempo para explicar que ele não seria punido.

— Seu pai era tão estrito assim?

— Pai, mãe - Riu, sem humor. —, mas não eram monstros. Cobravam, mas nunca encostaram na gente. Mas Jace esperava algo assim. Castigos físicos. 

— Tadinho.

— E quando não vieram, ele se castigava. Parava de comer, mas ele sempre teve uma relação estranha com comida.

— Por isso não pede guloseimas?

— Acho que nem sempre era permitido comer. E comida era usada como um prêmio por bom comportamento.

— Espaguete?

— Sim. - Riu, concordando.

— Bom, esse filhote não parece ter medo de figuras paternas e nem medo de provas coisas novas.

Alex sorriu ao olhar para o menino rendido em seus braços.

— Talvez toda essa confusão seja uma excelente segunda chance para ele ter uma infância normal. - Magnus se aproximou sorrindo do namorado, acariciando seus cabelos.

— Não enquanto não acabarmos com o ciclo de uma vez por todas. - Alec disse, afastando o menino de si, com cuidado. — Eu preciso voltar para o instituto.

— Claro. Estaremos aqui. - Falou, ao pegar menino no colo.

— Obrigado, Magnus.

— Pode abrir os olhos já, filhote.

O menino, que até então fingia dormir, abriu os olhos e o observou.

— Como sabia?

— Seu fluxo de energia mudou. Relaxe, Alexander não percebeu nada. O quanto você ouviu?

— Tudo. - Respondeu com a voz baixa, mordendo os lábios. — Eu não sou pequeno.

— Por que diz isso?

O menino deu de ombros.

— Minha cabeça dói. - Reclamou, com uma expressão fechada.

O feiticeiro então levou os dedos até a cabeça do menino.

— Posso? - perguntou antes de tocá-lo, e o menino concedeu.

Ao encostar os dedos em sua têmpora, Magnus foi assaltado por uma avalanche de memórias desconexas de toda a vida do menino. Era informação demais.

Se afastou como se tivesse sido queimado, e viu que o menino tinha o nariz sangrando.

Com um pouco de magia, limpou o sangue e eliminou o seu desconforto.

— Você não é pequeno, mas está pequeno. E isso é o que importa agora. Não foque no que foi, filhote. Não acontecem boas coisas com quem vivem no passado. - Falou para o menino ao acariciar seu rosto. 

— Eu tenho que ir embora?

— Claro que não! Você é meu agora, e vai ficar bem aí, filhote. 

O menino aceitou de pronto e se sentou direito. Porém, ao invés de sentar-se no sofá, ele se aconchegou no colo do feiticeiro, apoiando seu tronco no peito do mais velho.

— Confortável? - Magnus perguntou com um sorriso.

— A-hã. - Respondeu, bocejando.


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