Querido professor escrita por mjrooxy


Capítulo 19
Prelúdio




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Meus dias estavam sendo péssimos, eu tinha faltado no trabalho mais uma vez e não coloquei meu pé para fora do apartamento. A notícia sobre minha foto quase vazou, mas, logicamente meu pai abafou o caso. A filha rebelde do magnata Hiashi Hyuuga, que decidiu cursar jornalismo, ao invés de assumir seu lugar de direito ao lado do pai. Não poderia ser pega enviando nudes para o namorado, aliás, que namorado? Eu nem tinha enviado a foto.

Argh!

Meu pai estava furioso comigo. Porém, isso não era o pior, eu me recusava a acreditar que Naruto havia feito algo assim. Tanto que não o denunciei, não poderia. Mesmo que eu quisesse. Não iria ferrar a vida dele fazendo esse tipo de denúncia. Mas, quem poderia ter vazado a foto? Se ela estava apenas no celular dele? Sasuke até prometeu descobrir, rastreando o IP de quem divulgou, ele era nerd e conseguiria fazer o trabalho. Contudo, e se, de fato fosse Naruto, eu iria querer confirmar? A pergunta que não queria calar era, eu realmente queria confirmar que tinha sido ele? Algo dentro de mim se quebraria em mil pedacinhos se realmente fosse.

A faculdade, inclusive, recebeu um processo dos grandes pelo tempo de resposta em retirar minha imagem do projetor. Meu pai poderia ser implacável quando queria. Agora, questionem-me se ele fazia isso prezando meu bem-estar? Claro que não! Hiashi só queria achar um culpado, para descontar sua raiva. Visto que eu, querendo ou não, carregava o sobrenome Hyuuga. E um Hyuuga jamais poderia ser exposto daquela forma, como eu fui. Inicialmente, cheguei até a cogitar meu pai, mas logo desisti da ideia, pois ele não faria algo assim. Não porque o próprio sobrenome estaria envolvido.

Resumindo: minha vida estava uma merda! Eu simplesmente não tinha forças para nada. Sakura e Shion, por sinal, não desgrudavam de mim, preocupadas com meu estado emocional. Ademais, eu estava de mãos atadas, até Sasuke descobrir quem havia feito aquilo. Bem, meu pai, obviamente, prometeu descobrir também. Contudo, eu não confiava nem um pouco nele. Algo dentro de mim gritava que, se tudo aquilo estava acontecendo comigo, era por culpa dele.

Respirei fundo, ainda deitada em minha cama, sem forças se quer para reagir. Eu não pisava mais na faculdade e tinha impressão que todos me olhavam. Julgando-me por ter enviado fotos sensuais para o namorado.

Hipócritas de merda!

Suspirei e, mais uma vez, tentei dormir. O que estava sendo quase impossível para mim. Sempre que dormia, me lembrava das ameaças de meu pai, ou da minha foto exposta na faculdade, para quem quisesse ver.

Olhei no relógio, eram 00:00hrs.

Abri e fechei os olhos, o sono não vinha. Levantei e fui até a cozinha, disposta a tomar um chá que me derrubasse. Podia tomar algum remédio, mas não deveria ficar dependente desses métodos para dormir.

Kakashi, por sua vez, já estava melhor. Ele tinha ingerido a contra gosto, uma droga pouco conhecida, que alterava o temperamento das pessoas. Mediante a algum gatilho emocional. Ou seja, ele realmente não queria me agarrar aquele dia. Ou queria, vai saber. Só não o faria sem a ajuda da droga. Pelo que parecia, o barman do bar no qual Kakashi foi. Trabalhava para meu pai, não foi difícil juntar dois mais dois. Ou o útil ao agradável. Kakashi recebera uma foto minha com Naruto e tinha saído para beber, talvez para espairecer a mente. Entretanto, meu pai entendeu o ato como uma oportunidade, visto que me vigiava o tempo todo e tinha olhos e ouvidos na minha faculdade, no meu estágio e sabe se lá onde mais. Sabendo, assim, do interesse dele por mim.

Eu não tinha vida.

Pelo menos eu sabia que nada sério tinha ocorrido com Kakashi, ele já estava em casa e quis me pedir desculpas pessoalmente. Aparecendo em meu apartamento todo constrangido. Obvio que o coitado não tinha noção de quem o drogou, mas eu sabia e nada podia fazer. Foi até à delegacia prestar queixa com os exames do hospital, no entanto, quem acreditaria?

Se eu quisesse ajudar, seria minha palavra contra a de meu pai e eu não tinha ninguém a meu favor. Aliás, eu era ninguém. Porquanto, apenas engoli o remorso e a culpa por ter sido a culpada por mais aquilo e o tranquilizei. Afirmando que estava tudo bem e que não guardava mágoas. Também pedi desculpas pelo chute, que devia ter doído horrores.

Na real, falava com ele no piloto automático. Já que, para início de conversa, não fazia questão de muita coisa na minha vida. Sakura, inclusive, queria dormir em meu apartamento hoje, o que eu neguei. Queria ficar sozinha, apesar de tudo. Elas estavam sendo muito bondosas comigo, só que ninguém poderia retirar minha dor, ou, se quer resolver meus problemas.

Eu estava perdida, com um pai tirano e um possível hacker me perseguindo. Até porque, também me recusava a acreditar ser meu pai o responsável, ou alguém a mando dele. Eu já havia terminado com Naruto, não fazia sentido a divulgação daquela foto e a minha exposição. Por isso mesmo, sentia que não tinha sido meu pai, não diretamente.

Toneri? Eu nunca mais o vi na vida, ele simplesmente sumiu depois do meu último fora, ainda na adolescência. Mas, talvez fosse! Eu teria de esperar Sasuke descobrir, ou meu pai, só que essa segunda opção estava fora de cogitação. Tinha prometido e iria cumprir, laços cortados com ele. Agora somente Hanabi me importava. Eu até poderia ser falsa e pedir para viajar com Hanabi, meu pai não negaria se eu me fizesse de doce e fingisse estar conformada com o meu destino. Pela minha irmã valia a pena, eu já não mais me importava com estágio, faculdade, TCC. Tudo isso parecia pequeno demais, mediante ao problema gigantesco que me afligia.

Eu estava tentando manter a cabeça no lugar, mas não era fácil.

Perdi minha mãe ainda nova, não podia ver minha irmã com frequência, sem precisar aceitar os termos impostos pelo meu pai. Que, diga-se de passagem, era o maior lunático da face da terra!

O que eu fiz para merecer isso? Só queria concluir minha faculdade e ficar com o cara de quem eu gostava, era pedir muito?

Havia me tornado a sensação da faculdade, estava sendo perseguida por um louco qualquer, longe do homem que descobri amar e tinha um pai que não valia um centavo furado. Além de não poder dar queixa na polícia pela foto vazada, pois poderia prejudicar Naruto e receber uma retribuição ainda pior de meu pai. Por não cumprir suas ordens. Pois, ele tinha prometido cuidar do assunto sem intervenção de terceiros. Aliás, meu pai nem sonhava que Sasuke estava na jogada, queria nem pensar no que faria, se descobrisse.

Podia ser até errado pensar tanto mal do homem que me colocou no mundo, só que eu não conseguia evitar. Não depois da chantagem que me fez, definitivamente, meu pai estava morto para mim. Morto em vida.

Como eu queria minha mãe!

Ela, provavelmente, me acolheria nos braços e diria que tudo iria passar. Enfrentaria meu pai e me permitiria ser feliz, pois só se vivia uma vez.

Viver...

Queria voltar a fazer isso.

Olhei o celular, pela enésima vez, louca por uma mensagem de Sasuke.

Nada!

Ele ainda não descobriu, afinal.

Até que meu celular tocou, era Shion. Apesar da minha curiosidade, por notícias sobre o possível hacker que vazou minha foto e minha incrível falta de ânimo para conversar com quem quer que fosse. Decidi atender:

— Alô.

— Hina, é Shion. - anunciou receosa. - Naruto está dando vexame em um bar perto da faculdade. Chamando seu nome, ele não quer ir embora enquanto você não aparecer aqui!

— O que? - revidei incrédula.

Shion havia me contado sobre a conversa com Naruto enquanto eu estava dormindo. Nem ela nem Sakura pensavam ter sido ele, eu, para falar a verdade, também não. Meu coração não se enganaria a tal ponto. Tinha quase certeza disso.

— Passei aqui por acaso e o vi, não estou conseguindo contê—lo, Hina. - crispei os lábios. - Sei que não pode vê-lo, mas a cena é de partir o coração!

— O que quer que eu faça, Shion? - retruquei. - Não piso nesse lugar nunca mais!

— Sabe que não tem do que se envergonhar, tirou fotos sensuais e algum babaca divulgou. E daí? Você é uma puta gostosa e não teve culpa de nada. - eu ri um pouco, ela era tão prática. - Se eu fosse você, apareceria na faculdade com um decote até o umbigo e ainda diria. ISSO AQUI É PRA QUEM PODE, NÃO PRA QUEM QUER!

— Sem chance, eu não quero e não vou sair. Chame outra pessoa. - Pedi, mesmo louca para ir lá e trazê-lo para casa. - Meu pai não pode me ver com ele, do contrário, será pior.

— Vem cuidar do seu homem, cacete! - esbravejou. - HINATAAAA!!! - ouvi um grito na sequência. - Volta pra mim... Era Naruto. - Tem certeza que devo chamar outra pessoa? - devolveu sarcástica. - Hina, preciso voltar para aula, se não vier, capaz de Naruto parar na delegacia!

— Santo Deus. - me empertiguei. - Estou indo, aguenta as pontas. - nem esperei confirmação, saí as pressas.

Tanto que até esqueci o celular no apartamento, quando vi já era tarde.

Não foi difícil achar o bar em que Naruto estava, era onde havia uma montoeira de pessoas, vendo o show particular que o loiro estava dando. Me aproximei, abrindo caminho por entre os espectadores e o encontrei. Shion tentava apaziguar a situação, sem muito sucesso, enquanto o dono do bar jazia quase chamando a polícia. Só não o fazia pelos muitos pedidos da loira, que, sem dúvidas, conseguiria o que quisesse por ostentar tanta beleza.

Droga.

Corri até ele e toquei seu rosto.

— Ei, calma grandão. - pedi sorrindo, vendo seus olhos azuis brilharem ao me verem, apesar de um pouco fora de órbita.

— Quem é você?

— Hinata. - respondi e fiz sinal para dois caras me ajudarem com Naruto. - Obrigada Shion.

— Não foi nada, aliás, foi um prazer cuidar do seu homem. - e piscou pra mim.

Sorri de volta e enfiei Naruto no carro.

— Obrigada, rapazes. - agradeci, um pouco corada pelo esforço.

— Foi nada princesa, agora, que tal nos mostrar o que tem aí por baixo dessa blusa?

— O que? - não conseguia acreditar.

— Sabemos que você é bem da gostosa...

Paft.

Meti o tapa na cara do maior e entrei ofegante no carro, sentia raiva e medo. Era só eu contra aqueles dois, pois Naruto encontrava-se apagado.

— Sua vadiazinha! - ouvi em resposta, mas já tinha arrancado com o carro, deixando os embustes para trás.

— Ao menos me ajudaram com você, né dorminhoco bebum. - brinquei, vendo pelo retrovisor um loiro todo descabelado e com as bochechas vermelhas.

Como ele era lindo.

Logo chegamos em sua casa e eu olhava para todo canto no percurso, tentando achar algum espião de meu pai. Temia piorar as coisas e sofrer as consequências. Todavia, não deixaria Naruto naquele estado, sendo que a culpada por aquilo tudo era eu, somente eu.

— Naruto, colabora. - pedi pela enésima vez, já cansada pelo esforço de lidar com um homem de praticamente dois metros de altura.

— Chama a minha Hinata, por favor. - pediu choroso. - Eu quero pedir desculpas por tudo, mesmo sem ter feito nada. Eu amo a minha Hinata! O que eu faço com esse sentimento já que ela não me ama? - suas palavras saíram meio incoerentes, devido ao álcool, mas eu conseguia entender perfeitamente.

Tanto que me coração doía de presenciar tal cena. Era como Shion disse, de partir o coração.

— Eu te amo sim, meu amor. - afirmei confortando-o.

— Só que eu não te amo. - retrucou de pronto. - Você não é ela, não é o meu anjo.

— Claro que sou, eu estou cuidando de você, bebezão. - fiz menção de despi-lo, no entanto, o galego me barrou.

— Você não pode me ver pelado!

— Já te vi todinho pelado, Naruto. - achei graça, ele achava que era outra pessoa? - Agora colabora que você está bebinho!

— Ela saiu da minha vida... - começou a cantar, de um jeito todo engrolado, enquanto eu tirava suas calças.

Eu não conseguia deixar de sentir pena, era sério isso?

— Eu não sai da sua vida porque quis, foi por uma causa maior e também tem aquela maldita foto!

— Eu não divulguei foto nenhuma! - revidou e suspirou derrotado. - Jamais faria isso com a minha Hinata, muito menos a exporia para todo mundo, eu a queria só pra mim. Entende? Pra mim!

— Você não divulgou aquela foto mesmo? - questionei, sentindo meu coração acelerar.

Uma coisa que ouvia desde muito nova, era que bêbado e criança sempre falavam a verdade. Aquela era a maior prova de que Naruto era inocente. Não que eu duvidasse muito disso.

— Claro que não, já te falei, agora tire suas mãos de mim. - ordenou mais uma vez, incisivo, nem parecia tão alto pela bebida. - Hinata vai ficar com ciúmes e pensará que eu a trai.

Foi aí que Naruto escorregou na parede gelada, nem sentindo a temperatura. E, ainda agachado, começou a chorar feito um menino.

— Não chora, amor. - me agachei também, ficando da altura dele. - Por favor, sou eu, Hinata. 

— Eu a perdi, foi tão difícil ganhá-la...

— Perdeu não, eu estou aqui. - toquei seu rosto gentilmente, ele devolveu acariciando minha mão, depois beijando a palma.

— Eu não deveria deixá-la me tocar, mas você parece tanto com ela. Minha Hinata.

— Eu sou ela, amor. - insisti.

— Sério?

— Arrã. - confirmei.

Ele sorriu.

— Está aqui por que me ama?

— Amo.

— Meu anjo. — balbuciou, sorrindo e com os olhos gordos de lágrimas.

Depois disso, Naruto me permitiu cuidar de si, da mesma forma que fiz quando tudo começou. Entretanto, eu sabia, a partir daí, que não conseguiria cumprir a promessa silenciosa que fiz a meu pai.

Caixa postal às 00:30hrs.

Hina, Toneri foi o responsável pela foto vazada, o celular do Naruto foi realmente rackeado. E, para nossa surpresa, seu pai não está envolvido na divulgação. Pelo contrário, Toneri fez isso por despeito e por si só, apenas por te ver com outro homem e constatar que jamais estaria no lugar de Naruto. Pois você nunca corresponderia os sentimentos dele. Toma cuidado com esse cara, ele é um sociopata.

Aquela frase abaixo da sua foto, aliás, Toneri se referia a ele mesmo, não a Naruto. No entanto, pelo que encontrei também, ainda assim seu pai é um puta de um escroto, perdão da palavra.

Se cuida e não saia de casa, estou indo para aí com a Sakura. Preciso te falar pessoalmente o que descobri e quais são os planos de ToneriAcionarei a polícia também, pois esse cara é um maníaco que deve ser detido. Sinto avisar, que, muito provavelmente, seu pai será outro indiciado por diversas irregularidades; por drogar Kakashi, enfim... Acho que por isso seu pai não queria envolver ninguém nesse assunto. Deveria saber quem era o culpado e sabia que se Toneri fosse investigado, a polícia chegaria a todas as suas irregularidades. Pode ficar tranquila, seu pai não iria prejudicar Naruto por causa das fotos. Afinal, está com o rabo tão preso, que nem poderia nesse caso. Estamos a caminho, fica bem.

Sei que não gosta muito de mim, mas te considero uma amiga. Talvez até uma irmã. Beijos.


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