A Thousand Years

Diversas gerações de jedi estavam com ela para derrotar Palpatine, seu avô de sangue. Contudo, um preço precisava ser pago. Seu corpo não havia conseguido suportar tamanho poder e isso lhe custara a vida.

Caída no chão do Templo Sith, com os olhos abertos voltados para o alto, ela contemplava o vazio. 

Rey não tinha dúvida alguma, sua alma estava deixando o seu corpo aos poucos. Não conseguia se movimentar e tudo o que podia enxergar era um pequeno brilho em meia tanta escuridão.

Ela era grata a força, grata por tudo. Pelos amigos que havia conhecido ao longo da jornada; por ter lhe concedido a oportunidade de conhecer a verdade sobre sua origem, por mais dolorosa que fosse; por finalmente escutar a voz de Luke Skywalker e dos antigos jedi que vieram antes dela; por fim, era grata pela redenção de Ben Solo, ainda que, agora, o tivesse perdido para sempre.

Perdida, não escutou os passos de Ben se aproximando devagar, muito menos quando ele a tomou em seus braços, abraçando-a com toda a força que havia lhe restado. 

Mas, de alguma forma, que nem ela própria saberia explicar, escutou o seu nome sendo chamado.

— Rey, por favor, fique comigo. — ele implorava. — Fique comigo, não me deixe.

Ben estava se comunicando através do laço, que era uma espécie de ponte, mantendo-os ainda os mantinha unidos até mesmo em sua morte. Rey se agarrou com força no laço, ela queria responder, gritar que estava tudo bem e que sua morte não havia sido em vão;

Porém, algo havia mudado. A voz de Ben em sua mente ficava mais alta e clara e, aos poucos, o pequeno e único brilho que conseguia visualizar aumentava de tamanho e parecia formar uma imagem. 

A primeira visão que seus olhos tiveram foi o rosto preocupado de Ben Solo. Ele a olhava atentamente, observando cada mínimo detalhe seu. 

Rey sorriu, ele havia lhe trazido de volta. Não sabia exatamente como, mas ela estava lá, de volta ao templo, com ele. Além de Palpatine, a jovem nunca havia ouvido falar de que alguém retornasse após a morte. 

Ben estava do mesmo jeito que se lembrava antes do confronto final com o homem que era considerado seu avô. A blusa preta de manga longa ficava um pouco larga em seu corpo, mas era um detalhe irrelevante. Havia novas pequenas cicatrizes em seu rosto, resultado da última batalha. Ele parecia cansado e fraco, respirando com uma certa dificuldade, mas o sorriso em seu rosto dizia que ela não precisava se preocupar, tudo ficaria bem.

Ela não se conteve em apenas o observar de volta, levantou a mão e a passou por seu rosto, de forma carinhosa.

— Ben! — gritou, em extase, não acreditando que aquilo era realmente possível.

Há tempos, em todos os encontros que tiveram, ela havia tentando reprimir o desejo ardente de colar o seu corpo ao dele. Mas desta vez, não havia motivos para resistir. Em sua frente estava Ben Solo e não Kylo Ren, a quem ela um dia havia chamado de monstro. 

Rey o puxou para si, beijando-o com grande necessidade. Ela o queria para si, possuí-lo totalmente, enquanto Ben a beijava de volta com delicadeza e paixão.

— Fiquei com medo de te perder para sempre. — ele pronunciou, após se afastarem. 

— Você me trouxe de volta, Ben. — respondeu com convicção. — Ouvi você me chamando pelo laço.

Ele encolheu os ombros, envergonhado, algo que Rey nunca havia visto Kylo Ren fazer. Contudo, ela sabia que aos poucos iria conhecer as atitudes de Ben Solo, cada uma delas. Havia tempo, muito tempo para ambos se conhecerem de forma apropriada.

Com certa dificuldade, Ben se levantou e ofereceu a mão para ajudá-la com muitas expectativas no olhar. Porém, desta vez, não houve tempo para dúvidas, Rey segurou em sua mão estendida, assim como havia segurado no laço que os unia.

— Eu te dei minha vida, Rey. Pensei que fosse morrer por isso— Ben sussurrou, apertando sua mão enquanto ela se levantava. —  Mas acredite, depois de tudo o que aconteceu recentemente, eu morreria por você, quantas vezes fosse preciso.

Ela própria não conseguia entender o que realmente havia acontecido, apenas que a voz de Ben a chamando em sua mente a havia levado acreditar de que tudo era possível. 

— A minha vida é sua. Muito obrigada, Ben.  — Rey exclamou, com muita sinceridade em suas palavras, já não conseguindo conter as lágrimas.  — De alguma forma, enquanto você me chamava, eu acreditei que encontraria você. Eu queria te encontrar, queria ver você.

Ben se aproximou, limpando as lágrimas que caíam por seu rosto com uma mão, enquanto a outra ainda apertava a sua.

— Você me encontrou. — disse, abraçando-a em seguida. — Agora vamos embora, esse templo não vai ficar de pé por muito tempo.

Rey olhou para o alto, havia se esquecido completamente da batalha que estava sendo travada entre a Resistência e a Primeira Ordem.

— Nós vencemos, Ben!

— Eu sei. 

É claro que ele sabia, ele sempre sabia de tudo. 

Contudo, havia muitas coisas que Rey ainda não consegui compreender com clareza.

— Como foi que você chegou aqui?

— Você irá se surpreender. Agora vamos, temos bastante tempo para discutir sobre isso.

Ben ainda segurava em sua mão, ele havia esperado tanto tempo por isso que parecia não querer soltar tão cedo e Rey se sentia confortável, não querendo que ele a soltasse.

Era tão irônico pensar que, há poucos dias atrás, ela o considerava seu inimigo. Porém, ele havia atravessado a galáxia, enfrentado seus antigos Cavaleiros de Ren e um Imperador Sith e dado parte de sua vida por ela.

Passando pelos escombros do templo, de mãos dadas, ambos sorriram novamente, a felicidade por estarem juntos não era contida. Pela primeira vez, não havia batalhas, jedi, líder supremo, imperador ou qualquer outro conflito que os impedissem de algo. 

Eram apenas Ben Solo e Rey aguardando por um futuro.

Eles estavam juntos e nem mesmo a força os separaria agora, pois a morte havia tentado e fracassado completamente.