Nature and Gods. escrita por Lord JH


Capítulo 2
Novo Lar.


Notas iniciais do capítulo

Uma família se muda para uma casa nova e isolada, mas logo eles descobrem que os vizinhos não são como eles imaginavam.



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Em uma pequena estrada de barro ao norte de Muruxás, na Galicia, Espanha, uma mãe viaja com a filha e o filho em direção a uma pequena e isolada região rural cercada de floresta e povoada por agricultores em suas pequenas fazendas e alguns moradores que viviam em pequenos e escassos vilarejos; enquanto sua filha Iris, a mais velha dos dois, reclamava de tudo enquanto observava a paisagem pela janela do velho carro amarelo.

— Eu ainda não acredito que saímos de Muruxás para nos escondermos ainda mais do mundo. — Reclamava e resmungava Iris enquanto suspirava e batia sem parar com o dedo indicador esquerdo no vidro da janela do carro.

— Filha, eu já falei que eu tenho pesquisas importantes para fazer naquela área! Segundo minha fonte, que é um rapaz que mora naquela mesma região, existem ruínas no meio daquela floresta que podem revelar segredos inimagináveis. — Reexplicou a mãe já perdendo a paciência com a filha que só sabia reclamar.

— Essa floresta não é aquela que as pessoas na escola diziam ser assombrada? — Perguntou Tomás, irmão mais novo e tolerante de Iris.

Marta então sorriu ao perceber o pouco de medo na voz de seu filho, e então ao disfarçar o início de risada para não chatear o garoto, a esperta arqueóloga falou — É essa mesmo, filho; mas não se preocupe, esse papo todo de que a floresta é assombrada são apenas contos de pessoas mentirosas que querem colocar medo em crianças pequenas. Você não acredita nisso, acredita? — Finalizou e perguntou Marta ao olhar de relance para o filho no banco de trás do carro.

Tomás então respirou fundo e ao tomar coragem para não parecer um verdadeiro medroso na frente de sua mãe e irmã, respondeu — Mas é claro que não! Apenas pessoas bobas acreditariam em algo assim. —

Naquele momento íris até ficou tentada a rir e zombar de seu irmão, mas como estava completamente emburrada com a situação, apenas ignorou a mentira de Thomas e começou a mexer no celular para enviar uma mensagem para o seu pai, Fred, e sua melhor amiga, Yennifer.

Porém, após conseguir enviar mensagem para os dois, os mesmos não responderam, o que deixou Iris ainda mais irritada com toda aquela situação.

— Droga, espero que esse lugar ao menos tenha uma internet decente. — Resmungou Iris mais uma vez ao bufar como um boi furioso.

— Bom, segundo a moça à quem eu comprei a nossa nova casa, a região tem sim internet e sinal de celular. — Respondeu Marta tentando dar bons motivos para a filha ficar quieta.

Iris então suspirou mais uma vez e ao avistar um pequeno vilarejo, perguntou — É aqui que vamos morar? —

Marta então olhou para as ruas velhas e sujas do vilarejo, e ao perceber várias mulheres seminuas nas portas e janelas de vários bares, respondeu — Não, nossa casa fica mais ao norte, entre este vilarejo e outro. —

Iris então arregalou os olhos e ao olhar seriamente para sua mãe, perguntou — Espera, nós não vamos morar em uma vila? —

Marta então sorriu mais uma vez, e ao olhar docemente para a sua impaciente filha, respondeu — Na verdade não, mas não se preocupe, teremos vizinhos com quem conversar. —

Íris então revirou os olhos, mas como já não tinha mais paciência para continuar com as perguntas, apenas observou enquanto a sua mãe passava pelo vilarejo em direção a outra estrada que ia ainda mais para o norte.

Então, mais alguns minutos depois, eles avistaram uma casa ao lado de uma enorme horta caseira cercada com cercas de madeira rustica e com um espantalho com cabeça de lobo no meio da plantação.

— Que lindo... — Comentou Iris com certa ironia na voz.

Marta, porém, apenas ignorou o comentário da filha e ao apontar para outra casa mais ao longe, falou — Olha, filha, aquela ali é a nossa mais nova casa. —

Iris então olhou com mais atenção e avistou uma casa até grande apesar de bastante humilde e isolada no meio de tanto pasto e campos verdes.

Porém, sentada na escadinha da frente da casa, estava uma figura que a garota resmungona não esperava encontrar.

Se tratava de uma moça de aparentemente uns vinte ou trinta anos, com roupa bastante leve e folgada, tatuagem de um enorme lobo no braço esquerdo e cabelo pintado de roxo.

Iris achou bastante estranho uma pessoa tão ousada e aparentemente descolada como aquela estar vivendo em um lugar tão isolado e escondido como aquele, porém, quando Marta parou o carro e todos os três familiares desceram do veículo, a estranha moça apenas se levantou e se aproximou de Marta como se já à conhecesse de algum lugar.

— Bom dia pessoas! Eu espero que vocês tenham feito uma excelente viagem até sua nova casa. Aqui estão as chaves e eu já dei uma bela varrida e limpada para ajudar vocês; assim, quando o caminhão trouxer a mudança de vocês, vocês não precisarão se preocupar com limpar a casa. — Falou a estranha, porém bela moça de olhos violetas bastante belos.

Marta então agradeceu e ao pegar as chaves da casa, olhou para sua filha e filho e falou — Pessoal, essa é a Rebeca, nossa mais nova vizinha e corretora de imóveis locais. Rebeca, essa é a minha filha Iris e o meu filho Tomás. —

— Prazer em conhecê-los, jovens. — Falou a tatuada com um sorriso bastante simpático e legal no rosto.

— O prazer é nosso. — Responderam Iris e Tomas em uníssono.

— Eu espero que vocês curtam bastante viver aqui, tem muito espaço livre, dá para tomar banho de rio, passear pela floresta, observar os animais, conhecer os vizinhos e sempre tem boa diversão se você souber aonde procurá-la. — Falou Rebeca ao dar uma “nada” discreta piscadela de olho para Iris.

Tomás então ficou bastante empolgado com a notícia, mas Iris apenas fingiu ignorar tudo o que foi dito e perguntou — Quantos vizinhos nós temos aqui por perto? —

Rebeca então sorriu ao ouvir a pergunta da jovem garota, e ao apontar para o norte, respondeu — Seguindo a estrada você encontrará mais três casas, duas do lado esquerdo e uma do direito, as do lado esquerdo pertencem a uma mesma família a qual possuem jovens da mesma idade de vocês, já a do lado direito pertence a um casal de caras bastante simpáticos e legais; inclusive é com eles que vocês conseguirão internet por aqui. —

— E você, mora aonde? — Perguntou Tomás bastante curioso pela moradia da bela e atraente moça.

— Eu moro na casa com uma horta que tem um espantalho com cabeça de lobo. Vocês com certeza á viram enquanto viam para cá. Se precisarem de qualquer ajuda, eu e meu esposo ficaremos bastante felizes em cooperar. — Respondeu Rebeca com extrema simpatia e felicidade.

— Ah, então você é casada? — Perguntou Tomás extremamente surpreso com a nova revelação.

Rebeca apenas riu baixinho e ao perceber que as crianças estavam bastante surpresas, respondeu — Sou sim, há aproximadamente dois anos, eu acho. Meu esposo se chama Ricardo e caso vocês queiram verduras frescas, ele é o melhor agricultor da região. —

Iris quase riu ao perceber a cara de desapontamento de seu irmão mais novo, mas ao perceber que a coisa que ela mais necessitava naquele momento era internet, ela logo pediu para ir até a casa dos encarregados pela net naquele lugar.

— Eu posso levar vocês até lá, quer ir agora mesmo? — Perguntou Rebeca ao perceber a urgência e ansiedade da garota mais nova.

— Sim, quero ter net o mais rápido possível! — Respondeu íris com os olhos brilhando de ansiedade.

— Então vamos lá! — Falou Rebeca ao começar a andar na direção das casas mais ao norte.

Iris então seguiu com a tatuada, enquanto Tomás ficou para ajudar Marta a tirar as pequenas coisas que eles levaram nos bancos e na mala do carro.

Então, depois de dois minutos de caminhada, Iris e Rebeca chegaram na primeira casa do lado esquerdo, onde a garota mais nova pode avistar uma menina de longos cabelos castanhos, que costurava um vestido rasgado enquanto observava a pacata e deserta estrada, onde também desfrutava da suave brisa que refrescava o seu corpo vestido por uma roupa extremamente decorada com flores de crochê.

— Olá Dani, fazendo um vestido novo? — Perguntou Rebeca ao parar na frente da aparentemente habilidosa garota.

— Olá Reb, estou sim, apenas preciso costurar o rombo que tem nesse aqui e logo depois coloco as flores. — Respondeu a garota com uma voz de garoto bastante perceptível.

— Legal, esta daqui é a nossa mais nova vizinha, Iris. Iris, esta gracinha e belezura aqui é a Daniele, mas pode chamar só de Dani que ela aceita. Rsrs... — Apresentou Rebeca com bastante intimidade entre as duas.

— Olá, é um prazer conhecê-la. — Falou Daniele forçando um tom mais feminino possível.

— Olá, digo o mesmo. — Replicou íris simpática ao perceber que Daniele provavelmente era trans.

— Vocês estão indo até a vila? — Perguntou Daniele curiosa com a possibilidade de passear um pouco.

— Na verdade não, estamos indo até a casa do Antônio e do Toshiro. Gostaria de nos acompanhar? — Perguntou Rebeca já preparando o elo de amizade entre as duas garotas mais novas.

— Bem, se não for atrapalhar vocês. — Falou Daniele um pouco incerta sobre o convite.

— Nada disso, vai ser até mais legal ter mais gente para conversar. — Falou íris contente ao perceber que pelos menos teria alguém de sua idade para conversar.

— Então deixa eu apenas guardar minhas coisas lá dentro que eu já acompanho vocês. — Falou Dani ao descer da cerca e ir correndo até a casa guardar os seus itens de costura.

Então, enquanto Daniele guardava suas coisas, Rebeca se virou para Iris e perguntou — E então? O que achou de sua mais nova vizinha? —

Iris então entendeu a pergunta da tatuada e ao sorrir um pouco por causa da expectativa da mais velha, respondeu — Eu gostei dela, parece ser alguém bastante interessante. —

Rebeca então riu baixinho e ao ajeitar o seu longo cabelo roxeado, falou — Ela é sim; e ela também possui um irmão mais novo e um primo que mora na outra casa. Então eu acho que seu irmão também terá amigos com quem brincar. —

Iris então ficou mais contente ainda, e ao perceber que Daniele já estava retornando, perguntou — Existem outras garotas dessa mesma idade por aqui? —

Rebeca apenas sorriu e ao pensar um pouco mais, respondeu — Por aqui perto não, mas existem outras na vila ao norte e em outras fazendas da região. —

Iris então percebeu que por hora teria que se contentar com Daniele mesmo, e quando a garota se aproximou e falou que estava pronta para ir, todas as três foram juntas até a casa que ficava do lado direito da estrada.

— Olá meninas, garota nova? — Perguntou um homem negro e de cabelo curto que estava vistoriando o motor de um carro vermelho.

— Olá Antônio, tudo em paz por aqui? E sim, esta é a nossa mais nova vizinha, Iris. — Perguntou e respondeu Rebeca sem rodeios.

— Tudo em paz sim. E bem-vinda, Iris. Eu me chamo Antônio e estou ao seu dispor no que precisar. Eu espero que esteja gostando do lugar. — Falou o simpático homem com um sorriso bastante caloroso e receptivo.

— Muito obrigada, Antônio. Eu cheguei agora pouco então não tenho muito o que opinar sobre o lugar ainda. — Falou íris ao tentar esquecer que reclamara o caminho inteiro até descer do carro.

— Então espero que você descubra o que há de melhor por aqui, e logo. — Desejou Antônio com sua voz calma e bela, quase encantadora.

— Ela vai achar, porém, por agora, ela deseja apenas internet. — Falou e explicou Rebeca rapidamente.

— Ah, então você precisa falar com o Toshiro. Shirokuma! Nossa nova vizinha precisa de internet! — Gritou Antônio na direção da casa, onde um jovem e belo homem japonês saiu com um celular na mão.

— Olá meninas, vejo que nossa nova vizinha já chegou. — Falou Toshiro com um cabelo negro bastante curto e um sorriso bastante simpático no rosto.

— Sim, e ela quer internet o mais rápido possível. Então não perca tempo e mostre o quão rápido com os fios você pode ser. — Zombou e provocou o moreno com um sorriso bastante brincalhão no rosto.

— Há-há-há.... Baka! — Respondeu Toshiro ao sorrir e ir até o galpão atrás da casa, que ficava ao lado de uma enorme antena.

— Hahahaha.... Não precisa se preocupar mais, Iris, assim que eu terminar de ajeitar o carro e o Toshiro arrumar o equipamento dele, nós iremos até sua casa lhe oferecer a sua preciosa internet. — Afirmou Antônio com uma serenidade e felicidade que só deveria pertencer ao homem mais feliz do mundo.

— Obrigada! — Agradeceu íris ao perceber que talvez aquele lugar fosse mais interessante do que ela jamais imaginou.

 

 


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Notas finais do capítulo

Continua...



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