Querido professor escrita por mjrooxy


Capítulo 17
Tempestade




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Eu iria descobrir se meu pai estava por trás de tudo aquilo, há se iria. Ele não podia me manipular daquela forma. Jamais me casaria com Toneri e muito menos permitiria que ele ditasse o rumo da minha vida! Sobretudo agora que eu estava me dando tão bem. Eu era uma adulta e agiria como tal. Como sabia do que se tratava aquela retaliação, iria até o fundo e só voltaria de lá com a certeza de que ficaria em paz com o meu loiro.

Segui decidida até o imponente prédio das indústrias Hyuuga, lugar que eu não pisava meu pé, desde a morte da minha mãe.

Suspirei e cumprimentei todos na recepção, dos seguranças às atendentes. Eles me encararam estupefatos por me verem ali, mas, nada disseram. Era estranho ser a herdeira de um império, eu preferia ser uma foca mesmo.

— Quero falar com meu pai. - anunciei à secretária particular.

— Um segundo, senhorita Hyuuga. - pediu nervosamente. - Vou anunciá-la.

— Não precisa, eu sei o caminho. - saí batendo o pé e ela veio atrás.

— Mas... - hesitou por alguns segundos. - Não pode entrar sem ser anunciada. - afirmou sem muita convicção.

— Eu sou a filha dele, posso fazer o que quiser! - dito isso, entrei no escritório gigante e imponente, encontrando o rei daquele reino. Sentado em seu trono, como se esperasse por mim.

Meu pai sorriu, um sorriso sarcástico e debochado. Logo cruzando as mãos na altura do queixo.

— Hinata, a que devo a honra?

— Não farei rodeios. - objetei, parando em frente ao homem que eu já não mais reconhecia. - Sei que está metido na minha vida, no que diz respeito a com quem eu me relaciono.

— Ora ora, do que está falando, minha filha? - fingiu inocência, me olhando nos olhos, como quem ria da minha pequinês.

— Não finja estar alheio a isso, bem sei que deve está amagalmado com Toneri, na tentativa de me separar de Naruto!

— Naruto, Naruto. - coçou o queixo, como se buscasse na memória de onde conhecia tal nome. - Se refere ao professorzinho com quem anda se pegando nas últimas semanas?

— Esse mesmo e não ando apenas me pegando com ele. - me aproximei, mantendo a altivez. Eu não iria deitar para aquela situação, não mesmo. - Naruto já pode ser considerado meu namorado e eu jamais ficarei com Toneri, então de nada adiantou mandar fotos para o diretor da faculdade. Ele não desistiu de mim por causa disso. - conclui vitoriosa.

— Mas vai desistir.

— O que? - revidei.

— Você jamais ficará com esse homem, ou não me chamo Hiashi Hyuuga. - eu senti meu interior queimar ante aquela ameaça. - Permiti que cursasse jornalismo, que pensasse ser independente, estagiando naquela revista. Que, até tem prestígio, mas é pouco para o que almejo pra você. Eu deixei que levasse sua vidinha até aqui. No entanto, você não ficou satisfeita, não é, Hinata? Você sempre quer mais!

— Do que está falando? - questionei, sentindo-me subitamente fraca.

— Você achando que estava cuidando de si mesma sozinha. Entretanto, esse teu salário gordo de estagiária, eu que proporciono, ou pensa mesmo que ganharia tanto?

— Eu recebo o piso! - exclamei, exasperada.

Não estava gostando do rumo daquela conversa.

— Menina boba, se consegue pagar suas contas, digamos, com uma certa facilidade é graças a mim. - ele se levantou e caminhou em minha direção, como se degustasse as últimas palavras proferidas. - Como minha filha, esperava que fosse mais inteligente. Me conta, Hinata. Ninguém te olha torto na redação, melhor, os demais estagiários? Visto que não recebem nem metade do que você por mês? É bastante injusto, não acha?

— Por que fez isso? - eu queria gritar, contudo, minha voz mal saia.

— Porque não poderia ver minha filha querida passando necessidade, por ser teimosa. - explicou, como se tivesse feito uma boa ação. - Aliás, você está de parabéns, Hinata. Achei que precisaria mandar meus homens intervirem quando Kakashi te abordou, mas você se livrou sozinha.

— Do que está falando! - esbravejei, incrédula.

— Deixe-me explicar, eu pedi para drogarem-no e instigá-lo a ir atrás de você, na esperança de Naruto aparecer e interpretar erroneamente a situação. Caso as fotos não surtissem efeito, mas, parece que nenhuma dessas manobras deram certo. - suspirou caminhando pelo escritório, como quem desfilava por um tapete vermelho.

— Você esteve todo o tempo manipulando minha vida? - cuspi as palavras.

— Pensou que eu não estava a par dessa vidinha medíocre que andava levando?

— Você não tem o direito de fazer isso, Kakashi é um homem bom. - minha cabeça girava e girava. - Quase fez com que ele cometesse algo horrível comigo!

— Jamais permitiria que qualquer um te fizesse algum mal, Kakashi era apenas mais uma marionete. - parou em frente a mim. - Ou, podemos dizer, um peão no meu jogo de Shogi, assim como Toneri. Que, de tão obcecado por você, nem contesta minhas ordens.

— Eu jamais ficarei com Toneri e jamais te perdoarei por isso... - confessei, sentindo-me uma inútil.

Eu pensava que era dona da minha vida, que tinha conseguido escapar das linhas que meu pai usava para me manipular. Eu, eu... O que estava acontecendo?

— Hinata, tudo o que faço é para o seu bem. Eu não posso permitir que desperdice seu potencial dessa forma, com um zé ninguém como esse tal de Naruto.

— Naruto é tudo o que eu quero e você não irá me separar dele.

— Veremos. - meu pai sorriu novamente, como uma cobra prestes a dar o bote. - Eu tentei afastá-los por bem, ademais, se não funcionará. Não tem problema, você escolhe, Hinata. Quer que eu acabe com a carreira de seu queridinho, ao ponto de nunca mais conseguir encontrar emprego em nenhuma faculdade, escola, redação; ou o que quer que tente para se sustentar no país. Também lhe dou a opção de escolher qual dos meus homens o visitará ainda hoje... E, para ser sincero, não sei o estado que seu Naruto ficará após a visita. Por último e não menos importante, temos sua irmãzinha, Hanabi. Que, inclusive, está morrendo de saudades. Todavia, se escolher Naruto, estará abrindo mão dela, juntamente com sua herança. Você será deserdada e, com isso, não poderá ver Hanabi nunca mais em sua vida. Pois eu a mandarei para tão longe, que nem o melhor dos detetives poderá encontrá-la. Decida, minha filha. O tempo está se esgotando...

— Você não faria isso... - sussurrei, fraca demais para dizer qualquer coisa além.

— Hinata, Hinata. - repetiu meu nome se divertindo as custas do meu desespero, depois fez menção de tocar meu rosto. Eu prontamente me esquivei. - Você poderia ter tudo comigo, mas preferiu levar essa vida de limitações. Eu até tentei deixá-la reconhecer por si só que isso não te levaria a lugar nenhum. Então eu estaria de braços abertos para recebê-la, assim como aquele pai fez com o filho pródigo. Entretanto, você é muito teimosa para dar o braço a torcer, não é?

— Por que se tornou tão amargo após a morte da mamãe? - despejei, tentando apelar para a única que conseguia despertar algum sentimento bom nele. - Por que faz isso, sabendo que ela deve estar chorando de onde quer que esteja, graças às suas atitudes!

Senti minhas palavras baterem em sua casca de indiferença e ricochetearem.

— Não conseguirá nada usando sua mãe como placebo. - afirmou, resoluto. - Tal paleativo não mudará minha decisão, você é minha primogênita, eu tenho grandes planos para nós dois!

— Você está louco! - bradei e derrubei tudo o que estava em cima de sua mesa, do notebook caríssimo aos telefones. - Você não tornará minha vida um inferno!

— Acalme-se, Hinata. Ou sairá daqui amarrada em uma camisa de força. - sua voz soou baixa e grave, uma ameaça contundente e eu bem sabia que ele cumpriria sua palavra.

— Você é um monstro... - reafirmei e me joguei no chão feito uma criança de oito anos.

— Quando se acalmar, entenderá porque fiz isso. - meu pai tentou afagar meus cabelos.

— Não encoste em mim. - empurrei sua mão. - Você não é meu pai, a partir de hoje eu sou órfã.

— Desde que se lembre das consequências, acaso não cumpra suas parte no acordo. Por mim, tudo bem.

Levantei-me, enxugando as muitas lágrimas que escorriam por meu rosto e sai porta a fora. Aliás, eu corri para longe daquele homem, que, já não era mais meu pai.

Naquele dia eu chorei, chorei de raiva e frustração. Chorei por reconhecer que amava Naruto, mas que não poderia ficar com ele. Tudo para que meu pai tirano não o prejudicasse ainda mais. Ou, pior, para ele não tirar Hanabi de mim. Eu estava pouco me lixando para dinheiro, herança, ou o diabo que fosse. Só não queria ficar ainda mais longe da minha irmãzinha e, também, saber que tinha sido a culpada por acabar com a carreira e a vida de Naruto. Que já havia sofrido muito nessa terra!

Eu chorei para expurgar de mim toda aquela dor. Afinal de contas, tinha subido ao céu na noite anterior e agora eu estava no inferno. Mais precisamente abraçada com o capeta. Que, no caso, era meu pai.

Eu sabia que ele não estava blefando, diferente de Shion. Meu pai cumpriria sua promessa, dito e feito, parando para analisar. Eu consegui enxergar o que até o momento estava invisível para mim. Estava sendo seguida o tempo todo! Eu era uma idiota ao quadrado. Como não notei antes? Entrei no carro, completamente sem rumo de início. Lágrimas quentes escorriam por meu rosto, que já devia estar todo inchado e vermelho. Eu estava horrível, constatei olhando pelo retrovisor do carro.

Quando sai do prédio, ninguém ousou me dirigir se quer uma palavra. Todos sabiam que meu pai era implacável e, os mais próximos, tinham ciência da nossa incompatibilidade. Que ele tentava a todo custo esconder da mídia, pois seria um escândalo se indispor com a própria família.

Mas, aquilo não importava agora. Minha vida era uma fraude, uma merda de uma fraude. Tudo o que vivi até o presente momento, não passava de ilusão. Eu era apenas uma peça no jogo de Shogi insano do meu pai.

Segui meu caminho, já que tinha destino certo por hora. A casa de Naruto. Eu sabia que iria quebrar o coração dele, mas precisava ser feito. Olhei o retrovisor novamente, vendo dois carros imponentes na minha dianteira. Então era isso, eu tinha companhia. Óbvio que meu pai certificaria-se que eu faria o que ele desejava. Não tinha escolha. Nunca tive.

Enxuguei mais ou menos as lágrimas e bati na porta. Vendo um Naruto sorrindo muito ao me ver. Ele parecia brilhar e, naquele instante, senti meu coração ser quebrado em mil pedacinhos. Podia até mesmo ouvir o barulhinho de creck advindo das rachaduras.

— Meu anjo, voltou cedo. - sua expressão mudou ao ver meu estado. - O que houve? - exasperou-se.

 

— Naruto, eu... - as palavras não saiam. - Sinto muito, não podemos mais nos ver, por favor me esqueça.


— Do que está falando? - retrucou, seu rosto antes iluminado, agora jazia assustado.

Seus olhos emanavam um desespero massacrante.

— Acabou, não me procure nunca mais. - fechei meus olhos, não conseguia fazer aquilo.

A dor que eu sentia rasgava meu peito.

— Hinata, pelo amor de Deus... - suplicou, tentando me tocar.

Recuei.

— Me perdoe. - sussurrei, as lágrimas caindo feito torrentes.

— Seja o que quer que tenha acontecido, podemos resolver juntos... - ele começava a chorar copiosamente também, feito um garotinho sendo abandonado.

— Não faça isso, por favor, não insista. - virei as costas para não presenciar aquela cena.

— Por que, Hinata? Só me responda isso, por favor. Acho que tenho o direito de saber. - pediu enxugando às lágrimas com o dorso da mão.

Que eu vi de esguelha, por ainda estar virada para rua.

— Percebi que não era bem o que eu queria.

— Quer dizer, eu?

— Sim... - confirmei muito baixo.

— Eu sabia que você iria machucar meu coração, Hinata. Mas, ao menos eu a tive. Ao menos, as lembranças de nós dois juntos e felizes serão suficientes para me confortar. - afirmou e eu quase gritei.

Ao ouvir tais palavras, senti como se uma mão de ferro gigante comprimisse ao máximo meu coração. Eu estava sufocando.

— Adeus, Naruto. - segui em frente, sentindo seus dedos resvalarem sobre a pele do meu pulso e deixar um rastro quente por ali.

Naruto nunca mais me tocaria, aquilo definitivamente era um adeus.

Entrei no carro e continuei a chorar, um choro sofrido, da alma. Chorava por tudo o que eu queria viver com ele e não poderia. Chorava por saber que Naruto estava sofrendo por minha causa e eu nada podia fazer. Chorava por me sentir impotente e pequena demais perante àquela avalanche massiva, derradeira e implacável que passava por cima de mim. Indo e voltando.

Meu coração jazia em frangalhos, assim como eu. Devastada, essa era a palavra para definir meu estado.

Exagero? Experimentem ficar uma noite se quer, com um homem carinhoso, compreensivo, doce, fofo... Como Naruto e depois me digam, se, de fato, seria fácil dizer adeus.

— Estávamos apenas começando uma história... - resmunguei para mim mesma e tornei a chorar.

Bati no volante do carro, como se isso pudesse aplacar minha dor, ou a raiva crescente dentro de mim.

— Maldita hora, maldita hora que eu o beijei naquele hospital... - praguejava aos quatro ventos!

Se eu não tivesse me rendido naquele dia, não estaria sofrendo como estou agora. Muito menos Naruto.

"Eu sabia que você iria machucar meu coração, Hinata. Mas, ao menos eu a tive. Ao menos, as lembranças de nós dois juntos e felizes serão suficientes para me confortar." tais palavras repetiam-se em minha mente, como uma droga de vinil riscado.

Eu jamais as esqueceria.

"Eu não queria te machucar, amor.", pensei e arranquei com o carro.

— Está feito. - disse a mim mesma.

Na vã tentativa de achar algum consolo em minha escolha. Tentava pensar em Hanabi, minha pequena pentelha, eu estava com tanta saudades. Porém, meu pai fazia da nossa relação uma troca de favores, ele barganhava comigo, em troca das poucas visitas que eu tinha o direito de fazer. Eu era um nada, uma irmã medíocre, uma pseudojornalista de merda e, agora, também destruidora de corações.

Meu celular apitou e olhei de relance, era mensagem da Sakura.

"Hina, não sabe da última. Kakashi foi drogado e está no hospital, ele quer muito falar com você e pedir desculpas pelo que aconteceu..."

Ótimo, mais uma vítima da tirania do meu pai. Apenas ignorei, não tinha cabeça para nada agora. Esperava que Kakashi estivesse bem. Pois eu só conseguia pensar que não mais sentiria aquela sensação de aconchego e calmaria, por estar nos braços de Naruto. Eu não mais sentiria suas mãos grandes e quentes apertando meu corpo, eu não ouviria sua voz rouca sussurrando meu nome em meio a muitos beijos. Eu não mais o teria.

Naquela noite, ainda sofrendo por tudo o que acontecera mais cedo. Decidi ir para a faculdade, achando que tudo de mal já havia me acontecido. Estava enganada. Se eu soubesse, teria ficado em casa chorando, era o que eu gostaria de fazer.

Eu, verdadeiramente, queria me enfiar num buraco e nunca mais sair. No entanto, precisava ser forte e tentar seguir em frente, por Hanabi, que já tinha perdido a mãe, sendo tão novinha. Além de ter um pai ausente, que pensava comprar afeto e amor com dinheiro.

Aproximei-me, sentindo diversos pares de olhos em cima de mim, tanto de homens quanto de mulheres. O que era no mínimo peculiar, até entendia alguns olhares quando eu vinha muito arrumada. Ademais, esse dia não era hoje. Meu rosto estava inchado e mal havia me arrumado. Porém, quando por fim cheguei perto o suficiente, quase caí de costas mortinha da Silva. O retroprojetor gigante do pátio, expunha uma imagem igualmente enorme minha, na real, era a foto na qual havia tirado no celular de Naruto. Onde eu deixava praticamente meus seios a mostra.

Abaixo uma mensagem.

Essa é a minha vingança; Hinata Hyuuga. Aprecie.

Naruto havia divulgado aquela foto? Eu mal conseguia me manter em pé, até sentir mãos grandes me ampararem, era Sasuke.

— Vem, vou tirá-la daqui. - ele me abraçou de lado, seguindo comigo.

Logo Sakura apareceu com Shion, ambas muito pálidas.

Até que a tela do projetor ficou preta e ouvia-se cochichos de toda a faculdade.

— Minha vida está acabada, minha vida está acabada. - eu repetia desconexamente, como se estivesse em choque.

Aliás, corrigindo, eu estava em choque.

Vi com minha visão periférica e turva, quando um garoto tentou aproximar-se de mim, com uma expressão escrota no rosto.

— Vaza, se não eu quebro tua cara! - Sasuke revidou e o moloque saiu pela tangente.

— Calma, Hina. - ouvia Shion dizer, enquanto acariciava meus cabelos. - Tudo ficará bem.

Todavia, no fundo, eu sabia que nada ficaria bem. Não mais.

 

 


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