Sempre foi Você escrita por dannyoq


Capítulo 13
Almoço em família e uma conversa entre mãe e filha




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A primeira lição

Que uma paixão

Te ensina,

É te mostrar

O quão

Vulnerável

Você é

E não sabia.

— Victor H. Machado

 

Já era horário de almoço quando mãe e filha saíram abraçadas do café. Assim que despediram-se de Ruby, seguiram rumo à casa dos patriarcas Mills, para um almoço com toda a família. Foram no carro da morena, já que a mais velha tinha ido de táxi até lá.

 Fazia algum tempo que não reuniam-se todos juntos para um almoço sem grandes motivos, como comemorações, e a morena sentia falta disso. Cora e Henry sempre presaram por essa conexão com seus filhos, por uma boa relação com eles, então eles cresceram em volta do amor de seus pais.

Os Mills mais velhos sempre quiseram que seus filhos crescessem em um lar onde o amor fosse o pilar que os guiasse. Desejavam que eles se tornassem pessoas de bem, que alcançassem seus sonhos com suas próprias forças, mas que soubessem que sempre que precisassem, poderiam retornar para o ninho. Dessa forma, construíram uma relação de respeito e apoio mútuo.

Sempre fora assim, tanto Regina quanto Killian, viam nos pais o alicerce necessário quando as coisas não pareciam estar bem. Nada fazia os Mills mais felizes, do que ver em como seus filhos confiavam neles.

Regina, por ser a caçula, sempre fora a mais mimada. Mas, nada que atrapalhasse o filho mais velho. Muito pelo contrario, Killian amava e protegia a menina da mesma forma que seus pais cuidavam dos dois. Para eles, o amor que depositavam em suas crias não havia divisões, apenas uma soma.

O céu estava com um azul cristalino, aquele que trazia paz... Paz essa que ela sentia toda vez que mirava os seus azuis preferidos. Tudo, ultimamente, fazia com que sua mente a levasse a mergulhar em lembranças dele, ou poderia ser desde que eles se conheceram?

Cora mantinha uma conversa agradável e a morena fazia de tudo para manter sua atenção na mãe, mas nunca fora tão difícil ficar atenta. A todo instante, algum fragmento daquela noite anterior vinha em seu pensamento, fazendo-a suspirar e retornar brevemente para o momento atual, focando na estrada. A mais velha notara o quanto ela estava longe em alguns momentos, mas preferiu deixar que ela se abrisse por si própria, não queria forçá-la.

Depois de algum tempo, Regina estacionou o carro na garagem da casa dos pais. Era uma bela casa de dois andares, na cor branca, imponente, poderia-se dizer. O jardim de grama verde estava muito bem cuidado, como sempre. Nele havia algumas flores que ela costumava cultivar quando mais nova e que Cora passou a cuidar quando a filha saíra de casa.

As duas caminharam para dentro da casa abraçadas, sorrindo de alguma coisa nostálgica que a mais velha poderia ter dito. A morena sentia-se sortuda por ter pais assim, com tanto amor, e ainda mais depois de saber como era a relação de Robin com o pai. Seu coração apertava-se só de lembrar o quanto aquele assunto fora difícil para que ele contasse-a.

Claro que seus pais lhe falavam algumas coisas a respeito do futuro quando mais nova, mas sempre buscavam respeitar suas decisões, tanto quanto as de seu irmão. Não conseguiria imaginar como um pai poderia ser tão duro com o próprio filho a ponto de magoá-lo de tal maneira, a ponto de deixar feridas e conflitos em seu âmago.

 Regina soltou outro suspiro, e que também não passou despercebido por sua mãe. Sua expressão divertida tinha dado lugar a uma pensativa e a mais velha logo tratou de descobrir o que afligia sua menina.

— Está tudo bem, meu anjo? – Cora perguntou-a, com um tom de voz suave e Regina sabia que o alerta de mãe já estava acionado, fazendo-a comprimir os lábios em um sorriso sincero. A mais velha sempre parecera lê-la com tanta facilidade que, às vezes, ela mesma assustava-se.

— Está tudo bem sim, mãe. Não se preocupe. – apertou-a ainda mais no abraço em que estavam envolvidas.

— Você sabe que isso não é uma opção, querida. – beijou-lhe o topo da cabeça. –E por que você estava com essa carinha pensativa? – seu coração alertava-a que existia alguma coisa e ela só queria ajudá-la. A morena sabia que a mãe não estava convencida das palavras de alguns segundos atrás.

— Nada demais, só estava pensando que muitas pessoas não têm a mesma sorte que eu e Killian tivemos e ainda temos, por termos crescido com todo amor que você e o papai nos deram. – soltou, olhando para a mais velha por alguns instantes, mas desviando em seguida.  – O Rob... – parou no mesmo instante ao perceber qual nome iria sair por entre seus lábios. –Ninguém merece isso. – concluiu.

Cora notou a hesitação da filha, mas achou melhor deixar o assunto para depois. Ela já tinha passado o caminho todo fugindo das perguntas que a mais velha fizera sobre mais cedo.

— Nós só exercemos nosso dever de pais, meu amor.  – Regina apenas sorriu com as palavras da mãe. – Que é amar você e seu irmão, e apoiá-los em qualquer circunstância. – disse Cora, por fim.

As duas mulheres adentraram a casa, caminhando juntas até onde o resto da família provavelmente encontrava-se, já que os barulhos estavam vindo de lá. Na medida em que iam aproximando-se da área externa, risadas poderiam ser ouvidas e as duas sabiam que o motivo delas era o pequeno Henry e suas artes.

O pequeno era a alegria daquela casa, e sempre que estava lá, arrancava inúmeras risadas de seus avós que mimavam e amavam o garotinho como faziam com seus filhos quando mais novos.

Quando notou que a filha havia chegado, o Mills mais velho fora logo ao seu encontro, com um enorme sorriso em seu rosto, já evidenciando algumas rugas pela idade. A morena saiu do abraço da mãe, caminhando de braços abertos até seu pai, chamando a atenção de todos ali.

— Minha princesa, que saudades! – Henry disse ao abraçar a filha. Mesmo que Regina já fosse adulta, para o mais velho ela sempre seria sua garotinha. Coisas de pai. – Como você está?

— Oi, papai! Também senti saudades! – sorriu com a forma que seu pai tratava-a. O mais velho beijou-lhe o topo da cabeça, fazendo-a retribuir com um beijo na bochecha. – Está tudo bem! – garantiu.

— Mesmo? – buscou seus olhos castanhos.

— Ihh, o senhor e a mamãe estão me virando do avesso hoje! – disse rindo.

— E temos motivos para isso? – ergueu a sobrancelha. Henry buscou a esposa que apenas meneou a cabeça em negação.

— Não, papai! Não tem. – garantiu.

— Muito bem! – caminharam por toda a grama verde, até estarem próximos aos demais.

— Agora que a princesa chegou só vão ter olhos para ela. – a voz do irmão mais velho fora ouvida, fazendo Regina revirar os olhos em resposta.

— Pare de implicar com sua irmã, Killian! – o mais velho disse e sorriu, sentando-se onde estava.

— Você ouviu o papai, Killi. – fez uma cara de deboche para ele, cumprimentando o irmão em seguida. – Isso tudo é saudades? – soltou.

— Cada dia que passa você fica mais convencida, tampinha. – cumprimentaram-se com um abraço apertado, logo depois com um beijo.

— Vocês parecem ter cinco anos de idade! Por deus! – Cora disse, arrancando uma risada em grupo.

Logo sentiram um peso em suas pernas e gritos de felicidade começaram a soar pelo ambiente.

— Tiaaa! – o garotinho gritava em animação, levantando seus bracinhos para que a morena o pegasse. – Me dá colinho! - E assim fora feito, Regina desvencilhou-se do irmão, pegando o sobrinho no colo com a mesma animação que ele estava.

— Oi, meu amor! Senti sua falta! – apertou o corpinho miúdo da criança contra o seu, distribuindo vários beijos molhados por todo o rosto da criança, fazendo-o gargalhar em resposta.

— Eu também senti, titia! – sorriu com as duas mãozinhas no rosto dela, dando-lhe um beijo estalado na bochecha. – Uma bem grandona, assim óh – abriu os braços para mostrar-lhe o tamanho da saudade que sentira.

 A sintonia deles era inexplicável, o pequeno era o amor da vida dela. Talvez por ele ter chegado em um momento bastante difícil para ela, Henry sempre fora luz em sua vida. Regina apertou seu nariz e o menino riu com o gesto, após colocou-o no chão e foi cumprimentar a cunhada, que observava os dois com um sorriso no rosto.

— Oi, Emms! – cumprimentou e as duas abraçaram-se e deram um beijo em cada lado de suas bochechas.

Emma tinha Regina como uma irmã mais nova e tal sentimento era recíproco por parte da morena. Quando ela se envolveu com Killian, a Mills ainda era uma adolescente. 

— Oi, Rêh. Como estão as coisas? – a loira perguntou, sentando de volta na cadeira que estava.

— Tudo muito bem. – sorriu, sentando na cadeira vaga.

Engataram em uma conversa sobre as mais novas peripécias do sobrinho.

— Vou ver como anda o almoço, aposto que vocês estão famintos. – Cora disse, retirando-se e indo até a cozinha.

 Estavam acomodados numa mesa redonda que ficava na área externa da casa. Henry, que estava no colo da tia, logo tratou de chamar a atenção da morena mais uma vez, enrolando os seus cabelos em seu dedinho.

— O que você estava fazendo antes da tia chegar? – perguntou ao menino, tirando alguns fios de seus cabelos castanhos que estavam sobre rosto dele.

— Estava mostrando ao vovô como faz para ser um avião. – disse sorrindo. – Você quer ver, titia? – o menino perguntara com brilho nos olhos.

— Claro que quero meu anjo! – Henry desceu de seu colo, e em instantes já estava correndo por todo o quintal, com os braços abertos imitando um avião. Dera algumas voltas, até que parara no mesmo lugar de início.

— O que você achou? – perguntou com expectativa.

— O que eu achei?! – o menino fez sinal de positivo com a cabeça, esperando a resposta da tia. Regina apoiou o queixo entre os dedos, em um gesto de quem estava pensando. –Eu achei... – pegou-lhe no colo novamente. – O avião mais lindo do mundo todo. – disse por fim, beijando-lhe todo o rosto, arrancando risadas da criança.

Cora já estava de volta, comunicando que o almoço já estava pronto, então todos decidiram continuar na mesa externa, visto que o dia estava bastante agradável. Regina e Emma foram até a cozinha novamente para ajudarem com as panelas, enquanto os garotos arrumavam a mesa.

Eles conversavam bastante animados, todos ali sentiam falta de estarem juntos. Mesmo que ainda se vissem com bastante frequência, não era a mesma coisa de quando moravam na mesma casa.

Estavam quase acabando a refeição, quando Henry dirigiu a palavra à morena, tomando-lhe a atenção.

— Tia Regina! – ela o olhou. –“Tô” com saudades do tio Robin. – disse na maior inocência, e a morena, que tinha acabado de beber um gole de seu suco, engasgara imediatamente, assustando todos à mesa.

— Está tudo bem querida? – o pai perguntou.

Depois de processar a fala da criança, ela se recompôs, afirmando que sim com a cabeça para o pai. O sobrinho ainda olhava-a esperando alguma resposta da moça. Sentia saudades do tio e gostaria de vê-lo.

— Tio Robin? – Cora quebrou o silêncio, reconhecendo o nome de quando a filha iria dizê-lo mais cedo, mas subitamente mudou o rumo das letras que sairiam por entre seus lábios. Não negaria que estava bastante curiosa, estava nítido para ela o quanto esse assunto mexia com sua filha.

Antes que a morena mais nova respondesse o questionamento da mãe, Henry foi quem respondera de prontidão.

— Sim, vovó! – respondeu de boca cheia, sorrindo largamente. Emma o repreendeu soltando um: “Não pode falar de boca cheia, filho”, ele acenou e voltou a falar assim que acabou de comer. – Ele é meu tio preferido, me levou para tomar sorvete e depois brincou comigo lá na casa da tia Regina. Não foi, titia? – a morena sorriu com o que acabara de escutar. Era impossível não se lembrar do dia maravilhoso que os três tiveram naquele domingo que esbarraram no parque.

Por alguns segundos ela se vira mergulhada em lembranças maravilhosas daquele dia e de todo os outros que passara ao lado de Robin. Ele sempre remetia-lhe sentimentos maravilhosos e depois do que acontecera na noite anterior, esses sentimentos estavam ainda mais avassaladores.

— Foi sim, meu anjo. – como quem saíra de um transe, ela meneou a cabeça em afirmação, fazendo um carinho em seus fios castanhos.

— A titia disse que eles não são iguais ao papai e a mamãe. – deu de ombros, tomando a atenção dos avós.  – Mas, mesmo assim ele me disse que pode ser meu tio. – okay! Ótimo lugar para o pequeno tocar nesse assunto, justo numa mesa com seus pais e com Killian, que já tinha enchido-a de perguntas no dia do passeio. – Mas seria muito legal se eles fossem não é vovô? Eu poderia brincar sempre com ele, o senhor já não corre tão rápido assim. – todos gargalharam, menos o mais velho. Não pelo comentário do neto, muito pelo contrário, queria saber mais desse tal “tio Robin”.

Coisa de pai!

— Okay! Agora quem quer saber sobre esse tal de Robin sou eu. – perguntou olhando em direção à morena, que já tinha alguns tons de cor avermelhados na bochecha. Quando fora que chegaram ao assunto Robin?

— É só um amigo, papai. – respondeu. A palavra “amigo” tinha um som estranho para ela naquele momento, mas tentou transparecer segurança ao pronunciar tal. – Nos encontramos no parque e Henry não quis largá-lo mais, então fomos a uma sorveteria e depois Robin foi brincar com o pequeno lá em casa, a pedido dele. Não foi amor? – olhou para ele que não fazia ideia do quanto à tia estava nervosa.

— Hurum! – falou simplesmente, alheio a tudo.

— Amigo. – falou com deboche, a morena semicerrou os olhos em direção ao irmão, jogando o guardanapo em sua direção.

— Dá para me deixar?! – pediu, bufando. Ele levantou as mãos para o céu em sinal de rendição.

— Ele deve ser uma pessoa maravilhosa, para o Henry amá-lo tanto assim. – as pessoas ali poderiam não notar, mas Cora conhecia muito bem a filha. Saberia dizer quando havia algo errado, e certamente nessa história havia. Ou, uma coisa muito certa para lhe ser mais exata.

— Ele é. – murmurou.

— Aposto que sim.  Vocês precisavam ver quando ele chegou em casa, não parava de falar um só minuto nele. Aliás, tudo agora envolve o tio Robin. – Emma contou.

— Isso é verdade, estou ficando até com ciúmes! – soltou Killian, colocando mais uma garfada de seu almoço na boca.

— Fica não, seu bobinho. – achou graça das palavras do pai. - Eu posso falar com ele, titia? – pediu com os olhinhos brilhando, voltando a atenção para ela.

— Eu não sei Henry. – hesitou, afinal, não queria importuná-lo.

— Por favorzinho! – colocou as duas mãozinhas juntas, em sinal de súplica. – Prometo que vai ser rapidinho, eu sinto falta dele. – fez bico, fazendo uma voz manhosa. Quem resiste?

— Tudo bem, mas termine de comer primeiro. – disse, dando-se por vencida.

O pequeno continuou sua refeição animado porque  ligaria para o tio. Assim que acabou o almoço, todos na mesa seguiram para dentro da casa. Cora e Regina estavam na sala quando o garoto chegou correndo, ansioso pela ligação. A morena pensara que ele pudesse esquecer, mas pelo visto não iria.

— Podemos ligar agora? – perguntou ansioso. Cora apenas observava tudo em silêncio.

— Certo! Mas se ele estiver ocupado desligaremos, okay? – ele apenas meneou a cabeça em afirmação.

Regina pegou seu celular, que estava sobre o sofá, desbloqueou e foi até a agenda telefônica, discando em seguida o número já bastante conhecido e até decorado do loiro.

A morena estava mais nervosa que o normal, coisa que não passou despercebida aos olhos experientes de Cora. Desde que trocaram aqueles beijos, Regina não parava de pensar nele. Era como se estivesse sentindo os toques a cada pensamento em que ele invadira sua mente.

 

Ligação On

A cada toque, o coração da morena dava um leve sobressalto. Eles ainda não tinham se falado naquele dia, ela não escutava sua voz desde que se despediram no apartamento do loiro. Três toques depois e ele atendera.

— Alô? Regina? – ao ouvir a voz dele, seu coração errara uma batida.

— Oi, Robin. Sou eu.

— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa? – a morena não pôde deixar de sorrir com tamanha preocupação do loiro.

— Está tudo bem sim, não se preocupe. – sorriu ao perceber que ele tinha soltado a respiração. Por deus! Locksley iria enlouquecê-la. - É que Henry pediu-me para que te ligasse, estava com saudades suas. Você está muito ocupado agora? Se quiser posso ligar outra hora, ele vai entender. – disse tudo de uma vez, arrancando uma risada do loiro.

Ele poderia perceber em sua voz o quanto ela estava tensa, será que algo estava errado? Ontem quando eles despediram-se, e ela deu-lhe aquele beijo parecia estar tudo tão bem.

— Claro que não tem problemas, também senti saudades do pequeno. Não só dele. – deu ênfase nas últimas palavras. Regina riu, meneando a cabeça em negação, lá estava o Robin bobo que ela tanto amava. Do outro lado da linha o sorriso bobo do loiro fazia-se presente em seus lábios.

— Certo, vou passar o celular para ele. Só um minuto. – entregou o aparelho à criança, que já estava sentado no meio das duas mulheres, ansioso para falar com o loiro de olhos azuis.

— Oiii, tio Robin!  a animação era nítida na voz da criança, arrancando um sorriso fácil, não só de Regina, mas de Cora também.

Ela ainda não conhecia o rapaz, mas só o fato dos dois amores de sua vida estarem sorrindo a toa por uma simples ligação, o homem já tinha pontos com ela.

— Oi, campeão! Como você está? – perguntou, estava morrendo de saudade do pequeno.

bem. Eu aqui na casa da vovó, tá muito legal. Você quer vir para cá, brincar de avião comigo? – perguntou. – A gente já almoçou, mas eu posso pedir para a vovó fazer uma comida pra você. A comida da vovó é muito boa, só não conta pra mamãe, ela pode ficar triste. – falou a última parte como se estivesse contando um segredo.

— Ah, é? Parece que você está se divertindo bastante aí. – o pequeno murmurou um “hurum”.  - Eu queria muito poder ir, mas hoje o tio não pode.

— Por que não? Eu com saudades, titio. Bem grande. Você não gosta mais de mim?  Regina escutava tudo atentamente e seu coração contraiu-se ao escutar a última frase proferida por seu sobrinho.

— Não é isso, pequeno. Claro que eu gosto. – o coração dele não estava tão diferente do dela. Robin tinha se apegado a Henry de um modo incrível. - Você é meu sobrinho preferido, sabia?

— Sou? – perguntou contente.

— Claro que é. – poderia imaginar a carinha de felicidade dele mesmo estando a quilômetros de distância. - O tio também está com muitas saudades de brincar com você, mas hoje eu estou cheio de trabalho, por isso não posso ir aí ficar com você agora. – escutou um “Ahhh!” - Mas, que tal passearmos no fim de semana? Eu, você e a tia Regina? – sugeriu.

— Sim! Sim! Sim! – pela animação do menino, a morena poderia dizer que tudo estava bem outra vez, fazendo a morena sorrir com aquilo. — Podemos tomar sorvete? – claro que não poderia faltar o bendito sorvete.

— Podemos sim!

— Eba! – Henry comemorava feliz da vida por ganhar um passeio e ainda por poderem ir tomar sorvete.

— Deixe-me falar com sua tia. – o loiro pediu. – Até o nosso passeio campeão.

— Tchau, tio RobinEu vou pedir para passar bem rapidinho.  – entregou o celular a morena, depois que se despediu do tio.

— O que vocês estão aprontando, posso saber? – questionou, curiosa.

— Nada demais, só prometi ao Henry que passearíamos no fim de semana. E não aceito um não como resposta... – se adiantou. - Eu prometi e você sabe que costumo cumprir com minha palavra. – é, ela sabia.

— É, eu sei disso, Locksley! – balançou a cabeça em negação. - Desculpe-me pelo Henry, não sei se você tinha planos ou se estava muito ocupado, mas ele insistiu para falar com você.

— Não tem porquê me pedir desculpas, já te disse morena. – ela amava escutar aquilo vindo dele. O quão afetada ela estava? - E, eu adorei que vocês me ligaram. E você sabe que nunca estarei ocupado demais para você ou para ele. E eu não tinha planos, mas graças ao Henry, agora eu tenho.

— Fico aliviada então.  Vou te deixar trabalhar agora, já tomamos muito seu tempo. Nos falamos mais tarde?

— Pode apostar que sim. – garantiu. Ficaram alguns segundos em silêncio, só ouviam as respirações, até que a voz do loiro o desfizera. – Regina? – chamou-a.

— Hm?

— Estamos... Bem? – perguntou o que estava martelando em sua cabeça.

— Estamos bem! – sorriu de lado, mesmo que ele não pudesse lhe ver. – Até mais, Robin. Beijos!

— Vou esperar para tê-los de verdade. – e lá estava as trocas de brincadeiras deles. - Um beijo para você.

Ligação Off

 

Regina finalizou a chamada, deixando que seu tronco caísse sobre o sofá e com o aparelho em mãos, se perguntava quando fora que os dois seguiram para aquela direção de provocações e nada mais importava, a não ser eles. Para falar a verdade, ela não estava ligando muito para isso.

 Esperaria pelo final de semana ansiosamente.

O mesmo sorriso que insistia em brincar em seus lábios toda vez que estavam juntos ou quando se falavam, estava ali. E Cora poderia jurar que fora o mesmo que a filha dera mais cedo, quando ela entrou em sua sala.

Sua menina não precisaria dizer nada, o coração de mãe sentia.  

— O que está acontecendo? – a voz da mais velha trouxe-a de volta, fazendo Regina olhá-la, como se quisesse entender a pergunta da mãe. Só estavam as duas no cômodo, já que o pequeno sairá correndo ao encontro da mãe para anunciar a novidade.

— Do que a senhora está falando? – perguntou com uma expressão confusa, querendo realmente saber do que se tratava.

— Entre você e esse rapaz. – deixou mais claro. Tinha uma expressão suave no rosto.

— Entre mim e Robin? – definitivamente aquele seria o dia dos questionamentos sobre o loiro. A morena queria muito dizer algo relevante sobre o assunto, mas a verdade é que não sabia. – Por que a senhora está perguntando isso?

— Porque eu vi o jeito que você estava mais cedo e nem venha me dizer que não estava pensando nele, porque eu sei que não é verdade. – essa era sua mãe, parecia ter uma bola de cristal, ou ela era transparente demais, pensou. - Você sorriu do mesmo jeito quando estavam se falando. Eu percebi o quanto esteve nervosa com os questionamentos que Henry fez. – Cora deixou que suas palavras tomassem conta do espaço em que elas dividiam. –Você gosta dele? – perguntou.

Regina olhou-a, era uma pergunta simples e apenas uma resposta a ser dada.

— Ah, mamãe! – a morena soltou um suspiro.

Sua mãe a conhecia bem demais para que a morena escondesse qualquer coisa dela, e na verdade, ela também não queria esconder. Essa era a verdade, não era? Ela gostava dele, até mais do que poderia imaginar, e definitivamente, depois da noite anterior, o contrário não poderia ser dito.

Cora chamou-a para que deitasse em seu colo, exatamente como quando era mais nova, quando ela precisava de conselhos da mãe. E assim ela o fez, deitou a cabeça nas pernas da mais velha, fechando os olhos ao sentir os dedos de sua mãe adentrar seus fios negros.

 – Sim, mãe! Eu gosto... – pronunciou ainda de olhos fechados, colocando em palavras o que seu âmago gritava. Depois de ouvi-las, misturadas com o ar daquela sala, tudo parecia se tornar ainda mais real. – E talvez mais do que eu poderia imaginar. E eu não sei como reagir a tudo isso, antes eu sentia medo por sentir tudo o que eu sinto mesmo sem conhecê-lo direito, agora que nos tornamos amigos tudo ficou ainda mais confuso, a única coisa que eu sei é que ele é a pessoa mais incrível que eu já conheci. Tudo vem se tornando cada vez maior e intenso. Nada mais importa quando estou do lado dele, ele faz-me sentir segura. Eu sinto uma falta absurda que dói.  E, aaah... Eu não sei mamãe! – levou as duas mãos até o rosto, esfregando-o em sinal de frustração.

— Você está se apaixonando. – não era uma pergunta, ela estava afirmando o óbvio. Estava escrito há tempos no rosto dos dois, e os sentimentos só aumentaram com o passar dos dias.

— Talvez sim. – sussurrou, abrindo os olhos e mirando o rosto da mãe que sorria com carinho.

— É totalmente compreensível você se sentir confusa, querida. – seu tom de voz era doce e ainda acarinhava seus fios. - Quando eu conheci seu pai, tudo parecia estar fora de eixo, eu não sabia o que pensar ou o que fazer. Não sabia o que estava sentindo... Só sentia. E cada dia esse sentimento crescia, eu nunca queria estar longe. E quando percebi, não tinha mais como fugir. – a morena suspirou, era exatamente assim que se sentia em relação a Robin.

— O amor de vocês é tão lindo, queria poder viver um desses nem que fosse apenas um pouco. – mirou a mais velha mais uma vez, com um sorrisinho de lado brincando em seus lábios.

— Talvez ele esteja batendo na sua porta, assim como o meu bateu na minha. – alisou as bochechas da filha. – Você não pode deixar que o medo impeça-te de viver, querida. As coisas certamente estão andando em seu curso natural, você só tem que segui-las e aproveitar. Vocês já conversaram sobre tudo isso?

— Ainda não. – meneou a cabeça em negação. - Acho que tanto eu, quanto ele, tínhamos medo. As coisas foram acontecendo da maneira mais natural possível, nos tornamos amigos e quando dei por mim, tudo tinha ganhado um novo rumo. E por deus, ele me não precisa fazer esforço nenhum para me ter.

Regina contara toda a história para a mãe, de maneira resumida, mas toda a história. Sabia que ela com toda certeza saberia lhe aconselhar. Não que ela estivesse em dúvida do que sentia, muito pelo contrário, mas o que fazer era o problema. Contou desde o dia que se conheceram, de como eles tornaram-se amigos, do passeio com Henry. Tudo.

— Esse mundo é realmente muito pequeno, ele é justamente amigo de infância da Zelena. – falou ainda incrédula com tudo que sua filha acabara de lhe contar.

— Pois é. Também fiquei extremamente surpresa. – riu da cara de surpresa que sua mãe fizera.

— Esse rapaz está ganhando pontos comigo. – sorriu.

— Ah, é? A senhora nem o conhece. – perguntou, ela queria muito que eles se conhecem, tinha certeza que a mãe iria adorar o loiro.

— Só pelo simples fato de te ver assim, com esse brilho nos olhos, já seria o suficiente. E tem o jeito que o Henry falou sobre ele, nosso garotinho parece gostar dele. – sorriu para a caçula. – E ainda por cima é amigo da minha ruiva.

— Entendi dona Cora. – soltou uma gargalhada.

— Bom... O que eu tenho pra te dizer é que siga seu coração, tenho certeza que ele irá guiar-te pelo melhor caminho. E se precisar de colo, a mamãe estará aqui, como sempre. – deixou um beijo terno em sua têmpora.

— Eu não sei o que faria sem a senhora, eu te amo.

— Eu também te amo, querida!

 

O silencio se fez presente e, mãe e filha curtiam o momento e o carinho que estava sendo externado nos toques da mais velha.

 


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