Nezuko havia se formado há apenas um ano, nesse meio tempo, ela resolveu se especializar e se tornar uma arquiteta paisagista. Como estava no começo da carreira queria fazer o seu nome, por isto, nunca recusava nenhum projeto, sempre se empenhava o máximo que conseguia para agradar todos os clientes.

Desde então, visitar floriculturas era uma rotina que ela amava. Fazia porque era o seu trabalho, mas adorava verdadeiramente trabalhar com plantas e projetar os espaços como suas obras de arte que as pessoas poderiam usufruir.

De todas as floriculturas que tinha naquela cidade, Nezuko gostava de ir a uma em particular. Sempre prezava pelo custo e benefício, por isso, indicava para os clientes e os acompanhava para que não fosse comprado nada errado. No entanto, não era apenas pelo preço atrativo que ela frequentava o estabelecimento.

Dentre todas as flores que ali continha, que iam das delicadas e pequenas margaridas, para as lindas e coloridas orquídeas, até as famosas e formosas rosas dos apaixonados; Dentre todas elas, a mais bela flor que estava presente era a atendente.

Ela intrigava a mulher, pois sempre estava com um sorriso simpático e gentil, mas nunca pronunciava nenhuma palavra sequer, não até aquele momento. A moça usava um enfeite de borboleta no cabelo, o que fazia a Kamado achar que era uma coincidência incrível. Como se uma borboleta pousasse na bela flor que era a mulher de lindos olhos ametistas e cabelos negros.

Naquele dia, Nezuko estava de folga, então só foi à floricultura para comprar mais plantas para seu jardim particular. Observando as flores, a morena comparava com qual delas chegava próximo da beleza da linda mulher detrás da caixa registradora.

Verbenas vermelhas lembravam seus lábios sempre rubros, cuidadosamente tingidos de batom; e as verbenas lilases remetiam aos seus olhos exóticos e atrativos. Seus orbes só desviavam da moça para comparar com as flores em suas mãos, prestando atenção em todos os mínimos detalhes, tanto em sua aparência, quanto em sua maneira de agir. E sem ser nem um pouco discreta.

Ah! Nezuko se sentia uma garotinha boba, uma adolescente com um Crush na atendente silenciosa e simpática. Sabia seu nome apenas porque estava no seu crachá, mas tinha o desejo genuíno de conhecê-la, ela a atraia como uma criança curiosa ansiava por mais uma nova descoberta.

Se aproximou alegre do caixa com seu melhor sorriso, praticamente saltitando, exalando o seu otimismo e bom humor. No rosto de Kanao estava o tão costumeiro sorriso gentil que dava todas as vezes que alguém lhe direcionava sua atenção e olhar.

— Bom dia! — A Kamado disse alegremente, colocando o pequeno jarro sob a superfície.

Não esperava nenhuma resposta, afinal, Kanao nunca falava nada, mas seus olhares e expressões eram tão ternos, serenos e gentis, que Nezuko se sentia bem apenas por eles serem direcionados a si. No começo era um pouco constrangedor, mas pessoas diferentes chamavam sua atenção de tal forma que não consiga não ficar fascinada por aquele jeitinho incomum e belo.

— Boa escolha — Pronunciou, com o mesmo sorriso costumeiro nos finos lábios.

— Verdade, elas são maravilho... — Se interrompeu, percebendo finalmente que tinha escutado a voz terna da outra — Você falou! — Meneou a cabeça em concordância, achando graça de sua cliente.

A Kamado ficou feliz e atônita, queria trocar mais algumas palavras com a moça, queria ter uma conversa nem que fosse curta e banal. Ela ficou pensativa, enquanto a outra realizava seu trabalho ao registrar tranquilamente as compras.

— Qual seu nome? — Kanao soltou, repentinamente.

— Nezuko Kamado — A moça entregou a sacola com o jarro para ela — Você gosta de Verbenas?

— Eu gosto de todos os tipos de flores, mas Verbenas estão na minha lista de preferidas.

Nezuko fitou a sacola que tinha recebido, então olhou novamente para Kanao com um sorriso meigo.

— Pega. — A de olhos arroxeados recebeu de volta sem entender o que tinha acontecido para a cliente devolver a compra. — É um presente, pode ficar. — Deu tchauzinho com as mãos. — Até, Kanao.

Ficou surpresa, sem saber o que fazer, tentou protestar, mas Nezuko já estava passando pela entrada, indo embora. Kanao suspirou, sem ter mais nada que pudesse fazer retirou o jarro da sacola, e observou as Verbenas lilases semelhantes aos seus próprios olhos. Ela sorriu. Tinha uma cliente estranha... E muito interessante.

Como uma borboleta depois de pousar na flor, Nezuko foi embora. Deixando a flor ansiosa para sua próxima visita.