Cookies escrita por Nat King


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Olá vocês!! Muuuito tempo eu não venho aqui, minha nossa... 2019 foi um aninho agitado e lotado até a tampa, mas quis vir trazer algo para pelo menos celebrar o dia de hoje.

Não sei se alguém aqui celebra ou não o Natal, por isso decidi fazer dessa oneshot nada puxando a data, mas um momento de afeto entre pai e filho :')

Oleg Nikiforov é um OC apresentado em Carabosse, personagem que precisava muito de uma terapia xD Mas antes de ser uma pessoa incapaz de lidar com o próprio filho, imagino que ele tentava ter bons momentos ao lado de Victor. Esse é um deles.

Mileh, de tudo o que já foi dito durante nossa amizade, parece que chega até a faltar palavras. Só gostaria que soubesse que independente do tempo passado ou das coisas vividas, eu desejo o melhor para a sua vida e que você seja sempre muito feliz. Sei que a vida nem sempre nos surpreende de forma positiva, mas você é uma das pessoas mais maravilhosas que já conheci, que merece não somente um feliz natal, mas o ano inteiro repleto de alegria. E se ela não for possível em sua totalidade, que venha em pequenas parcelas de alegria, para nunca faltar um sorriso nesse seu rostinho ♥ Nunca esqueça quão importante você é, Mileh ♥

No mais, espero que façam uma boa leitura! ♥



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Victor acordou sozinho naquela manhã, piscando lentamente para as pelúcias guardadas dentro de um colorido cesto de pano. Por um momento o próprio menino estranhou aquela organização inesperada, uma vez que não se lembrava o que havia acontecido depois que resolveu deitar um pouquinho sobre o tapete felpudo, apenas uma pausa entre uma brincadeira ou outra.

Espere aí! Como ele havia chegado até a cama?!

Mistério…

Coçando os olhinhos claros e afastando a franja que insistia enroscar em seus cílios, Victor desceu do colchão, sentindo o estômago reclamar a refeição negligenciada desde a noite anterior. Quem sabe ele desse sorte de pegar aquela barra de chocolate guardada no segundo armário em cima da pia? Ele tinha quase conseguido da última vez… Se Ilca pelo menos não tivesse gritado apavorada… Só esperava que seu pai não tivesse mudado o lugar do esconderijo. Não entendia muito bem o que “apenas um pedacinho por dia” significava, mas parecia bem pouco para ele, além de demorar muito para acontecer..

Escolhendo um de seus livros de pelúcia — eles eram tão legais por terem histórias e serem feitos também para abraçar! —, Victor o colocou embaixo do braço antes de deixar o quarto. Sabia exatamente para onde ir, mas era fácil se distrair com um corredor tão grande, com tapetes igualmente compridos de desenhos curvos. Não entendia nada da padronagem daquela estampa, mas era tão impressionante! Victor poderia facilmente perder horas de seu dia ali, dobrado sobre detalhes irrelevantes abaixo dos pezinhos cobertos pelas meiazinhas azuis.

Contudo, assim como era fácil ter sua atenção com algo tão banal, igualmente ridículo era desviá-la para longe. Foi assim que Victor deixou seu tapete fascinante para trás, tão logo o ruído da louça na cozinha o lembrou do porquê havia deixado o quarto naquela manhã.

Terminando de colocar os ovos sobre o balcão, Oleg Nikiforov disfarçou um sorrisinho. Victor podia pensar disfarçar muito bem suas entradas discretas nos cômodos quando decidia sair em busca do pai, e quem era ele para fazer a criança pensar o contrário? Por esse motivo, continuou a peneirar a medida da farinha, esperando até sua manifestação se fazer necessária.

Primeiro, ele ouviu o arrastar de uma cadeira e o suspiro baixo de Victor, que aguentou a exatidão de três segundos em total silêncio para prosseguir sua pequena missão, uma miniatura soviética de James Bond. Disfarçando a vontade de sorrir mais uma vez, Oleg se virou para a bancada novamente, quando fingiu não ver Victor se aproximando na pontinha dos pés, crente de sua total invisibilidade. Era agora. Três, dois…

Bu!

— Oh, minha nossa, Victor, você me assustou! — A atuação era terrível, mas convencia a criança, que celebrava aos risos mais aquela vitória. Ele já tinha esquecido completamente que estava ali para comer. —  Eu quase joguei tudo para cima, sabia disso? — Mais uma curta risadinha fofa e o menino já tinha seu dia dado como realizado. — Além de matar seu pai do coração, o que mais você faz, rapazinho?

A pergunta teve como resposta os bracinhos esticados em sua direção. Embora alcançasse as cadeiras, Victor gostava de ser pego nos braços, erguido à altura do pai, a coisa mais alta que ele conhecia, com exceção aos armários da cozinha ou o topo da árvore enfeitada na sala. Mas mesmo que seu pai não fosse tão alto quanto essas coisas, ele conseguia alcançar todas elas, o que era ainda mais impressionante.

— Eu já estava indo te chamar para comer, antes de você me dar o maior susto do mundo. Você dormiu ontem antes do jantar, deve estar com fome. O que vai querer, hoje?

Oh, era verdade! Ele precisava comer! Que bom seu pai tinha se lembrado disso por ele! E Victor ainda podia escolher?! Legal!!

— Batata ‘osti!

Oleg finalmente se rendeu à previsibilidade da criança e sorriu. Antevendo o pedido do menino ele tinha levantado mais cedo, já deixando os lanches do filho preparados, incluindo uma pequena porção de rosti com ovos. Victor adorava o bolinho de batata amassado, mas é claro que seu pequeno tamanho não o deixava ter uma refeição reforçada dessas. A primeira vez que Oleg deixou o filho livre para encarar o prato completo, ambos passaram a noite toda em claro, o menino adoecido e ele tentando socorrê-lo. Drozdov já tinha avisado que equívocos podiam acontecer e que essa era a chance perfeita de aprender alguma coisa. Oleg apenas aprendeu um novo tipo de desespero, um pânico generalizado que ele só sentiu coisa parecida quando seus patins desapareceram faltando quarenta minutos para uma apresentação classificatória em 76.

 — Quero suco!

Suco?

Olhando para onde Victor apontava com tanto entusiasmo, Oleg se deu conta do que era, um copo baixo na outra ponta do balcão, de conteúdo incompleto. Merda… Precisava parar de começar a beber tão cedo.

— Oh não, Vitya, esse tipo de suco só daqui vinte anos. — Nikiforov tinha começado aos catorze, mas esperava que seu filho não seguisse o modelo. — Que tal leite com achocolatado? Hoje você pode.

O menino arregalou os olhos, sem saber bem a razão. Como as pessoas chamavam esse tipo de ocorrido fora da rotina?!

— Quero! — De qualquer forma, ele não dispensaria o agrado, e Oleg sabia disso, tanto que já tinha a bebida preparada desde que acordara, apenas esperando ser reaquecida.

Satisfeito com aquele promissor começo de dia, Victor cutucou a batata macia com sua colherzinha de plástico, enquanto Oleg fazia o favor de tirar sua franja dos olhos e prendê-la para trás com uma presilha cor-de-rosa. Papai sempre resolvia as coisas antes de Victor precisar pedi-las. Ele era muito legal e talvez até mágico, com leitura de mentes e tudo!

— Não coma muito rápido, ou pode engasgar.

— Tá!

— Quer um pedaço de gipfeli de baunilha? — Feliz por mais uma novidade açucarada à mesa, Victor puxou o fôlego para concordar, até Oleg terminar de falar. — Não é para comer só o recheio.

Os lábios de Victor se fecharam num beicinho e ele preferiu tomar um gole de chocolate. E mais isso, agora...

— Certo, mas só hoje — rendeu-se. Gostava de pensar que não o fazia muito, mas a verdade era que Oleg se desesperava muito fácil com reações negativas e se esquecia de dar alguns limites de vez em quando. 

Contudo, estava tudo bem deixar Victor se entupir de porcaria uma vez no ano, não é? Perguntaria a Drozdov em outra oportunidade. De todo modo, ele ficava tão feliz quebrando o croissant ao meio e lambuzando o rostinho de creme em uma piscada. Até o fim daquela manhã, o que será que Victor conseguiria sujar, mais?

— Dá uma olhada aqui, Vitya — chamou Oleg, de repente se lembrando da câmera fotográfica separada especialmente para aquela ocasião. — Vamos guardar uma lembrança para te envergonhar no futuro.

Victor não entendeu a piada, mas sorriu mesmo assim, aquele sorrisinho em formato de coração que por pouco não fez Oleg perder o foco antes de tirar a foto. Victor era tão parecido com ela… E aquele sorriso o aproximava assustadoramente da aparência materna.

Não, negativo. Ele não deixaria que o fantasma de Narkissa estragasse aquele dia. Havia programado tudo aquilo para ser perfeito e seria. Jamais se perdoaria por deixar aquela data ter passado batida da primeira vez.

— E então, a batata está ao gosto do senhor?

Por algum motivo, Victor adorava quando o pai conversava com ele como se fosse um grande homem de negócios, rindo fácil para a cara séria de Oleg e os trejeitos realizados com o pôr e retirar da mesa.

— Sim!

— Algo mais que eu possa fazer pelo senhor, hoje?

— Mais chocolate!

— Sim, senhor.

— Mais cossant baunilha!

— Certo, mais recheio de baunilha.

E para não jogar fora nenhum precioso gipfeli, Oleg terminou de comer as cascas do pão desprezado por Victor.

— Depois que você terminar sua refeição, nós vamos fazer aquela receita que você adora.

Victor parou de mastigar para encarar Oleg com estranheza, rostinho tombado para o lado e aquele cenho franzido que o fazia perder um pouco o rosto da mãe e aproximar-se mais à aparência do pai. Pelo jeito ele não tinha nenhuma ideia, mesmo com todos aqueles ingredientes separados em vasilhames sem fim dando a dica.

— Vamos fazer cookies.

A felicidade da criança foi instantânea, uma explosão de sentimentos felizes incapaz de ser extravasada em palavras, mas em ações; um bater de mãos sobre a mesa que por pouco não fez quicar todas as porções sobre o tampo. Oleg se lembraria de reservá-las em outro lugar em uma próxima vez, isso se eles sobrevivessem aquela primeira.

— Quero! Quero! — E Victor reforçou o tamanho de seu querer ao agitar as perninhas e com isso chutar mais do balcão.

— Certo, certo, rapazinho, agora pare de chutar o móvel, sim? — Alcançando o filho antes que sua animação fizesse voar algum pote, Oleg o tirou da cadeira para sentá-lo em seu colo.

Animado com toda aquela atenção sobre si, Victor disparou a falar uma porção de coisas ininteligíveis, com uma ou outra que faziam sentido, como Victor, quer, batata e chocolate. Se Oleg bem conhecia aquele dialeto limitado, ele sabia que o filho estava apreciando a batata e que queria logo começar a fazer os biscoitos com pedaços de chocolate.

Depois de encontrar um velho livro americano sobre receitas de sobremesas e lanches e passar o dia todo o folheando, o menino não o tinha deixado em paz. Não era difícil encontrar versões industrializadas do doce nos mercados locais, nem importá-los seria um problema, mas Victor queria aquele específico do livro ilustrado, seguir o passo a passo, afundar os dedos na massa e lamber o fundo do pote depois. Por alguma razão, Victor pensava que a textura dos cookies seriam tais quais os bolos feitos pelo pai.

— E você sabe onde está o livro de receita? — Sem hesitar, ele ergueu o livro de pelúcia. — Não esse, Victor, o de receita, com a receita do biscoito.

Entendendo tudo, Victor escorregou do colo do pai e saiu correndo até a sala, sabendo exatamente onde encontraria o livro. Embora já tivesse organizado tudo, Oleg sabia que Vitya só consideraria seus cookies um sucesso, se ele estivesse encarando as páginas decoradas.

Em pé na cadeira para alcançar a mesa, Victor sentia-se nas alturas, um menino grande que com babador e avental adaptados para proteger a roupa, observava tudo com muita atenção.

— Muito bem, cheff — Oleg o chamou, colocando sobre os cabelinhos cinzentos, um chapéu temático de cheff de cozinha, responsável por fazer Victor abrir mais um sorriso de coração. —, por onde devemos começar?

O começo, o começo… Victor deu uma espiadela na página colorida do livro e bateu com o dedinho sobre a figura do que representava uma mulher mexendo os ingredientes em uma grande vasilha.

— Certo, entendi, começamos com os açúcares. — Ajudando a criança a segurar os potes menores, eles viraram os ingredientes secos dentro da vasilha maior. O sucesso daquela primeira etapa fez Victor rir e bater palmas. — Açúcar branco refinado e açúcar mascavo. Quer colocar a pitada de sal? — Victor concordou, fazendo o gesto da pitada por cima da mistura. Por algum motivo, ele acreditava que sal magicamente caía de seus dedos, sem ser preciso buscá-lo em outro lugar. A inocência era tão pura e engraçadinha que Oleg nunca o corrigiu por isso. — Muito bem, cheff Nikiforov! Você quer ser cheff, um dia? — Victor não respondeu, olhos atentos sobre a ilustração do livro.

— Mexe!

— Antes precisamos colocar a manteiga derretida, olha. — Acompanhando o brilho dourado da manteiga cair sobre o açúcar, Victor não se conteve a colocar o dedo embaixo, lambendo-o em seguida. — Vitya… — Encolhendo-se, ele riu baixo. — Tudo bem, pode mexer agora.

Animado, Victor segurou a colher de pau e a mexeu com rapidez o bastante para quase metade dos ingredientes voar para o tampo. Ver a pequena bagunça feita não se assemelhar em nada com o belo colorido do livro de receitas trouxe lágrimas aos olhinhos claros, o resmungo embargado ameaçando começar um choro.

— Está tudo bem, olha só. — Rápido, Oleg passou com um pano pela sujeira e logo a mesa estava impecável novamente. — Não tem mais nada! — Victor coçou os olhos, um pouco mais convencido. — Vamos continuar, cheff, apenas o senhor pode salvar essa receita.

Cobrindo a mãozinha de Victor com a sua, Oleg o ajudou a mexer a pasta, que começava a ganhar um pouco mais cara de receita. Apreciava o cheiro adocicado da baunilha derramada para aromatizar os cookies quando assados, mas apreciava ainda mais ver Victor tão feliz com a reprodução do primeiro desenho sendo tão bem executado.

— E agora, cheff, o que mais?

— Ovo! — E sem esperar que Oleg fizesse o trabalho de quebrá-lo, Victor resolveu ele mesmo fazer o serviço. Era fácil, ele assistiu na televisão várias vezes, uma batidinha na casca e ela se abria perfeitamente.

Por isso mesmo, Victor pegou o ovo e o estourou ali mesmo. Ora, o que tinha feito de errado?

— Melhor deixar o ovo comigo, Vitya. — Sem saber como reagir à careta confusa do filho, Oleg decidiu não rir da cena, apenas cuidar da limpeza e prosseguir de onde haviam parado.

Foi o tempo de dar as costas a Victor para ir até a pia, que ao voltar-se novamente ao menino, ele assaltava os chocolates picados para recheio do doce.

— Victor Olegievich Nikiforov, bastou em tirar os olhos do senhor por dois segundos?! — A bronca não era verdadeira e por isso mesmo, Victor não sentiu-se culpado, embora o flagrante tenha assustado ao garotinho o suficiente para ele dar um pulo na cadeira. — Esse chocolate são para os seus biscoitos!

Mais uma risadinha e Victor olhou para o pai de baixo, desejando vê-lo rir, também. Um pequeno bufar e lá estava Oleg deixando sua diversão escapar.

— Esse menino… — Tentou disfarçar, como se alguém estivesse olhando e fosse algum tipo de crime ser exposto se divertindo com o próprio filho. — Me dê aqui sua mão, vamos limpar antes de continuar.

Bem mais atento agora, eles continuaram a receita, adicionando o ovo até que a massa grossa e granulada do começo estivesse lisa e atraente o bastante para Victor mergulhar o dedo na mistura e prová-la com a atenção de um especialista.

— Então? — Questionou Oleg, pronto para ouvir muitas respostas embaralhadas. No entanto, a resposta de Victor foi afundar o dedo mais uma vez na massa e oferecê-lo à prova. Oh, bem, como negar, certo? — Parece muito bom, cheff. Devemos continuar?

— Sim!

Adicionar a farinha transformou aquela mistura lisa em uma massa bem mais grossa, a textura ideal que permitiria modelar as bolinhas antes de irem ao forno. Victor se mostrou muito cansado para mexer aquela parte, deixando aos cuidados do pai a importante tarefa de continuar sem ele, não sem as devidas orientações, claro, gestos grandes para o livro ilustrado, quase sua bíblia pessoal da culinária, onde o toque final, os pedaços de chocolate com algum desfalque, foi acrescentado para arrematar a mistura. Oleg estava até impressionado com o relativo sucesso daquela receita. Estava com medo de tudo dar errado e ele precisar planejar uma manobra evasiva e colocar cookies industrializados em uma assadeira e fazer uma cena.

— Acho que temos um sucesso, aqui, cheff. — Victor não entendeu, mas sorriu para o elogio. — O senhor me ajuda agora a fazer as bolinhas, igual ao seu desenho, aqui?

Os olhos de Victor seguiram os gestos do pai, caindo sobre o desenho que orientava o passo a passo da disposição da massa crua na assadeira; bolinhas com dois dedos de distância. Aquilo ele tinha entendido bem, erguendo os dois dedinhos como medida para o pai.

— Entendido, cheff, dois dedos — imitando-o, Oleg mostrou os próprios dedos, mas Victor resmungou, categórico; a medida de dois dedos era a dele. — Tudo bem, então, vamos lá.

As esferas cruas de cookie de Victor não eram perfeitas. Parecendo uma bagunça amassada, estavam longe de assar de forma ideal, mas os de Oleg também não estavam lá grande coisa. Talvez fosse aquele o detalhe que colocaria a perder toda a boa execução até agora.

— Vitya, acho que não está dando certo… — Mas o menino não prestou atenção, continuando muito atentamente a ajeitar as bolotinhas disformes. — Entendido, você que manda.

Assadeira posta no forno e Victor parecia seriamente inclinado a passar os próximos quinze minutos esperando, olhando diretamente para a porta do forno — de uma distância segura, claro.

— Acho que já fez o bastante por hoje, cheff. Vamos trocar essa roupa?

Victor não entendeu porque o pai o deixou escolher uma de suas roupas novas para ficar em casa, mas ficou feliz de poder colocar o conjunto azul marinho de veludo. E, assim como todas as crianças de sua pouca idade, ele expressou seu conforto e confiança sentidas com afeto.

Era sabido que crianças pequenas tendiam a depender de seus responsáveis, Oleg havia lido tantos livros sobre o assunto, apegadas em quem lhes depositava mais atenção e despertava mais confiança, mas Victor… Ele tinha uma necessidade quase dolorosa em fazer seus sentimentos serem entendidos, da mesma forma que necessitava senti-los também. Naquela manhã branca do dia vinte e cinco de dezembro, ele sentiu algo tão grande e acolhedor, que abraçou Oleg antes mesmo dele terminar de amarrar os cadarços de seu tênis branco.

Com os bracinhos envolvendo seu pescoço, ele sentia Victor começando a tremer, tentando conter o sentimento de agonia que volta e meia o acompanhava, em especial quando trazia consigo aquele livro almofadado, a história de um cisne confundido com um pato feioso que no fim, encontra-se com a mãe. Oleg podia entendê-lo, embora a cabeça de um bebê de dois anos não funcionasse como a de um adulto de trinta; suas necessidades afetivas eram muito mais urgentes, seu coração tão frágil, lágrimas provocadas com surpreendente facilidade, porém não podia deixar aquela criança se apegar à imagem da mãe. Seria um desastre quando um dia viesse à tona quem fora Narkissa Smirnova. De todos os belos troféus que um dia ela conquistou, Victor ela não merecia. Pensando bem, nem ele merecia aquele garotinho curioso e excessivamente animado que desfilava pela mansão apenas de meia e espalhava presilhas coloridas por todos os cômodos.

Como Oleg acabou sendo pai de uma figura como aquela?

— Te amo, papai.

E de todos os golpes e armadilhas que sua vida já o fizera cair, aquela era a qual Oleg mais tinha dificuldade em ceder.

Mas quem sabe só hoje…

— Eu também, filho... — E com um beijo nos cabelos claros, visualmente a única característica que Victor saíra ao pai, Oleg retribuiu o abraço com um pouco mais de força. — Feliz aniversário, Victor.


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Notas finais do capítulo

Oleg, você é... Difícil.

Quando planejei essa fic, cujo a narrativa flutuaria entre as impressões de Victor e Oleg (pessoas com quase três décadas de diferença de idade), soava ok. Na hora de escrever eu ri de nervoso e pensei KEKEUTO FAZENDO. Mas o desenrolar se saiu melhor do que o script, fiquei satisfeita com o resultado final. Alguém aqui discorda/concorda? Me conta aí, se quiser~

Levantando algumas curiosidades da oneshot:

?” Victor e o pai vivem na Suíça.

?” Como deu para perceber, não há ninguém na casa além de pai e filho, embora Ilca, uma das funcionárias, seja citada no começo da história. Isso acontece porque Oleg é bem reservado e administra tudo o que pode sozinho, incluindo a criação de Victor.

?” Crianças por volta dos dois anos de idade são capazes de se expressar com gestos e resmungos característicos, além de palavras completas, embora as frases ditas sejam curtas, em torno de duas palavras. Dito isso: COMO É DIFÍCIL ESCREVER SOBRE BEBÊS MDS.

?” Oleg não se dava bem com Narkissa, a falecida mãe de Victor. Um dos bloqueios para lidar com o filho vem da assustadora semelhança que o menino tem com ela, com exceção da cor dos cabelos. Imagino que Narkissa tinha os cabelos de um tom loiro/loiro escuro/Gigi Hadid (???) Saca só essa escritora de referência pop :v

?” A receita de cookie que eles estavam fazendo é uma super tradicional que você encontra em qualquer site xD Nessa história, Victor encontrou em um livro importado, já que se trata de 1989 xD

?” Oleg tenta ter disciplina com a refeição do filho, principalmente a ingestão de doces, por ele ser muito novo e os livros de paternidade não recomendarem a ingestão de chocolates antes dos três anos. Ao mesmo tempo, ele não quer que o filho passe vontade, então deixa que o moleque coma um pedacinho de chocolate depois da janta antes de dormir, afinal, eles moram na Suíça :v

?” Batata rosti é exatamente isso aí que vocês leram na descrição, bolinhos de batata amassados ou fritos, que acompanham ovos e legumes. É um café da manhã reforçado para quem trabalha com o campo, mas encontra-se em restaurantes como opção para as demais refeições também.

?” Oleg tem um costume nada bom de beber em qualquer horário e ocasião ;;

?” Gipfelis são croissants suíços. Podem vir como pãezinhos simples ou recheados de creme de baunilha ou chocolate.

?” Drozdov é advogado de Oleg e talvez até um tipo de confidente. Que Deus abençoe sua pobre e paciente alma.



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