O Amor Aquecerá - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - O Amor Aquecerá




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Kristoff passou um bom tempo procurando por Anna na feirinha de Arendelle até que, por fim, a encontrou parada com um sorriso bobo olhando para um grupo de pessoas do outro lado da ruazinha de pedras. Sorrateiro, porém fazendo barulho o bastante para não a assustar, se aproximou.

— O que tá fazendo? — Questionou antes de beijá-la de leve na bochecha.

— Admirando a Elsa. — Anna nem ao menos se deu ao trabalho de desviar o olhar. — Você viu como o cabelo dela tá incrível hoje? Nossa, que mulher linda.

— Sabe, se ela não fosse sua irmã eu morreria de ciúme. — Kristoff brincou fazendo a garota rir.

— Não seja bobo. — A ruiva respondeu finalmente desviando o olhar para ele. — Se a Elsa não fosse minha irmã, você não teria motivos pra ter ciúmes.

— É mesmo? — Perguntou com um sorriu convencido.

— Sim. Porque nós dois nunca teríamos namorado. Eu ia me guardar só pra Elsa até o dia em que ela me quisesse. O que provavelmente não aconteceria e eu morreria solteira, mas com esperança no coração sempre. — Pelo tom de Anna, não dava para saber se era piada ou se era sério, porém um sorriso brincalhão lhe enfeitava os lábios. — Sorte a sua que a Elsa e eu temos o mesmo sangue e você pode ser o meu gatinho.

Kristoff riu meio sem graça, mas achou melhor mudar de assunto antes que a conversa acabasse ficando ainda mais estranha, então chamou Anna para tomar chá e comer bolinhos em uma barraquinha ali perto para se esquentarem e aproveitar para passar um tempo juntos, já que desde o começo do namoro a garota de cabelo ruivo não vinha tendo muito tempo para ele por estar reatando os laços com a irmã mais velha.

Elsa não os viu até que estivessem virados de costas indo embora. Algo em seu interior se agitou desconfortavelmente com aquela cena fofa. Por muitos anos Anna se empolgava fácil demais com as pessoas pela carência causada pelo isolamento. Mas com Kristoff era diferente.

Eles estavam tendo tempo para se conhecer de verdade, descobrir todos os defeitos, qualidades, gostos, particularidades e detalhes um do outro e aprender a gostar de tudo isso. E Kristoff estava fazendo bem para ela, preenchendo os espaços vazios daquele coração ingênuo com amor.

Elsa tinha a plena consciência de que não deveria se sentir tão incomodada com isso, mas o problema era que saber disso não mudava o fato de que ela se sentia, e sem nem saber o motivo. Os amores que ofereciam à Anna eram diferentes e quanto mais amor melhor, não é? Ele daria um belo romance e ela daria o amor fraternal. Porque é isso que as irmãs fazem. É assim que elas amam, certo?

Talvez Elsa soubesse muito bem a razão desse desconforto a cada vez que via o casal mais fofinho de Arendelle esbanjando sua felicidade, porém preferia manter tudo dentro de si mesma, trancado a quatorze chaves, como sempre fazia.

(...)

Na semana seguinte, a feirinha estava tão movimentada quanto sempre foi, porém um vento gélido fazia com que os habitantes de Arendelle se agarrassem mais aos seus casacos ao andar pela ruazinha de pedras e procurassem primeiro as barraquinhas onde podiam comprar bebidas quentes.

E foi perto de uma dessas que Anna ouviu a conversa de um casal sobre sua irmã.

— Quem nos garante que esse frio repentino não é culpa da rainha Elsa? — A mulher resmungou para seu esposo.

— Será? — O homem questionou com as grossas sobrancelhas franzidas.

— Eu sei, ela é cheia de boas intenções, mas ainda é muito novinha, praticamente uma menina. Se ela perdeu o controle uma vez, poderia muito bem perder de novo.

— Isso é ridículo! — Exclamou Anna indignada com tais afirmações. — Elsa tem total controle de seus poderes. Ela é uma mulher incrível e maravilhosa como nenhuma desse reino ou de qualquer outro. E se vocês duvidam, são idiotas!

— A irmã caçula descontroladamente vem dizer que a irmã é uma pessoa controlada. É, podemos mesmo relaxar.  — O homem debochou.

— Não estou descontrolada, estou argumentado. — Respondeu, cerrando os punhos com mais força conforme ficava mais irritada. — E mais respeito com a princesa do seu reino.

— Seu argumento é dizer que nós somos idiotas? Brilhante. Palmas para a princesa. — Agora era a mulher esbanjando ironia.

Anna abriu a boca e puxou o ar para responder de um jeito muito mal-criado, porém Kristoff apareceu dizendo (com a calma inocente de quem não sabia que um desentendimento estava acontecendo ali). — Aqui, uma fatia bem quentinha de bolo de chocolate pra você, de cenoura pra mim e chá quentinho pra nós dois.

Ela decidiu que não gastaria a saliva que poderia usar saboreando seu delicioso lanche discutindo com aqueles dois imbecis. Entretanto, assim que se afastaram o bastante para que Kristoff se sentisse à vontade para perguntar se estava tudo bem, a ruiva começou a contar a situação com o máximo de indignação que conseguia empregar na voz, questionando logo em seguida. — Dá pra acreditar nesses IDIOTAS?!

— Bem… — Kristoff começou a falar coçando atrás da cabeça, mas não teve coragem para emendar uma frase.

— O que? — Anna fechou as mãos outra vez, ainda mais brava com a possibilidade de seu namorado não estar do seu lado.

— Eu vendo gelo há muito tempo, entendo de frio e calor também. — Falava devagar, tentando escolher bem as palavras para não soar ofensivo. — E, não que eu esteja querendo insinuar alguma coisa, é só que esse inverno está mais frio que o normal.

— E daí? Nem todo inverno é exatamente tão gelado quanto o outro.

— Eu sei, eu sei, amor. Mas… Você tem certeza absoluta que a Elsa não tem nada a ver com isso?

— Pessoas e seu fantástico dom pra ficar reclamando de tudo e arrumar desculpas pra apontar os dedos pra alguém o tempo todo. — Anna desdenhou revirando as íris azuladas. — Ok! Se for pra esfregar na cara de todos que minha irmã não fez nada, eu falo com ela amanhã.

— Seria ótimo, obrigado. — Kristoff sorriu recebendo um olhar muito irritado como resposta. — O que? É só pra tirar qualquer dúvida.

— Cala a boca e me dá meu bolo!

(...)

Anna acordou mais cedo que qualquer um no castelo àquela manhã, saiu da cama e foi na pontinha dos pés até o quarto de Elsa, a porta ao lado da sua no corredor. Queria que essa fosse uma conversa calma e sem nenhuma interrupção.

O que seria fácil já que apenas confirmaria que estava certa, sua irmã não tinha nada a ver com o crescimento do frio e elas ririam juntas de toda essa bobagem, depois tomariam um gostoso café da manhã e teriam um ótimo dia.

— Elsa. Elsa. — Anna chamou observando como ela ficava linda apertando os olhos de leve, depois os abrindo devagar só para fechá-los de novo logo em seguida.

— Vai dormir, Anna. — Murmurou completamente sonolenta, como costumava fazer quando eram crianças.

Sorrindo com as lembranças, Anna respondeu de forma dramática. — Não dá. O céu já acordou. E eu também.

— Ai ai ai. Você não vai deixar mesmo eu voltar a dormir, né? — Constatou em tom de reprovação, porém com um sorriso de canto.

— Claro que não. — A ruiva replicou rindo e se acomodou ao lado da irmã mais velha. — Preciso conversar com você.

— Tá bom. — Elsa se sentou na cama, esfregou os olhos para espantar o sono e se espreguiçou. — Conversar sobre o que?

— Estive conversando com o Kristoff e ele comentou que esse inverno está mais frio que os outros. Muito mais. — Agora que estava dizendo em voz alta parecia o triplo do ridículo que soava quando era apenas pensamento. — E algumas pessoas tem discutido a possibilidade de que, sei lá... Talvez seja por sua causa. Mas é obvio que isso é besteira, não é? Seus poderes estão perfeitamente controlados.

Elsa baixou a cabeça e fez uma longa pausa. Odiava ter que mentir para a caçula, então seu subconsciente a impediu de parecer convincente ao sussurrar um quase inaudível. — Com certeza uma grande besteira.

— Você... Está mentindo pra mim. — Anna constatou, chateada. — Por quê? Sabe que eu te amo e faria de tudo pra te ajudar. Já provei isso tantas vezes e…

— Eu sei! — Elsa interrompeu se encolhendo um pouco, estava se sentindo vulnerável pelo simples olhar de sua irmã. — Eu sei, tá? É que... É só... É meio complicado.

— Então me explica.

— Os meus poderes, Anna… Eles são muito fortes. Bem mais fortes do que você pensa que sabe. — Murmurou olhando para baixo enquanto desenhava formas abstratas com o dedo no lençol, formando camadas finíssimas de gelo que derretiam logo em seguida. — Tem sido mais fácil controlá-los desde que aprendi como, mas algumas coisas atrapalham. Sentimentos, pra ser mais específica. Raiva, tristeza, solidão… Principalmente solidão.

— Nossa. — Anna sussurrou mais para si mesma do que para ela. — Eu... Eu achei que estivesse feliz.

— Eu estou! — Elsa decretou com muita sinceridade. — É só olhar pela janela, não há um floco de neve sequer apesar de estar bastante frio. O problema é que eu tenho pensado... Bem... Pensado em algumas coisas. E não quero isso na minha cabeça.

— Quer me contar o que são essas coisas? — Anna esticou a mão para tocar a da irmã, fazendo-a parar com os desenhos. — Talvez eu possa te ajudar.

— Não pode.

— Como você sabe se nem me deixa tentar?

— Sabendo. — Elsa puxou a mão e virou para o lado. — Olha, eu realmente não quero falar sobre isso. É melhor você sair.

— Não. Claro que eu não vou sair, pode ir tirando essa ideia da sua mente.

— Vai embora, Anna. Por favor

— Porque sempre quer me afastar? — Anna sentiu o lábio inferior tremer quando uma enorme vontade de chorar lhe acertou como um soco, era como se tivesse ganhado sua irmã de volta depois de tantos anos só para perdê-la aos poucos outra vez. — Eu queria estar ao seu lado antes, quero estar ao seu lado agora e vou querer estar ao seu lado amanhã também, Elsa. E em todos os amanhãs depois desse.  Mas você fica construindo de novo e de novo essa barreira ao redor do si mesma. Quando vai perceber que não precisa se proteger de mim?

— Não é isso, Anna. Na realidade, é o contrário. — Elsa também tentava segurar suas lágrimas com dificuldade. — Eu não falo justamente com medo de te perder. Medo que você desista de mim quando souber o quão errada eu sou de verdade.

— Por favor, por favor, eu te imploro. Entenda de uma vez por todas que eu te amo e nunca, jamais vou desistir de você porque não tem ninguém nesse mundo que eu ame mais ou que seja mais importante pra mim do que você.

Elsa estremeceu com a emoção que aquelas palavras lhe causaram. Por um instante o mundo até pareceu parar só para ela poder aproveitar a sensação um pouco mais. E foi aí que, sem ao menos ter tempo de pensar no que estava fazendo, ela avançou uma barreira que não teria mais volta.

De olhos fechados, apenas podia sentir a textura deliciosamente macia dos lábios de sua irmã mais nova em contato com os seus. Um calor acolhedor cresceu no coração de ambas as irmãs, espalhando-se muito rápido pelo quarto, ultrapassando as paredes, aquecendo todo o castelo e até mesmo toda a Arendelle.

Até que Elsa tomou consciência do que estava fazendo e se separou de Anna com os olhos arregalados enquanto tapava a boca com as duas mãos.


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