Das primeiras vezes escrita por rosie, Indignado Secreto de Natal


Capítulo 1
quando amarelo encontra verde


Notas iniciais do capítulo

TANANANAAAAAAAAAAAAAAAA. Jweek, você é minha indignada secreta!
Então, fazer essa fanfic foi um desafio enorme por motivos que eu vou te explicar no privado, e no final não foi bem o que eu queria ter escrito, mas, apesar disso, eu espero que você goste do resultado e que saiba que foi uma experiência ótima ter tirado você nesse ISN!
Boa leitura!



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A primeira vez que a viu foi como o sopro de uma brisa em um dia quentinho de primavera… pelo menos nos primeiros cinco minutos. Depois, as comparações paravam de ser tão poéticas assim, porque a sonserina que atraiu os olhares de Julie era tão linda quanto era irritante.

Julie estava perto da entrada do seu salão comunal, próximo à cozinha do castelo, e tudo na garota incomodou-a, mesmo que sem muito motivo aparente. Desde o nó da gravata verde e prata, perfeitamente arrumado e ajustado sem muita folga, até os fios loiros alinhados e aquela boca irritantemente vermelha e grande. Nem mesmo os grandes e astutos olhos dela escapavam da irritação, sem razão aparente, da garota lufana.

A primeira vez que conheceu sua voz foi no mesmo dia em que soube seu nome: Emma. Estavam numa aula dupla de aritmância e a lufana se lembrava claramente de comparar a voz dela com sinos de natal, assim que a ouviu responder uma pergunta feita pela professora. Julie também se inclinou na direção de Emma, que estava sentada logo à frente, tanto por curiosidade, quanto para poder ouvi-la melhor.

Emma captava mais sua atenção naquela altura, e foi assim que Julie percebeu que a irritação que sentia pela garota, na verdade, era fruto de uma atração que a intrigava desde a primeira vez que olhara nos grandes olhos azuis de Emma.  A lufana nunca havia se sentido dessa forma com alguém antes, em todos os seus 16 anos de vida, e tudo que se relacionava à sonserina apenas a fazia querer conhecê-la melhor.

A primeira vez que segurou sua mão foi como achar um ponto quente no sol num dia frio de inverno. De fato, era inverno, e elas estavam a beira do lago negro, sentadas lado a lado, em cima de uma manta, com os joelhos se encostando e inclinadas em direção a um fogo portátil, dentro de um pote, conjurado por Emma. Foi então que a lula-gigante fez um movimento brusco acima da água, com um dos seus tentáculos, o que assustou a lufana, que reagiu agarrando a mão da garota ao seu lado, que simplesmente entrelaçou os dedos. Julie sentiu sua mão formigando e fogos de artifício dançando nas extremidades dos seus dedos, tudo por que tinha os dedos da sonserina entrelaçados aos seus. O polegar de Emma fazia uma leve carícia contra as costas das suas mãos e, naquele momento, Julie adorou a forma como o verde contrastava com o amarelo do seu uniforme.

Quando isso aconteceu, no entanto, já tinha ouvido a voz de Emma várias vezes, em grande parte em muitas conversas longas das duas, e assim ficava cada vez mais difícil pensar na sonserina como um ser irritante, ainda mais após ter tido a oportunidade de ficar em silêncio enquanto a ouvia falar e compreender as ideias que saiam da cabeça dela.

Na primeira vez que sentiu os lábios dela nos seus foi como entrar em uma fogueira e se deixar queimar. A guerra estourava e muitas coisas podiam ser incertas, mas nada era tão certo para Julie quanto as borboletas em seu estômago, o calor em seu ventre e suas bochechas coradas. A lufana se sentiu infinita, mas sabia aquele sentimento não duraria para sempre.

Era terno e cheio de cores, para Julie, a forma como Emma apoiava a cabeça na curva do seu pescoço e colocava suas mãos em torno dela, trazendo-a para o mais perto que fosse possível, até que não houvesse mais nada, nem mesmo palavras, entre elas.

Já a primeira vez em que sentiu seu coração estilhaçar também foi uma das muitas primeiras vezes que entregou para Emma, quase que de bom grado, e com certa felicidade agridoce. Por coincidência ou não, também foi a primeira vez que brigaram feio. Voldemort prometia várias coisas e Julie não acreditava em nenhuma delas, mas para Emma… Algumas dessas encantaram seus olhos desilusionados pela guerra, o que para a sonserina, na época, pareceu muito com esperança, um sentimento tão, mas tão frágil, quanto as asas de uma borboleta.

Já sobre últimas vezes… Depois da última vez que brigaram o relacionamento delas parecia como as asas de uma borboleta também. Um inseto que alcançou voos inestimáveis, contudo que estava fadado a nunca deixar o chão novamente. Julie podia sentir uma adaga metafórica encostada nas suas omoplatas toda vez que beijava Emma e sentia seus toques, apenas esperando pelo momento em que o objeto a cortaria fundo e arriscaria todos os seus órgãos vitais. Era como uma traição estarem em lados opostos de uma guerra, e esse sentimento subia por suas entranhas, até que chegasse na sua garganta como um horrível nó que a sufocava.

Nunca antes Julie olhara para a vida enxergando tantos tons de cinza, percebendo que dificilmente as coisas eram somente um retrato em preto e branco. E era esse conhecimento que fazia parecer como se uma fina película, talvez a sua própria inocência, tivesse sido retirada da frente dos seus olhos, permitindo-a ver o mundo mais claramente. O problema era que a claridade e a crueldade eram medidas que cresciam ombro a ombro, sem nunca se desvincularem, e isso fazia-a sentir vontade de chorar até que estivesse submersa em suas lágrimas e pudesse, assim, se afogar.

Os olhos da lufana, entretanto, estavam secos, porque a inevitabilidade de tudo que estava prestes a eclodir era demais para que ela pudesse compreender, deixando-a em um estado de choque permanente. Era péssimo saber o que era o certo a se fazer e, ainda, não ter a coragem necessária para o fazer.

A última vez que se viram foi num campo de batalha. Emma estava toda suja de fuligem, e Julie tinha um corte na testa que não parava de sangrar. Ali, uma diante da outra, com as varinhas em punho, era pouco crível que um dia foram amantes, mas era certo que ambas carregavam um coração pesado e a certeza do que  teriam que fazer. A sonserina precisava provar sua lealdade ao seu mestre, a lufana precisava fazer o certo. Faíscas voaram e feitiços foram proferidos de ambas varinhas… O que nos leva a mais uma primeira, e última, vez:

A primeira vez que Julie esteve na ponta de uma varinha e Emma, na outra.


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Notas finais do capítulo

Espero que a leitura tenha sido boa! :)



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