The Sun escrita por Rose blu


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Essa one-shot foi escrita para o amigo secreto com músicas dos beatles, espero que todos gostem :)



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“Vá atrás de um sonho, James.”

O Potter relembrava a frase dita por sua terapeuta na consulta da tarde anterior enquanto andava pela times square com uma música alta nos fones, ele já estava realizando um sonho, não julgava precisar ir atrás de um agora. Entrou no prédio e pegou o elevador sozinho, o que ele julgou estranho então apenas tocou com sua guitarra imaginária ao ritmo da música, o som dos beatles preenchiam a cabine do elevador por completo, bom, ao menos para ele.

Quando a porta do elevador abriu novamente, ele deu de cara com os olhos verdes mais brilhantes que ele já viu, e o melhor, eles estavam no rosto da pessoa mais bela que ele já viu na vida. Os cabelos ruivos que emolduravam seu rosto, a franja que cobria as sobrancelhas, a pele um tanto pálida e as sardas, a tornavam completamente encantadora.

Lily Evans não esperava mesmo no seu primeiro dia ali, encontrar um cara com uma guitarra imaginária no elevador, mas o que ela devia esperar encontrar na broadway, né? Os fones e os olhos fechados mostravam que ele parecia muito envolto nisso, então o Potter percebeu que ela estava ali a um tempo, e parou de tocar sua guitarra, as bochechas do rapaz adquiriram um tom rosado. Lily entrou e percebeu que o botão do seu andar já estava pressionando, tornando aquilo, um longo passeio de quatro minutos.

Lily e James não trocaram uma palavra sequer, mas saíram do elevador no mesmo momento e seguiram em completo silêncio pelos corredores, o único momento diferente disso foi quando passando por uma porta, o homem cumprimentou quatro meninas de cerca de 10 anos que estavam lendo seus próprios roteiros, então a encarando por um instante.

— Hm, primeiro trabalho na broadway? — O Potter criou coragem para perguntar e viu a mulher olhos brilhantes o encarar.

— Sim. E você? — Ela tinha uma voz suave e um sotaque inglês aparente.

— Segundo, eu fiz frozen, mas só por um tempinho. — James ajeitou a mochila nos ombros. — Vem da Inglaterra?

— Assim como você. — Então ela sorriu o deixando embasbacado, jurava que o sotaque vinha diminuindo com o tempo deste lado do continente.

Então a Evans tomou a dianteira e empurrou as portas do estúdio 6A, mais conhecido como o lar do novo musical da broadway, “The sun”. Ela entrou e James a perdeu pela sala, mas em compensação achou Frank Longbottom, então a ruiva misteriosa do elevador, e tudo mais desapareceu naqueles pequenos momentos antes de que embarcassem em mais uma aventura na broadway.

Porque era sempre assim tanto nos palcos quanto nas preparações, sempre uma aventura, uma loucura, algo que deixava um gostinho de quero mais sempre. Era duro, se chegava cedo e algumas vezes se saía apenas de noite, então algumas vezes se passava mais tempo nos estúdios que em casa, não que algum deles naquela sala não soubesse.

The Sun era a mais nova aposta da broadway, claro, que tendo Minerva McGonagall como diretora, era esperado algo de excelência, mas não esperavam que fossem direto para os principais teatros. Simplesmente todas as músicas eram vindas dos beatles, então a diretora criou histórias, vidas baseadas naquelas letras. Meses depois já estavam fazendo as audições, e duas pessoas ali no estúdio nunca esperavam ter sido tão facilmente escolhidos. Lily Evans e James Potter, a estreante e o carinha que ficava meio lá no fundo em frozen. Mas de repente, eles eram Lucy e Thomas, e mesmo não se conhecendo direito, ainda haviam de ter muita história pela frente.

— Gostaria que todos pudessem prestar atenção em mim agora. — Minerva entrou na sala e ela, sorria? Bom, parecia bem feliz na opinião de todos. — Gostaria de primeiro parabenizar todos aqui, que foram escolhidos como elenco para o musical, ele vem sido trabalhado por um longo tempo e é bom saber que finalmente teremos a história de Lucy, Thomas, John, Marie e tantos outros.

Uma onda de aplausos foi inevitável, afinal, não sabiam o que mais fazer além de prestigiar aquela mulher além de há anos dedicar sua vida a broadway, agora os colocava para dentro.

— Os ensaios serão muitos de hoje até o dia da estreia, espero que abracem e se dediquem a este projeto tanto quanto eu. Os roteiros completos serão entregues agora mesmo, obrigada. — Por fim, ela apenas terminou de falar e os deixou aguardando.

A Evans sentia que tremia como um pinscher, ela sabia que aquele era o seu lugar, sentia em cada osso de seu corpo que havia nascido para aquilo, então quando ela recebeu seu roteiro escrito “Lily Evans - Lucy”, a mulher quis sinceramente chorar. James Potter não sabia o que fazer, não importava a quantidade de vezes que tivesse se apresentado, nunca havia sido com o solo, nunca havia sido um dos protagonistas, Thomas, era parte dele agora e o sorriso não saía de seu rosto. O Potter sentiu a mão de Frank em seu ombro, e ambos se encararam por um instante, então James desviou o olhar no momento exato em que a ruiva do elevador olhou em sua direção. E foi como ele soubesse que precisava falar com ela.

Atravessar a sala por algum motivo parecia a coisa sensata a se fazer, então, quando ele finalmente chegou até a inglesa de cabelos vermelhos, James a viu erguer o olhar e deu seu melhor sorriso.

— Olá. — Lily disse encarando os olhos castanho esverdeados do cara da guitarra imaginária.

— Oi, bom, nós conversamos no corredor e eu não me apresentei. — O Potter passou a mão pelos cabelos em sinal de nervosismo. — Meu nome é James Potter, prazer.

— Lily Evans. — A ruiva estendeu a mão para o rapaz. — Mas também pode me chamar de Lucy aqui dentro.

— Que coincidência, Thomas. — Então ele aceitou a mão dela. — Então, é a sua estréia, correto?

— Correto.

— E se sente preparada, quer dizer, é um papel grande também, todos nós estamos nervosos.

Então a ruiva sorriu para ele, um sorriso misterioso e que tentava passar muitas coisas ao mesmo tempo, mas ela apenas o encarou bem no fundo dos olhos e pronunciou: — Eu sempre estive pronta, James.

 

***

As tardes eram agitadas no estúdio 6A, Lily achava que já havia escutado tantas vezes James cantar Paperback writer, que acha que poderia ela mesma cantar o solo que pertencia a ele, em pouco tempo, talvez depois de uma piada estilo tio do pavê ou quando ele tropeçou nos sapatos dela, ele se tornou alguém legal de se conversar.

— Certo, quero todos aqui, vamos treinar novamente twist and shout. — A voz de Dirk Cresswell, também conhecido como carrasco no teatro ou simplesmente, coreógrafo do musical, ecoou pelo estúdio.

Lily se aproximou novamente de Tonks e Alice, então quando se encararam elas sabiam exatamente o que deviam fazer, era estranho para ruiva ter se tornado tão amiga das duas em tão pouco tempo, mas quando se passa tanto tempo ensaiando coreografias com alguém, algumas vezes se percebe que elas são bem legais.

A música começou a tocar e agora eram todos cantando e tocando, Lily não ligava mais para seus pés que pareciam espremidos no salto, ou a saia que era do número errado ou para o fato de que já haviam ensaiado essa mesma parte várias vezes no dia.

Frank era a voz principal, então todos cantavam apenas no fundo, a ruiva foi até perto de James que a girou enquanto trocavam um sorriso, então andando pelo estúdio junto a Alice rodearam Frank, e tudo era uma grande e elaborada dança, alegre e bem planejada.

 

Dirk logo os liberou, indo embora antes mesmo que alguém pudesse falar algo, então todos começaram a arrumar suas coisas.

— Ruiva. — Pandora Ollivander gritou, chamando a atenção de Lily. — Vai todo mundo sair jantar, quer ir junto?

— Claro, o que vamos comer?

— Pizza! — Tonks exclamou contente.

— Mas a gente pode? Tipo, a Minerva falou sobre a dieta e…. — Lily começou a questionar e foi interrompida por James que colocou as mãos em seus ombros.

— É só não contar para ninguém. — Os lábios de James falaram muito perto de seu ouvido, causando arrepios nela.

Então a ruiva assentiu com a cabeça sorrindo e todos seguiram para o elevador do prédio.

— Jay, vai convidar o Sirius? — Alguém perguntou, mas a ruiva estava de costas e não conseguiu identificar quem.

— Vou.

— Sirius é o irmão adotivo de James. — Alice sussurrou no ouvido de Lily. — Eles moram juntos aqui em Nova York e ele é bem legal, é como um dos nossos.

— Ele não faz musicais? — Lily questionou.

— Não, tem um estúdio de tatuagens na parte de baixo do lugar onde eles moram. Também é o meu primo. — Dessa vez quem respondeu foi Tonks.

— Ele vai encontrar a gente na pizzaria do Hagrid. — James anunciou desligando a ligação bem no momento em que as portas do elevador se abriram.



Foi preciso juntar três mesas, mas finalmente o enorme grupo, que na verdade não chegava nem em um terço da produção do musical, conseguiu se acomodar na pequena pizzaria que pertencia a Rubeus Hagrid. Sirius Black já estava lá e ele ficou muito feliz em conhecer todos os novatos do grupo.

— Então meu caro Prongs, mais uma vez você irá se apaixonar por uma pessoa ruiva? — Sirius sussurrou para o irmão enquanto Molly Prewett contava alguma piada.

— Padfoot, você pode parar com essa assunto?

— Qual? O de que você parece ter algo com pessoas ruivas? — Sirius se serviu de mais um pedaço de pizza e viu que o irmão ainda o encarava. — Molly, Arthur, Polly Edcombre do sexto ano, aquele garotinho no oitavo… Sério James, se você gostou de 10 pessoas, 6 ao menos eram ruivas.

— Mas isso é totalmente coincidência. Um grande acaso do destino que a maior parte das pessoas incríveis que gostei, tenham essa cor de cabelo. — O Potter rebateu tomando um gole de sua bebida e desviou o olhar.

— Ok, então você não achou que a novata ruiva é uma pessoa muito interessante? Qual o nome dela mesmo?

— Lily. — James apenas suspirou e Sirius gravou o olhar nela. — Sim, ela é incrível, mas eu não gosto dela.

— Ok. — Sirius se limitou a dizer. — Lily.

— Sim? — A ruiva encarou aquele que ela havia descoberto ser o Sirius, sorria e tinha um olhar sonhador na opinião do Black.

— A plantinha foi no hospital, mas não foi atendida. Por quê? — A ruiva o encarou por um momento e o sorriso apenas aumentou.

— Porque lá só tinha só tinha médico de plantão.

Então o Black riu, alto e compulsivamente, levando Lily ao mesmo estado. Mais ninguém na mesa havia entendido a graça da piada, mas não importava.

— Gostei de você, então, é da Inglaterra? Saiu faz pouco tempo? — O Black questionou.

— Londres e sim, eu fui cheguei aqui um mês antes de fazer teste pro musical.

— Espera, você passou no seu primeiro teste? — James interrompeu chocado, e todos se viraram para verem a mulher hesitante, afirmar com a cabeça.

— Eu estou chocado, ok que você é incrível… — Frank começou.

— Mas foi sua primeira tentativa na broadway, parabéns meu amor. — Alice exclamou abraçando a amiga.

— Parabéns Lily, é um feito em tanto. — O Potter falou e dessa vez, por algum motivo que ela mesmo desconhecia, Lily corou.

— Eu, que apenas faço tatuagens e não canto e danço com figurinos bonitos… —- Sirius começou.

— Você sabe que não é exatamente assim… — James tentou interromper, mas ele mesmo foi interrompido pelo irmão.

— Achou mesmo que eu ia perder uma chance de provocar Prongs? Continuando, eu não sou deste mundo aí, mas sei que isso é uma grande coisa, então parabéns.

— Obrigada, sério. Na verdade eu nem esperava passar porque, bom, eu era uma garota de 18 anos com grandes sonhos que saiu de casa e foi atrás do que queria. — Lily disse se encolhendo.

— Você tem 18? Certo, são muitas revelações para uma noite, você é um bebêzinho. — Molly exclamou desta vez.

— A garota já tá praticamente fazendo cosplay de tomate, acho melhor a gente parar. — O Potter interviu.

— Sempre o salvador de donzelas em apuros. — Sirius brincou fazendo com que a mesa risse novamente.

— Mas acho que a Lily não é uma donzela em apuros. — James completou baixinho, fazendo com que apenas Sirius e Lily ouvissem.

 

***

 

“And in my hour of darkness

She is standing right in front of me

Speaking words of wisdom

Let it be”

 

A voz de Lily Evans chegou aos ouvidos de James e isso o tomou por inteiro, a mulher era a última do elenco ainda lá dentro, já que Mary McDonald, a preparadora vocal, achou que seria bom ensaio extra.

Então o Potter parou na porta e se permitiu ficar ali, ela cantando let it be acompanhada apenas de um piano era perfeito, um dos momentos favoritos de James, mas agora, prestando atenção em sua voz, ela parecia… Vazia. Como se faltasse algo na canção.

 

“Let it be, let it be

Let it be, let it be

Whisper words of wisdom

Let it be

 

And when all the broken hearted people

Living in the world agree

There will be an answer

Let it be”

 

— Pare Lily, por favor. — A mulher pediu, fazendo com que todos na sala parecessem congelar por um instante. — Falta algo em você quando canta, falta emoção.

— Como assim? — A ruiva observava Mary como se ela tivesse todas respostas para a vida.

— Você sabe a letra, o ritmo e tom. Quando canta é esteticamente perfeito, mas é…

— Frio. — James conseguiu completar ainda da porta do estúdio.

— Vamos para casa, amanhã continuamos. — Mary sorriu para Lily maternalmente e juntamente com o pianista, começaram a ir embora, encontrando o Potter na porta. — Olá James, tudo bem?

— Olá Mary, Mike. Apenas esqueci algo aí dentro. — O Potter mentiu sorrindo.

Então ele entrou no estúdio, vendo a ruiva no chão. Ela estava sentada finalmente tirando os sapatos de salto com quais ficava o dia inteiro, para que pudesse se acostumar a dançar e se movimentar com eles, já que se apresentaria com eles no musical. A ruiva massageou o próprio pé e fechou os olhos, parecia derrotada, cansada e sem ver saídas.

— Sabe, eu concordo com a Mary. — Lily encarou James logo após ele se pronunciar, e o viu se sentar no chão também.

— O que?

— Você é talentosa, Lily. Mas só está cantando, não está sentindo.

— Sentindo o que? — Ela parecia incapaz de entender o que eles estavam pedindo.

— A música, não entende? Ela é uma extensão de você, do que sente, é o que deve passar para os outros. — James tinha um olhar sonhador, como se desejasse que estivesse conseguindo fazer isso.

— Eu não faço ideia de como fazer isso aí.

— Você fez o teste e passou, deve ter sentindo, o que cantou?

— Here comes the sun. Mas essa eu conheço, eu gosto, não conhecia as outras.

— Espera um pouco. — James quase gritou, parecia indignado. — Não conhecia beatles?

— Não.

— Mas você é inglesa mesmo? — Como poderia isso ser minimamente possível, ele não entendia.

— Pare com esse estereótipo, olha, eu não sou fã, apenas.

— Eu vou ter que te ensinar? Ok, modo cara de Liverpool ativado. — James disse, ele encarava Lily sério, mas a ruiva começou a rir.

— Você é de Liverpool? Agora tudo faz sentido.

— Você realmente está rindo disso? — Mas o Potter não conseguiu não rir junto dela.

— Porque tá fazendo isso? Não pode ser unicamente por você vir de Liverpool como os beatles.

— Porque você tem talento, e paixão. Ama dançar e cantar e cada vez que canta Here comes the sun eu vejo isso, só falta essa coisa no resto das canções. — James se aproximou um pouco mais da ruiva.

— E o que vai fazer? Me ensinar a paixão pelas músicas? — Lily se inclinou um pouco mais na direção do homem.

— Talvez. — Agora a respiração de ambos estava entrelaçada, o nariz de James encostou na bochecha dela e sua mão encostou em seu joelho, já que as pernas dela estavam esticadas agora, Lily fechou os olhos no mesmo momento que seu telefone tocou.

A ruiva se afastou um pouco do moreno e em seguida se levantou, encarou o telefone após o tirá-lo do bolso e o sorriso foi inevitável ao ver o nome de Remus no visor.

“Olá ruiva, como vai a minha estrelinha na broadway?”

— Olá Remus. — Ela falou sorrindo, mas não se esquecendo da presença de James e o encarando. — Vou bem, e como está em Londres? Eu sinto sua falta.

“Também sinto a sua…”

A conversa continuou por mais um tempo, mas ali ainda sentado no chão, confuso, triste e com raiva de si mesmo, estava James Potter, o cara que quase beijou Lily Evans e em seguida descobriu que ela tinha namorado. Ali estava ela, conversando e sorrindo por telefone com um cara falando que sentia sua falta, então ele apenas se levantou e saiu do estúdio, fazendo que quando a ruiva se virasse, ele já não estava mais lá.

 

***

 

— Você pode se abrir comigo James, estou aqui para te ajudar. — A voz da psicóloga chegou aos ouvidos do James.

Ainda eram 7 da manhã e ele já estava ali a quase 20 minutos e pareciam a eternidade toda, queria apenas repetir em voz alta novamente que ele não precisava estar ali e que era totalmente culpa de Sirius, que não saía de seu pé.

— Eu não tenho o que me abrir, você fica me falando para viver, ir atrás de um sonho, mas eu já estou vivendo meu sonho. — O Potter repetiu a mesma fala pela terceira vez no dia, fazendo a mulher apenas tirar seus óculos e suspirar cansada.

— Certeza que está indo atrás desse sonho por você?

— Como assim? Eu sonhava em estar na broadway desde criança, quando participei da primeira peça da escola e…

— E seus pais e irmão estavam ali o tempo inteiro. Se não me engano, você me disse na sua primeira consulta que sua mãe comprou uma passagem para Nova York para que você viesse tentar seu sonho uma semana antes de morrer. — Ouvir aquilo da boca da mulher foi como levar um soco no estômago, não, James já havia levado um soco no estômago na vida, e isso, doeu bem mais. — Eu não quero ser rude, mas seria possível que você esteja fazendo tudo isso pelos dois e não por você?

— Sim, eu faço. Porque eu sonhei com estar na broadway desde sempre, e meus pais acreditaram em mim, eu não estou onde estou apenas graças a eles, meus pais são meu combustível para continuar vivendo meu sonho e por favor, pare de tentar me convencer de que esse não é meu sonho e sim deles.

O Potter então encostou a cabeça novamente no divã onde estava, bem no clichê de alguém em um psicólogo. A mulher já parecia cansada, mas o que ela não sabia é que havia muito mais teimosia por baixo de James do que ela jamais viu, então ela devia logo tentar passar para a próxima questão idiota dele ou liberá-lo, acreditava James.

— Certo James, vamos tentar voltar a esse assunto na próxima consulta e…

— Por favor não. — Ele interrompeu a mulher que apenas o ignorou.

— Está liberado, tenha um bom dia.

— Você também senhora Bones. Tenha um dia adorável. — Então James apenas pegou sua mochila e seguiu para fora do pequeno consultório da mulher.

Ele pegou no celular antes mesmo do elevador abrir, discando o número que ele havia conseguido duas noites antes na pizzaria, mas ainda não havia tido a oportunidade de discar.

“Alô?” A voz rouca e metálica de Lily chegou aos ouvidos de James.

— Bom dia, a que distância você mora do central park?

“James? Olha, eu literalmente acabei de acordar eu não faço ideia.”

— Sim sou eu, acabei de sair de um compromisso e queria saber se aceita me encontrar no central park. — Ele fez uma pausa para entrar no elevador e apertar o botão do térreo. — Podemos tomar café ali perto e já começar o seu intensivão dos beatles.

“Espera você me acordou de manhã no nosso primeiro fim de semana completo de volta para me convidar para o intensivão dos beatles? Espera, você tava falando sério sobre ele?” A ruiva se sentou na cama e coçou a cabeça, tentando ajustar melhor a visão a claridade que saía da janela aberta.

— Sim e sim, desculpa, inconveniente demais?

“Não, tudo bem. Me dá meia hora e me diz onde te encontrar.”

— Café Delacour, fica perto do central park. — Então James saiu do elevador e em seguida do prédio respirando o ar, não tão puro, de Nova York.

“Certo, até James.” Então ela desligou.

A ruiva se levantou da cama indo direto para sala e encontrando Marlene,a com quem dividia o apartamento, com uma xícara enorme de café e lendo os quadrinhos do jornal.

— Eu acho que acabei de ser convidada para uma espécie de encontro, mas não tenho certeza. — Lily anunciou sua presença coçando os olhos e sentando no sofá junto com Marlene.

— Uau, e ainda nem tomou café da manhã. Realmente uma arrasa corações. Fala mais.

— Segundo Mary e James…

— James é o cara que te convidou pro encontro? — A loira questionou e Lily apenas fez que sim com a cabeça.

— Eu canto as músicas de modo frio, eu acerto tudo e estou preparada, mas não consigo passar a emoção necessária. Então o James se ofereceu pra me ajudar, mas não tinha certeza se era sério até ele acabar de me ligar convidando para tomar café da manhã com ele. — A Evans apenas despejou tudo na amiga, como se isso a fizesse finalmente pensar.

— E tá esperando o que?

— O que?

— Se levanta e vai agora mesmo se arrumar, Lily Evans tem um encontro. — Marlene se levantou puxando Lily para o quarto dela.

— Eu não tenho certeza se é um…

— Cala a boca e vamos.



A primeira coisa que Lily foi capaz de ver ao atravessar a porta do café, foi ver a figura nervosa do homem de óculos passando a mão no cabelo, ele olhava pela janela e a Evans não conseguiu impedir um sorriso antes de caminhar até ele.

— É melhor a comida, a companhia e os beatles serem incríveis, porque é a minha folga finalmente e eu pretendia dormir até meio dia. — Então se sentou na cadeira de frente para James e o viu sorrir.

— Bom dia para você também, comida e música boa eu garanto, companhia será uma decisão sua. — Ele respondeu enquanto ela dava uma olhada no cardápio.

— Por onde planeja começar, especialista?

— Com um café preto e isso aqui. — James puxou da mochila o próprio roteiro do musical e fez sinal para um dos garçons, enquanto Lily encarava o amontoado de papéis. — Eu vou querer um café preto e um croissant, não, dois croissants. E você, ruiva?

— Vocês tem Yorkshire tea? — Lily disse desviando o olhar do roteiro e quando o garçom fez que sim com a cabeça, ela quase agradeceu aos céus por isso. — Vou querer junto com um croissant.

— Me manda parar com os estereótipos, mas a inglesa gosta de chá? — James indagou rindo.

— Esse em específico é muito bom.

— Ok, eu dei uma olhada melhor na sua parte no musical.

— Você poderia apenas ter me perguntado, eu sei minha parte. — A ruiva se defendeu, ele não deveria esperar que ela soubesse o que devia fazer?

— Sim, mas não é o mesmo de olhar por mim mesmo e ver exatamente por onde começar com você. — As íris de James brilharam por um instante enquanto encarava as dela, então foi como se um arrepio pres passasse por toda a Evans, o Potter com certeza sentiu o mesmo. — Bom, a Lucy tem uma grande participação na peça, junto com o Thomas, John e Marie, que são os quatro protagonistas.

— Então teremos muito trabalho.

— Sim. Você para cantar tem parte em “the night before”, “and I love her”, “yesterday” com todos os pronomes trocados, “Eleanor Rigby”, “revolution”, “let it be” e “when I’m sixty-four”, além das que você faz parte junto com todos com “a hard day’s night”, “twist and shout”, “taxman” e “all you need is love”, basicamente? Você está cantando na maior parte do musical. — James terminou o que pareceu um pequeno monólogo de tão grande que ficou.

— Então, vai me ajudar com todas elas ou só as que eu canto como uma das vozes principais? — Lily questionou sorrindo para o garçom quando seus pedidos chegaram.

— Que diferença seria te ajudar com 7 e não 11 músicas? — A cara que Lily demonstrou, fez James suspirar. — Ok, tem diferença, mas sim, vou ajudar em todas. Agora coma seu café e me conte mais de você.

— Não é estranho dizer que vamos tomar café da manhã se não tomamos café? — A ruiva questionou, e prosseguiu. — Bom, você sabe que eu tenho 18 e sou de Londres.

— Assim como eu tenho 23 e sou de Liverpool.

— Ha, eu não sabia sua idade. — Lily falou apontando para ele como se o pegasse em uma mentira.

— Agora sabe.

— Bom, eu morava em Londres com meus pais, tenho uma irmã mais nova que saiu de casa para morar com o noivo. Eu terminei o ensino médio no passado e me inscrevi para fazer letras em Cambridge, mas eu acabei desistindo para vir para Nova York com a minha melhor amiga e tentar ganhar a vida com o teatro. — A ruiva falou tudo e então parou para tomar fôlego e dar uma mordida em um croissant.

— Uau, você realmente não tem problemas em falar sobre você. — O Potter sorriu.

Lily apenas deu de ombros ainda comendo. — Não é nada grande, eu também poderia comentar sobre a casinha branca com um jardim cheio de flores que eu cresci, e como eu sinto saudades dos biscoitos de chocolate da minha mãe e de algumas pessoas como Dorcas e Remus, acho que principalmente do Remus.

— Basicamente, sente falta da Inglaterra.

— Sim. — Por um momento os olhos de Lily ficaram distantes na opinião de James, como se ela lembrasse das boas coisas. — E você?

— Se eu sinto falta? Bom, sim, acho que sempre sentimos. — As bochechas do Potter ficaram coradas, como se ele realmente não quisesse dividir isso agora. — É um bom lugar para se crescer, acho que poderia voltar um dia.

— Fala alguma coisa de você, o que gosta?

— Balas de menta, música, beatles, cachorros, a cor azul, orgulho e preconceito, barcos e do Pads. — Ele disse simples, como se isso fosse tudo da vida dele.

— Essas são suas coisas favoritas?

— Basicamente? Acho que sim. — A ruiva riu balançando a cabeça como se James fosse uma charada que ele não entendeu, mesmo que ele tivesse ali lhe dando a resposta da mesma. — E porque você e o Sirius vieram para Nova York, também veio por um sonho?

— Sim, e também, nossos pais morreram. — Então James desviou o olhar e ambos ficaram em silêncio, até ele decidir que era a hora de continuar. — Sirius é adotado, então ambos perdemos nossa família, arrumamos as malas e atravessamos o oceano, talvez tentar algo novo.

— Sinto muito, Jay.

— Tudo bem, não é culpa sua para dizer isso. Mas também, aconteceu faz um bom tempo… Na verdade, passei a gostar de beatles por causa deles, eles amavam. — O Potter pigarreou e a encarou. — Sua vez, me fala do que você gosta.

Sorrindo condescendente, a Evans entendia que ele só não queria falar disso, então pensou por um instante antes de responder: — Caramelo, bolo de chocolate, cantar e dançar, gatos, cachorros, na verdade de porquinhos-da-índia também, amarelo, livros e também gosto de orgulho e preconceito.

James e Lily continuaram a comer por um tempo em silêncio, até decidirem que era melhor continuar a conversa e passaram para os momentos favoritos de suas vidas.



Os dois caminhavam tranquilamente pelo parque, apenas observando as árvores, vendo crianças brincarem de pique-esconde e adultos com cestas e toalhas de piqueniques, o verdadeiro “sonho americano”, então tudo parecia no lugar quando se sentaram em um dos bancos do parque.

— Então, beatles. O que eu deveria saber sobre eles? — A ruiva puxou assunto, atrás de preencher o silêncio.

— Fico feliz que tenha perguntado. — O Potter sorriu para ela, então Lily soube que havia dado o pontapé inicial para uma longa conversa. — A primeira coisa que você precisa saber que não eram só quatro caras, não eram só uma banda e não são só músicas. Os beatles são um fenômeno cultural, recordistas da billboard com 20 músicas no topo e venderam mais de 600 milhões de discos ao redor do mundo.

— Uau. — A ruiva soltou e o sorriso de James aumentou, ele se levantou e ficou de frente para ela, parecia pronto para dar uma palestra.

— Você pode não gostar dos beatles, mas você já ouviu falar delas, afinal, mudaram o mundo de certa forma. E tudo começou com uma banda de skiffle chamada the quarrymen, liderada por John Lennon. Em uma das apresentações, um jovem estava na plateia e por terem amigos em comum, foram apresentados e ele tocou violão para ele, essa cara, era Paul McCartney.

— Espera, então ele entrou na banda do John?

— Sim e foi graças a essa entrada, que surgiu pela primeira vez a parceria Lennon-McCartney, que se tornou muito importante. A maior parte das músicas dos beatles foram compostas por eles, mesmo que nem sempre ambos escrevessem a música, era um acordo, tudo que fizessem, era assinado por Lennon-McCartney. — Lily o olhou estranho, então parou.

— Isso soa errado, um sempre não iria se aproveitar mais disso.

— Sim, se a maior parte das canções não tivesse mesmo sido escrita em supla. — O Potter estava amando isso, ensinar sobre algo que realmente sabia e gostava. — Também foi o Paul que apresentou ao John um outro cara, um pouco mais novo, mas muito talentoso.

— Ringo?

— Não.

— E quando ele entra? O Ringo é o meu beatle favorito. — A mulher cruzou os braços como uma criança emburrada.

— Você tem um beatle favorito?

— Já viu o nome artístico dele? Ringo Starr, é perfeito, claro que é o meu favorito.

— Eu devia ter imaginado. — James levou o polegar e o indicador ao espaço entre os olhos, apertando ali antes de voltar a olhar para a mulher. — Vai demorar um pouco pra ele entrar, porque esse cara, era o George Harrison, o John não acreditava que ia dar, já que ele era mais novo, mas quando ele tocou “Raunchy”, algum que nenhum dos outros conseguia, se tornou impossível negar que precisavam dele. Depois disso aconteceu tanta coisa, membros saíram, eles alugaram um estúdio pra gravar demos, arranjaram um baterista, conheceram um cara e foram tocar em bares da Alemanha em shows que duravam a noite inteira e até foram presos.

A risada de Lily interrompeu a história, a mulher estava realmente gostando de ouvir aquilo.

— Não parece ter sido fácil. — James balançou a cabeça sorrindo para frase dela.

— Não foi, os beatles que finalmente haviam escolhido esse nome, que era uma mistura de beetles de besouro e beat de batida, voltaram para Inglaterra e fizeram sucesso, até conhecerem um cara chamado Brian que os transformou, foi ele que fez pararem de usar couro e começaram com os típicos ternos e iniciou a reverência que faziam ao público no final.

— Então o Brian foi como o divisor de águas? Os tornou profissionais?

— Exato, e foi esse cara que conseguiu contrato com o selo parlophone e assim, os beatles finalmente iam ter um disco. E é agora que o Ringo aparece.

— Finalmente. — A ruiva jogou as mãos para o alto como se agradecesse.

— Brian, eles mesmo e George Martin, não o autor, o cara que viria ser o produtor deles, concordaram que Pete, o homem que era o baterista deles, não era tão bom quanto o resto, então teriam que trocar. A solução, já havia tocado com eles na Alemanha e com uma ligação, Brian convidou Richard Starkey para entrar no lugar de Pete, assim, nosso querido Ringo Starr era finalmente um beatle.

— Eu achei isso tudo sensacional, só tem um problema James. O que isso tem haver comigo cantando?

— Você tem que saber quem é o artista se vai dar vida ao que ele escreve. — O Potter segurou as mãos de Lily e a levantou. — Quando você canta taxman, você sabia que foi escrita pelo George? Sabe como eles se juntaram e de onde veio isso? Você tem que sentir no fundo do seu peito Lily, me deixa te contar as histórias, mostrar as canções.

— Deixo. — Ela sussurrou se sentindo inundada pelo momento e pelo perfume de James, o homem apenas sorriu para ela e a puxou para voltarem a caminhar.

— Certo, “The Sun” se passa em 1945, no último ano da primeira guerra mundial em uma cidadezinha chamada Godric’s Hollow, os nossos personagens são Lucy e Thomas, agora continue.

— Lucy é uma jovem que acabou de se formar na escola como professora e sonha alto, muito alto. — Lily continuou ainda cautelosa, não tinha certeza se era o que devia responder. — Ela quer mudar o mundo, mas não faz ideia de como.

— Ok, e o Thomas é apenas um rapaz que sonha em escrever, não quer mudar o mundo todo, apenas quer que consiga tocar e ajudar cada um que esteja disposto a ler suas palavras. — James pontuou, ainda caminhavam e a ruiva tinha a impressão, que não iriam parar tão cedo, novamente, James estendeu o roteiro do musical para ela, ele havia acabado de retirá-lo de sua bolsa. — Agora, vou precisar da sua ajuda, a cada música de um de nós é um ponto da história, poderia pontuar todos usando isso?

Lily abriu o roteiro logo na primeira página, ela o sabia de cor, então não foi muito difícil fazer o que James havia lhe pedido.

— O musical começa com “a hard day’s night”, é a música cantada por todos, é quando os operários estão voltando para casa depois de um dia de serviço.

— Sim, e também foi escrita por John Lennon, o título é inspirado em uma das vezes que eles fizeram um trabalho que levou o dia e a noite toda, então quando saíram achavam que ainda era dia, Ringo disse algo tipo “foi um dia duro… a noite”. — James a interrompeu.

— Como sabe disso?

— Eu pesquisei por anos e o que eu não sabia, a wikipédia me disse depois de recebermos o roteiro. — Ele lhe lançou um sorriso zombeteiro, que dizia algo tipo “alguns de nós estudam essas coisas, Lily”. — Mas ela na peça mostra que eles estão cansados, se mostram destruídos, mas quando voltam pra casa, está tudo bem, estão com sua família e não importa mais o cansaço e essa, é a grande apresentação da cidade, seu grande “olá”. Continue.

— Depois vem “the night before”. Eu amo essa música, e é a grande entrada da Lucy. É interessante porque o cara tá todo lá tipo “me ame como ontem de noite” — Lily começou a tagarelar, tendo até engrossado a voz para interpretar, era algo incrível na opinião de James. — Mas tipo? Ela realmente não prometeu amor pra ele? Eles nem se beijaram e ele é só um cara emocionado que achou que algumas danças era a promessa de felizes para sempre.

— Eu adoro você oficialmente Lily Evans, por entender exatamente o meu ponto, assim  como faço com Minerva por ter dado esse significado.

— Obrigada. — A ruiva corou, ao receber aquele olhar de James, um que ela não sabia o que significava, mas que a fez corar. — Continuando vem, ah, “paperback writer”.

— A grande entrada de Thomas. Escrita por Lennon/McCartney, apesar de rumores que foi feita apenas por Paul, conta sobre um escritor, escrevendo para um editor de livros atrás de seu sonho se publicar seu primeiro livro e nesse caso, é o nosso querido Thomas. — James se gabou. — Também, o videoclipe dessa música é um dos primeiros da história, foi a primeira música dos beatles que não falava de amor.

— E “twist and shout”? É uma das minhas músicas favoritas do musical.

— Bom, essa é preciso um pouco de imaginação. Feche os olhos. — James parou de andar fazendo com que a ruiva também parasse e logo, ela obedeceu seu pedido. — Essa é do disco please please me, mas não pertence a nenhum deles, mas agora imagine, o palco repleto de luzes, lembra o que Minerva disse? Centenas delas por toda a parte, adornando tudo, enquanto o elenco canta twist and shout, dançando como em um baile nos anos 40 e então, Thomas vê Lucy pela primeira vez, e o mundo se torna melhor e eles dançam a noite inteira.

— Isso foi algo que eu nunca entendi. — A ruiva disse ainda de olhos fechados, não sabendo que o Potter estava involuntariamente, cada vez mais perto dela. — O que difere Thomas do outro cara?

— A conexão. Olhar nos olhos e então conversar, e ver que foi diferente dos outros, quando acontece, faz todo o resto parecer nada. — James encostou sua mão na de Lily e continuou, ainda a encarando de olhos fechados. — E então, logo vamos para “And I love her”, que é quando a magia dos musicais e como uma música representa as vezes uma longa passagem de tempo, uma dança virou várias, uma noite virou várias e logo, era um romance.

Estavam muito próximos, e então, Lily abriu os olhos e, talvez pelo fato de não saber o quão estava perto de beijar James antes, questionou. — Eu gosto dessa música, quem escreveu?

O Potter se afastou com um salto, passando a mão pelos cabelos em um sinal de nervosismo e tentando lembrar a resposta para pergunta dela. — Paul McCartney.

— Faz sentido, logo em seguida vem “All my loving”, eu acho essa parte triste. Quando ele vai embora.

— “All my loving”, está no segundo disco dos beatles e foi feita pelo Paul e foi feita em cima de um poema que ele fez enquanto se barbeava, em “The Sun”, é quando Thomas vai pra guerra, infelizmente não teve como fugir e mesmo que a música comece sendo cantada com outros caras, ela acaba apenas com Thomas cantando para Lucy. E é quando ele jura escrever para ela, jura ser fiel e então ele pede para ela fechar os olhos e eles se beijam.

— Mas quando ela abre os olhos, ele se foi. — Lily comenta triste, não era sua parte favorita do musical. — E tem “yesterday” depois.

— Com todos os pronomes trocados, não esqueça. — O Potter comentou. — Foi feita pelo Paul e tinha tudo para ser um projeto menor, tanto que é feita apenas por ele e um quarteto de cordas, mas se tornou a música mais regravada do mundo, ele disse que acordou na casa da namorada e a melodia veio por inteira.

— É quando ela admite que não sabe o motivo pelo qual se foi e acha que que culpa dela, que fez algo de errado e estragou tudo.

— Infelizmente, a próxima vez que você canta é apenas no mashup de “Money (thay’s what I want) com “Taxman”, ambas comentando sobre os abusos de taxas que eram cobrados da população.

— Essa parte é cantada com as outras meninas, para um cara comentando sobre a guerra e “como estamos acabando com eles”.

— Isso nos leva até“revolution”. Essa música foi feita quando os beatles decidiram que precisavam falar sobre coisas sérias,  mundo parecia em caos e eles não podiam mais cantar apenas sobre o amor. — James voltou a andar, fazendo com que Lily tivesse que acompanhar seu ritmo.

— É quando ela já soube que ele foi para guerra.

— Não vamos esquecer que afinal, ele cumpriu o que disse sobre escrever e isso a fez perceber, que a guerra era bobagem.

— Pode-se mudar o mundo de outra forma, uma mais pacífica. Então eu gosto como é um tipo de surra verbal para aquele cara. E então, a parte da morte da Eleanor.

— “Eleanor Rigby”, escrita por Lennon/McCartney, e conta sobre para onde vão todas as pessoas tristes, como algumas vezes elas morrem com finais trágicos.

— Mas no musical ela era amiga da Lucy.

— Sim, uma grande sacada e querendo ou não, o momento em que Lucy estar pior e percebe, que terá que ser forte.

— A cena do enterro não é uma das minhas favoritas. — A ruiva comentou se lembrando de todos cantando a música ao mesmo tempo para peça.

— Então, aparece “Lucy in the Sky with Diamonds”. — O Potter abriu um sorriso melhorando tudo, fez a Evans abrir um sorrisinho.

— É quando ele finalmente volta.

— Sim, e foi escrita pelo Paul em 1967, baseado em um desenho do filho de uma coleguinha da escola, mas, muitas pessoas afirmam que é sobre LSD.

— Eu não duvido. — A mulher declarou e foi a vez de James rir. — É quando ele volta e é o solo dele quando vê a Lucy, foi fofo a forma com que a Minerva colocou essa música.

— Eu também acho. E bonito quando ela corre para os braços dele e o palco escurece com aqueles piscas-piscas no teto.

— Como diamantes no céu, um momento bonito para os protagonistas se beijarem.

James tossiu, colocando a mente em ordem e tirando novamente a ideia de beijar Lily de sua mente, tentando focar na próxima música. — A próxima é “Let it be”, certo?

— Acho que essa meio auto explicativa, fala sobre se recompor e é quando Lucy constrói sua própria escola. Podemos pular.

— Certo apressadinha, depois vem “All you need is love”, com os soldados voltando da guerra e por coincidência, a música foi escrito sobre um guerra, a do Vietnã e fala como não leva a nada.

— Mas tiveram que esperar a guerra acabar para perceberem isso. — Lily observou, antes de se tocar que estavam no fim de tudo. — Depois já é “When I’m sixty-four”.

— Estamos no fim, senhorita Evans. Porque é o grande dueto de Lucy e Thomas, com juras de amor eterno e o casamento deles, e tendo sido composta, mais uma vez, por Paul.

— Esse cara é bom mesmo. E eu gosto da sacada do Thomas cantar sobre se ela ainda vai precisar dele e ela só responder, “você ainda vai estar me alimentando?”

— Com certeza a pergunta certa. — O Potter gargalhou junto da Evans. — Aliás, tá com fome?

— James, a gente acabou de tomar café da manhã.

— Mas eu tô com fome, desculpa e sério, vai recusar uma das maiores iguarias de Nova York? Um cachorro quente da carrocinha.

— Tá, eu aceito. — A Evans cedeu e eles foram em direção a pequena fila de uma das carrocinhas. — E “Here comes the sun”? A gente não comentou.

— “Here comes the sun” é a música que dá origem ao título do musical e o grande encerramento, o adeus, cantado por todos.

— Feita pelo George e adivinha, minha música favorita deles.

— Ainda fico impressionada que tenha uma música e um beatle favorito, mas não goste da banda. — James a encarou novamente com aquele tom de surpresa.

— É a vida. — A Evans deu de ombros e então era vez deles. — Dois cachorros quentes.

 

***

 

— James? — A ruiva praticamente gritou no meio da rua, fazendo com que a senhora já de idade a olhasse a repreendendo.

Estava no meio da times square, em mais um dos dias de folga dos ensaios do musical e eles haviam combinado de se encontrar logo depois do almoço naquela esquina, perto do teatro, o problema era, era uma esquina bem movimentada.

— Lily? — O Potter gritou de volta, então a cabeleira ruiva entrou em evidência para ele e ele levantou a mão, fazendo com que a Evans o visse e logo estivesse bem na sua frente. — Olá.

— Oi, porque você trouxe um violão?

— Nos nossos dois últimos encontros nós comentamos as duas músicas e no outro, graças a maravilha de Nova York e a beatlemania, conseguí te levar para ver o filme dos beatles. — James pontuou seus dois últimos encontros com certa nostalgia.

— E o filme “A hard day’s night” até que é muito bom, foi legal ver eles em uma tela de cinema. — Lily comentou.

— Fico feliz que gostou, mas dessa vez, iremos cantar. — James indicou a bolsa com o violão e quando a ruiva encostou a mão na testa, com a intenção de proteger a visão do sol para continuar o encarando, o Potter tirou seu boné e colocou na cabeça de Lily. — Quero ter a chance de ver sua performance solo de here comes the sun.

— Vamos até o teatro? Mas nós podemos usar…

— Não. — James não deixou com que ela terminasse sua frase, abrindo em seguida, um enorme sorriso. — Vamos cantar aqui mesmo.

— No meio da rua?

— Estamos na times square em Nova York, quantos vídeos você vê por ano de performances aqui?

— Você tem certeza? — A ruiva encarou o moreno com dúvidas sobre sua sanidade mental.

— Absoluta, agora vamos. — James não deixou espaço para respostas.

O homem tirou o violão de seu case, o deixando sem querer aberto no chão. O ajeitou em seu colo, então o afinando e começando a tocar a melodia.

Era uma melodia calma e perfeita, Lily entendia perfeitamente porque tantas pessoas gostavam dela, entendia porque era a favorita de seu pai e isso fez com que ela decorasse toda letra ainda aos 7 anos apenas para ter pequenos momentos cantando a música ao lado dele, era perfeito. James tinha os olhos fechados e nos breves segundos antes que ela tivesse que começar a cantar, ele parecia totalmente absorvido, a música era o mundo dele. Então, Lily começou a cantar.

 

“Here comes the sun (doo doo doo)

Here comes the sun, and I say

It's all right

Little darling, it's been a long cold lonely winter

Little darling, it feels like years since it's been here”

Então a melodia os envolvia, James abriu os olhos enquanto ainda tocava e a encarou e dessa vez, Lily sentiu que a música não era mais o mundo dele… Ela era.

A voz de James se juntou a dela em perfeita harmonia e agora, faziam um dueto, até mesmo um senhorzinho havia jogado uma moeda dentro do case do violão achando que eram artistas de rua a procura de dinheiro.

“Sun, sun, sun, here it comes

Sun, sun, sun, here it comes

Sun, sun, sun, here it comes

Sun, sun, sun, here it comes

Sun, sun, sun, here it comes

Little darling, I feel that ice is slowly melting

Little darling, it seems like years since it's been clear

Here comes the sun

Here comes the sun, and I say

It's all right

Here comes the sun (doo doo doo)

Here comes the sun

It's all right

It's all right

Então acabou, rápido demais na opinião de ambos, Lily abriu um enorme sorriso com o momento, que acabou levando a um de James e no momento seguinte, o Potter se abaixou e colocou o violão no case, mas quando se levantou, estava novamente muito próximo de Lily dessa vez, não sabiam como, talvez tivesse vindo dele, talvez dela, mas agora, ambos se beijavam.

Lily era quente, como se pegasse fogo, as mãos de James se enroscaram na cintura dela e parecia que agora ele pegava fogo, unicamente por estar a tocando. Na opinião da ruiva, James não estava muito atrás, enquanto ele achava que ela era como um incêndio, ela tinha certeza que era isso que provocava isso nela. As mãos de Lily circularam o pescoço de James se enroscando nos cabelos dele, enquanto seus lábios se abriam para que ele aprofundasse o beijo. Tudo era perfeito e não havia espaço para pensamentos que não envolvessem continuarem a se beijar.

Mas de algo James sabia, ela era como o sol, tornando tudo melhor depois de tanta tristeza, e nada mais importava porque o mundo estava um pouquinho melhor agora.

Mais tarde, Lily faria chamada de skype com Remus para contar sobre sua semana e iria ponderar se comentaria aquela tarde, ou se apenas diria que estava com saudades do homem, enquanto James, bom, esse iria sorrir feito bobo pelo resto dia.

 

***

 

O telefone de Lily tocou quebrando o silêncio sepulcral de seu quarto, Marlene havia saído não tinha meia hora e a ruiva já havia começado a se arrepender de não ter ido.

— Alô.

“Oi Lily, então, você tem algum plano para hoje a noite?” A voz de James saiu no pequeno aparelho e a ruiva não impediu o sorriso que brotou em seu rosto.

— Não, porque?

“Eu vou sair um pouco mais tarde de um compromisso e eu ia só jantar com o Sirius, mas quis saber se queria vir com a gente.” O Potter fechou os olhos e se bateu mentalmente, era uma justificativa tão idiota. “Olha, nenhum de nós cozinha, mas sabemos pedir comida muito e bem e se você quiser…. Eu adoraria te ter lá e o Sirius também”

Lily se jogou na cama como a adolescente boba que se sentia agora e sorriu, tapando os olhos com o antebraço e respondendo James. — Eu amo comida chinesa e seria ótimo ter companhia se você me falar o endereço.

“Ok.”

— Ok.

“Ok.” O homem respondeu novamente não acreditando nisso.

— Devia parar de flertar comigo e me passar o endereço. — Ela disse por fim.

“Número 27B da Noll Street, Bushwick no Brooklyn.” A ruiva anotou no bloquinho que ficava ao lado da cama e sorriu.

— Te vejo em uma hora?

“Mais ou menos isso, até ruiva.”

— Até. — Lily mordeu o lábio inferior para impedir um gritinho.



A campainha de Sirius tocou e o homem se arrastou até a porta, estava esperando James voltar da psicóloga para jantarem, mas não acreditava que o idiota tinha esquecido as chaves de novo. Mas ao abrir a porta do apartamento, uma cabeleira ruiva um pouco mais baixa que a altura dos olhos dele, estava lá.

— Lily?

— Olá, o James me convidou para jantar. — A ruiva se encolheu percebendo que o Black não sabia da vinda dela, então ele apenas sorriu e se encostou no batente da porta.

— Pensei que você e o James já haviam terminado o intensivão dele, ele me contou até que a Mary e o Dirk te elogiaram quanto a isto. — Sirius sabia de tudo, dos encontros para ouvir músicas, os treinos e as discussões sobre a banda, assim como sabia o porque James havia a convidado, mas ele não perderia essa oportunidade.

— Sim, então eu acho que é só um jantar com vocês mesmo, mas se quiser eu posso…

— Entra logo ruiva, vai ser um prazer te ter aqui conosco. — O Black deu espaço para que ela passasse. — James já deve estar chegando, fique a vontade.

— O apartamento de vocês é incrível. — Lily se aproximou da coleção de filmes antigos perto do sabre de luz pendurado na parede. — Vocês tem uma coleção de filmes da disney?

— Temos. E se o James tivesse que escolher entre salvar a mim, essa coleção ou os discos dos beatles, temo que seja a última opção dele. — Sirius fez um certo drama enquanto se aproximava e pegava um deles. — Enrolados, é o favorito dele.

— Mentira, esse é o meu favorito. — Ela exclamou.

— Jura? Eu chutava a pequena sereia. — James comentou fechando a porta atrás de si e deixando a sacola com o jantar em cima da mesinha do centro.

— Só porque eu sou ruiva? Vai dizer que minhas flores favoritas são lírios também?

— Mas são? — O Potter indagou se aproximando.

— Talvez…

— Bom meu caros, eu vou jantar. O que você trouxe? — Sirius disse indo em direção à comida.

— Comida chinesa, espero que goste de frango xadrez, Lily.

— O meu prato favorito. — A Evans comentou, aceitando a mão de James com os dois indo até o sofá, enquanto Sirius se sentava no chão.

— Então Lily, o que você deixou para trás? — Sirius disparou entre uma garfada e outra do pacote que havia acabado de abrir.

— Deixei para trás?

— Six quis dizer sobre a Inglaterra, quem e o que deixou para trás. — James comentou distraído com seu próprio jantar.

— Bom, eu tenho uma irmã mais velha que é noiva, meus pais que me apoiam muito, uma carta dizendo que eu passei na faculdade de letras…

— Você ia fazer letras? — Sirius questionou.

— Sim, era a minha opção pra faculdade, mas eu decidi largar isso e vir atrás do meu sonho aqui. Meus pais ficaram loucos quando eu e a Marlene…

— Marlene é sua melhor amiga, certo? — O Potter confirmou, recebendo um aceno de cabeça como um sinal positivo.

— Bem, quando eu e a Marlene falamos que íamos vir pra cá cada uma atrás do seu próprio sonho, minha mãe surtou. Eu achei que ela ia ter um piripaque ou me prender no quarto para ainda me ter debaixo da asa dela, mas no final, acabou me apoiando. — Lily falou de uma vez lembrando com carinho da mãe. — Ah, eu também deixei o Remus para trás.

— Remus… — O Potter sussurrou lembrando da existência do homem e isso apenas o fez se sentir pior ainda sobre os beijos algumas tardes antes, então ele se encolheu e abriu um biscoito da sorte.

— Você sabia que os biscoitos da sorte são na verdade do Japão? — A Evans disparou sorrindo.

— O que? — James e Sirius falaram em uníssono.

— Então porque vem comida chinesa? — O Potter questionou confuso e mastigando o biscoito.

— Acho que é porque a gente só vê toda a cultura deles como uma coisa só, então só associou mesmo. — Lily deu de ombros.

— Você é uma pessoa muito interessante mesmo, senhorita Evans. — James disparou, e Lily parou de mastigar na hora.

— Obrigada. — A voz de Lily saiu estranho por conta da boca cheia de frango xadrez, então James riu, não, gargalhou.

— Acho que devíamos ver um filme também. — Sirius interrompeu. — James, porque não coloca enrolados de novo.

— Sério? — Os olhos de Lily chegaram a brilhar, então James se levantou e voltou para a estante com os filmes.

— Eu queria te agradecer ruiva. — Sirius disse após ter certeza de que seu irmão já estava longe.

— Por? — Os olhos de Lily cravaram em Sirius e o viram sorrir sincero.

— Por ajudar o James.

— Não faz sentido, porque ele quem me ajudou.

— Jay te contou dos nossos pais? — O Black suspirou, então quando ela fez que sim com a cabeça, ele apenas fechou os olhos. — Nossa mãe foi quem comprou a passagem para nós dois virmos para Nova York e ele poder tentar seu sonho de participar da broadway, então ela junto com nosso pai morreu em um acidente de carro uma semana depois.

— Então isso é por eles?

— E por ele, mas com certeza nossos pais são o combustível do James. Ele faz terapia há algum tempo e sempre me parece solitário, não foi fácil para ele largar Liverpool um mês depois de enterrar nossos pais, mas bom, não foi fácil pra ninguém. — Sirius parou e olhou por cima do ombro o irmão, Lily fez o mesmo. James que já havia encontrado o dvd, agora ajeitava no aparelho. — E foi como se você fosse o sol, dissipando as nuvens, fazendo ele sorrir novamente.

— Mas ele sorria já quando eu o conheci.

— Claro que sim, ele é duro na queda. Mas ele não gargalhava assim.

— Voltei. — O Potter se jogou novamente no sofá, dessa vez abrindo espaço para Sirius. — Prontos para a aventura de Rapunzel e Flynn Rider?

— José Bezerra. — Lily corrigiu.

Então James riu, o filme começou e Sirius sentou no sofá também, fazendo com que a cabeça de Lily estivesse quase no ombro de James.

— “You may say i'm a dreamer, but i'm not the only one”, acho que tem haver com o filme essa frase, não acha? — Lily disparou antes mesmo que Gothel terminasse cantar a primeira vez para flor.

— Você acabou de fazer uma citação a uma música do John Lennon? — O Potter a encarou espantado.

— Sim?

— Você aprende tão rápido. — James quase gritou abraçando Lily, então foi a vez de Sirius e Lily gargalharem naquela noite.

 

***

 

Então era isso, meses de preparação, tanto tempo ensaiando e os esforços da Evans e do Potter, então finalmente, a grande estreia. Pela primeira vez, eles iriam apresentar o musical para valer, não eram ensaios ou quando apresentavam para um público menor para fazer eventuais ajustes, era a grande noite. Todos pareciam tremer, de nervosismo ou agitação.

— Alô? — Lily atendeu o telefone, ela mal teve tempo de ver quem era, já que a mulher terminava de ajeitar seu microfone.

“Olá ruivinha, nervosa?” A voz de Remus soava metálica e Lily quis gritar, porque sabia o que a ligação significava.

— Muito.

“Eu não vou enrolar, eu tô aqui nesta fila enorme no frio de Nova York por você e mal posso esperar para ver você arrasar.”

— Remus. — A mulher suspirou, era maravilhoso saber que ele realmente tinha cruzado o oceano junto com os pais dela para vê-la em sua estreia. — Obrigada.

“Não me agradeça, não com palavras, faça isso arrasando na sua estreia. Sua mãe quer muito falar com você.”

Lily riu, porque conseguia visualizar certinho Rose Evans, com seus cabelos ruivos e pouca altura, quase tomando o telefone de Remus, para poder falar com a filha.

“Princesinha?”

— Oi mamãe. — James entrou no camarim e a viu conversando no telefone, então se permitiu sentar no sofá de frente para Lily, agora eles se olhavam nos olhos.

“Minha filha, eu e seu pai mal podemos esperar para te ver. Você vai estar linda.”

— Obrigada, mamãe. Eu te amo.

“Eu também te amo, seu pai acabou de dizer o mesmo. Agora eu vou desligar porque essa fila finalmente começou a andar, boa sorte, ou melhor, quebre a perna.” Lily gargalhou enquanto ouvia a linha do outro lado ficar muda.

— Sua mãe está animada? — James perguntou sorrindo e dessa vez, não se sentiu mal por ver alguém feliz em uma estreia falando com os pais, estava tudo bem.

— Muito.

— Vim apenas te desejar boa sorte, o Sirius falou o mesmo. — O Potter disse, então a mão de Lily se esticou e encostou na dele, que estava sobre o próprio joelho.

— Boa sorte para você também, vai arrasar Thomas. — Então ela o chamou pelo nome do personagem.

— Você também Lucy.

O sinal sonoro era o que indicava que já iriam começar, então todos foram para perto do palco ouvir um pequeno discurso de Minerva de como estava orgulhosa do trabalho de todos. Era isso, “The Sun” não era mais apenas um sonho, era real.

De repente, talvez rápido demais, chegou o momento e todos entraram ao mesmo tempo para o número de abertura em “a hard day’s night” e era o grande e glorioso começo de tudo, não havia mais como parar.



Então de repente, acabou, os últimos acordes de “here comes the sun” foram tocados e Lily respirou fundo a procura de ar, porque havia acabado. Então o sorriso que James abriu para ela fez como se o cansaço sumisse, eles haviam conseguido. A ruiva ainda estava rodeada pelos braços do Potter, como na cena final do musical e os dois se olhavam, Lily abriu um sorriso tão grandioso como dele. Em um momento de impulsividade, ali mesmo, a Evans se esforçou um pouco mais para ficar mais alta e beijou o Potter, foram apenas alguns segundos, mas foi o mundo inteiro naquele beijo. Então as cortinas abriram e todos agradeceram, e o casal se separou.

— Remus. — A ruiva gritou já com sua roupa normal, não com o figurino e após se despedir dos pais, correndo finalmente para a figura do homem.

— Lils. — O Lupin a pegou pela cintura a levantando e girando no ar. — Você foi divina, uma verdadeira estrela, o sol da peça.

— Obrigada. — Ela foi largada por ele e colocou uma mecha do próprio cabelo atrás da orelha.

— Pronta para comemorar? Ou vocês atores irão fazer algo?

— Íamos, mas eu comentei que você vinham e vamos fazer amanhã. Mas eu queria que você conhecesse alguém.

— Por acaso, esse alguém tem cabelos pretos, olhos castanho-esverdeados e responde por James? — O homem brincou, fazendo com que Lily desse a língua para ele, enquanto o puxava pela mão, logo encontraram Tonks.

— Tonks, você sabe onde o James está?

— Ele disse que ia embora, então deve ter feito isso. — A mulher respondeu amável, em seguida notando o homem atrás da amiga e sorrindo para ele.

— Certo, muito obrigada. — A Evans não havia gostado de ter sido contrariada.

— Vamos jantar, seus pais estão esperando. Sempre tem o dia de amanhã. — Remus disse a guiando para fora do teatro.

 

***

 

Mas agora Lily duvidava que sempre teria amanhã, quando chegou cedo no dia seguinte para os últimos ensaios antes da apresentação, James estava distante. Continuava ali, continuava a abraçando nas coreografias e cantando seus duetos, mas não parecia estar realmente junto dela.

Então veio “when I’m sixty-four”, Mary insistiu para que eles passassem uma última vez antes de irem para os camarins como o resto do elenco para se aprontarem. A música que era o dueto final deles, onde Thomas e Lucy juravam continuar se amando para sempre, mesmo quando já forem velinhos e esquecendo as coisas.

— Eu preciso de um ar, não consigo respirar. — James disse ao final da canção, correndo em seguida para fora do palco e depois, do teatro.

— James, Jay… James Potter espera aí. — Lily atravessou as portas do teatro encontrando o homem parado ali.

O Potter tinha as mãos nos joelhos e tentava respirar melhor, segurava as lágrimas, a ruiva se aproximou tocando seu ombro.

— O que aconteceu?

— Eu não aguento mais, Lily. — James suspirou ajeitando a postura e vendo os olhos verdes e brilhantes de Lily atrás de respostas. — Eu sou apaixonado por você.

— James…

— E você tem um namorado incrível que cruzou o oceano para te ver. — James a interrompeu. — Eu vi o Remus te abraçando e sei que ele mora em Londres e você sente falta dele, e não é justo a gente ter se beijado, não é justo com ele e nem comigo que sou apaixonado por você.

— Você tem razão, James. — Lily suspirou, fechando os olhos. Quando os abriu, pegou as mãos do Potter e olhou em seus olhos. — É injusto beijar alguém quando se namora, é errado de tantas formas. E você tem total razão em dizer que o Remus é incrível e o que ele fez de cruzar o oceano me ver e dar apoio todos esses meses, foi incrível.

— Lily, porque falar isso? Olha, dói.

— Sei que deve dor, por que isso é algo sério. Então que bom que o Remus é só o meu melhor amigo.

— Como assim? A forma com que você falava com ele. — O Potter olhava confuso para ruiva.

— Ele é como o meu irmão, é claro que eu amo ele e vou falar assim, mas não somo um casal. — Então a ruiva sorriu. — Ainda mais porque “eu também estou apaixonado por você Thomas.”

— “Você é a luz dos meus dias,” Lily. — Então James cortou a citação trocando o nome de Lucy pelo de Lily. — É o meu sonho.

— E você é o meu.

Então a ruiva o puxou pelo colarinho os juntando para um beijo, logo os braços de James rodearam Lily a aproximando mais ainda de seu corpo, os braços dela logo pararam de amassar a blusa dele e rodearam seu pescoço, indo diretamente para os cabelos da nuca dele enquanto abria um pouco os lábios. E ali estavam James e Lily, se beijando em frente ao teatro em uma cena digna do final de uma produção da broadway, que parecia que poderia começar a tocar uma música a qualquer momento.

— Assistam “The Sun”, na broadway. — O Potter gritou ao se separar de Lily, dando finalmente uma resposta para aqueles que os encaravam na rua.

Lily gargalhou, ainda o mantendo em seus braços e se aproximando para mais um beijo e eu juro, que nesse mesmo momento, nem que fosse em qualquer outro canto do mundo que não ali, começou a tocar “Here comes the sun”, porque era isso que eles eram, como o sol, brilhantes, incendiando tudo com seus sonhos.


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