The Mischievous Prince - Spin-off escrita por Sunny Spring


Capítulo 3
Two




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Eu passei praticamente a minha vida inteira seguindo a minha irmã. Acredite, isso não era nada fácil, já que ela fazia questão (não voluntariamente) de se meter nas piores confusões que uma criança pudesse se envolver. Como na vez que, para matar aula, ela resolveu pular o muro de três metros da escola e (obviamente) quase se machucou. Eu sempre tinha que estar lá, para garantir que ela não caísse da primeira árvore que encontrasse e morresse (isso, sem dúvida, sobraria para mim). Com isso, eu tive que aprender técnicas de como seguir sem levantar suspeitas, já que a Evie sempre foi desconfiada demais. Eu deveria ter desconfiado, então, que tinha alguém na minha cola. No entanto, essa pessoa conseguiu ser mais discreta que eu.

 

Havia um senhor caolho sentado em minha cama. Ele usava um tapa olho em um dos olhos e as roupas pretas eram bem esquisitas. Esquisitas até mesmo para mim. O midgardiano ainda teve a audácia de colocar os pés com os sapatos sujos em cima dos meus lençóis limpos e brancos. Senti vontade de arrancar os pés daquele homem pela ousadia e cara de pau. Cruzei meus braços, esperando que o dito-cujo dissesse alguma coisa a mais, no entanto, ele parecia estar analisando a minha reação. Eu mal conseguia conter a minha indignação diante daquilo. 

 

— Quem é você? - Perguntei áspero. - O que você quer? E, se tem amor à vida, é melhor tirar seus pés de cima da minha cama. - Mantive minha voz baixa e quase tranquila. Um autocontrole que a maioria dos humanos não teria. O homem esboçou um sorriso quase debochado e moveu-se, tirando as pernas do leito. 

 

— Imaginei que fosse assim. - Comentou baixo. Franzi o cenho. 

 

— Você não tem ideia de quem eu sou! - Respondi no mesmo tom. Cruzei os braços, recostando-me na parede. 

 

— Nerfi Kenneth Lokison, dezenove anos, filho de Loki Laufeyson e sobrinho de Thor Odinson. Criado com magia asgardiana especialmente para ser o guardião da irmã, Evie Stwart Lokison. Viveu como gato por dezessete anos.  - Respondeu como um computador. - Estuda biomedicina aqui, em Cambridge. - Contive minha expressão de surpresa. Ele realmente sabia quem eu era, o que me deixava um tanto irritado, já que eu não sabia quem ele era. 

 

— Esqueceu de um detalhe. - Respondi em tom de provocação. - Sou príncipe de Jotunheim e Asgard. - Sorri. 

 

—Um príncipe sem coroa.  - Retrucou com desdém. 

 

—Sou príncipe pelo sangue. - Respondi orgulhoso. - E, caso não saiba, fui coroado oficialmente.

 

— Certo. - Deu de ombros. - Meu nome é Nick Fury. Sou da S.H.I.E.L.D. - Soltei um suspiro impaciente. 

 

—Vocês de novo? - Resmunguei. - O que você quer? - Questionei. Ele não se levantou e apenas ligou um holograma em seu relógio de pulso, exibindo a imagem de uma caixa de prata escurecida com o meio num tom azulado. 

 

— Em escavações no Oriente Médio, foi encontrado este… - Ele hesitou, apontando para uma espécie de cubo azul que girava no holograma. - Artefato! Já sabemos o bastante sobre ele. Trata-se do Cofre dos Antigos Invernos, um poderoso objeto que pertence ao seu povo. - Continuou. Me mantive indiferente diante de sua explicação. - Sabe do que se trata?

 

— Sim. - Dei de ombros. - Esta caixa ficava bem guardada com Odin. Se aberta, liberará um inverno terrível. Traria uma era glacial para qualquer planeta. - Ele assentiu. - Mas, como essa coisa veio parar aqui em Midgard? - Nick balançou a cabeça. 

 

— Não fazemos ideia. Talvez alguém do seu povo tenha roubado na destruição de Asgard e escondido aqui. - Respondeu monótono. - Mas, isso não importa agora. O que importa é que essa coisa foi parar em mãos erradas. Mãos de mercenários. E está passando de mão em mão.  Além disso, há alguém estranho muito interessado neste cofre. - A imagem do holograma mudou, exibindo a forma de um elfo negro de rosto apavorante. No instante em que o vi, soube imediatamente quem era.

 

— Malekith. - Conclui. - O líder dos elfos negros. Ele quer a caixa. 

 

— Exatamente. Há um grande registro de ataques e mortes na região onde o cofre foi encontrado. Temos certeza que ele está atrás da caixa. Talvez tenha sido ele mesmo que a escondeu. - Respondeu. - É por isso que precisamos recuperá-la e levá-la de volta para a sua terra. - Explicou. 

 

— E o que eu tenho a ver com isso? 

 

Fury sorriu com escárnio. 

 

— Essa caixa é poderosa demais para ser levada por agentes comuns. Precisamos que alguém mais forte a leve. - Bufei. - Eu chamaria a sua irmã, mas ela está de licença para cuidar da saúde mental, e aproveitando para estudar. - Lembrou-me. Evie passara por muitas coisas. Eu sabia que a minha irmã nunca mais seria a mesma, apesar dela fingir que estava tudo bem. Ela precisava descansar. - Por isso estou convocando você. 

 

— E os Vingadores? 

 

— Ocupados. 

 

— Meu pai?

 

— Você realmente acha que confio em Loki para entregar o Cofre dos Antigos Invernos? - Arqueou uma sobrancelha. 

 

— E por acaso confia em mim? - Questionei. - Sou filho dele. Posso ser tão traiçoeiro quanto. 

 

— Sei que fará a coisa certa, Nerfi. 

 

Soltei uma risada. 

 

— Não farei nada. Não aceito sua proposta. Não vou me envolver nisso, eu quero viver minha vida em paz. - Respondi seco. - Agora, pode ir embora. Eu tenho muita coisa para fazer. - O homem não se moveu. Eu estava começando a ficar irritado. 

 

— Podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil, Nerfi. - Disse sério. 

 

— É mesmo? Estou morrendo de medo. - Debochei. Ele sorriu. 

 

— Sabia que seria difícil com você. - Ele finalmente se levantou. - Digamos que a S.H.I.E.L.D possa acabar com a sua paz em um instante apenas. - Franzi o cenho. 

 

— Não vejo como. 

 

— Pois, eu digo. - Respondeu baixo, na tentativa de me intimidar. - O julgamento da sua irmã foi algo bem esquisito, não? - Não respondi. - Aquele álibi de que você poderia ter atacado a cidade e matado aquelas três pessoas ao invés da sua irmã pode ter convencido ao júri, mas não à mim. - Estreitei os olhos, o encarando. - Foi preciso revirar apenas um pouquinho os arquivos corrompidos no computador da S.H.I.E.L.D para encontrar um vídeo curto das câmeras de segurança da cidade. A imagem é muito rápida, mas é possível ver você em outra parte da rua no momento exato em que Evie matou aquelas três pessoas. - Contive um grunhido. Maldito. - Talvez aquilo não seja o suficiente para fazer você ou a Evie irem para a cadeia, mas, sem dúvida, vai acabar com a paz de vocês dois. Principalmente a da sua irmãzinha. Você não quer isso, não é? 

 

Eu queria dar um belo soco em seu rosto. No entanto, eu não iria dar a chance dele me ver perdendo o controle e a compostura. O humano não merecia meu esforço. Eu sabia como revidar e afetar o seu orgulho mais do que sua condição física. 

 

— Os humanos nunca conseguem as coisas se não for pela chantagem, não é? - Disse sarcástico. Ele deu de ombros. 

 

— Cada um usa a arma que tem. 

 

— Já que é tão esperto, por que você mesmo não vai atrás do cofre? - Provoquei. - Ou será que está tão velho que não consegue mais segurar uma arma? - Sorri. Em um movimento rápido, Nick apontou uma arma na direção da minha cabeça, irritado. Eu ri ainda mais. Eu havia acertado em cheio em seu ponto fraco. -  Calma aí, vovô. - Levantei meus braços em forma de rendição. - Eu só estava brincando. - Fury bufou antes de abaixar o revólver. 

 

— Você partirá em busca do cofre amanhã mesmo. - Respondeu decidido. - Não se preocupe, você terá ajuda. - Ele deu as costas, seguindo em direção à porta. Fury se virou para mim uma última vez. - Você tem uma semana, garoto! - Exigiu e bateu a porta. Revirei os olhos. 

 

[↔]

 

O relógio marcava sete da manhã. Uma névoa não muito densa estava cobrindo a cidade naquela manhã. Eu deixei o meu dormitório em direção aos fundos da universidade, para esperar por alguém que eu não sabia quem era. “Você terá ajuda. Espere nos fundos da universidade às sete e quinze da manhã.” , dissera Fury para mim. Eu odiava seguir ordens como um pau-mandado, mas eu não tinha escolha. Aquele homem certamente não hesitaria em complicar a minha vida se eu me negasse a ajudá-lo. E, tudo que eu menos precisava era reviver o caos de um novo julgamento e ver todo aquele processo de acusações caindo sobre mim e sobre a Evie de novo. Eu bem sabia que matar Nick Fury não iria resolver o meu problema, e, eu também não era o tipo de maníaco que matava como um hobby. Não que eu não quisesse, às vezes, eliminar algumas pessoas extremamente arrogantes. Mas, era necessário um controle para não me tornar o tipo de monstro que eu não queria ser. 

 

Quando cheguei no lugar, um tanto deserto por causa do horário, apenas fiquei em pé, esperando por algum sinal. Fechei meu casaco preto, entediado. Forcei minha visão contra a névoa branca na esperança de ver algum carro se aproximando, mas não vi nada. Alguns minutos se passaram e eu já estava começando a ficar impaciente com a demora. Um conversível preto, com janelas fechadas, se aproximou sem fazer muito alarde e eu tive certeza que era a minha ajuda. Esperei mais um instante, por precaução, até que a janela do motorista foi abaixada. Murmurei um palavrão baixinho quando vi quem era a minha ajuda. 

 

— Entra no carro, gatinho! Vamos prender uns otários por aí! - Disse Mary com a voz arrastada. Eu revirei os olhos por causa do apelido. Era claro. Tinha que ser Mary a ser a minha ajuda. Entrei no carro e bati a porta, tomando um lugar ao lado do motorista. - Feliz em me ver? - Perguntou irônica. 

 

— De todas as pessoas desse mundo, você era a última que eu queria ver, Mary. - Murmurei. Ela colocou uma mão no peito, fingindo estar ofendida. 

 

— Quanto mau-humor, gatinho! Isso é lá jeito de tratar uma dama?

 

Eu não costumava destratar as pessoas, muito menos garotas. No entanto, só haviam duas garotas no universo inteiro que eram capazes de me fazer perder a completa paciência - a primeira delas era, obviamente, a minha irmã. A segunda era Mary Grace Smith. Não me admirava elas serem tão amigas. Quando se juntavam, faziam da minha vida um inferno que nem a grande Hela seria capaz de me livrar. 

 

— Tudo bem. - Forcei um sorriso. - Mil desculpas, Mary. - Ela esboçou um sorriso e deu partida no carro. 

 

— Melhor assim, gatinho

 

— Será que você poderia fazer a gentileza de parar de me chamar de gatinho? - Pedi mantendo a calma que ainda restava em mim. Ela fez uma careta, sem tirar os olhos do trânsito. 

 

— Vou pensar no seu caso, gatinho

 

Revirei os olhos. 

 

— Mas, me conta, como vai a faculdade? Ouvi falar coisas. 

 

— Ouviu falar ou investigou?  - Arqueei uma sobrancelha. Mary conteve um sorriso.

 

— Você sabe. - Deu de ombros. - Eu não perderia meu tempo fazendo fofoca por aí. 

 

— Mentirosa. - Respondi baixinho. Ela me encarou, me fuzilando com os olhos.

 

— Bem, tanto faz. - Ela voltou sua atenção para o trânsito. -  Ouvi dizer que está entre os mais requisitados de Cambridge. Isso é verdade?

 

— Se sabe a resposta, por que está perguntando?

 

— Quero ouvir da própria fonte. 

 

— Por que está tão interessada? - Provoquei. Mary fez uma careta, irritada. 

 

— Só estava perguntando. - Deu de ombros. Ela não parecia estar mentindo, entretanto. Eu teria percebido. Mary era extremamente curiosa e era assim que arrancava informações da pessoas. Querendo elas ou não. Mas, eu não iria cair no jogo de Mary. 

 

— Para onde estamos indo? - Perguntei por fim. 

 

— Para o aeroporto de Londres. Digamos que vamos tirar umas férias no Oriente Médio, entende? 

 

— Entendi. - Assenti. 

 

— Chegando lá, vamos nos livrar deste carro antes de embarcarmos. 

 

Assenti.

 

— Anime-se! - Sibilou. - Nossas férias estão apenas começando. 

 

Sim. Nossa aventura estava apenas começando.


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