Vida Dupla escrita por Satine


Capítulo 6
Capítulo 5




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Gustavo ficou surpreso ao entrar em sua nova sala e encontrar Amanda sentada na primeira carteira. Ela acenou para ele com seu sorriso bonito estampado no rosto e apontou para a carteira atrás dele que estava vazia.

— Nos reencontramos rápido. Que legal que estamos na mesma sala — ela disse toda empolgada.

— Sim, muito legal.

— Esse aqui é o Felipe. — Ela apontou para o garoto que sentava do lado dela e que estava jogando algo no celular. Felipe usava óculos e touca na cabeça escondendo o cabelo. — Ele é meu amigo e o melhor aluno da sala, mas é meio antissocial.

Gustavo e Felipe trocaram um aceno breve. Guto achou os dois uma combinação estranha de amigos. Amanda parecia a popular, a garota mais linda da escola, já Felipe, o excluído. Talvez ela tentasse fazer com que ele se excluísse menos e isso o fazia gostar ainda mais dela.

— Mand, eu não sou antissocial — reclamou o garoto. Amanda se virou para Gustavo e falou sem emitir som.

— E um pouco sensível também. — Os dois riram e ela acrescentou em um voz alta: — Mas ninguém sabe mais de tecnologia do que ele aqui nessa sala.

— Isso é legal. Eu sei um pouco por causa do videogame, mas acho que não é o meu forte.

— Nós sabemos — disseram os outros dois em uníssono atraindo o olhar surpreso de Gustavo.

— Como sabem?

— Ah cara, olha pra você — começou Felipe sem tirar os olhos do jogo.

— Você é alto e um dos mais fortes entre esses magricelos da sala. Não dou dois dias para estar fazendo parte de algum time. Posso apostar minha mesada que você faz academia — continuou Amanda. — No nosso grupo, Fe é o esperto, eu sou a diplomática e você o cara que bate.

— Ei, eu não bato em ninguém não — Gustavo se apressou a dizer e os outros dois riram.

— É modo de dizer.

O professor chegou na sala interrompendo a conversa dos garotos. Diferente das escolas que conhecia, aquela sala tinha menos de trinta alunos, a algazarra acabava quando o professor entrava e eles já tinham matéria no primeiro dia.

 

No dia seguinte, todos os alunos já precisavam ir com seus uniformes. Dessa vez, Gustavo não se surpreendeu com a roupa social, mas ainda tinha dificuldade com a gravata.

— Quer que eu te ajude com isso, garoto? — perguntou Tati.

— Não, não precisa. Vou pedir que a Amanda me ajude — ele disse quando já pegava a mochila, piscou um olho para sua segurança e saiu.

— De bobo você não tem nada garoto.

— De onde eu venho, os bobos só se ferram, Tati — gritou, antes de entrar no carro para Pedro levá-lo até o colégio.

Encontrou Amanda no portão. Tinha mandado uma mensagem para ela pedindo que ele a esperasse, que precisava de ajuda com algo e que era urgente. Por isso, ela estava parada no portão olhando para os lados com ar preocupado.

— Oi Guto, o que aconteceu? É grave? — ela perguntou e o cumprimentou com um beijo no rosto.

— Não consigo arrumar isso e não queria entrar na escola no segundo dia todo desarrumado, sabe como é — ele disse todo manhoso. Amanda revirou os olhos.

— Não acredito que era só isso. Vem cá. — Ela começou a arrumar a gravata tão próxima dele que Gustavo conseguia sentir o perfume, uma fragrância doce e que ele tinha certeza que nunca ia esquecer. — Vou aproveitar que estamos sozinhos pra falar uma coisa. Semana que vem é aniversário do Fe. Ele tem um problema sério com o pai dele que o trata muito mal por ser… você sabe, meio sensível. Acho que seria legal se fizéssemos uma festinha. Só nós mesmo em uma sala vazia com bolo, você sabe.

— Você não existe, Mandy. Claro que eu topo.

— Legal. — Ela abriu um sorriso cativante, deu dois tapinhas em sua gravata arrumava e o puxou para dentro da escola. — Vamos lá.

Poucos dias depois, os três estavam em uma parte escondida do jardim enquanto deveriam estar na aula. Tinha sido um sacrifício fazer Felipe concordar em ir com eles.

Havia um bolo pequeno só para os três e Amanda tinha levado algumas bebidas alcoólicas.

— Vai perder seu cargo de representante de classe — brincou Gustavo.

— Tomara que eu perca.

— Cara, vocês são os melhores amigos que eu podia ter — disse Felipe com a boca cheia de bolo fazendo os outros dois rirem. — Sempre quis comemorar meu aniversário.

— 15 anos e você nunca comemorou o aniversário? — perguntou Gustavo.

— Nunca. Meu pai acha que é bobagem. Além disso, eu sou adotado e faço aniversário no mesmo dia que o filho legítimo que mora no exterior, então ele nunca está na cidade.

Ver Felipe tão desanimado lembrou Gustavo de seu aniversário de doze anos. Ele estava exatamente como Felipe, até Elena o chamar para ver se sobrou algum pedaço de bolo na padaria.

Gustavo quase chorou quando chegou na padaria e os pais dela tinham preparado um bolo completo só pra ele, com velinhas e tinha até decoração. Foi uma das tardes mais divertidas de sua vida. Comeram muito bolo, ouviram música e no final da festa ele rodou Elena no quintal até os dois ficarem tontos.

— Ei, ei Guto. Onde você tá cara? — Amanda estalava os dedos na frente dos olhos do garoto.

— Ah, não é nada. Quer dizer que você também é adotado? Eu também sou e meu pai adotivo não dá a mínima pra mim. E você Mandy, como comemora seu aniversário?

— Ganho o dobro da minha mesada no mês do meu aniversário. Só isso, mas até que é bom considerando como é o aniversário de vocês.

Os três riram e pela primeira vez, Gustavo de sentiu feliz na sua nova vida.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando? Até o próximo capítulo ♥



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