The Chosen One escrita por nywphadora, Indignado Secreto de Natal, nywphadora, nywphadora


Capítulo 2
2




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Neville acordou de madrugada suando.

Ainda podia escutar o som dos gritos de horror e choque que se seguiram à cena dos dois corpos mortos surgindo junto da Taça Tribruxo, que ele duvidava que alguém tivesse tido a coragem de recolher.

Tinha pesadelos com essa cena que, infelizmente, era real.

E também tinha pesadelos com a suposição do que teria acontecido naquele cemitério.

Uma coisa era Dumbledore dizer que Voldemort e seus seguidores tinham montado uma emboscada com a ajuda de alguém de dentro do castelo, transformando a taça em uma chave de portal para aquele cemitério, onde realizou uma poção para retomar o seu corpo e matar a Harry e Cedric — algo que foi descoberto depois de uma investigação do Ministério da Magia com o apoio do diretor. Outra coisa era dizer com precisão o quanto que Harry lutou pela sua vida, quem tinha morrido primeiro, quais falas tinham sido trocadas... Os detalhes mórbidos.

Estava chovendo forte. Não era época de chuva.

Tinha chovido no começo do ano letivo.

Não conseguia voltar a dormir. Apesar das luzes apagadas dos abajures, achava difícil que Rony estivesse dormindo naquela noite também. Decidiu descer para o Salão Comunal, quem sabe tomar um pouco de ar, reacender a lareira e se esquentar um pouco, ou só ficar olhando para a parede e esperar amanhecer para enfim tomar uma atitude.

Os competidores do Torneio Tribruxo eram isentos dos exames finais, mas os outros alunos não. Mesmo assim, o professor Dumbledore tinha decidido cancelar os exames daquele ano, devido aos acontecimentos. Quem tivesse que prestar NOMs e NIEMs, resolveria isso mais tarde com a escola, quando os ânimos não estivessem tão abalados.

Não foi o único a ter a ideia de descer.

— Hey — ele disse, antes de sentar-se no chão em frente à lareira.

— Hey — respondeu Ginny em um sussurro.

Ele odiava não saber o que fazer para ajudá-la.

— Já sabe o que vai fazer nas férias? — Neville perguntou.

Já que eles não prestariam exames, não fazia sentido algum manter os alunos na escola até o final do período letivo. Em qualquer outra situação, isso seria motivo de comemoração.

— Eu não sei o que é pior. Ficar aqui em Hogwarts durante as férias ou voltar para casa — ela respondeu, deitando a cabeça nos seus joelhos encolhidos contra o corpo.

Ele podia entender o que ela queria dizer.

No caso dela, os Weasley eram muito próximos de Harry esse tempo todo, era como um outro filho. Pelo que tinha ouvido falarem, os tios dele não sentiriam muito a falta dele, o que era algo um pouco difícil de acreditar.

No caso dele, a sua avó sempre falava bem do Harry, era como se ela quisesse que ele fosse o seu neto, ou como se quisesse que Neville fosse 1% do que o garoto era. Foi. Então podia imaginá-la durante todas as suas férias lamentando, dizendo que era uma pena, e talvez até recordando a amizade de suas mães.

Ele estava cansado dessa ladainha.

Ao mesmo tempo, era como se Hogwarts tivesse sido maculada. Depois de tantos anos, não sabia como que as pessoas continuavam insistindo que era um dos lugares mais seguros do mundo. Podia imaginar o Profeta Diário caindo em cima de Dumbledore, talvez considerando até tirar a sua diretoria, enquanto teriam pais de alunos preocupados.

Fudge admitiria o retorno de Voldemort para todos? Era difícil de saber. Ele seria capaz de mentir sobre a morte de Harry?

— Eu posso passar as férias na sua casa? — Ginny perguntou.

— Você não quer isso — Neville soltou uma risada um pouco seca — A minha avó só fala dele o tempo todo.

— Então vamos para a casa de Luna — ela sugeriu — Ou vamos nos juntar os três e fugir, fazer alguma viagem de férias por aí.

Quando disse esse último, ele pôde ver ela dar um leve sorriso, ao mesmo tempo em que os seus olhos encheram-se de lágrimas que não desceram.

— E iríamos para onde? — ele perguntou, imitando a posição dela, deitando a cabeça nos seus joelhos recolhidos, como se estivessem confabulando.

— Qualquer lugar — Ginny respondeu, dando de ombros — Luna e o pai dela viajam toda hora para procurar essas criaturas.

— Eu assustaria qualquer criatura em um raio de três quilômetros.

Ela soltou uma risada leve, imaginando a cena, que não era tão difícil de imaginar.

— Tudo bem, vamos fugir — Neville concordou.

Ele não estava brincando. Quando foi a última vez que tinha se permitido desobedecer a sua avó? Quando foi a última vez que se permitiu arriscar nem que fosse um pouco? Era estranho como a morte de alguém lembrava a todos os outros sobre a importância da vida.

— Como vai ser? — ele sussurrou.

— Você vai nos bancar, é claro, porque você é rico — Ginny disse, séria.

— Ei! — reclamou.

— Vamos deixar nossas varinhas para trás porque é muito fácil de nos rastrearem com elas — essa parte ele sabia que ela estava brincando —, então vamos comprar varinhas não rastreáveis e aí será mais fácil desbravarmos o mundo.

— Estamos indo para férias ou para uma caçada, senhorita Weasley?

— Estaremos fugindo dos aurores que com certeza a sua avó e a minha mãe vão contratar para virem atrás de nós, então acho que os dois.

— Então fica aqui a minha sugestão de escrevermos uma carta para elas e então sairmos da Plataforma 9 3/4 antes que elas venham atrás de nós...

— Isso não vai impedir a minha mãe de surtar. Ah, tudo bem, então. Talvez a gente precise voltar para casa em alguma hora do dia e então dizer que vai pra casa da Luna.

— Não vamos muito longe assim.

Ele podia sentir-se mais leve enquanto montava aquele “plano de fuga”.

Não percebeu quando eles caíram adormecidos, apoiados contra o sofá do Salão Comunal da Gryffindor.

Quando Seamus o acordou na manhã seguinte, Ginny já não estava mais lá e ele não a encontrou durante todo o caminho até o Expresso de Hogwarts, e nem mesmo durante a viagem.

— Você viu Ginny? — Neville perguntou a Luna, quando ela terminou de percorrer o trem inteiro com as revistas do The Quibbler, distribuindo os excedentes de meses anteriores que não foram comprados.

— Não, eu não a vi o dia todo — ela respondeu, sentando-se na frente dele — Mas eu vi Rony e Hermione sozinhos em um vagão. Pensei que poderíamos nos juntar a eles.

— Eu não acho que eles queiram a nossa companhia, Luna.

Bom, então aparentemente o plano de fuga não ia mais acontecer.

— Não conseguiu falar com ela ainda? — Luna perguntou, abrindo uma das revistas, apesar de provavelmente conhecê-la de trás pra frente.

— De madrugada — Neville respondeu — Ela parecia melhor... Talvez tenha sido impressão minha.

— E se comprássemos algum animal de estimação para ela? — ela sugeriu — Talvez isso a animaria.

— Ótima ideia — concordou sem realmente prestar atenção na sua sugestão.

— Eu acho que ela tem cara de quem gosta de gatos...

E assim passou o restante da viagem, concordando com o que Luna dizia, sem realmente escutá-la, mas ela não reclamou da sua falta de atenção.


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