O Presente Ideal escrita por Teruque


Capítulo 1
Capítulo 1




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Era manhã da véspera de natal, Wei Wuxian havia acordado antes de seu horário de costume. Desejava preparar algo especial para seu amado Lan WangJi, porém não conseguia pensar em algo que pudesse considerar a altura de um “presente perfeito”.

Suspirou enquanto anotava e riscava as ideias em um papel, não parecia que conseguiria chegar a uma conclusão sozinho. E perguntar a WangJi se desejava algo, a chances da resposta ser um grande silêncio era uma possibilidade.

— E se eu perguntasse ao primeiro irmão Lan? - perguntou a si mesmo. – Não... Essa com certeza é uma ideia ruim. – negou com a cabeça excluindo tal pensamento. – E se eu comprasse algo?

— Senhor Wei? – uma voz interrompeu seu monólogo.

— Sizhui! Apareceu em boa hora. – Wuxian sorriu para o garoto, esperando que adentrasse o quarto.

— Ainda não encontrou um presente para HanGuang-Jun, não é? – indagou já esperando pela resposta.

— Pode não parecer, mas é difícil surpreendê-lo. E eu quero algo realmente especial. – sorriu, logo suspirando desanimado. – Mas estou quase cedendo a comprar qualquer coisa ou cozinhar.

— Cozinha não! – Lan Sizhui protestou no impulso, não tinha boas lembranças sobre a comida de Wei Wuxian.

— Do jeito que fala faz parecer que minha comida é ruim. É apenas bem temperada. – Lan Sizhui preferiu não responder.

— Eu queria companhia para ir até o mercado. – mudou de assunto rapidamente. - Mas Lan JingYi está refazendo seu relatório de nossa última caçada. Ele também não gosta de sair quando está nevando...

— Wen Ning não pode ir com você? – Wei Wuxian perguntou não percebendo a intenção do convite.

— O irmão Wei não precisa de ideias pra presente também? – Lan Sizhui tentou ser mais direto. – Sair talvez ajude mais que ficar riscando vários papéis. – a sugestão direta pareceu despertar algo dentro de Wei Wuxian, uma nova chama de esperança.

— Podia ter tido isso logo. – sorriu. – Precisamos voltar antes que Lan Zhan volte de seus compromissos com os velhos.

Não demoraram a sair, ao menos Lan Sizhui estava ciente das regras, principalmente sobre horários, impostas em sua seita. E as respeitava, pois temia as punições. Wei Wuxian, em contrapartida, sabia sobre as mais de quatro mil regras e até se esforçava a não as quebrar ou não ser pego, pois queria preservar a integridade de Lan WangJi, o que restava dela.

Apesar dos centímetros de neve cobrindo o chão e os rios congelados dificultando a navegação, havia muitas pessoas andando pelo mercado. As tendas com suas mercadorias, lojas com seus convidativos cheiros de comidas e as bebidas mais fortes e saborosas, de acordo com cada um de seus vendedores. Os mais jovens pareciam ignorar o frio e o vento, se divertindo com jogos na neve.

Caminharam por diversas tendas, analisaram cada produto, mas nada parecia ser o presente ideal. Wei Wuxian estava começando a apresentar sinal de desistência.

Lan Sizhui já havia encontrado o presente que considerou ideal para sua pessoa especial, esperava conseguir ajudar Wuxian em sua busca, mas o tempo estava esgotando e nada agradava.

— Não existe nenhum presente a altura para o Lan Zhan. – Wei Wuxian declarou desanimado.

— Ainda é cedo pra desistir, irmão Wei. – Lan Sizhui tentava manter o ânimo, mas ele mesmo não conseguia transparecer o que pedia.

— Aceite, Sizhui, já olhamos toda a mercadoria da região e se fossemos a qualquer seita vizinha, com o tempo do jeito que está, não iríamos conseguir voltar a tempo.

— Tem razão... – cedeu. – Pode começar uma tempestade de neve sem aviso a qualquer momento também...

— Vamos parar... Ah! – Wei Wuxian interrompeu a fala ao ver um rosto conhecido. – Jin Ling! – gritou para chamar a atenção do garoto.

Jin Ling pulou assustado ao ouvir seu nome ser chamado por Wei Wuxian, ao se virar e ver que Lan Sizhui estava junto, congelou no lugar.  

— O... O que estão fazendo aqui? – Jin Ling gaguejou sua acusação.

— Quem está longe de casa é você. – Wei Wuxian rebateu. – O que te trouxe aqui?

— E... Eu estou em uma caçada importante. – tentava agir com seriedade e autoridade, porém sempre gaguejava e evitava contato visual.

Wei Wuxian percebia que o garoto estava escondendo a verdade e o faria falar, sabia bem como fazer. Sorriu pronto para começar a provoca-lo até que tirasse tudo dele. Abriu a boca para destilar suas palavras, cancelando o ato ao ouvir latidos próximos.

Abanando o rabo, um cão que lembrava um husky siberiano caminhava até eles, carregando alguns raminhos na boca.

— Você encontrou! – Jin Ling correu até o cão. – Muito bem, Fada.

O cão soltou os raminhos na mão de Jin Ling, latiu alegre e sentou, sem parar de abanar o rabo.

— O que é isso? – Lan Sizhui se aproximou por trás, olhando sobre os ombros de Jin Ling.

— Não é nada! – tentou esconder os raminhos contra o peito. – Te explico mais tarde.

— Hm? – Lan Sizhui pareceu confuso.

— Sizhui... Consegue me encontrar na virada pro natal...? – indagou evitando contato visual.

— Quer dizer a meia noite? – Lan Sizhui estranhou o pedido. – Por que? Sabe que minha seita é bem rígida com horários.

— Não pode fazer isso por mim?! – se exaltou, logo ficando vermelho. – É seu presente... Tem que ser nesse horário.

— Tudo bem. – Sizhui ainda não entendia o porquê de ser um horário tão específico, mas sorriu aceitando o risco. – No local que sempre nos reunimos com Wen Ning.

Jin Ling afirmou com a vermelhidão do rosto já alcançando as orelhas.

— Onde está Wei Wuxian? – Jin Ling finalmente deu falta do mais velho.

— Ele sumiu assim que escutou os latidos da Fada.

— Continua sendo um medroso.

— A Fada continua sem o guizo da coleira, não é? – Lan Sizhui mudou rapidamente de assunto.

— Desde aquela nossa última caçada, quando a Fada interviu, não pude lhe dar uma coleira espiritual nova.... – confirmou. – Vamos Fada, ainda temos muito que fazer até a noite. – chamou o cão. – Não esqueça de hoje! – repetiu para Sizhui que apenas acenou.

Sozinho, Lan Sizhui suspirou.

— Vou precisar de ajuda pra sair escondido... Acho que o irmão Wei pode me ajudar com isso... Só preciso acha-lo primeiro.

Não procurou por muito tempo, o encontrando em uma loja de bebidas.

— O cão já foi embora? – Wei Wuxian indagou enquanto enchia mais um copo.

— Jin Ling já levou a Fada embora. – respondeu sentando a mesa. – E... Irmão Wei... Preciso de um favor.

— E o que seria? Quebrar alguma regra? – brincou antes de perceber que se tratava exatamente disso.

— Jin Ling pediu pra encontra-lo a noite... É sobre a troca de presentes...

— Verdade... Os juniores estão querendo comemorar sozinhos, pena que certo clã é rígido sobre horários. – enfatizou. – O velho no mínimo já estará dormindo e quanto o Lan Zhan... Eu consigo o manter ocupado. – sorriu com certa malícia.

— Então já conseguiu pensar em um presente?

— Não. Vou ter que apelar pro meu corpo mesmo. – falava com naturalidade, sem se importar se isso causaria algum desconforto para o mais jovem. Lan Sizhui buscava se distrair olhando para os lados. – Sabe... Enquanto me escondia daquela fera canina escutei uma história interessante. – mudava de assunto. – Aparentemente estão vendendo um novo amuleto para boa sorte no natal.

— Um amuleto? – conseguiu atrair a atenção Sizhui novamente.

— Não sei bem o que é, mas parece poderoso.

— Então os senhores ainda não sabem da lenda do ramo de visco? – um dos empregados do estabelecimento parou a mesa.

— Nunca ouvimos falar, poderia nos atualizar? – Wei Wuxian pedia.

— Não sei se posso... – antes que terminasse de se desculpar, Wei Wuxian pediu para que trouxesse mais três garrafas de vinho, pagando no ato. – Sendo assim, posso disponibilizar alguns minutos. – terminou deixando a mesa para buscar o pedido.

— O que está fazendo irmão Wei?

— Recolhendo informações e bebendo. Não tem nada demais.

Em poucos minutos o empregado retornara com as garrafas. Wei wuxian logo pegou uma delas, voltando a encher seu copo e esperando pelo começo da história.

— Os Ramos de Viscos são um arbusto com frutos vermelhos, trazidos de terras distantes. – o empregado começou a contar. – Alguns dizem que serve como amuleto para proteção de doenças e feitiços. E nunca envelhece.

— E o que isso tem haver com Natal? – Wei Wuxian não parecia convencido com a história.

— A lenda também diz que se pendurar o ramo na porta de uma casa, quando um casal passar por baixo devem trocar um beijo para que seu amor seja abençoado pela eternidade.

— E onde podemos conseguir algum desses raminhos. – Wuxian finalmente mostrou algum interesse.

— Eles realmente ficaram populares nessa época do ano. Talvez ainda tenham sorte de encontrar algum em uma tenda escondida na floresta.

Com a nova informação, Wei Wuxian pediu mais duas garrafas de vinho e pediu para que aguardasse seu retorno, pois viria busca-las após ir atrás dos ramos da história. Levantou levando consigo apenas uma garrafa para viagem.

— Irmão Wei... Devemos mesmo acreditar na história daquele vendedor?

— Claro que não, mas isso acabou virando uma crença popular muito rápido. E também uma ótima desculpa para se ganhar um beijo da pessoa que gosta. – respondeu com tranquilidade. – Me parece uma boa história para contar ao Lan Zhan.

Lan Sizhui apenas absorveu a resposta em silêncio, uma história criada apenas para atrair pessoas comuns.

Seguindo as poucas informações passadas pelo vendedor e juntando mais histórias de pessoas que falavam sobre o tal raminho de natal, conseguiram localizar a famosa tenda em uma clareira na floresta.

O lugar era cuidado por uma senhoria aparentemente simpática e sua tenda era formada por um par de arvores.

Wei Wuxian se aproximou sorridente para falar com a senhorinha, a qual confirmou ser a vendedora dos raminhos. Para a sua sorte restava apenas um, mas a mulher não pedia dinheiro por ele. Como pagamento a garrafa de vinho que carregava consigo.

Aceitando o preço da troca, entregou a garrafa pelo ramo. O qual não pareceu mau negócio, pois sabia que havia outras garrafas o esperando na loja.

Não se demoraram mais que o necessário, pois o tempo estava curto e ainda precisavam retornar a loja de bebidas.

Quando finalmente voltaram para o Recanto das Nuvens já havia passado muito do horário de recolher, Wei Wuxian precisou burlar o selo de proteção para que conseguissem entrar na surdina.

Lan Sizhui correu para seu quarto para poder arrumar as coisas que precisaria levar antes da sua fuga da meia noite. Wei Wuxian, sorrateiramente adentrou com suas garrafas de vinho, rumando para o quarto que dividia com Lan WangJi.

Torcia para que ele ainda não estivesse chegado, porém, ao ver as luzes acessas, pôde perceber que já havia alguém ali.

Deixando as garrafas em um canto no chão, pegou o ramo de visco, o prendendo no alto da porta.

— Lan Zhan! – chamou levemente alto, apenas para chamar a atenção do outro. – Lan Zhan, venha aqui. – Antes que chamasse uma terceira vez, viu uma silhueta se aproximando, logo revelando um rapaz vestido totalmente de branco. – Lan Zhan, estou de volta. – sorriu.

— Estou vendo. – respondeu sem nenhuma expressão.

— Esse cheiro... – Wei Wuxian sentia o aroma que vinha do quarto. – Lan Zhan trouxe comida pra mim?

— Hm.

— Sabe Lan Zhan, hoje escutei uma história interessante na cidade. – começou a falar o segurando pelo braço. – Todos falavam sobre uma lenda de natal. – sorriu ao perceber ter conseguido total atenção do outro. – É sobre um ramo trazido de terras distantes, com o poder de proteger jovens apaixonados. – apontou para cima mostrando o raminho na porta. – Pro encanto funcionar o casal precisa se beijar debaixo do ramo na noite de natal.

— Mas ainda não é natal. – respondeu, acabando com o encanto do momento.

— Mas é quase meia noite e você me esperou acordado até agora. – rebateu.- E esse raminho me parece com bastante poder agora.

— Não está.

— Lan Zhan. – soou desanimado. – Só acompanhe a brincadeira.

— Hm.

— Então Lan Zhan, não deveríamos nos beijar agora, pode dar azar passar pelo ramo e não cumprir as condições.

— Hm. – dessa vez Lan WangJi demonstrou um pequeno sorriso antes de tomar os lábios de seu jovem amante.

 

~*~

Lan JingYi se dirigiu para o quarto de Lan Sizhui para se preparem para fuga noturna. Seguindo as instruções de Wei Wuxian, conseguiram deixar o recanto das Nuvens sem serem notados. Chegando ao lugar combinado faltando poucos minutos para meia noite.
Estava frio, mas ambos agradeciam por não ter nevado ainda mais naquele dia, senão atrapalharia seus planos de festa.

Os Juniores de outras seitas e amigos de caçadas já estavam lá comendo, bebendo e conversando. Wen Ning também estava entre eles, acenando ao ver os Lan chegando.

— Está atrasado! – Jin Ling já chegou brigando com Lan Sizhui pelo suposto atraso.

— Na verdade estou no horário. – se defendeu. – Falta cinco minutos para meia noite.

— Eu vou conversar com os outros. – Lan JingYi tratou de tirar o seu da reta o mais rápido possível. Sabia muito bem como era a química dos dois e não queria ficar de vela.

— Pensei que não viria mais.

— Não é tão fácil assim burlar os muros do Recanto das Nuvens.

— Wei Wuxian faz isso o tempo todo.

— Não tem nem como se comparar a ele... – sorriu ao ver o rosto de Jin Ling tomando um tom avermelhado. – Ainda não é meia noite, mas quero entregar seu presente. – prosseguiu tirando uma caixinha das mangas do manto.

— Isso é... – Jin Ling pegou a caixa a abrindo e tirando de dentro uma nova coleira de guizo.

— Você parecia bem mal pela Fada ter perdido sua coleira espiritual. – Sizhui se explicava. – Essa tem um grande poder de proteção, vinda diretamente de Gusu. Também fiz um amuleto de proteção para que você possa usar. – prosseguiu enquanto Jin Ling tirava o segundo presente da caixa. – Espero que possa lhe ser útil.

— Isso é... – Jin Ling não conseguia evitar de seu rosto ficar realmente vermelho. – Obrigado. – conseguiu agradecer por fim.

— Já é meia noite! – um dos juniores gritou alegremente. Como se não se importasse com o que acontecia a poucos metros. Todos ali já sabiam sobre aquele relacionamento escondido e compactuavam com o segredo.

— Também tenho algo... – Jin Ling tentava continuar a conversa quando Wen Ning parou próximo aos dois segurando um raminho de visco sobre eles.

— Isso é...! – Lan Sizhui ficou surpreso ao ver aquele ramo. – Você também caiu no conto dos ramos de Natal? – riu daquela inocência. – Então era isso que você estava tentando esconder hoje mais cedo.

— Conhece a história?

— O irmão Wei também pensou em algo semelhante para comemorar com HanGuang-Jun.

— Sabe então sobre... Beijar... a meia noite... – Jin Ling mal conseguia formular uma frase sem sentir vergonha.

— Jin Ling. – Lan Sizhui chamou sua atenção, levando a mão em seu rosto e o puxando para um beijo inocente. – Já é meia noite. – sorriu.

— Sim... Feliz Natal... – respondeu em um sorriso tímido antes de beijá-lo novamente e com mais vontade.


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Notas finais do capítulo

E é isso
Feliz Natal e Feliz 2020



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