Especial de Natal escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Especial de Natal




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A loja de brinquedos parecia o último lugar que Aizawa entraria para fazer compras naquele ano. Contudo, os eventos ocorridos nesse semestre o levaram aquele lugar. Parado, diante de uma prateleira de bonecas de todos os tipos, ele analisava com um olhar preguiçoso as opções. Não havia problema com dinheiro, ganhava o suficiente para se manter como um homem solteiro, por isso tinha uma quantia razoável no banco e poderia se dar ao luxo de comprar presentes de natal.

Ele não tinha ideia do que dar de presente para Eri. Quem tentava ajudá-lo era Toshinori, mas ele também estava enrolado com o presente de natal que escolhia para Midoriya. Sinceramente, Aizawa começava a entender os sentimentos de Yagi com Midoriya. Desde que levou Eri para o hospital, sentiu-se responsabilizado pela garota e um forte sentimento apertar seu peito. Hizashi dizia que era o amor renascendo em seu peito, isso ele falava com uma risada escandalosa em seguida.

O fato era que ele estava agora em dúvida sobre o presente de natal de Eri. A vendedora tentou ajudar, mas o herói já havia desistido de comprar uma boneca ou qualquer outro brinquedo daquela loja. Recordou-se dos momentos em que investigaram a situação da garota e brinquedo era o que não faltava. O que faltava para ela era exatamente o que Hizashi disse.

— Acho que já decidi, vou levar esse jogo para o jovem Midoriya, na verdade vou levar dois, um para o jovem Bakugou também. — Toshinori falou orgulhoso. — O que vai levar para a menina?

— Ainda não tenho certeza. Ela gosta de pintar, quem sabe algo relacionado a isso.

A vendedora sorriu, parecendo aliviada com a decisão dele. O estojo que ela trouxe era uma maleta com vários acessórios para desenhar e pintar. Aizawa aceitou a sugestão e foi até o caixa pagar, depois, solicitou que fosse embalado para presente e por fim deixaram a loja satisfeitos.

O natal não era uma festa ao qual empolgava Aizawa, na verdade, nenhuma festa o empolgava verdadeiramente. Contudo, a primeira experiência de Eri fora daquele covil não poderia passar em branco. Ele teve autorização para levar Eri para passear. Aproveitou que havia um ringue de patinação na praça central e a levou para patinar. A criança não tinha muita coordenação sobre os patins, mas segurou-a firme, dando confiança para que ela não desistisse e aos poucos Eri foi soltando a mão de Aizawa e conseguiu patinar no gelo. Mesmo levando um tombo e caindo em seguida no gelo, ela não desistiu de tentar novamente.

O herói acreditava que Eri precisava compreender que era normal errar, e que podemos evoluir a partir do erro. Deveria ser um martírio para a menina o fato dela ter crescido dentro de uma organização criminosa que só visava a obtenção de poder a partir de sua força. Hizashi estava certo, ela precisava de amor e para isso Aizawa deveria abrir seu coração.

Em seguida eles brincaram na neve e fizeram bonecos, usando gravetos para formar os braços e um chifre, igual ao dela.

— Se eu pudesse escolher meu poder, seria de transformar dar vida aos bonecos de neve, igual aquele desenho que assistimos ontem. — Eri comentou, erguendo os braços animada.

— Você gostou do desenho? — Aizawa perguntou, criando bloquinhos com a neve para ajudar Eri a fazer um castelo para os bonecos. Suas mãos estavam bastante frias, mesmo assim ele não deixou de ajudar a menina que sequer reclamava das mãos geladas.

— Gostei muito e vou construir um castelo de gelo igual ao da Elsa. — Eri sorriu, mas o castelo não ficou tão esplendoroso quanto o do filme. — Amanhã a gente tenta novamente, podemos?

— É claro, amanhã é natal, e vamos visitar seus amigos na U.A. — Aizawa pegou as luvas de Eri que estavam dentro da mochila nas costas dela.

— O que é natal? — Eri perguntou, enquanto ele vestia suas luvas.

— É uma festa católica que comemora o nascimento de Jesus. — Ele respondeu, esfregando suas mãos nas de Eri para esquentar. — Apesar de não sermos um país católico, nós comemoramos a data pelo simbolismo que essa data transmite, em outras culturas, é comemorado o solstício de inverno.

— São muitas coisas para aprender. — Ela segurou a mão de Aizawa e os dois começaram a andar. Já que Eri não sabia nada sobre a data comemorativa, ele decidiu fazer um pequeno resumo de tudo e falar sobre Papai Noel, árvores de natal, entre outros símbolos. — E as bruxas?

— No natal não há bruxas, Eri-chan.

— Oh! Mas as crianças não saem para pedir doces?

— Esse é do Halloween. Onde as crianças dizem gostosuras ou travessuras.

Eri suspirou e Aizawa sorriu. Assim que chegaram ao apartamento dele, a árvores de Natal chamou a atenção da menina.

— É tão grande e bonita. — Eri pulava diante da árvore. — Tem até uma estrela no topo.

Aizawa cruzou os braços e viu a agitação da criança diante da árvore de natal. Deveria agradecer depois a Toshinori por ajudá-lo a comprar e levar aquela árvore para seu apartamento, eles passaram a noite decorando a árvore e organizando os presentes de natal embaixo.

— Só pode abrir os presente amanhã. — Ele disse, vendo a ansiedade transbordar os olhinhos dela.

— Tem um presente para mim? — Eri perguntou, com um olhar emocionado.

— Sim, um para você, um para Shinso, também tem presentes para meus amigos.

— Mas não é o Papai Noel que trás os brinquedos? — Ela inclinou a cabeça para o lado e Aizawa foi pego desprevenido.

— É, acho que sim. — Ele coçou a cabeça. — Mas esses foram os que eu comprei.

— Ah! Você ajudou o Papai Noel, não é? — Ela falou, sorridente.

— Sim, eu o ajudei, agora está na hora de escovar os dentes e depois dormir, amanhã temos muito o que fazer. — Aizawa direcionou Eri para o banheiro, pegou sua mochila e tirou a escova de dente que ela usava. Após escovarem os dentes, ele a levou para o seu quarto, onde a menina iria dormir.

— Pode me contar uma história? — Eri pediu, ao se deitar na cama e ser coberta por uma colcha.

— Que tipo de história.

— Uma que tenha um final feliz.

Aizawa concordou e começou a inventar uma história. Eri dormiu apenas quando o final foi de fato feliz. Shota foi para a sala e sentou-se no sofá, dormiria por ali mesmo.

Pela manhã, quando acordou, a primeira coisa que viu foi Eri sentada diante da árvore de Natal. Ele esfregou as mãos no rosto e pediu alguns minutos para que jogasse uma água na cara e preparasse um café. Enquanto a cafeteira trabalhava, Aizawa espreguiçou-se, observando as mãozinhas de Eri pressionarem os joelhos. Ele decidiu deixar para depois o café e entregou a ela o presente de natal.

Eri deixou o presente sobre as pernas e puxou o laço com cuidado, abrindo o papel de presente sem rasgá-lo. Ao abrir a maleta, se encantou com o conteúdo, pulando depois em cima de Aizawa para agradecer ao presente. Imediatamente ela pegou o caderno de desenho que Shota havia dado para ela há uma semana e a sala do apartamento se transformou no estúdio de arte da menina.

Aizawa acariciou os pelos do gato, enquanto verificava alguns e-mails no seu laptop. O café estava bem quente na xícara e ele observava vez ou outra para os desenhos que Eri fazia no caderno.

— Esse aqui somos nós patinando no gelo. — Eri falou, apontando para o desenho. — Esse somos nós comprando pão de melão e esses aqui somos nós na roda gigante, lembra?

— É claro, nós fomos várias vezes na roda gigante.

Eri suspirou, segurando o desenho.

— Eu estou gostando muito do natal. — Ela comentou, voltando a desenhar.

 

Já era a hora de retornar para a U.A. onde se encontraria com seus alunos do 1-A. Eri estava terminando de se arrumar no quarto, quando Aizawa a chamou para não se atrasarem.

— Espera, eu também tenho um presente para você. — Ela disse, correndo pela sala, entregando um envelope para Aizawa. — Eu não tenho dinheiro para comprar um presente, então fiz isso.

Aizawa ajoelhou no chão e pegou o envelope das mãos de Eri. Ela pediu para que ele abrisse logo, parecia muito mais ansiosa que ele. Ao abrir o envelope, pegou o papel dobrado em duas partes. Era um desenho deles dois com vários elementos ao redor. Uma casa, o gato, a árvore de natal. Aizawa olhou para a menina e sorriu, sentindo o coração apertar no peito. Apesar de ele ter ajudado o grupo de heróis salvar Eri, ela o estava salvando naquele momento.

— Obrigada por me deixar ficar aqui. — Eri falou.

— Você é sempre bem vinda, Eri-chan. — Aizawa a abraçou e respirou fundo. — Vou colocar meu presente sabe onde? Na geladeira.

— Mas não vai estragar? — Ela perguntou preocupada.

— Não, eu quis dizer prender na porta da geladeira. É um costume que os pais fazem quando os filhos tiram boas notas na prova, ou fazem algum desenho especial que merece destaque. Eles colocam na geladeira e gruda com imã. Veja só. — Aizawa pegou o imã e prendeu o desenho. — Viu como é? Agora seu desenho vai ficar aqui para todo mundo ver.

O olhar dela cresceu assim como o sorriso.

— Espera, agora eu sou sua filha? — A pergunta fez Aizawa gaguejar, ao pegar o cachecol para vestir nela. Ele a olhou com ternura e enrolou o cachecol em volta de seu pescoço.

— Você gostaria de ser? — Perguntou, sentindo as mãos tremer, mas não era de frio.

— Sim! — Eri comemorou, mas soltou a mão de Aizawa em seguida, correndo para o quarto. Ao retornar, ela carregava a maleta que havia ganhado. — Vamos! Tenho que mostrar para o Midoriya-kun meu presente de natal.

Aizawa concordou e abriu a porta, sendo puxado pela mão por Eri.

Apesar de não gostar de festas, o Natal pareceu uma data feliz, pois o sorriso de Eri iluminou o resto do dia e ainda deu para Aizawa motivos para ele acreditar que estava no caminho certo, ao decidir que poderiam formar uma família.


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Notas finais do capítulo

É isso, beijos e até o próximo. Comentem!