I don't care escrita por Nikki2


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

A inspiração para essa One-shot veio da música "I don't care" do Ed Sheeran com o Justin Bieber.

Espero que gostem!

s2



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No verão as noites no País do Fogo são mais quentes.

Em um vilarejo próximo à Vila Oculta da Folha, o calor enfadonho maltratava a todos, inclusive Naruto e Hinata, que estavam ali em uma missão oficial designada pelo Rokudaime.

Fazia pouco mais de dois meses que eles estavam casados e mal haviam voltado à ativa como ninjas, depois da lua de mel, quando o Hokage os convocou para aquela missão.

Todo ano, naquele pequeno vilarejo, as famílias importantes da região promoviam um festejo para celebrar a prosperidade do País do Fogo. Um evento um tanto supersticioso, uma vez que dissipou a crença que se a festa não ocorresse haveria má sorte sobre toda a Nação. Assim, rigorosamente na primeira semana de verão, os anciãos do vilarejo realizavam a Festa da Prosperidade e, tradicionalmente, todos os anos o Hokage era o convidado de honra.

Porém, assim que recebeu o convite para a festividade, Kakashi começou a matutar uma forma de se safar daquele evento inoportuno. Naruto e Hinata que o perdoassem, mas a ideia de enviar o herói da Quarta Guerra Ninja e a princesa dos Hyuuga para a festa em seu nome era brilhante. Agora lá estavam eles, em uma missão oficial, representando formalmente o Rokudaime Hokage na Festa da Prosperidade.

A yukata incomodava e tudo o que Naruto queria era estar em casa, só de bermuda, jantando com Hinata e, de preferência, com o ventilador no máximo em suas costas. Queria socar o Kakashi-sensei por tê-los metido naquela furada...Teria que suportar uma noite inteira naquela festa tediosa, transpirando até as tampas.

Em frente aos portões de madeira maciça, um senhor franzino de cara amarrada conferia o nome dos convidados em um pergaminho. O jovem casal se aproximou e Naruto anunciou que ele e sua esposa eram os ninjas enviados de Konohagakure em nome do Rokudaime, mostrando um pergaminho feito por Kakashi para comprovar que não eram penetras.

— Nunca um Hokage se ausentou da Festa da Prosperidade antes – o senhor alfinetou enquanto analisava o pergaminho redigido por Kakashi – Vocês, crianças, podem entrar.

Naruto entortou o nariz pela grosseria daquele homem, mas não disse nada. Segurou a mão de Hinata e juntos avançaram em direção a festa.

— Eu sinto muito por essa missão, Hinata – Naruto lamentou ao pé da orelha de sua esposa enquanto eles entravam no local.

— Naruto-kun, não precisa se desculpar por isso – ela o olhou docemente, firmando o aperto da sua mão com a dele. Naruto se sentiu grato pela presença dela e pensou no quanto Hinata estava linda com aquela yukata florida.

O enorme salão estava decorado com dentes-de-leão amarelos e lanternas com o kanji “prosperidade” pintado em nanquim. As mesas redondas cobertas por toalhas douradas brilhantes não tinham nenhuma louça em cima e Naruto se perguntou se haveria comida.

Caminharam em direção a mesa reservada ao Hokage e sua comissão. Como eram apenas eles dois, várias cadeiras ficaram vagas e Naruto não poderia ter achado melhor, já que não conhecia ninguém ali e não fazia questão de socializar com aqueles senhores. Sim, a maioria ali eram senhores e homens de meia idade que faziam parte da elite local.

Naruto não era o tipo antissocial mal-humorado, na verdade era uma pessoa bem extrovertida, mas quando iniciou seu relacionamento com Hinata, descobriu que não era necessária uma multidão de pessoas para afastar a solidão, bastava a companhia dela e ele se sentia feliz. Essa descoberta o tornou um homem menos interessado na atenção alheia e super comprometido em ter o zelo de Hinata sempre que possível. Além disso, eles haviam acabado de se casar e ele preferia mil vezes estar passando tempo sozinho com sua esposa do que estar naquela missão idiota.

— Hinata, se não tiver comida nessa festa nós vamos fugir pelos fundos. Eu não estou brincando! – falou discretamente para a esposa sentada ao seu lado.

— Anata, não faz nem dez minutos que nós chegamos – Hinata segurou o riso diante da falta de paciência do marido – Mas eu prometo que se não servirem nada nós saímos escondidos pelos fundos, você tem a minha palavra.

Ela sabia que naquele tipo de evento a comida era farta, por isso deu sua palavra ao marido. Conhecia Naruto o suficiente para saber que ele a faria cumprir sua promessa caso realmente não houvesse comida e podia visualizar a cara do Rokudaime se soubesse que os dois tinham feito o trabalho mal feito.

A cerimonia de abertura da festa foi feita e para o alívio de Naruto vários garçons rodavam o salão servindo os mais diversos aperitivos e pratos para os convidados. Ele não recusava nada, mesmo quando não sabia o que estava prestes a comer e Hinata o acompanhava vez ou outra.

Naruto levava um tempura de camarão à boca quando o farfalhar de um microfone interrompeu os músicos que tocavam uma melodia animada.

— Todos os anos somos agraciados com a presença do líder do País do Fogo na Festa da Prosperidade – Komodo, um dos organizadores da festa subiu no pequeno palco para se pronunciar diante de todos. – Eu gostaria de chamar nosso ilustríssimo Hokage aqui para fazer o seu tradicional discurso. 

Naruto e Hinata se olharam, pegos totalmente desprevenidos. Naruto engoliu o tempura praticamente inteiro e Hinata correu para limpar a boca suja do marido com o guardanapo de pano.

— Naruto-kun... – Hinata murmurou preocupada quando Naruto, meio desnorteado e sem saber o que fazer, se levantou arrastando a cadeira, chamando a atenção de todo o salão.

Naruto caminhou sem graça até Komodo, sentindo o olhar confuso dele sobre si. Coçou a pele atrás da orelha em sinal de nervosismo e educadamente pediu a palavra ao homem, que cedeu meio incerto.

— Infelizmente o Rokudaime Hokage não está aqui hoje – iniciou, sorrindo amarelo – Como ninjas de Konoha, eu, Uzumaki Naruto e minha esposa Hinata, gostaríamos de dizer, em nome do Kokage, que é uma honra viver no País do Fogo e celebrar quão rica é a nossa Nação. Somos um povo determinado e trabalhador, mas que também tem a sorte a seu favor e por isso somos gratos.

Seria um bom discurso se todos os velhotes não tivessem perdido o interesse em Naruto no momento que ele disse que o Hokage não estava presente. Ele notou que ninguém o olhava e sentiu-se constrangido por ser totalmente ignorado. Seus olhos buscaram a figura de Hinata e a encontrou o encarando, sentada sozinha naquela mesa redonda, com os olhos brilhando orgulhosos. Sentiu seu coração aquecer e quase parou de engrandecer o País do Fogo para começar a tecer elogios sobre sua esposa, mas a declaração pública de amor não aconteceu e Naruto encerrou sua fala antes que as coisas ficassem piores para o lado dele.

— Você falou como um verdadeiro líder, Naruto-kun – Hinata falou quando Naruto voltou a sentar-se com ela, sozinhos na mesa – Um dia você ainda vai fazer ótimos discursos como Hokage – as maçãs do rosto dela coraram e Naruto depositou um beijo delicado na pele rosada.

— Hime, aquilo foi um improviso total – falou disfarçando o orgulho por ter impressionado a esposa – Eu sei que quando eu for Hokage terei que passar por essas situações, mas é um saco. Estou começando a entender a falta de disponibilidade na agenda do Kakashi-sensei para estar nessa festa.

— Naruto-kun, não fale assim do Hokage-sama – reprendeu falsamente o marido.

— Vai me dizer que você não está achando essa missão um verdadeiro pé no saco, Hina – Naruto disse emburrado, enquanto se esticava para puxar um refresco da bandeja de um garçom que passava.

— Bom, minha escolha número um não seria estar aqui, mas desde que você esteja comigo, eu não me importo – os olhos de Naruto brilharam, ele encheu o peito de ar, mas nenhuma palavra veio.

O casal teve seu momento quebrado por um novo pronunciamento de Komodo, era chegada a hora da dança para demonstrar gratidão pelas bençãos. Tambores foram ouvidos e um grupo de senhoras ocupou o centro do salão para dançar. Naruto achou um porre, mas quando viu a expressão encantada no rosto de Hinata diante daquelas velhinhas dançando, pensou que aquele momento poderia durar horas, pois não se cansaria de assistir as sutis reações de sua esposa.

Ao final da dança a música ambiente voltou a tocar e a festa retornou ao clima normal. Hinata procurava uma brecha para lembrar Naruto que a missão deles não consistia apenas em estar ali. Tinha com ela uma pequena lista com alguns nomes e fotos de pessoas que Kakashi determinou que eles teriam que interagir por pura formalidade, para manter as boas relações entre o povo daquele vilarejo e o Hokage.

Hinata tocou o joelho do marido para trazer o foco dele para si e lhe estendeu a lista discretamente para que ninguém pudesse ver.

— Anata, talvez agora seja um bom momento para prosseguirmos com a missão – Naruto havia esquecido completamente sobre aquele detalhe.

— Nós temos mesmo que falar com todas essas pessoas? – perguntou dramático, esperançoso que Hinata mudasse de ideia e ignorasse aquela parte da missão.

— Naruto-kun, são só quatro pessoas e veja, eles estão todos reunidos ali – apontou com os olhos para o grupo de três homens e uma mulher que conversavam e bebiam – É perfeito irmos agora, assim já matamos a lista toda de uma vez.

Naruto analisou as fotos da lista confirmando que realmente eram seus alvos. Suspirou vencido e tentou decorar rapidamente o nome de cada rosto, para não fazer feio. Levantou-se e ofereceu a mão para Hinata que aceitou prontamente.

Aquele era um vilarejo de comerciantes e aqueles quatro nomes na lista de Kakashi representavam as quatro maiores famílias que dominavam o comércio local. Mais que isso, a força delas nos negócios era tamanha que tinham certa notabilidade em todo o país.

Naquele grupo estava Komodo que, apesar de beirar os sessenta anos, era o mais jovem dentre os homens. Além dele havia Junshi, um senhor de feições bondosas, e Ren, que aparentava ser o mais senil. A mulher se chamava Keiko, uma senhora enxuta que usava joias exageradas.

O quarteto não pareceu notar a presença de Naruto e Hinata, até que Komodo reparou no casal que havia se aproximado.

— Vocês são os representantes do Hokage – ele falou, mudando o foco do grupo para Naruto e Hinata ­– Espero que a festa esteja agradável. É realmente uma pena o Rokudaime não estar aqui – Komodo era um homem falante e cheio de lábia, não era à toa que era um bom vendedor.

— O Hokage lamenta muitíssimo não poder estar presente – apenas Hinata notou a ironia na fala de Naruto – Nós agradecemos a hospitalidade dos senhores – Naruto e Hinata se curvaram brevemente em sinal de respeito.

— Por favor, juntem-se a nós – Komodo ofereceu uma dose de um saquê caro para eles, que apenas aceitaram por cortesia.

— Uzumaki Naruto...eu posso ser um comerciante velho, mas eu conheço sua fama, meu jovem – Junshi riu apertando a mão de Naruto que não estava esperando por aquilo – Ele é aquele ninja, o herói da última guerra – falou dessa vez se dirigindo apenas a Ren, como se Naruto não estivesse na sua frente.

Ren ignorou o comentário do amigo, mas não deixou de analisar Naruto da cabeça aos pés com um olhar duro. Para ele tanto fazia quem era o ninja da folha, uma vez que ele não era o Hokage. Naruto sentiu o desprezo no olhar do velho, mas não se ofendeu, pois já era calejado naquele tipo de atitude.

— Um jovem tão bem-apessoado só poderia mesmo ser um ninja notável de Konoha – o olhar lascivo de Keiko fez Naruto recuar um passo e sorrir nervoso. Hinata colocou a mão em frente aos lábios, disfarçando o riso.

— Ora, Keiko, você não muda – Junshi gargalhou vendo o constrangimento de Naruto – Você acha mesmo que uma velhota igual você tem chance, quando essa linda menina é a esposa do rapaz – o comentário maldoso não ofendeu Keiko, pois ela apenas paquerava homens mais jovens por diversão.

— Junshi tem razão, Hinata é uma moça muito encantadora. Se Naruto trocá-la pela Keiko eu não me importaria de apresentá-la para um de meus filhos – a piada feita por Komodo surtiu efeito apenas em Junshi, que gargalhou ainda mais.

 Hinata se retraiu, constrangida por ser o centro das atenções, e Naruto sentiu o sangue esquentar. Não importava se era uma brincadeira, insinuar que Naruto seria capaz de trocar Hinata por outra mulher e ainda sugerir que ela pudesse pertencer a outro homem foi um erro.

            A aura homicida que encobria Naruto não atingiu nenhum daqueles senhores, mas Hinata notou a mudança de humor do marido e, numa demonstração explícita de afeto, enganchou seu braço com o dele, impedindo que ele avançasse no pescoço de Kodomo.

Sentir o corpo de Hinata junto ao seu foi o bálsamo que ativou seu autocontrole. Porém, para evitar maiores transtornos Naruto levou o saquê até os lábios, mantendo a boca ocupada para não devolver uma resposta malcriada para Komodo, afinal querendo ou não aquilo ainda era uma missão.

— Quanta ladainha – pela primeira vez Ren se manifestou – A verdade é que todos nós já estamos velhos, e as coisas nesse mundo mudaram. Em outros tempos a tradição era levada a sério e olhem só, hoje temos um Hokage que não respeita as tradições.

Naruto e Hinata suspiraram impacientes. Aquela implicância com a ausência do Rokudaime já tinha passado dos limites. Naruto nem queria estar ali e ainda tinha que aguentar aquelas pessoas insatisfeitas desprezando o fato de que ele e Hinata tinham ido no lugar de Kakashi.  

—  Ren, não seja tão severo, tenho certeza que o Hokage-sama deve ter se deparado com algum imprevisto e não pode estar conosco hoje – Keiko apaziguou a situação.

Conversaram por mais um tempo sobre algumas trivialidades, até que o assunto começou a ser sobre negócios e outras coisas que Naruto julgou serem demasiadamente tediosas. Concluindo que já haviam feito o suficiente, ele lançou um olhar sugestivo para Hinata, que logo compreendeu a vontade do marido. Talvez fosse influência do Naruto, mas ela também já tinha atingido sua cota de paciência.

— Sabe, Naruto, depois da guerra os negócios caíram muito, apenas agora as coisas começaram a normalizar para nós – os três comerciantes concordaram com Kodomo.

— Ninguém nunca ganha em uma guerra – Keiko pontuou energética – Fico pensando em vocês, tão jovens, e naquela época tiveram que lutar.

Os olhos translúcidos de Hinata encontraram os de Naruto, um sentimento de cumplicidade os atingindo. A guerra foi dolorida, não importa quanto tempo passasse, eles sempre se lembrariam do medo, da exaustão e das perdas. Mas também se recordavam da união, da resiliência, como todos lutaram juntos e, mais que isso, de como eles foram a força um do outro.

— Eu não teria conseguido passar por aquilo se Hinata não estivesse ao meu lado.

Só eles sabiam o real significado daquela constatação. Naruto nunca esqueceria de como aquela kunoichi havia o livrado da perdição total. Ela foi sua luz, sempre foi, ele tinha completa consciência disso e, desde que viraram um casal, ele fazia de tudo para ser um homem digno de estar ao lado de Hinata.

De repente, a música ficou mais alta e as pessoas começaram a se aglomerar no centro do salão. Keiko saiu arrastando Kodomo para dançar, mesmo o homem não querendo. Naruto aproveitou a deixa e pediu licença para dançar com sua esposa.

A cintura de Hinata encaixava perfeitamente em suas mãos e enquanto rodopiava com ela pelo salão, seus olhos não se desgrudavam e Naruto até esqueceu onde estava.

— Sabe que até que essa festa não está tão ruim, Hina – Naruto roubou um beijo furtivo dos lábios da esposa e ela riu com as bochechas coradas. Para ele nada podia ser mais adorável que aquela cena.

— Então agora você quer ficar ou ainda está planejando fugir pelos fundos? – ela afagou o rosto dele com a ponta dos dedos.

Naruto segurou a mão de Hinata e a manteve ali, contra sua face, sentindo seu calor. O calor infernal, as pessoas os desprezando, ou a missão tediosa não eram mais um problema. Ele sabia, eles poderiam estar em qualquer lugar, diante de qualquer situação, nada importaria se estivessem juntos, pois eles eram o amor um do outro.


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