Night Stories Monday escrita por Haruyuki


Capítulo 24
Sofa - June - Sayonara


Notas iniciais do capítulo

Sofa pertence ao álbum Funkaholic e foi usada como abertura do OVA xxxHOLiC Shummuki. Palavras-chave: Memórias, Começar de novo.
June significa ‘Junho’ e pertence ao álbum Time. Palavras-chave: Verão, Carta do passado
Sayonara significa ‘Adeus’ e pertence ao álbum Smile. Palavras-chave: Despedida, Pretender, Falar mal.



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Já faz 15 longos anos.

Lília Baranovskaya reflete, retirando de sua gaveta uma carta ainda selada com o nome Yakov Feltsman e um endereço de São Petersburgo, na Rússia, escrito nela em uma bela caligrafia. Ela deixa a carta cair novamente na gaveta, a fechando com uma força desnecessária. Ela odeia aqueles dias de verão, em que ela era uma mulher dedicada ao balé e também a um homem que ela chegou um dia ter sentimentos fortes. 

Sentimentos esses que ela vê diariamente entre um garoto que carrega um grande fardo em seus ombros e uma das pessoas que ele salvou de um destino cruel, o tornando agora uma parte muito importante daquela escola. E ela teme que eles acabem sofrendo muito por causa desses sentimentos. 

Ela vê Yuuri Katsuki como o filho que nunca teve e tenta ser uma mãe que ele mal teve.

E ela sempre acaba se recordando do exato momento que o encontrou pela primeira vez, há 5 anos atrás.

~x~

"Garoto, o que pensa que está fazendo? Você não pode entrar assim do nada!"

"O que é que está havendo?" Ela pergunta, saindo de seu escritório para descobrir o que está acontecendo ali.

"Me desculpe, diretora Baranovskaya. Mas tem um garoto que invadiu a escola e não quer escutar ninguém."

"Eu estou cansada, professora Leroy. Lide com ele você mesmo." Lília olha para ela furiosamente, não acreditando que um mero garoto esteja causando tanto problema.

"Mas diretora..." Professora Leroy começa a dizer, e Lília nota o quanto ela está nervosa.

Quando ela chega ao suposto local onde o tal invasor está, acaba se deparando com professora Katsuki que também acaba de chegar.

"Yuuri?" Lília escuta professora Mari Katsuki, 

"Professora Katsuki? Você o conhece?"

"Ele é Yuuri Katsuki. Meu irmão mais novo que desapareceu há 8 anos atrás." A professora explica, pálida. 

"Desapareceu?" Lília franze a testa, não gostando nada do que está ouvindo.

Afinal, se aquele adolescente desapareceu a 8 anos atrás, ele era apenas uma criança muito nova. O que diabos está acontecendo ali?

Crash

"Ah, de novo não." Professora Leroy comenta, e Lília arregala os olhos ao ver um adolescente usando roupas rasgadas e sujas abrir uma porta e entrar na sala, trancando a porta imediatamente.

"Ei, o que você pensa que está fazendo aí dentro?!" Professora Leroy exclama, tentando abrir aquela porta em vão.

Desde que Lília chegou para lecionar na escola Morning Star, ela percebe que coisas inexplicáveis acontecem nela. Seja vidros se espatifando, objetos que aparecem quebrados e manchados, coisas estranhas aparecem escritas nos quadros negros e chegou a ponto de alunos se machucarem.

...

E então, a porta se abre no exato momento em que todos escutam.

"Em meu nome, que os maus Espíritos se afastem deste lugar, e que os Bons o defendam deles! Espíritos malfazejos, que inspirais maus pensamentos aos homens;  Espíritos enganadores e mentirosos, que os enganais; Espíritos zombeteiros, que zombais da sua credulidade, eu vos repilo com todas as minhas forças e fecho os meus ouvidos às vossas sugestões, mas peço para vós a misericórdia de Deus. Bons Espíritos, que me assistis, dai-me a força de resistir à influência dos maus Espíritos, e as luzes necessárias para não cair nas suas tramas. Preservai-me do orgulho e da presunção, afastai do meu coração o ciúme, o ódio, a malevolência, e todos os sentimentos contrários à caridade, que são outras tantas portas abertas aos Espíritos maus."

"O que está havendo?" Alguém pergunta, mas Lília só se vê focada naquele menino estranho.

"E vocês deverão se esquecer sobre mim." Agora isso a faz sentir uma forte dor de cabeça.

"Quem você pensa que é para achar que eu iria esquecer algo assim?" Ela range os dentes, olhando para ele furiosamente.

"Yuuri, eu jamais vou me esquecer de você!" Professora Katsuki exclama, apavorada.

"Quem é você, garoto?" Professora Leroy pergunta de repente, e Lília a nota que ela está estranhamente calma, diferentemente de antes.

"Professora Leroy, do que está falando?" Lilia pergunta, percebendo que professora Katsuki arregala os olhos.

"Vocês precisam se esquecer de mim." O garoto diz, e ela novamente sente dor de cabeça.

"Yuuri, por favor, não me faça te dar um soco." Professora Katsuki diz, assustando ele.

"Explique-se, menino." Lilia ordena, o pegando de surpresa também.

~x~

"Tem certeza que você aceita se tornar o novo diretor desta escola? Você só tem 17 anos, garoto." Ela pergunta, o olhando seriamente.

"As pessoas que fazem parte desta escola precisam de mim. E apenas eu sou capaz de ajudar os espíritos perdidos que estão aqui. Lília, conto com você para me ensinar tudo o que preciso saber sobre esta escola." O garoto, Yuuri Katsuki, a olha nos olhos.

"Muito bem, Yuuri Katsuki. Me mostre do que você é capaz." Ela diz, e pela primeira vez depois de muito tempo, ela percebe que está com um sorriso no rosto.

~x~

"Por que o súbito interesse em arte?" Lilia pergunta, ao lado de Yuuri enquanto eles apreciam uma exibição de um pintor qualquer.

"Arte é um dos meios que o ser humano utiliza para expor coisas que normalmente nós temos medo de revelar. Medos, sentimentos, dúvidas. Essas pinturas, apesar de serem muito bonitas, expressam a solidão que o pintor sente." Yuuri responde, olhando para o quando na frente deles.

"E como você sabe disso?" Ela pergunta, olhando dele para o quadro.

"Eu entendo um pouco, já que também fui alguém cercado pela solidão." Yuuri responde, a pegando de surpresa pois ele raramente fala sobre si.

"Yuuri..." Ela começa a dizer, mas se interrompe ao ver ele a olhando seriamente.

"Não se preocupe, Lília. Eu não sou mais sozinho. Eu estou mudando, graças a você."

Ele diz isso, mas até agora ela nunca viu um sorriso no rosto dele.

...

"Me falem a verdade sobre a venda dos quadros." Yuuri diz para o dono da galeria, que responde imediatamente com a verdade.

"Nikiforov não tem nada a ver. Nós dois falsificamos tudo."

"Então você deve dizer a verdade para a Polícia." Yuuri ordena, e o dono se retira da galeria, indo fazer exatamente o que foi mandado.

...

"Tem certeza disso?" Ela pergunta, surpresa com o pedido dele.

"Eu disse que eu mudei, Lília. Mas só porque alguém estendeu a mão para mim e me aceitou como eu sou. Agora, por que não estender a mão para quem precisa? Você já deveria saber que nada acontece por acaso." Yuuri responde, se afastando para fora da galeria.

"Heh. Talvez nisso você tenha toda a razão." Ela diz, se virando para ir em direção do pintor Victor Nikiforov.

~x~

Lília Baranovskaya chegou nos Estados Unidos para um novo recomeço. Depois de um machucado que custou a bailarina que ela se dedicou a ser desde pequena e um coração partido por um rapaz que ela chegou um dia a dizer que o amava, ela deixa tudo para trás, se despedindo de seu país anterior e indo para um outro país em busca de seu novo destino. Ela lutou muito para chegar onde ela está agora, e não será uma carta que irá fazer com que ela mude de idéia, mesmo que tudo isso não seja uma pretensão dela para não pensar no passado.

~x~

Mas um dia, a rotina dela com a tal carta muda, pois para a surpresa dela, a carta não se encontra mais na gaveta. Ela então começa a procurar pela sua mesa, retirando e tirando do lugar diversos objetos mas não encontrando nada.

Então ela lembra que Yuuri havia pedido por envelopes de carta para mandar cartões de natal para todos os alunos e funcionários da Academia, e os envelopes estavam na mesma gaveta. Imediatamente ela vai até a sala dele, e se depara com ele segurando a carta.

"Eu acredito que esta carta lhe pertença." Ele diz, a estendendo para Lilia. "Não se preocupe, você já pode a abrir em segurança."

"O que...?" Ela pergunta, o olhando com surpresa.

"A pessoa que escreveu esta carta tinha consigo muitos receios. E esses receios acabaram sendo transferidos para o papel por meio da caneta escrita pela pessoa. Mas eu também pude sentir amor, o que facilitou a remoção da energia negativa nela." Yuuri explica, e de fato Lília percebe que não sente mais nada ao ver aquela carta.

De volta para a sala dela, ela abre a carta e começa a ler. Com as mãos trêmulas, ela começa a chorar enquanto dá risadas.

"Yakov, seu maldito." Ela diz, respirando fundo. "Você está atrasado. Mas quem sabe…"

E então ela se vê pegando o telefone celular e faz uma ligação para São Petersburgo.

'Nada acontece por acaso, não é?'


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