Cidade Perdida escrita por Gabi chan02


Capítulo 4
Vidas estranhas


Notas iniciais do capítulo

Quem quer capítulo pra ler na quarentena levanta a mão o/o/o/

Eu escrevi isso e imediatante me veio a Card B gritando CORONA VAIRUS na cabeça
THE SHIT IS REAL
THE SHIT IS GETTING REAL
Mas sério, se não fosse por isso, eu não teria postado, especialmente não em Cidade Perdida (vou postar em Sentimento Incompleto também, yaay) fdjknfgihds
Aparentemente tem bastante gente em casas e em todo lugar no Twitter as pessoas dizem não ter o que fazer e alguns estão entediadas, então aqui está a cota dos meus leitores~

Por enquanto, nenhum caso confirmado nas cidades próximas de mim, mas não muito longe daqui teve 1 caso. E por aí? Como cêis tão?
As pessoas estão surtadas onde vocês moram? Aqui não muito, só tem faltado máscara (mesmo sem casos confirmados, e já vi 3 pessoas usando sem cobrir o nariz zzzz) e álcool gel por aí, mas sinto que em breve vai ficar pior, em algum momento um caso vai brotar aqui.


Enfim
A produtividade de escrita caiu bastante desde a última vez que postei, quase 0. Eu tive uns altos e baixos aleatórios e a procrastinação e a preguiça acertaram com força.
Agora veio o bloqueio, yaaay
Anyway, tô com pressa pra escrever essas notas pq eu tô com fome e quero comer. Vou comer antes de publicar em SI, sorry not sorry. Posto ainda hoje ainda, mas depois do meu lanchinho hihi

Boa leitura ♥



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Len POV

O tempo fechou da manhã para a o final da tarde, o dia acabaria mais cedo. Passei a tarde ajudando na padaria como de costume, e depois ajudei Oliver com seus assuntos cotidianos. Então, sem nada para fazer de novo, voltei para a janela, admirando o céu cinza e os movimentos das nuvens densas com o vento forte. O primeiro indício de que estava escurecendo mais cedo foi o senhorzinho que sempre acende as velas das lamparinas da praça apareceu antes do habitual. Essas velas também tinham uma história: os céticos diziam que várias gerações da família do senhor as trocava sem que ninguém soubesse, mesmo que o próprio e os crentes da existência da maga, como eu, preferem pensar que as velas infinitas eram obra da magia dela.

Quando a praça enfim esvaziou, Oliver entrou no quarto e se jogou na parte de baixo da beliche depois de pegar um livro na estante da sala lá em baixo. Deixou o castiçal com a vela apoiado no móvel ao lado da cama.

— Cuidado pra não queimar nada com essa vela – alertei.

— Tudo sobre controle – respondeu, sem ânimo.

Uns poucos se apressaram nas ruas mais afastadas para chegar em seus destinos antes da chuva. Enfim, instantes depois que o senhor acendeu a última vela, a praça não ficou vazia como deveria.

— Não... tem algo errado – comentei, mais para mim mesmo do que para Oliver.

— O erro não é meu – defendeu-se no mesmo tom de antes.

— Não, é lá fora. Tem alguém diferente lá fora e vai chover. Talvez seja uma emergência.

Oliver não respondeu mais, eu sabia que ele achava tudo isso uma grande perda de tempo. A pessoa escondida por uma capa quase tão escura quanto as sombras se aproximava com uma cautela suspeita, de alguma forma tive a impressão de que ninguém mais a via. Tive um único vislumbre do que deveria ser um vestido claro e simples, com a pouca luminosidade. Por sorte, o vento não gostou de vê-la tão escondida e empurrou o capuz e boa parte da capa escura toda para trás. A menina tapou o rosto com as mãos, mas eu consegui ver perfeitamente os fios de cabelo atrás dela, mesmo que curtos... se fossem longos... mas a capa não mentiria, envolvendo a dona de volta mesmo contra o vento.

Ela me viu.

Uma fina chuva começou e eu levantei para sair. Seja lá o que queria, talvez precisasse de ajuda. Na verdade, eu seria um grandioso tolo curioso por importunar, mas um instinto estranho dentro de mim falou mais alto. A menina não pareceu ter movido um músculo desde que parou há poucos metros da padaria, com o cheiro do pudim de laranja da minha mãe no ar. Sequer me olhou nos olhos, embora eu não tirasse os meus dela.

Outro relâmpago conveniente me permitiu o cabelo loiro, mas ainda estava escuro demais, afastada demais, e não conseguia ver seus olhos com clareza, apenas notei que possuíam cores diferentes, talvez um dourado e outro azul? Mesmo assim tive a certeza de que ninguém daqui tinha essa aparência. A capa dela se movia de uma forma independente do vento, como se a protegesse da chuva... Se a maga dourada estivesse viva, deveria estar com Adamas. O que ela fazia aqui?

Tive a audácia de me aproximar mais um pouco.

— Tem certeza de que quer ficar na chuva? – perguntei, sendo friamente ignorado. A chuvinha lentamente se transformava em gotas mais grossas.

Ela me encarou assustada e eu me senti todo errado, interagindo com meninas que não conhecia, merecendo qualquer punição que pudesse aplicar. Foi de repente, o olhar dela tornou-se firme e fixo nos meus e eu posso jurar que tive um tipo de visão da história da Maga Dourada. Não podia ser mera coincidência, isso estava estranho demais para ser.

De repente, não vi nada, vi tudo colorido, um clarão de luz e o que parecia ser um relâmpago dentro da minha cabeça. Entrei e caí no chão da padaria, confuso. Minha cabeça girava e doía, tive tempo só de constar que estava sozinho no cômodo. Quando consegui levantar e olhar para fora, não vi mais nada...

O que eu deveria ter visto?

~ ~ ~

Eu vi alguém que definitivamente não era daqui, tenho certeza. Oliver disse que espiou pela janela e viu alguém também, mas saiu antes de ver melhor. Era loira, com um cabelo que nunca vi em ninguém daqui. Eu fiquei confuso demais depois, tudo ofuscou e ficou brilhante...

A capa!

Eu vi uma Maga Dourada, com certeza. Não devia ser a das histórias, mas pelo o que eu sei, as cidades dificilmente ficam sem alguma, então ela provavelmente ficou no lugar da outra. O curioso é que os rumores diziam que ela e todo seu tipo estavam extintos, então é possível que minha conclusão esteja errada. De qualquer forma, se essa deveria ter apagado a minha memória, não conseguiu, embora minha cabeça ainda doesse sem muita piedade. Estava difícil querer sair do travesseiro fofinho.

— Len, da para você parar de sonhar acordado e ir ajudar a mãe? Eu tenho aula hoje. Não quero ficar para trás.

— Eu já vou...

— Len?! – minha mãe apareceu na porta, enfim. Eu devo ter enrolado mais que o normal. – Vamos logo, eu preciso de mais ovos e alguém precisa ir comprar mais. Seu pai e eu estamos sem tempo.

— Eu já vou, eu já vou...

Os dois saíram do quarto, reclamando da falta de tempo que curiosamente não conseguia me afetar no momento. Quando levantei, percebi a causa da minha lentidão: ainda estava meio tonto, via meu quarto um tanto desfocado, além da dor insistente.

Passei alguns segundos imóveis, tentando focar num único ponto e a pior parte da dor passou rápido, me deixando confuso sobre o que eu senti. Logo eu me aprontei para ir ajudar, devia ser algo normal como fome ou levantar muito rápido.

Sem conseguir tirar os pensamentos confusos da cabeça, tive a ideia mais louca que já fui capaz de imaginar enquanto descia a escada.

— Mãe, o pudim da sobremesa de ontem estava muito bom.

— Obrigada, mas isso não vai te livrar de ajudar hoje.

— Não, não é isso. – Tentei ser o mais convincente possível.  – Eu só queria que você fizesse mais.

Minha mãe sorriu, mas pareceu notar que algo estava acontecendo. Não me respondeu na hora para atender um cliente primeiro. 

— Você geralmente prefere bolo de banana – meu pai foi quem comentou.

— Eu só queria variar um pouco.

— Então vá buscar logo os ovos, e eu faço um maior hoje. – Continuei discreto e me direcionei a saída. Minha mãe se virou para mim. – Ah, Len! Compre os ovos do senhor Connell, são melhores.

Confirmei por fora, mas lamentei por dentro: teria de interagir com a garota ruiva de novo.

Atravessei a praça agitado por dentro, os últimos acontecimentos perturbando meus pensamentos. Assim que entrei no estabelecimento, o Sr. Connell conversava com alguém de roupas pesadas demais para primavera. De cabelos brancos, quase prateados e completamente desconhecido. De repente, a menina de ontem não era mais tão suspeita. 

Sr. Connell me cumprimentou de maneira discreta e polida para não atrapalhar a conversa, o estranho me encarou desconfiado, fantasmagórico. Não fui com a cara dele, ou melhor, não fomos com a cara um do outro. Acenei de volta com a cabeça, me virei para os ovos e saí dali o mais rápido possível.

Me concentrei para escutar a conversa, torcendo para que o estranho saísse antes de eu terminar as compras e ir pagar.

— Quase não vemos viajantes nessa época do ano, especialmente como você – Sr. Connell dizia.

— Estou viajando o tempo todo, então nem sempre estou num momento conveniente. – O garoto deu de ombros. Não devia ter mais de vinte anos e ao mesmo tempo parecia ser incrivelmente velho. – Como ia dizendo, essa cidade tem tudo o que eu procuro: lendas, mistérios e histórias estranhas.

Pessoas estranhas, vidas estranhas. Esse vinha de muito longe, duas vezes tudo isso.

— Ah, então deve querer saber sobre a tal Maga Dourada. Incrível como essas coisas se espalham.

— Exato. Se puder me indicar alguém que saiba bem o que me contar...

Por sorte, o Sr. Connell não mandaria um desconhecido suspeito para a casa do possível pretendente de sua amada filha que ainda não me recordei do nome, então me livrei. Apesar de preferir me manter no meu canto, sem me importar muito com as convivências sociais, a minha fama de ser "o filho mais velho e estranho dos padeiros do centro" espalhava fácil.

— Eu não morava aqui na época desse causo, mas por ali – Sr. Connel apontou para uma ruazinha no final da praça, em direção a parte menor da cidade –, mora um senhor na 7º casa do final da rua que diz ter visto tudo com os próprios olhos. Creio que ele terá alguma informação útil para você.

— Agradeço, muito – o garoto respondeu, sem emoções. – Se me der licença, agora, vou indo.

Sr. Connell acenou e depois olhou para mim.

— Já pode sair daí, Len Schmidth. – Ele tinha o costume de me chamar pelo nome completo. – O visitante inconveniente já foi.

— Obrigado.

— Também não fui com a cara dele. A primeira coisa que me perguntou foi sobre Eileen, quando viu ela saindo por aqui – puxou assunto comigo. – Perguntou se ela tem os cabelos de fogo da mãe. Da para acreditar no intrometido?

Para minha sorte, ele riu estrondosamente. Tentei rir também para evitar o constrangimento de precisar responder, torcendo para ser suficiente. Sr. Connel não puxou mais nenhum assunto, então tratamos dos negócios e nada além.

Em casa, negociei com os meus pais para continuar meu objetivo, sabendo que teria de ficar mais tempo na padaria para compensar depois. Era fácil achar o viajante na multidão, com as pesadas vestes escuras de inverno em meio aos vestidos rodados e roupas coloridas da primavera na cidade. Após andar por alguns minutos até o final da rua sem saída, não o encontrei mais. Eu fui feito de idiota sem perceber.

Um arrepio na minha espinha me forçou a olhar para trás, encontrei o jovem de cabelos grisalhos me encarando com uma clara ameaça no olhar logo atrás de mim, me cercando. Pela primeira vez notei que usava um tapa-olho no olho direito.

— Quem é você e por que está me seguindo?

Nada do mundo humano explicaria a sensação que sentia quando ele estava perto, quase como a menina de ontem, mas mais fraca. De qualquer forma, achei melhor tentar acalmar a situação.

— Sou só um curioso local, querendo tanto quanto você saber sobre a Maga Dourada.

— Seu nome e ocupação. E o que quer saber sobre ela?

— Len, sou filho dos padeiros, vizinhos do comerciante que acabou de visitar. Não quero nada demais, apenas gosto da história, como várias pessoas daqui.

— Vá para casa, garoto. Isso é problema meu.

Fiquei tenso, ele não estava nem perto de acreditar em mim. Por fim, apenas passou reto... eu ia me arrepender disso, mas agora valeria a pena.

— Por acaso ela é loira, tem um olho azul e outro dourado e uma capa interessante? Mas não, não creio que seja a da história que todo mundo conta.

— Pela Deusa! – exclamou, finalmente parando para prestar atenção em mim. Algo em seu choque indicou que meu palpite sobre as cores dos olhos dela estava certo. – Pela última vez, isso não é da sua conta!

Se eu pudesse ser morto pela minha curiosidade, seria apenas a pior hipótese.

— Ela estava aqui ontem.

— Está mentindo.

— Ela é baixinha, tem cabelo curto.

— Fique longe, eu estou te avisando. É sua segunda e última chance. Já estou sendo piedoso em te deixar escapar agora.

— Ela veio pra cá quando escureceu. Foi ela quem veio, eu apenas tive a sorte de vê-la. É ela, não é?

Ele parou de responder, parecia irritado e incrédulo com a minha falação. Sussurrou alguma coisa que não entendi, provavelmente ofensivo, em outra língua talvez. Por fim, não foi embora.

— Como sabe de tudo isso? – disse, a ameaça era clara em seu tom. – O que fez com ela e por que não apagou sua memória?

— Estava chovendo, eu tentei me aproximar para saber se precisava de ajuda, nada além disso. E ela não correu e me encarou de volta, então acho que sim, tentou apagar minha memória, ficou tudo brilhante e confuso... mas eu me lembro.

Parecia que sua aura pesada estava confusa.

— Eu vou refazer a pergunta, e me responda com a verdade agora. – Cada palavra soou como uma facada. – Quem ou o que é você?

— Len Schmidth, esquisito local e filho mais velho dos padeiros. Humano.

Ele bufou, impaciente.

— Schmidth, eu não acredito em nada do que diz. Não queria isso, mas você vai ter de vir comigo.

— Então posso pelo menos saber seu nome? Quem é você?

— Não.

E então um senhor de uma idade já avançada saiu transtornado de sua residência simples, para não ser rude. Da 7º casa da rua, contando da direção sem saída, bem ao meu lado. Uma das janelas escuras ficava bem próxima a rua. Que conveniente surpresa.

— Eu ouvi bem? Curiosos sobre história locais?

— Ah, bom dia! – o humor dele mudou drasticamente ao cumprimentar o senhor. – Sim, isso mesmo. Fiquei sabendo que o senhor tem boas histórias para contar.

Nunca vi um ator pior em toda a minha vida. Ele era muito bom, na verdade, mas usava isso de uma forma ruim.

— Eu vi tudo com os meus próprios olhos, de perto. Se minhas velhas memórias não me enganam, tenho tudo o que quiser ouvir.


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Notas finais do capítulo

Pontinho pro apocalipse pra quem acertar quem é o viajante estranho e misterioso (não vale se você já leu a versão anterior) c:
E quem contar o tanto de vezes que eu escrevi "estranho" daqui pra frente ganha um chocolate pra estocar.

Vai demorar um pouco para os POVs da Rin voltar, e depois demora pro Len voltar também, então aproveitem a cabeça de Lenzinho por enquanto.
Não equilibrei tanto os POV's aqui quanto em SI, quero manter o foco na Rin.

E eu espero que ninguém tenha lido o capítulo anterior assim que eu postei: tinha publicado com as minhas notas no meio dcmvhjksdhyfgvpkdsfbnh
Cheio de spoiler, cheia de coisa estranha do meu processo de escrita. Mas principalmente pelos spoilers pesadões... Tomara que ninguém tenha lido nas primeiras horas aaaaa

Ahh eu tô com fome
LAVEM AS MÃOS, tome banho de álcool gel 70, não saia de casa (se puder, eu sei que tem gente que não vai conseguir parar de trabalhar/estudar e/ou que precisa andar de ônibus/trem lotado, tipo eu, e o governo e os empresários não colaboram com as pessoas), evitem multidões e não me toque em mim, mas comentar pode e eu agradeço ♥
Inté ♥



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