Last Kiss escrita por Bella Mikaelson


Capítulo 1
Last Kiss




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A vida é difícil. A morte, em contrapartida, parece mais tranquila.
Eu nunca realmente pensei em como a minha vida acabaria, mas agora, sangrando em meio a neve após a queda, percebo que Bucky sempre foi o centro de tudo. Nós morreríamos juntos, com 90 anos, de mãos dadas e cercados por nossos filhos e netos. É uma doce ilusão. O mais irônico disso tudo é que ele, a essa altura, também deve estar morto.
Nosso último beijo foi momentos antes de partimos da tirolesa improvisada em direção ao trem, e sem sabermos, em direção a nossa morte. Se soubesse que aquele seria nosso último momento juntos, teria dado mais valor. Esse foi meu problema, eu dei tudo por garantido: o fim da guerra, Bucky, nosso futuro, nossa vida.
Sempre acreditei que tudo acontecia por uma razão. Mas não consigo enxergar razão para o que aconteceu conosco. Steve, que apesar de agora se mostrar um líder, no fundo ainda é o mesmo garotinho com quem eu brincava no Brooklyn e abracei todos as noites após a morte da mãe e agora ele está sozinho. Ele é a única esperança para o fim da guerra, mas para mim sempre foi o irmão que nunca tive.
Desde o momento que vi meus pais sangrando no chão da cozinha após terem sido executados pela HYDRA, achei que meu propósito era vingá-los. No fim, eu e Bucky tivemos o mesmo destino que eles. Nós nunca casaríamos, eu nunca seria chamada de senhora Barnes, nós nunca brigaríamos pela decoração da casa para dois minutos depois estarmos aos beijos, nunca teríamos filhos, nem netos. Nunca teríamos um futuro.
O mais engraçado de tudo, é que sempre achei que morrer seria doloroso. Mas a única coisa que sinto é frio, como se a neve entorpecesse meu corpo. Eu já havia o baleada antes, e desmaiei com a dor, agora, meu sangue mancha a neve, mas não sinto nada. A queda do trem deveria ter me matado na hora, mas agora, a única coisa que enxergo é o céu azul acima de mim. Dizem que quando estamos morrendo, nossa vida passa diante de nossos olhos, mas tudo em que consigo pensar é Bucky.
O silêncio era o pior de tudo. O barulho do vento tomava conta de tudo, assobiando violentamente. Mas era isso, apesar se saber que o fim estava próximo, o silêncio me agoniava. O gosto de sangue impregnava minha boca, mas eu não conseguia mexer o corpo para cuspir.
De repente, um som pesado tomou conta do lugar. Ao longe, barulhos de metal se espalhavam pelo lugar. Minha visão embaçou, tentei focar os olhos no céu e me manter acordada, rezando para que não fosse um lobo selvagem se aproximando.
Algo agarrou meu braço, um rosto pairou sobre o meu, olhos verdes encontraram os meus, um sorriso sinistro manchava as feições do homem. Sua boca se mexeu, mas eu não consegui a escutar nada. O homem me deu as costas e me arrastou pelo chão, acumulando neve pelos meus cabelos. Na jaqueta que vestia havia um símbolo. Espremi os olhos, forçando minha visão que se apagava a ver o símbolo.
HYDRA.
Me mente nebulosa se revoltou. Não, eu precisava reagir. Mas meu corpo não se movia. Havia usado minhas ultimas forças para distinguir o símbolo. Acima de mim, o céu azul abrigava os pássaros que voavam livres.
Liberdade. Algo que se por um milagre eu sobrevivesse, eu não teria.
O céu era azul, da cor dia olhos de Bucky. James, meu James. Meu primeiro amigo, meu primeiro beijo, minha primeira vez, meu primeiro amor. Ele foi a última coisa em que pensei antes de apagar.
Aonde quer que ele esteja, espero encontrá-lo. Para que então, aquele beijo antes do trem, não seja o nosso último beijo.

 


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