Sempre foi Você escrita por dannyoq


Capítulo 15
Quando vai se descobrindo um cai




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My Girl – Tiago Iorc

Meia garrafa de vinho depois e eles ainda estavam no mesmo lugar. Ambos permaneciam submersos na penumbra da noite, sendo iluminados apenas pela luz reluzente da lua cheia, que por sinal, estava maravilhosa. Esplêndida. Digna de admiração, como sempre. O vento parecia ainda mais frio do que quando chegaram ali, castigando o corpo inerte dos dois seres que ali permaneciam, já que não estavam com roupas apropriadas para manterem-se aquecidos. Porém Regina e Robin encontraram um jeito bastante confortável e acolhedor para manterem uma temperatura corporal aceitável. Afinal, tudo o que não queriam era ter que sair daquela calmaria em que estavam envolvidos.

Mills estava apoiada na sacada, seus orbes castanhas miravam o horizonte completamente escurecido e misterioso - ela amava a sensação que invadia seu âmago ao fitar aquela imensidão. Era um sentimento inexplicável, ao qual ela só fazia questão de sentir - contrastando com algumas luzes dos prédios da cidade Nova-iorquina e, de incontáveis estrelas que se faziam majestosas no céu. Em uma de suas mãos, que descansava sobre a sacada, estava sua taça contendo a bebida de líquido vermelho escuro e sabor adocicado, que seu paladar tinha total apreço em degustar. A outra estava entrelaçada com a mão de Locksley, que tomava a sua por completo, em um encaixe primoroso e um calor gostoso, tendo-as, por fim, repousadas em frente à barriga de Regina.

Robin acolhia o corpo esguio da morena em um abraço. Um abraço que esquentava os corpos do frio, que aquecia sua alma com todo aquele carinho que era transmitido a ela a cada toque do loiro. Por mais simples que aquele contato fosse, Regina sentia-se protegida e segura, quando envolvida pelos braços de Locksley nada temia. Sempre fora assim, desde quando ela ainda não entendia muito bem o que se passava entre eles. Não que estivesse menos confuso agora, longe disso. “Mas, se não tiver loucura, não é a vida, certo?”

O que ela não notara ainda - talvez estivesse começando – é que sempre continuaria sendo assim. Ela via um cais naqueles oceanos navegáveis e poderia muito bem ancorar-se ali.

Locksley tinha seu queixo apoiado no vão do pescoço de sua morena, totalmente inebriado pela fragrância de maçãs que invadia suas narinas. Sentir aquele perfume era um vício do qual ele não pretendia ser curado.

O silêncio perdurava entre eles, não um incômodo, sentiam-se confortáveis apenas tendo um ao outro. Nenhuma palavra era ouvida, apenas o som de suas respirações e o choque de suas taças contra seus lábios. Era tudo muito leve e natural, mesmo que ainda fosse tudo muito novo, e pode-se dizer, cedo.

“Mas, meus amigos, o tempo deles não é o nosso.” Eles possuem um ritmo só deles, onde tudo acontece quando realmente tem que acontecer. O loiro e a morena possuíam um jeitinho especial de viver aquele sentimento, no qual apenas eles entendiam.

Ele não podia ver o rosto da morena, mas conseguia imaginar perfeitamente em como sua face exalava serenidade naquele momento. O loiro sabia que Regina adorava sentir essa conexão com os corpos celestes, ela o confidenciara tantas e tantas vezes em suas inúmeras conversas. Robin poderia ficar assim, com ela em seus braços, apreciando o que os astros tinham para mostrar-lhes, por todo o tempo que a capacidade humana poderia contar, ou mesmo para todo sempre. Sem nenhuma segunda intenção, apenas para ter o prazer de sua companhia.

 Robin Locksley estava beirando ao clichê mais ridículo de todos, mas fazer o que, certo? Não tinha muita coisa para ser feita nem como evitar o inevitável.

Alguma coisa dentro dele dizia-lhe que era disso para pior... Ou, naquele caso, melhor.

I've got sunshine
On a cloudy day
When it's cold outside
I've got the month of may

Eu tenho o brilho do sol
Num dia nublado
Quando está frio lá fora
Eu tenho o mês de maio

 

 

Robin depositou um beijo em seu pescoço, sentindo-a arrepiar no local onde seus lábios encontraram a pele exposta e macia dela, tal fato ocorreu pelo contraste de temperatura entre seus lábios e a pele, ou apenas por ser ele quem depositara o carinho. Inalou profundamente seu cheiro novamente, voltando sua mirada azul para a imensidão na qual ela estava totalmente entregue. Gostaria de saber o que tanto Regina Mills pensava, queria poder ter o privilegio de, quem sabe, ocupar alguns de seus pensamentos, nem que fosse uma fração curta deles. Mal sabia Locksley que ele tomava-os por completo, desde que suas íris encontraram-se pela primeira vez. Desde que seus corações bateram no mesmo ritmo... Desde que suas almas reconheceram-se.

 

 

Well, I guess you'll say
What can make me feel this way?
My girl
Talkin' 'bout my girl, my girl

Bem, acho que você vai dizer
O que pode me fazer sentir desse jeito?
Minha garota
Estou falando da minha garota, minha garota

 

 

Fora quando ambas as taças já estavam no fim, em que o silêncio que já perdurava há tempos, ao qual nenhum dos dois fizera questão de medir, que a voz rouca de Robin ressoou pelo ambiente, externando sua preocupação.

— Você não está sentindo frio? – perguntou suavemente, ainda com as miradas voltadas para o horizonte. A voz dele entonava todo o cuidado que sentia por ela.

— Só um pouquinho. – respondeu-o, apreciando as estrelas e todo o mistério por trás delas. – Mas, aqui está tão bom, não dá vontade de sair não! – o confidenciou. – E seu abraço me mantém aquecida. – concluiu, deixando escapar um sorriso bobo, fazendo-o sorrir de leve contra sua pele.

— Realmente não dá vontade de sair daqui. – concordou, abraçando-a um pouco mais apertado. – Eu posso te aquecer todas às vezes que quiser, não tenho nenhum problema quanto a isso. – sua taça fora deixada em cima do apoio da varanda, desse modo, ele poderia abraçá-la de maneira mais completa. Encaixou mais um pouco seu queixo no vão do pescoço dela.

— É muito bom saber disso, eu posso ser bem folgada quando eu quero, Locksley! – riu baixinho de suas palavras.

— Eu nem percebi isso. – debochou. – Nem com todas às vezes que você forçava-me a comprar hambúrguer, batata frita e um copo duplo de Coca-cola quando estava vindo para cá.

— Hey! Eu não te explorava coisa nenhuma. – fingiu falsa ofensa. Escutando um “hurum” abafado vindo do loiro. – Tá, talvez só um pouco, mas também nem era sempre. – tentou defender-se, sabendo que para aquilo não tinha defesa alguma.

— Posso trazer quantos hambúrgueres você quiser, babe! Desde que me pague com beijos, tudo certo! – disse despreocupado, ouvindo uma gargalhada soar por entre os lábios dela. Fechou os olhos por alguns segundos, apreciando aquele som que fazia seu coração descompassar.

— Acho justo! – falou em meio às risadas.

— Mas, agora sério, acho melhor entrarmos.  Eu sei que você ama olhar as estrelas, mas levar essa friagem por muito tempo vai acabar fazendo você pegar um resfriado. – alisou os braços gélidos dela. – Eu posso continuar te aquecendo lá dentro, o que acha? – sugeriu.

Regina girou em torno do próprio eixo, voltando-se para ele, ainda envolvida nos braços do britânico, enfim colocando fim à conexão com as estrelas. Seus braços envolveram a cintura dele, mirando seus oceanos preferidos e, assim, estabelecendo aquela ligação entre suas cores, já tão conhecida por eles. Ela olhava-o intensamente e sem interrupções. Dera mais um passo na direção do loiro, até que seus corpos estivessem juntos mais uma vez.

Como se imã fossem, os rostos aproximaram-se lentamente, enquanto as respirações misturavam-se. Não demorou muito para que suas bocas estivessem coladas uma na outra, entregando-se em mais um beijo naquela noite. Seus lábios macios deslizavam-se vagarosamente em um beijo sem pressa. Pressa era tudo o que eles não tinham naquele momento. Separaram-se apenas quando necessitavam de ar em seus pulmões.

— Eu acho uma boa ideia. – respondeu-lhe a pergunta feita antes de iniciarem o beijo.

Robin beijou-lhe o topo da cabeça, fazendo com que ela fechasse os olhos por alguns instantes. Um sorriso de canto brincava no rosto de ambos.

Separaram-se, pegando as taças e a garrafa de vinho que, a essa altura, não restara muita coisa, seguindo para dentro do apartamento.

O contraste de temperatura entre a varanda e o interior do apartamento fora sentido de imediato. A brisa ainda adentrava o local, devido à porta de vidro ainda estar aberta, mas não sentiam mais o frio congelante de alguns minutos atrás.

 Por ela, continuaria lá fora por horas a fio, olhando todas aquelas estrelas brilhantes que adornavam uma lua majestosa no céu, mesmo com todos aqueles prédios e luzes acesas de Nova York, recebendo o abraço aconchegante e acolhedor do loiro, que fazia-a sentir-se segura, apenas por tê-lo ali, envolvendo seus braços fortes e seus músculos delineados em seu corpo.

 O frio que a parte externa de seu corpo sentia, por estar de shorts jeans e camiseta, não comparava-se com o calor de seu âmago naquele momento. Para ela, pouco importava. Congelaria aquele momento, assim como todos os outros que estivessem juntos.

Robin aquecia seu âmago por simplesmente estar em sua presença, como um belo e apertado abraço.

Ela queria sempre ser abraçada.

Enquanto seus pés a levavam até a cozinha para guardar as taças usadas por eles, seus pensamentos a chamavam para longe. Ou melhor, para ser mais exata, para o cômodo bem ao lado ao qual estava e, para a pessoa que estava ocupando-o. Assim que chegou à cozinha, decidiu fazer sanduíches para que eles pudessem comer algo. Montou os preferidos de Robin, - peito de peru, com bastante maionese - seguindo até a sala com eles em mãos.

Locksley estava sentado no sofá, com um porta-retrato em mãos. Seus olhos azuis analisavam a foto com tanta minuciosidade que era como se ele estivesse relembrando o momento. A foto possuía a figura de duas pessoas, Regina e Henry, um de seus dedos alisava a figura retratada dos dois, especificamente da morena. Um sorriso poderia ser visto no canto de seus lábios. Lá estava ele, observando-a mais uma vez, agora por uma foto.

Estranho seria se Robin não estivesse olhando-a com suas íris claras como se quisesse desnudar toda sua alma, antes mesmo de tocar seu corpo.

Vê-lo sorrir tirava completamente sua atenção... Vê-lo, por si só, já era uma distração bastante difícil de vencer. Mas, ver seus olhos e lábios sorrirem juntos... Ah, era uma coisa na qual ela perdia o foco facilmente.

Regina esbarrou em um móvel e, seu resmungo baixinho - por ter derramado um pouco do suco – fez com que Robin tirasse a atenção do objeto que tinha em mãos, ouvindo a morena exclamar algo. “Droga!” Falou baixo.

— Deixa que te ajudo! – Robin falou ao mirá-la vindo em sua direção, vendo que ela tentava de jeitos acrobáticos manter tudo em mãos. Deixou o objeto em cima do centro de mesa, e correu para perto da morena. – Você poderia ter me chamado. – distribuiu os copos e pratos entre os dois.

— Achei que daria conta. – deu de ombros. Robin riu, era marrenta demais para pedir ajuda. – Do que está rindo? – indagou ao perceber, arqueando uma de suas sobrancelhas.

— Nada senhorita “achei que daria conta”! – colocou o copo de suco e o prato com os sanduíches sobre a mesa de centro.  Virando-se para ela.

— Engraçadinho! – semicerrou os olhos. Colocou seu copo no mesmo lugar que ele colocou o seu há segundos, cruzando os braços abaixo dos seios, o que fizera com que eles se empinassem um pouco.

Robin aproximou-se ainda mais de seu corpo, envolvendo sua cintura, findando definitivamente o espaço que existia entre eles. Levantou sua mão na altura de seu rosto, colocando alguns fios de seus cabelos atrás de sua orelha. Um bico estava formado nos lábios dela, fazendo com que o loiro sorrisse de canto, ele achava aquilo adorável. Deixou um selinho casto e demorado, a fim de desfazê-lo, esmagando-o propositalmente com a pressão exercida sobre eles.

— Fiz seu preferido. – falou assim que puseram fim ao contato, mirou o prato com os sanduíches. – Vamos comer! – seus olhos brilhavam.

— Não precisava ter se incomodado, babe! – proferiu, pegando-a pela mão direita, entrelaçando-as.

— Não foi incômodo algum, Locksley! – sorriu. – Além do mais, tenho que recepcionar bem minha visita, pretendo ganhar alguns hambúrgueres por ser uma boa anfitriã. – bateu seu indicador contra a pontinha do nariz do loiro, arrancando uma risada dele com suas palavras.

— Têm é? – perguntou, apertando um pouco mais seu braço livre ao redor do corpo dela, recebendo um menear afirmativo de Regina.

Segundos depois, Robin tomou-lhe os lábios carnudos, dispensando qualquer tipo de delicadeza. Logo suas línguas estavam em jogo, travando uma batalha particular entre elas. Ambos de olhos fechados, apenas apreciando o momento e os arrepios que aquele ato causava em seus corpos. Regina apertava os braços dele com certa força, pela tamanha intensidade do contato que eles compartilhavam. Só quando seus pulmões imploraram novamente por ar, o beijo fora cessado gradativamente, com vários selinhos.

Suas testas estavam coladas, tentando manter as respirações em equilíbrio novamente.          

— Só pelo hambúrguer. – disse ainda ofegante. A voz da morena interrompera o silêncio.

— Só pelo hambúrguer! – repetiu. Dando-lhe um selinho.

Ele perguntava-se como aquela mulher conseguia afetá-lo tanto. Robin meneou a cabeça levemente, desprendendo-se da cintura da morena.

Sentaram-se no chão, lado a lado, encostando o tronco no sofá. O loiro pegou um sanduíche, levando-o a boca, enquanto Regina olhava-o atentamente. Um gemido de satisfação escapou por entre os lábios dele.

— Isso aqui está muito bom! – falou, depois que engoliu o que tinha na boca.

— É porque você ainda provou da minha lasanha, Locksley! – disse com um sorriso largo brincando em sua face. – É a melhor!

— Bom saber, vou cobrar hein. Uma lasanha especial, preparada pela morena mais linda de todas. – proferiu as palavras, notando as bochechas de Regina ganharem um tom de carmim. Ela riu, voltando sua atenção para seu sanduíche.

“Locksley e seu poder de deixá-la sem palavras.”

Enquanto comiam seus respectivos sanduíches, eles conversavam. Assunto era o que não faltava entre ambos, Robin sempre perguntava-a como iam às coisas no café, coisas relacionadas a ela ou a Henry, sempre demostrando preocupação. A conversa ia de assuntos mais sérios, como o trabalho de ambos, para coisas aleatórias que arrancavam gargalhadas dos dois. Ela também se mostrava bastante preocupada para com o loiro, e isso preenchia-lhe de maneira sem igual.

Alguns minutos e boas gargalhadas depois, Regina e Robin terminaram de alimentar-se e a morena levantou-se de onde estava, proferindo para o loiro um “já volto” e rumando para seu quarto. Sem muita demora, voltara com uma manta em mãos que parecia bastante quentinha.

Robin estava recolhendo os pratos usados por eles quando a voz suave de Regina chamou sua atenção.

— Depois dou um jeito nisso, Robin! – seus passos em linha reta a levaram para próximo do sofá cinza de três lugares, no qual estavam escorados agora a pouco. – Vamos ficar um pouquinho aqui. – apontou para o sofá. – Você disse que iria aquecer-me, e estou com frio. – proferiu manhosa.

— Seu pedido é uma ordem, Milady! – colocou as coisas previamente ajeitadas de volta à mesa, para juntar-se a ela.

Robin deitou-se no sofá, de modo que ambos ficassem confortáveis. Elevou mais um pouco o tronco, usando o braço do móvel para servir de apoio, esperando que ela se aconchegasse ao seu corpo. E fora isso que ela fizera, deitou-se junto a ele, cobrindo-os até a cintura de ambos com a manta que trouxera junto consigo, já que como a porta da varanda estava aberta, uma brisa gostosa ainda adentrava a sala.

Depois de cobertos, Regina deitou-se de modo a ficar de frente para ele, descansando seu rosto e uma de suas mãos no peitoral de Locksley, deixando com que ele acolhesse seu corpo. O loiro transpassou um dos braços por trás do corpo da morena, parando sua mão na base de suas costas, deixando um leve afago em vai e vem no local. Sua outra mão encontrava-se na face angelical de Regina, onde delineava com a ponta dos dedos, enquanto ela mantinha os olhos fechados, recebendo de bom grado todo aquele carinho vindo do homem.

Robin aproximou o rosto dos fios negros dela, inalando o cheiro de maçãs que ele tanto aprendera a amar com o passar do tempo. Deixou-lhe um beijo no topo da cabeça, continuando o afago em suas costas. Ambos estavam aninhados um ao outro, não era só a manta que os aquecia, era o calor compartilhado por ambos os corpos por estarem unidos.

O silêncio perdurou alguns bons minutos, talvez nenhum dos dois quisesse acabar com o momento, era bobo, de fato, mas sempre singular para eles, como estava sendo aquele, até que a voz rouca do loiro interrompera a ausência de som.

— Assim está melhor, hm? – perguntou ele, referindo-se ao frio que enfrentavam há tempos.

— Hunrum. – respondeu baixinho, inebriada pelo toque dele.

— Quer fechar a porta da varanda? – perguntou. Recebendo um resmungo negativo em resposta. – O gato comeu sua língua? – soltou, fazendo Regina rir baixinho.

Ela levantou o rosto até que pudesse vê-lo, ainda com uma expressão divertida no rosto. E lá estava a conexão, estabelecida e intensa, como era todas às vezes que o azul e o castanho encontravam-se. Com os dedos, a morena acarinhou todo o maxilar dele, perdendo-se em sua barba por fazer, até que seus lábios foram ao encontro um do outro, como de costume. Um beijo calmo fora iniciado e logo suas línguas estavam em jogo, tornando-o intenso. Aos poucos foram sessando o contato.

— É, não comeu não! – Robin provocou, arrancando uma gargalhada de Regina.

— Por deus, você é bobo demais, Locksley! – meneou a cabeça em negação.

— Culpa sua! – selou os lábios rapidamente, mas de forma terna.

Mills voltou a repousar seu rosto sobre o peitoral do loiro, que dera continuação ao afago que fazia nela instantes atrás.

Eles decidiram horas atrás que deixariam que o tempo os guiasse, e era isso que faziam de melhor. Seguir o que ambos os corações pediam, o curso natural da vida, e talvez um começo de algum tipo de relacionamento. Os dois apreciavam o instante, dedicavam-se a ele, com a intensidade que só eles conheciam e compartilhavam um com o outro, fosse com a conexão de seus orbes, seus beijos, os toques e carinhos que trocavam ou apenas com q presença do silêncio. Eles exalavam intensidade. Sempre fora assim, e continuaria sendo.

Para Robin, era diferente tê-la assim, em seus braços e ao alcance de seu toque. Não que não a tivesse antes, mas estava sendo diferente. Era muito bom, por sinal. Com o passar dos dias, as coisas começavam a entrar no eixo do conhecido.

O afago que ele deixava na base das costas da morena fizera com que sua mão adentrasse um pouco por baixo da camiseta que ela vestia, sentindo a pele macia daquele corpo. Regina estremeceu no exato momento que aquele contato aconteceu, o calor que emanava da mão dele indo diretamente para sua pele exposta, fizera com que um suspiro saísse por entre seus lábios, e os pelos invisíveis por eles se eriçassem. Ao notar, o loiro ameaçou parar seus movimentos e quando iria retirar a mão, um resmungo de descontentamento vindo dela fora captado por seus ouvidos, fazendo com que os lábios finos se contraíssem em um sorriso, continuando então o que estava fazendo.

O tempo pareceu congelar, nenhum dos dois saberia dizer o quanto deste já tinha passado, se segundos, minutos ou horas. A realidade fugia de suas percepções.

Robin escorregava seus dedos por entre os fios sedosos de Regina, enquanto a outra mão permanecia onde estava antes. A respiração dela estava tranquila, sentia seu peito subir e descer de forma ritmada.

Após alguns minutos, ele percebera que ela tinha adormecido em seus braços, e um afago quente surgiu em seu âmago. Ela parecia tão frágil daquele modo, como uma bonequinha de porcelana, que a qualquer momento poderia quebrar. Ele só queria poder mantê-la assim, protegida de tudo. Acolheu-a ainda mais em seus braços, encostando seus lábios em sua testa, deixando-a um beijo de proteção.

 E, sem perceber também, acabou sendo arrebatado pelo sono.

O loiro fora despertado por um barulho abafado e aos poucos suas íris abriram-se. Ainda fora de órbita, ele deu-se conta de que ainda estava abraçado à Regina, escutando um resmungo abafado, já que ela tinha seu rosto próximo ao vão do pescoço dele e remexeu-se um pouco sobre o seu corpo, voltando a ficar inerte segundos depois.

Notou que o barulho que escutara era de seu celular e, com muito esforço, para que Regina não acordasse, conseguiu retirá-lo do bolso de seu jeans. O nome de sua mãe piscava na tela do aparelho. Por fim, atendeu a chamada, tentando falar o mais baixo possível para que sua morena não saísse dos braços de morfeu tão rápido, o dia fora cansativo com o pequeno, então queria que ela descansasse.

— Oi mamãe! – disse após atender. – Ainda estou aqui na Regina, vim trazê-la em casa. A senhora está precisando de algo? – perguntou. – A senhora nunca me atrapalha. Uns minutos e estou chegando. Tudo bem, Dona Elisa, a senhora não está atrapalhando nada. Beijos, te amo! Pode deixar, mando sim! – finalizou a ligação, colocando o aparelho sobre o sofá.

Pegou o celular novamente para verificar as horas. Já se passavam das 08 da noite, nem percebera o tempo passar. Dormir junto à sua morena era tão bom. Não queria ter que acordá-la, mas conhecendo dona Eliza como conhecia, ela certamente estava-o esperando para jantar. Afastou os fios escuros que estavam caídos sobre rosto a sua frente, distribuindo beijos por todo o local que conseguia alcançar.

Ela remexeu-se.

— Morena. – chamou baixinho. – Você precisa acordar! – chamou-a mais uma vez.

— Não quero! – sua voz saíra extremamente rouca e um pouco abafada. – Aqui está muito bom. Quero acordar não!

— Acorda, preguiça! – proferiu, alisando seu rosto com o dedo indicador. – Preciso ir para casa.

— Ah não, Robin! – falou, escondendo ainda mais o rosto contra o loiro. – Fica mais um pouco! – pediu.

— Eu adoraria, meu anjo, mas dona Elisa já me ligou e, conhecendo minha mãe, ela deve estar me esperando para jantar.

Pouco tempo depois, Regina desvencilhou-se com dificuldade dos braços do loiro, sentando-se no sofá com as pernas cruzadas como índio, coçando os olhos para obter um despertar mais rápido, para em seguida alinhar seus fios bagunçados. Robin fizera o mesmo, sentou-se, também arrumando a postura e observando cada movimento que ela fazia.

— Como consegue? – perguntou, chamando a atenção de Mills. Ele olhava-a encantado, como se estivesse vendo uma das maravilhas do mundo. De certo ele tinha razão.

— Consigo o quê? – devolveu com outra pergunta, franzindo o cenho. Estava confusa.

— Ficar linda até com essa carinha de sono. – disse com um sorriso que evidenciava suas covinhas, acariciando o rosto dela com o dorso da mão.

Regina nada disse, o sorriso que surgira em seus lábios era a resposta. Juntou sua mão a dele que estava sobre o seu rosto, levando-a aos lábios e deixando um beijo.

— Por que a Elisa não veio com você? Ela poderia ter ido conosco ao parque. – entrelaçaram as mãos.

— Eu até disse para que ela viesse, mas ela disse-me que não queria atrapalhar nosso passeio. – esclareceu.

— Ela não iria atrapalhar. – proferiu, docemente.

— Eu também disse isso. Disse que era apenas um passeio e que ela poderia vir conosco, mas ela disse-me que “precisávamos desses momentos sem ninguém para atrapalhar” – usou aspas nas palavras escolhidas pela mãe. – Palavras dela, okay? – Regina riu.

— Não acredito! – exclamou, meneando a cabeça em descrença.

— Acredite! – acompanhou-a em uma risada.

— Fico me perguntando se existe algum complô contra nós, e a chefe disso tudo só pode ser aquela ruiva linguaruda. – o cenho de Regina franziu-se em uma careta fofa.

— Pode apostar que sim. – gargalhou diante de suas palavras. – Bom, tenho que ir agora. – viu que o semblante da morena passou de um sorriso contagioso, para uma face totalmente sem expressão nenhuma. – Não me olha assim! – pediu.

— Não fiz nada! – retrucou.

Robin levantou-se do sofá sendo acompanhado por ela, recolheu suas coisas e rumou até a porta com a morena ao seu lado. Quando estavam próximos a porta, o loiro pronunciou-se.

— Você poderia vir comigo. – diminuiu os passos até ficar com os corpos próximos um do outro.

— Não quero atrapalhar o jantar com sua mãe. – sorriu de canto.

— A senhorita não me atrapalha, muito pelo contrário. – a mão de Robin alcançou-lhe o rosto, colocando uma mecha teimosa do cabelo escuro atrás da orelha. – E minha mãe iria adorar te ver. – tentou argumentar. Por ele, não separar-se-ia dela.

— Eu também iria adorar a companhia dela, - o loiro olhou-a semicerrando os orbes azuis como quem pergunta: “só dela?” – A sua também! – respondeu a pergunta que não fora feita em palavras. - Mas realmente o dia foi cheio. E acho que você tem que aproveitar mais um tempo com ela. – disse olhando em suas íris claras. – Podemos marcar algo antes que ela volte para Londres, o que acha?

— Tudo bem! Marcaremos algo, então.  – ela afirmou. – Minha mãe pediu para te deixar um beijo e, - diminuiu ainda mais o fio de distância que existia, colando completamente seu corpo ao dela, segurando a pela cintura. – Como sou um ótimo filho, tenho que atender ao seu pedido.

— Não use sua mãe para conseguir beijos, Locksley! – envolveu os braços ao redor do pescoço dele. – Você joga sujo.

— Cada um joga com as armas que tem, babe! – sussurrou a última palavra.

— Vou guardar cada palavra proferida por você. – garantiu.

Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Robin tomou-lhe os lábios com anseio. Ambos de olhos fechados, beijavam-se como se fosse o último toque entre eles. E, de fato era, pelo menos o da noite. O loiro pedira passagem com a língua, e a morena cedeu de bom grado, abrindo ainda mais sua boca para que ele pudesse explorá-la com sua língua quente e convidativa. A mão de Locksley emaranhou-se entre seus fios, tentando diminuir qualquer espaço que fosse, enquanto a outra depositava uma leve pressão na cintura fina dela. Certamente aquele beijo deixar-lhe-iam marcas, coisa que nenhum dos dois estava preocupado no momento.

 Quando o ar fora ficando rarefeito e seus pulmões imploravam por ar, eles diminuíram o ritmo gradativamente. Por fim, seus lábios tocaram-se em um selinho um pouco mais longo.

— Acho melhor eu ir, ou vou acabar ficando. – mirou os olhos da morena. – Te ligo mais tarde! – ela meneou a cabeça em afirmação, recebendo outro selinho. – Tchau!

— Tchau! – respondeu.

Robin afastou-se contra sua vontade, caminhando até o elevador, mirando uma última vez seus pares de olhos chocolates preferidos e recebeu um belo sorriso em sua direção.

Regina adentrou seu apartamento com um sorriso bobo nos lábios, recolheu tudo que utilizaram no lanche, arrumou tudo na cozinha e caminhou até seu quarto. Precisava de um banho para relaxar os músculos, o dia tinha sido bastante cansativo, mas também incrivelmente maravilhoso.

♡♡♡

Já que a distância do apartamento de Regina para o seu não era tão grande, Robin não demorou mais que trinta minutos para chegar. O fluxo de carros estava bastante razoável para um sábado à noite e ele agradeceu mentalmente por isso. Estava demasiadamente cansado do dia que tivera, Henry exigia uma carga de energia extremamente alta, o pequeno parecia ter uma pilha acoplada ao pequeno corpo, tamanha era sua disposição. Mas, ele não poderia reclamar de nada. Por ele, passaria muitos e muitos dias ao lado de Regina e Henry. O estado físico não era nada comparado a felicidade que aqueles dois traziam para sua vida.

Ele poderia recorrer ao tão atencioso destino para que aquilo fosse duradouro? Certamente ele faria isso em algum momento.

Se alguém lhe dissesse há poucos meses que estaria caidinho por uma americana que conhecera em meio ao Central Park, e que estava amando o fato de que ela tenha um sobrinho como Henry, e que não precisaria de muito para conquistá-lo, riria da cara do primeiro debochado que tivera a loucura de falar-lhe isso.

Robin Locksley nunca fora o maior crente quando o assunto tratava-se de destino e seus incontáveis vértices, muito pelo contrário. Mas, Regina Mills mudara tudo o que ele pensava que sabia sobre o assunto. Agora, ele poderia pedir para que andassem de mãos dadas à ele se a recompensa fosse tê-la ao seu lado para sempre.

Largou as chaves no móvel que ficava próximo a porta, pegando o celular para responder uma mensagem da morena, que perguntara se ele havia chegado bem. Ele nem percebia o sorriso bobo que tinha nos lábios, mas tal fato não passou despercebido aos olhos atentos de sua mãe.

Elisa estava sentada no sofá com um livro em mãos, o loiro ainda não havia notado que dividia o mesmo cômodo que ela. A mulher retirou os óculos de leitura, colocando ao lado de seu livro, no sofá. Fitava o Locksley mais novo com olhos curiosos, e não precisaria ser o mais esperto dos seres para saber no que estava pensando, ou em quem, mais precisamente.

— Acho que alguém está no mundo da lua. – proferiu a medida que o loiro aproximava-se, ainda com a atenção voltada para seu aparelho.

Robin ergueu o rosto, mirando em direção à voz, vendo-a com as sobrancelhas erguidas.

— Ahn, oi mãe! Não vi que a senhora estava aí. – aproximou-se da mais velha. – Boa noite! – deixou-lhe um beijo nos fios loiros, mas que continham alguns em tons mais claros, devido ao tempo. – Estava respondendo uma mensagem de texto de Regina!

— Está explicado! – sorriu de canto. O loiro a olhou sem entender.  – Boa noite, querido! Como foi o passeio?

— Foi ótimo! Fomos a um parque de diversões, a senhora tinha que ver como Henry e Regina se divertiram. – sentou no sofá ao lado dela, bloqueando o celular.

— Henry? – indagou.

— Sim, o sobrinho da Regina. A senhora iria adorar conhecê-lo, é a criança mais esperta que já conheci, nem parece que tem apenas cinco anos. – contou-lhe, Henry era a criança mais inteligente e amorosa que ele já conhecera. Era nítido o quanto o menino o encantara. – Ele se parece muito com ela, é incrível. Até parecem mãe e filho!

— Então tenho certeza que ele é um amor de criança, e eu, com certeza, adoraria conhecê-lo. É muito bom ter crianças em nossa vida. Sinto saudades de você e de sua irmã nessa época. Você sempre foi mais calmo, mas a Rose, ela parecia ter uma pilha e não parava nunca. – eles riram.

— Eu lembro bem disso.

— A Regina vai ser uma ótima mãe. – jogou, fitando os olhos do filho.

— Disso eu não tenho dúvidas, ela é maravilhosa com Henry! – disse sem ao menos pensar muito. Isso era um fato para ele, desde que vira como era relação do garoto com a tia e o quão apegados eram.

— E você vai ser um ótimo pai! – voltou a analisar as feições do loiro.

— Eu sei onde a senhora quer chegar, Dona Eliza. – meneou a cabeça em negação, sua mãe não era nada sutil com suas insinuações em relação à Regina. Estava começando a acreditar que existia um verdadeiro complô contra eles. – Não atropele os bois com a carroça. – proferiu, adaptando um ditado popular para suas palavras.

— Eu só constatei os fatos, meu filho! – deu de ombros.

— A senhora não tem jeito mesmo. – meneou a cabeça, direcionando-a um olhar divertido.

— Vamos jantar? Estava te esperando.

— Não precisava ter me esperado, mamãe. – falou.

— Eu queria jantar com meu filho, não posso? – disparou, fingindo falsa ofensa.

— Claro que pode! – levantaram-se seguindo até a cozinha. – Só não queria que estivesse esperado-me por tanto tempo. A senhora deveria ter ido também, iria adorar o dia.

— Não queria atrapalhar o passeio de vocês. – tirou a comida do forno, enquanto o loiro distribuía os pratos e talheres à mesa. – E a ruiva me fez companhia, não se preocupe. – Robin assentiu.

— Não iria atrapalhar. – garantiu. – A Regina também comentou sobre.

— Ela é uma graça! – sorriu para o filho. - Deixou um beijo para ela em meu nome? – perguntou.

— Hurum. – disse sem graça. Se ela soubesse. – Ela te mandou outro.

♡♡♡

Os saltos de Regina iam ao encontro do porcelanato do café, fazendo um barulho firme e imponente ressoar pelo local. Já estava próximo ao horário do almoço, então a morena decidiu dar uma saída e esquecer um pouco as pilhas e mais pilhas de papel que precisavam de sua assinatura. Precisava respirar e também de uma boa comida.

Regina Mills com fome era um perigo para a humanidade.

O café estava calmo, muito se devia ao horário. Estava com o celular em mãos, respondendo algumas mensagens. Mirou o balcão onde estava a amiga, concentrada em alguma coisa e sorriu.

— Ruby! – chamou-a, recebendo a atenção da morena de cabelos longos.

— Sim? – dirigiu-se à ela.

— Estou de saída, acho que vou almoçar, quer vir? – perguntou, encostando-se no balcão.

— Não vai dar, Rê! Tenho que terminar de arrumar umas coisas, não quero deixar acumular. – Mills revirou os olhos, fazendo a amiga rir. – Você sabe que odeio deixar para depois o que posso fazer agora. – deixou os papeis de lado, aproximando-se dela.

— É, eu sei! – torceu a boca. - Só queria uma companhia, acho que estou ficando mal acostumada. – ele estava a deixando mal acostumada, para ser mais exata.

— Desculpe! – sorriu de canto.

— Não tem problema, vou indo então. – fez bico. Tirou os óculos de sol de dentro da bolsa, colocando-o. – Não fique sem almoçar!

— Pode deixar, chefinha! – Regina revirou os olhos mais uma vez, odiava aquele tratamento vindo dela, e Ruby fazia aquilo justamente para irritá-la.

A morena afastou-se do balcão, rumando a passos firmes até a saída da cafeteria, mas quando estava à passos consideráveis da porta de entrada, o som de seu celular fizera com que ela parasse onde estava. Pegou o aparelho de dentro da bolsa, vendo uma figura loira na tela e logo atendeu a chamada.

Ligação On

— Oi, Emma! – disse, ao atender a chamada da cunhada.

— Oi, Rê! Está ocupada agora? – a voz de Emma ressoou do outro lado da linha.

— Não, estou saindo do café. – respondeu. – Por que, algum problema? O Henry está bem?

— Se acalme. – pediu, sorrindo do outro lado. – O Henry está bem, mas é justamente sobre ele que queria falar, na verdade queria te pedir um favor.

— Pode pedir, Emma!

— Killian precisou sair para resolver uns assuntos com seu pai, e estou para entrar em uma reunião de um caso. Será que você teria como buscá-lo na escola? Se não tiver como, eu cancelo a reunião, não tem problema.

— Claro que vou buscá-lo na escola, loira! E Henry nunca vai ser um problema para mim, você sabe. Eu estava mesmo querendo a companhia de alguém para almoçar. – sorriu. – Quando estiver tudo certo, você me liga e eu o levo de volta.

— Você é minha salvação, a melhor cunhada! – disse alto, fazendo uma gargalhada sair por entre os lábios da morena. – Obrigada, Rê! Fale para ele que mais tarde o busco, e que eu o amo! Tchau!

— Pode deixar! Tchau!

Ligação Off

 

Guardou o celular na bolsa novamente.

— Tenho companhia para o almoço. – falou mais alto para que Ruby pudesse ouvi-la. – Vou buscar Henry na escola! – fez uma careta em sua direção.

— Você está terrivelmente mimada, Mills! – semicerrou os olhos, fazendo a mais nova gargalhar. – Bom almoço!

Regina lançou-lhe um beijo no ar, recebendo um de volta, e logo depois saiu do local.

O dia estava ensolarado. Mills estava vestindo uma calça jeans escura – que desenhava muito bem seu corpo – e uma blusa de alcinhas cor vinho. Agradeceu mentalmente por ter escolhido aquela roupa não tão quente. Caminhou até o estacionamento, entrando no veículo, ligou o ar-  condicionado e, como de praxe, o aparelho de som.

Estava encostada em seu carro, mirando o portão – pintado de verde – da escola de Henry. Já tinha avisado ao porteiro que ela estava ali para buscá-lo, agora apenas aguardava o pequeno sair. Já imaginava ouvir os gritos de alegria de seu menino ao vê-la, ele amava quando a tia Regina ia buscá-lo na escola, e ela se derretia ainda mais por ele. Se é que isso era possível.

Olhou as horas em seu relógio de pulso, faltava poucos minutos para que ele saísse. Arrumou os fios de seus cabelos que esvoaçavam com o vento, colocando-os por trás de sua orelha. Logo, uma figura miúda, de cabelos castanhos, fora saindo pelo portão. Quando o menino viu-a, um sorriso gigante brotou no rosto deste, sendo impossível não sorrir junto.

— TITIA!!! – correu em sua direção, gritando em entusiasmo. Regina abaixou-se para recebê-lo.

— Oi, meu amor! – o acolheu em seus braços, em um abraço apertado, distribuindo vários beijos por todo seu rostinho, recebendo uma risadinha gostosa dele.

— Oi, titia! – envolveu o pescoço da morena com os seus pequenos bracinhos, descansando a cabeça em seu ombro. Regina levantou-se do chão com ele nos braços, pegando sua mochila. – Eu tavo com muitas saudades, titia! – disse de um jeitinho só dele.

— É, estava, anjo! – por mais que achasse fofo a forma que ele falava, corrigia-o  em algumas palavras, para que ele aprendesse corretamente.

— Eu estava com muitas saudades, bem grandona. – disse da maneira correta, afastando o rosto para olhá-la, abrindo os braços para dimensionar para ela o tamanho da saudade que sentira da tia.

— Mas nos vimos não faz nem dois dias, Henry! – riu.

— Eu achei um muitão de tempo! – proferiu inocente. – Não é um montão, não?

— Um pouquinho só! – Regina sorriu da carinha fofa dele.

— AHH! Eu achei que foi muito, muito. – contou. – Eu “tô” com saudade do titio também, quando podemos brincar de novo?

— O titio trabalha bastante, meu anjo! – o rostinho dele ganhou um bico. – Mas podemos ligar e perguntar depois, assim você pode falar com ele, o que acha? – sugeriu.

— SIMMM!!! – agitou-se em seu colo, fazendo a morena sorrir.

Regina perguntava-se qual teria sido o feitiço que Locksley usou em seu sobrinho para que ele fosse tão apegado daquele jeito. Talvez, o mesmo que tenha usado com ela mesma, ou seria apenas o seu jeito cativante que encantava qualquer um.   – A mamãe não vem hoje? – perguntou ao se dar conta que a mãe não estava ali.

— A mamãe está em uma reunião bem importante, por isso que ela pediu para que a titia viesse te buscar. – ele escutava atentamente. – Ela mandou te dizer que te ama muito, e que quando acabar, vem te ver correndo. – o garoto sorriu. – Vamos almoçar juntinhos hoje!

— Vamos comer o bolo de chocolate da Martha? – seus olhos brilhavam.

— A Martha não está hoje, mas eu posso pedir que ela faça um especialmente para você. – O sorriso de Henry se alargara, amava o bolo da “vovó” Martha, e ter um só para ele, fazia seus olhinhos miúdos brilharem. Regina colocou-o na cadeirinha do carro, verificando se estava bem seguro, enquanto ele voltava a falar.

— E eu vou poder comer tudinho? – perguntou, continuando com um sorriso sapeca no rosto.

— Ai você vai ficar com a barriguinha dodói, seu guloso! – fez cócegas em sua barriguinha, fazendo-o contorcer.

— Não quero ficar com a barriguinha dodói não, vou comer só um pedacinho então. – constatou. – Tia, pega meu dinossauro? – falou com calma a última palavra, do jeito que ela tinha feito há dois dias atrás, quando ainda estavam no parque de diversões.

— Claro! – abriu a mochila, retirando de lá o bichinho de pelúcia. – Esse é o que o Robin te deu? – lhe entregou.

— Hurum! – sorriu contente. – A mamãe me deixou trazer para a escola hoje.

Regina terminou de guardar as coisas no carro e em seguida adentrou pela porta do motorista.

— E como foi a aula hoje? – perguntou, virando-se para olhá-lo. Ele sorriu como se tivesse algo muito importante para contar.

— Foi muito legal! – comentou. – Eu aprendi a escrever meu nome hoje, a tia Ana ensinou. – seu tom de voz denunciava toda a alegria que estava sentindo por aprender a escrever seu nome. – Ela disse que meu nome é muito bonito, titia. Você também acha?

— Sério príncipe?! A tia está muito orgulhosa de você, sabia? Você é o menininho mais inteligente do mundo todinho! – se esticou para alcançar o narizinho dele, apertando-o de leve. O sorriso do garoto se alargou ainda mais. – A tia Ana tem razão, Henry é um nome muito bonito, e eu acho lindo!

— O nome do vovô também é! – Regina afirmou. – Podemos ir agora? Minha barriguinha está mortinha de fome. – pediu, fazendo a morena sorrir boba com o jeitinho dele.

— Podemos! Diga a sua barriguinha faminta que já estamos indo.

Regina virou-se para colocar o sinto de segurança e, assim finalmente ir almoçar com seu sobrinho, mas a tarefa fora impedida por seu celular, que estava tocando. Vasculhou a bolsa, no banco do passageiro, até que encontrou o aparelho, atendendo a ligação em seguida.

Ligação On

— Robin? Oi! – disse assim que atendeu a chamada do loiro, virando-se para observar Henry.

— Oi, morena. Está ocupada? – perguntou.

— Não, pode falar!

— É o tio Robin?! – a voz animada de Henry ressoou pelo carro, após ouvir o nome do loiro ser proferido pela tia.

— É sim, amor! – respondeu para o garoto.

— Posso falar com ele, titia? Por favor! – juntou as mãozinhas em sinal de súplica.

— Só um minuto, querido! – pediu. – Ah, não, pode falar! Era só o Henry querendo falar como você, sabe como ele fica quando escuta seu nome. – riu.

— Queria saber se você quer almoçar comigo, dona Elisa nos intimou. Ela quer despedir-se antes de voltar à Londres. – explicou. – Se você não tiver outro compromisso, claro.

— Eu não tenho. – o respondeu rápido. – Mas estou com Henry, estava indo almoçar com ele.

— Podemos almoçar todos juntos, aproveito e mato a saudade do pequeno, e minha mãe o conhece. Então, o que me diz, senhorita Mills?

— Podemos perguntar ao Henry e ver o que ele acha. – sugeriu sorrindo, já imaginava a reação do sobrinho.

Regina afastou o aparelho de sua orelha, colocando a ligação em viva voz. – Pronto.

— Oi, campeão!

— OI, TIO ROBIN! – respondeu com animação ao ouvir a voz do loiro.

— Estou convidando sua tia para almoçar, o que você acha, quer almoçar com o tio hoje?

Não demorou mais que dois segundos para um enorme e sonoro “sim” ecoar pelo carro e chegar do outro da linha, fazendo ambos sorrirem.

— Está aí sua resposta! – disse, rindo de leve.

Escolheram o mesmo restaurante que almoçaram da primeira vez, gostaram da comida de lá e, de algum modo, era um lugar especial para ambos.

— Até daqui a pouco! – se despediu.

— Até, babe! Beijos!

— Beijos! – o garoto também pediu para que mandasse. – O Henry também está mandando.

Por fim, a ligação fora desligada.

— Vamos?? – perguntou ao pequeno.

— Sim! Sim! Sim!

Regina balançou a cabeça sorrindo, colocou o sinto de segurança e deu partida no carro, rumo ao restaurante. Eles foram todo o caminho conversando, com o pequeno sempre fazendo perguntas ou contando alguma coisa que ainda não tinha contado-a.

Não demorou para que  Regina e Henry chegassem ao restaurante. A morena ajudou-o a sair  da cadeirinha, e o menino pedira para levar seu dinossauro consigo, alegando que ele poderia ficar triste se ficasse sozinho.

O pequeno Mills caminhava ao lado da tia, com uma de suas mãos junta com a da tia, enquanto a outra segurava seu dinossauro.

Já sentados em uma mesa escolhida pela morena, a mesma que eles costumam almoçar quando vão até lá, esperavam Robin e Elisa chegarem.

— Tia. – Henry chamou-a, fazendo com que a morena voltasse sua atenção para ele.

— Sim, querido. – alisou seu cabelo.

— Você pode me dar papel e caneta? – pediu.

Regina abriu a bolsa, procurando caneta e papel para dar ao pequeno.

— Aqui, amor. – colocou um bloquinho de papel e uma caneta em cima da mesa.

Henry pegou a caneta, apoiando os bracinhos na borda da mesa, e começou a rabiscar o papel. Regina olhava atentamente para papel, e sorriu ao notar a formação de algumas letras. Ele estava tão concentrado naquela tarefa de escrever o próprio nome, que o coração da morena poderia explodir ali mesmo, de tanto amor.

Devagar ele fora escrevendo; quando terminou, colocou a caneta de lado, olhando para o papel com um sorriso orgulhoso nos lábios, sendo retribuído pela tia por um maior ainda. Com as letrinhas ainda tremulas, Henry escrevera seu nome.

— Parabéns, meu príncipe! A tia está muito orgulhosa de você. – beijou-lhe a bochecha.

— Eu quero escrever o nome do titio, pode me ajudar? – pediu. – Ainda não sei todas as letrinhas. – falou um pouco triste.

— Claro que eu ajudo, meu amor! – afagou seus cabelos. – E não precisa ficar tristinho, você está indo muito bem, e logo vai poder escrever qualquer nome.

— Vou? – indagou com os olhinhos brilhando. Ele achou um máximo poder escrever qualquer palavra que quisesse, estava ansioso por isso.

— Claro que vai. – assegurou-lhe. – Vamos lá, vou te ajudar a escrever o nome do Robin, ele vai adorar saber que você escreveu para ele. – Henry voltou a pegar a caneta, balançando os pezinhos no ar.

Regina começou a ditar todas as letras que compunham o nome do loiro. – Erre, ô, bê I... Isso, muito bom. Ene. – Esse é o eme, Henry. O ene só tem duas perninhas, o eme tem três. – corrigiu-lhe. Pediu a caneta para mostrar-lhe, escrevendo a letra N. – Viu só? Esse que a tia escreveu é o N, agora escreve você. – lhe entregou a caneta novamente.

O garoto escreveu a última letra que faltava, assim completando o primeiro nome de Locksley.

— Esse é o nome do tio? – perguntou, intercalando o olhar entre as letras no papel e sua tia.

— É sim! Robin.

— O nome dele é bonito. – disse. – Eu posso entregar pra ele? – perguntou.

— Pode sim!

Regina assustou-se quando sentiu um beijo em sua bochecha, mas logo um sorriso brotou em seus lábios quando percebeu que se tratava de Robin. Ela virou o rosto na direção dele, sorrindo ainda mais ao mirar suas íris azuis. O loiro também mantinha um sorriso bobo nos lábios. A morena levantou rapidamente de onde estava sentada para cumprimentar o loiro.

Logo estavam um nos braços do outro, envolvidos em um abraço apertado. Robin encaixou o rosto no pescoço dela, inalando seu cheiro, fazendo a morena sorrir.

Elisa estava um pouco atrás, e observava em silêncio toda a interação do “casal”, e como eles saíam de órbita quando estavam juntos.

— Eu amo esse perfume. – sussurrou contra a pele dela, deixando um beijo no local.

— Eu sei. – sussurrou de volta.

— Você tem que parar de ser linda desse jeito, meu coração não vai aguentar por muito tempo. – Proferiu. A risada dela saíra um pouco abafada.

— Bobo!

Voltaram à realidade quando a voz de Henry preencheu o local, sentindo o corpinho do pequeno chocar-se contra a perna de ambos. Mas antes de se afastar completamente seus corpos, o loiro deixara um beijo no cantinho da boca dela.

— Titio, eu “tô” aqui embaixo. – falou Henry, puxando a calça social preta que o loiro vestira.

 As palavras do menino fizera Elisa rir, Regina olhou-a sem graça por ter perdido-se no caminho dos orbes do filho dela, mas o que ela poderia fazer? Quando Robin a olhava, ela perdia completamente o rumo, e quando estava nos braços dele, sentindo seu perfume amadeirado, era como se o resto do mundo não existisse no momento.

— Oi, campeão. – o pegou nos braços. – Como você está? – deixou um beijo no topo da cabeça do garoto.

— Acho que “to” muito feliz. – disse parecendo pensar, sorrindo para o loiro em seguida, uma mão traspassava no pescoço do loiro, enquanto a outra segurava o seu dinossauro.

— E qual o motivo dessa felicidade toda? – perguntou.

— A titia foi me buscar na escola, agora vamos almoçar juntinhos. Eu fico feliz quando estamos juntos, tio. – Henry dizia na maior inocência, e não sabia o quanto aquelas palavras deixavam o loiro feliz. - Eu trouxe o dinossauro, olha! – levantou o brinquedo até ficar na visão de Robin.

— Eu também fico feliz quando estamos juntos. – apertou o nariz do menino. – Então, está cuidando dele direitinho? – perguntou, referindo-se ao bicho de pelúcia que lhe dera de presente.

— Hurum. – seus lábios miúdos sorriram, orgulhoso de si.

— Oi, Elisa! – aproximou-se da mais velha, abraçando-a.

— Oi, querida! – retribuiu. – Como está?

— Tudo ótimo! E com você?

— Estou bem. – sorriu terna. – Mas diga-me, demoramos muito? Eu disse ao Robin que não precisava ter ido me buscar, poderia ter pegado um táxi, mas você sabe como meu filho é teimoso. – riu.

— Sei sim. – afirmou. – Mas estamos aqui há pouco tempo, não se preocupe.

— Estou ouvindo vocês. – o loiro manifestou-se, olhando para a mãe e para a morena. – E qual o nome dele? – voltou à atenção ao pequeno, perguntando sobre o brinquedo.

— Dinossauro, ué. – riu.

— Certo, dinossauro, é um ótimo nome. – colocou-o no chão. Henry caminhou até ficar ao lado de Regina, olhava Elisa com curiosidade.

— E quem é esse garotinho? -  a senhora falou, sorrindo para o pequeno.

— Esse é o... – começou a falar, mas parou quando sentiu o sobrinho puxar sua calça, fazendo a morena abaixar para escutá-lo.

— Eu posso me apresentar, titia? – pediu, tentou falar baixo, mas os outros adultos escutaram perfeitamente o pedido do menino.

Elisa estava começando a entender quando o filho falara o quanto o pequeno era inteligente e esperto. Ela estava encantada por seu jeitinho, mesmo em um espaço curto de tempo. Observou o quanto ele e seu filho eram apegados e como a relação dos dois era bonita de se observar.

— Claro que pode. – deu-lhe um sorriso encorajador, acarinhando sua bochecha.

Henry dera dois passos na direção de Elisa, ficando de frente para a mais velha. Segurava o Dinossauro com uma mãos, em frente ao corpo.

— Oi, meu nome é Henry Mills, tenho cinco anos! – ergueu sua mão miúda em direção à matriarca Locksley. – Muito prazer! – disse. Ele tinha visto como as pessoas ao seu redor comportavam-se quando conheciam alguém, então ele só repetira. - É assim que se faz, titia? – virou o rostinho para pergunta-lhe, recebendo um aceno e um sorriso bobo vindo dela.

Regina e Robin se olharam, ainda não conseguiam acreditar naquela criança.

— O prazer é todo meu em conhecer você, Henry! Você é um encanto. – sorriu boba, pegando na mãozinha dele, cumprimentando-o. – Meu nome é Elisa, e sou mãe do Robin!

— Você é mãe do meu titio? – perguntou surpreso, e com a curiosidade de sempre.

— Sou sim, querido! – confirmou. Henry diminuiu a distância entre eles, envolvendo a cintura dela com suas mãozinhas, logo após, Elisa abaixou-se um pouco para abraçá-lo melhor. – Que abraço gostoso! – soltaram-se.

— Se você é mãe do titio, você é minha vovó? – perguntou, colocando o dedinho indicador no queixo, pensando. – A vovó Cora é mãe da tia Regina.  Você quer ser minha vovó? – as perguntas saíram uma atras da outra.

— Vamos com calma pequeno, assim você vai deixar a Eliza tonta com tanta pergunta. – a voz da morena ressoou atrás dele, que a olhou e meneou a cabeça.

— Tudo bem, Regina! – sorriu. – Se você quiser, vou adorar ser sua mais nova avó, eu sempre quis um neto, ou vários. – Henry pulava animado, enquanto a mais velha mirava o filho e logo depois a morena, que tinha um sorriso amarelo no rosto.

— Okay, vamos sentar? – sugeriu o loiro, querendo mudar de assunto, percebendo o desconforto da morena.

Os quatro seguiram para a mesa, Mills ajudara o menino a sentar-se em sua cadeira. Regina ficara no meio, entre Henry e Robin, enquanto Elisa ficara ao lado do filho.

— Você já pediu? – Robin perguntou a ela.

— Ainda não, achei melhor esperar por vocês. – explicou.

Henry puxou o braço da morena, fazendo com que ela o olhasse. – Podemos comer agora, titia? Minha barriguinha tá roncando. – disse, fazendo uma gargalhada em grupo soar pelo local.

— Podemos sim, só aguenta mais um instantinho, está bem? – o perguntou, recebendo um meneio de cabeça.

Robin levantou o braço a fim de chamar o garçom, e quando o mesmo chegou até a mesa, todos fizeram seus pedidos. O rapaz franzino saiu, prometendo não demorar muito para trazer os respectivos pratos, já que tinha um garotinho faminto à mesa.

Eles estavam em uma conversa animada, regada de boas risadas. A voz de Henry fora ouvida, todo contente e repleto de expectativas.

— Tio, sabe o que eu aprendi hoje na escola? – perguntou, olhando para o loiro e, em seguida para a tia, com um sorriso de orelha a orelha.

— O quê? – perguntou, voltando toda sua atenção para ele.

— Eu aprendi a escrever meu nome, óh... – pegou o bloquinho de notas, estirando-o na direção do loiro para que ele visse suas letrinhas formando seu nome.

— Parabéns, campeão! O tio está muito orgulhoso! – o sorriso do garoto se alargou ainda mais.

— Olha vovó! – mostrou na direção de Eliza.

— Você é um garotinho muito inteligente, e Henry é um belo nome. Parabéns, querido!

Henry agitou-se para descer da cadeira, pedindo ajuda para Regina, que logo o tirou. Ele correu até onde estava o loiro. Robin pegou-o, colocando o pequeno em uma de suas pernas.

— Escrevi seu nome, tio. – virou a outra folhinha que estava rabiscada com o nome do loiro e continha um desenho de dois bonecos, que o loiro pressupôs ser ele e o garoto. – A tia Regina me ajudou com as letrinhas, e o desenho fui eu que fiz sozinho. – sorriu orgulhoso. - Gostou?

— Eu adorei, garotão! Posso ficar com ele? – pediu, recebendo um aceno positivo do menino. Robin destacou o papel e o guardou no bolso de sua jaqueta. – Vou arrumar um lugar bem bacana para colocar.

Henry ficou mais alguns minutos no colo do loiro, pedindo que ele escrevesse em seu bloquinho algumas palavras, ou que desenhasse algo para ele. Ele adorava quando Robin desenhava, ficava maravilhado com as coisas que o loiro podia fazer. Logo o pequeno já estava perto de Elisa, se divertindo, e Henry já mostrava-se bastante apegado à nova “vovó”.

O menino pedira para que ela o ajudasse escrever as letras referentes ao nome da mais velha, que o ajudara com um sorriso no rosto. Ela amava crianças, e sempre quis ter um neto correndo pela casa, ou apenas para mimá-lo, como todas as avós faziam. Henry estava querendo escrever todos os nomes que vinham em sua mente, principalmente o nome de seu dinossauro, o dinossauro.

Robin levou sua mão até perto do joelho dela, sendo impedido de sentir sua pele macia, por conta da calça jeans que ela usara. Regina retirou uma de suas mãos que estava sobre a mesa, levando-a até onde estava a do loiro. Entrelaçaram as mãos, buscando a mirada um do outro, sorriam entre si em seguida,.

Os orbes castanhos da morena capitaram o movimento dos lábios do loiro em sua direção, pronunciando algumas palavras sem som. Um “estou com saudades de te beijar” fora capitado por suas retinas, fazendo com que era risse baixo, para depois soltar um “eu também estou” em resposta. Eles trocavam algumas carícias, enquanto suas miradas intercalavam ora uma na outra, ora na interação do pequeno com Eliza. O interação dos dois fora interrompida pelo garçom, trazendo os pedidos, forçando-os a desfazerem o contato das mãos.

Regina ajudava Henry com sua comida, enquanto comia a sua refeição escolhida. O almoço seguia bastante agradável, sendo regado com boas risadas. Elisa fazia questão de manter uma conversa com a morena, e Regina se encantava cada vez mais por ela. Robin tinha a quem puxar, eles eram muito parecidos, não só na aparência, a mais velha tinha um coração tão grande quanto o do filho.

— Titia, quero ir ao banheiro. - Henry chamou-a.

— Vamos, a tia te leva. - colocou o guardanapo que estava em seu colo em cima da mesa e quando estava pronta para levantar-se a voz do pequeno se fez presente.

— Eu quero que o tio me leve. – esticou seu dedinho, apontando para ele.

— Henry, o tio está almoçando, não vamos incomodá-lo, está bem? – tentou convencê-lo.

— Mas eu queria o tio. - fez bico.

— Tudo bem, Regina, eu o levo. - depositou os talheres no prato.

— Mas você não acabou ainda. - pontuou.

— Você também não. - sorriu para ela, como quem diz que está tudo bem. - Não se preocupe, não vou perdê-lo no banheiro. - disse, fazendo a morena semicerrar os olhos em sua direção.

Henry dera a volta na mesa, indo até onde estava Locksley.

O loiro pegou a mão do pequeno, seguindo até a área destinada aos sanitários, Henry saltitava animado. Regina seguiu os dois com o olhar até que sumissem corredor a fora. Foi quando a voz de Eliza se fez presente na mesa que ela voltou toda sua atenção para a mulher sentada à sua frente.

— Eles são bem apegados não é? - perguntou, descansando os talheres na borda do prato, dedicando sua atenção especialmente a Regina.

— São sim! Dá para notar de longe, não é? - sorriu ao lembrar-se de seus meninos e os momentos que compartilhavam juntos, Eliza sorriu meneando a cabeça em confirmação. - É incrível o quanto Henry é apaixonado pelo Robin, o modo que ele fica só por tê-lo por perto. - Elisa a escutava atentamente com um sorriso nos lábios. - E Robin nem se fala, conquistou meu menino sem muito esforço. - não só ele, pensou. Ambas compartilhavam do mesmo pensamento. Não precisava de muito esforço pra perceber aquilo. - Ele se preocupa e cuida tão bem do Henry, não sei como ele pode dizer que não vai ser um bom pai, é nítido que será! - proferiu as palavras com total convicção, lembrando da conversa que tiveram há dias, na qual ele a confidenciara seu medo de não conseguir suprir a necessidade que uma criança teria.

— Não tenho a menor dúvida disso. Mesmo que John não demonstrasse seu amor de pai tão bem assim, Robin sempre fora uma criança carinhosa, preocupada com todos a sua volta. Ele é muito protetor, você provavelmente deve ter percebido. - a morena fez que sim, esperando que ela prosseguisse. - A relação com o pai ainda é algo que o deixa bastante chateado, mas realmente dá para notar, de longe, o quanto o Henry ganhou o coração do meu filho, e tudo graças à você!

— Imagina, Elisa! Eles criaram um elo que vai muito além de mim. – um sorriso de acanhamento brotou em seus lábios, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Meu filho está mais feliz desde que chegou aqui, e eu tenho certeza que boa parte dessa felicidade deve-se à você. - estirou a mão sobre a mesa, pedindo inconscientemente que Regina colocasse a sua ali, logo em seguida apertou de leve, em forma de agradecimento. - Você está fazendo muito bem ao meu menino, Regina! Eu torço muito por vocês. Eu não poderia estar mais feliz por vê-lo com esse brilho nos olhos, você vai entender quando for mãe. – a morena retirou sua mão da dela, pondo fim ao contato entre elas. Agora, seus dedos brincavam um com o outro.

As palavras pareceram sumir de sua garganta, aquelas ditas por tocaram o fundo de sua alma.

— Você pretende ter filhos? – perguntou, a feição da morena adquiriu um semblante pensativo.

— Eu... Eu é... Não penso muito sobre. – forçou um sorriso. Recuperando-se da pergunta ela continuou. – Henry ocupa bem esse espaço para mim. – disse. O que não deixava de ser verdade, ela tinha o menino como se fosse seu filho.

— Você ainda é nova, mas tenho certeza que quando chegar a hora, você será uma mãe maravilhosa. Eu vejo seu extinto maternal com Henry. – sua voz era suave. – Já ganhei um neto hoje, mas espero que vocês possam me dar mais alguns. - disse da forma mais natural que poderia existir. – Vou adorar ter uma criança correndo por toda a casa e chamando-me de vovó. – seus lábios contraíram-se em um sorriso verdadeiro.

— Como? – sua cabeça parecia rodar.

— Oras, minha querida, está na cara de vocês. Eu sei que é muito cedo, mas se quer um conselho de alguém que já viveu o suficiente, aproveite o agora, deixe seu coração guiá-la, e o que tiver que ser, o tempo se encarrega de colocar nos eixos. – aconselhou-la.

Cora também havia lhe dito algo parecido, elas estavam cumprindo muito bem o papel de conselheiras de relacionamento. Talvez fosse coisa de mãe, não é? Aquele sexto sentido de mãe que todo mundo fala por aí.

O que Eliza falara era o ponto entre eles, as coisas estavam seguindo o seu curso natural, eles não tinham controle, e nem queriam ter. Tudo estava acontecendo como deveria. A relação deles era tão natural, mesmo que ainda recente. Não era algo forçado, eles sentiam vontade e era simples. Pelo menos até agora. Talvez pelo fato de terem construído uma amizade além de qualquer coisa. Eles eram amigos, se gostavam, e nada importava no momento a não ser seus sentimentos.

Antes que Regina pudesse falar alguma coisa a respeito do que a mais velha dissera, Henry e Robin voltaram à mesa.

 O loiro notara o semblante confuso da morena.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntou-a, chamando sua atenção. Ela apenas meneou a cabeça em negação, sorrindo de lado.

— Lavou as mãos querido? – perguntou ao menino que já estava ao seu lado.

— Você está insinuando que não sei cuidar do meu sobrinho direito, querida? – seu tom de voz saiu em uma falsa ofensa, fazendo com que ela sorrisse. Ele tinha esse poder de deixá-la leve, só de dizer coisas bobas.

— Longe de mim, querido. – disse a última palavra em divertimento. – Tenho certeza que você fez Henry lavar as mãos.

Eles terminaram o almoço, acertaram a conta e foram retirando-se do restaurante. Henry seguia de mãos dadas com Eliza um pouco mais a frente que os outros dois. Robin e Regina andavam lado a lado, quando o loiro pegou-a pela mão de leve, fazendo com que ela parasse seus passos. Regina olhou-o confusa, enquanto ele posicionava-se em sua frente.

— Está tudo bem mesmo? – a perguntou mais uma vez, levando uma mão até o rosto da morena, alisando-o. Sentiu falta de sua pele, e ela sentira falta do toque de Locksley enchendo-lhe de carinho. – Você me pareceu um pouco distante quando voltamos para a mesa.

— Hurum! – cobriu a mão dele que estava em seu rosto com a sua. – Só estava pensando em algumas coisas que sua mãe e eu conversamos, não se preocupe.

— Coisas? – ergueu as sobrancelhas.

— Coisas! Você está me saindo um belo de um curioso, Locksley! – diminuiu a distância entre eles, colando seus lábios aos dele em um selinho, coisa que queriam fazer desde cedo.

Robin acabou com qualquer espaço que poderia existir entre seus corpos, tomando os lábios dela em um beijo profundo. Um beijo para matar a saudade que ambos sentiam, mesmo que não fizesse tanto tempo que haviam se visto pela última vez. Logo suas línguas estavam em jogo, em uma dança sincronizada. Eles pouco importavam de estarem no meio da calçada, a única coisa que queriam era sentir, pelo menos um pouco, o gosto um do outro. Quando o ar se tornara rarefeito, eles puseram fim ao contato. Distribuindo alguns selinhos em seus lábios carnudos, e um mais longo por fim, fazendo os dois sorrirem.

O loiro pegou a mão da morena, voltando a andar, seguindo para o estacionamento onde estavam seus respectivos carros.

— Foi muito bom conhecê-la, querida! Espero que possamos nos ver em breve. – Eliza acolheu Regina em um abraço. – Acalme seu coraçãozinho, só permita-se ser feliz. – beijou-lhe a bochecha. – E cuide do meu filho! – falou baixinho, fazendo com que Regina abrisse um sorriso contido.

— O prazer foi todo meu, Eliza! Também espero que possamos nos reencontrar em breve. – respondeu. – Obrigada! Pode deixar, cuidarei dele sim!

Afastaram-se, e Henry logo veio junto da mais velha, para também despedir-se.

— Nos falamos mais tarde? – ela perguntou.

— Claro, meu anjo! – Robin deixou um selinho de despedida, logo em seguida beijando com todo carinho a testa dela. – Se cuide!

— Você também!

— Podemos brincar depois titio? – Henry perguntou quando tirou a atenção de Eliza para o tio, já próximo a eles. – É que eu vou sentir saudades.

— Claro que podemos brincar! Logo, logo nos vemos, e você nem vai sentir tanta saudade, está bem? – o loiro abaixou para ficar na altura do menino. – Dá um beijo no tio. – e assim fora feito.

Henry pegou a mão de Regina, para ambos caminharem até o carro dela.

— Xau, vovó! – virou-se, balançando as mãozinhas.

— Xau, querido!

♡♡♡

Mãe e filho estavam no meio do aeroporto, resolvendo os últimos detalhes para o embarque de Eliza de volta a Londres. Quando tudo estava pronto, Robin acompanhou-a para despachar as malas, seguindo para o lugar de embarque.

— Tem certeza que não quer ficar mais um pouco? – o loiro perguntou-a. Fora tão bom ter sua mãe por perto mais uma vez, estar ao alcance de seus carinhos maternos e seus conselhos certeiros. Iria sentir falta dela.

— Sim, querido! Preciso tomar conta da desmiolada da sua irmã. – estavam de braços dados enquanto caminhavam.

Passageiros do voo 2547, com destino a Londres, última chamada para o embarque.

Uma voz feminina ressoou pelo sistema acústico do aeroporto, essa era a deixa para que eles se despedissem.

— Faça uma boa viagem, mamãe. – acolheu a mãe em um abraço apertado. – Me avise quando pousar e mande um beijo para Rose, sinto saudades daquela tampinha enxerida.

— Obrigado, meu filho! Se cuide! Pode deixar que mandarei.  – beijou seu rosto. – Escute sua mãe, apenas siga seu coração, okay? Espero que as coisas se concretizem até que possamos nos ver de novo. Quem sabe eu não ganhe uma nora até lá, não é? Cuide bem dela, é uma garota especial.

Robin sorriu.

— Você não tem jeito. – depositou um beijo em seus fios. - Vou seguir seu conselho, dona Eliza. E você tem toda razão, ela é uma garota muito especial.  Amo você!

— Amo você, filho!


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