O Mistério de Vesta escrita por Sir Death


Capítulo 5
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Nossa, parece que eu não posto nada desde o ano passado, espero que não tenham ficado impacientes demais.
Desculpem a piada infame, boa leitura a todos e até daqui a pouco.



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— Que saco, agora eu vou ter que ir falar com ele, né? — o homem escorado em um pilar de concreto pensava coçando avidamente a cabeça. — Mas que droga! E ainda tenho que cruzar o feudo inteiro depois… — Desviou o olhar rosado para o relógio da praça e constatou: — Não vai dar tempo, que merda, Fausto, seu filho só faz merda!

— Fausto? O que Animus anda aprontando muito no exército celeste? — uma camponesa carregando algumas sacas de algum grão parou, aleatoriamente, ao seu lado, interessada pelo pouco que havia escutado.

Malandro como era e percebendo a beldade que decidiu lhe fazer companhia, resolveu matar dois coelhos com uma cajadada só, logo abriu um sorriso amistoso no rosto e assumiu um tom sussurrante de fofoca que logo tomou a dama em curiosidade. — Você não soube? Agora que ele é general ele vive saindo em missão…

— Que maravilha, não é? Trabalhar diretamente na execução do destino…

— De fato, pena que eu não o vejo há mais de seis meses — comentou saudosista, simulando tristeza em seus lábios carnudos e extremamente expressivos — e soube que ficará longe por anos nessa nova missão…

— Nossa, que tipo de tarefa será essa? — decididamente a moça estava plenamente entretida na conversa.

— Eu não tenho certeza, mas eu ouvi falar que era algo sobre aniquilar uma espécie inteira, tomara que seja aquela peste dos arianos, Lorde Dumuzi ficaria satisfeitíssimo.

— Verdade… — a mulher parou um pouco para refletir sobre o assunto, poucos eram os que apoiavam os métodos de Yeshua e seu povo, mas menos ainda eram os que tinham coragem de pronunciar críticas em voz alta. Desta forma, sentiu-se incomodada em continuar a frase que estava por construir, um certo medo de virar uma estatística a fez contemplar o nada com seus cabelos loiros ao vento, queria continuar a conversa, então usou o primeiro assunto que veio a sua mente sobre o comentário impertinente do galã. — Então você também é de Hamal? — Ela se referia à pequena planície governada por Dumuzi.

— Na verdade eu sou de Antares, mas tenho alguns negócios em Hamal, coisa besta, mas que pode crescer dependendo do destino escrito…

— Por Apóllōn, veja as horas! — estupeficou-se a dama ao observar o grande relógio da praça central. — Devemos logo voltar ao trabalho.

— Pois é… — o homem suspirou com um claro ar de tédio, mas continuou escorado na coluna sem dar qualquer sinal de que iria se mexer.

— Não tem trabalho? — ela perguntou curiosa, se preparando para levantar as sacas que repousavam no chão durante a conversa.

— Tenho… tenho… vou só descansar minhas pernas um pouquinho antes de continuar. — Sua resposta deixou a desconhecida ainda mais confusa.

— Como consegue?

— Consigo o quê?

— Ficar tão relaxado… desocupado… — havia um pingo de inveja naquelas palavras que, naquele lugar, não eram nenhum xingamento, naquele momento até esqueceu de voltar ao trabalho.

— Ah… isso… — suspirou sem graça — eu não estou realmente desocupado, na verdade estou trabalhando agora… —, de certa forma não era mentira, só não era algo convencional, muito menos poderia dar mais explicações, por isso queria desconversar logo, mas logo percebeu que não seria necessário.

O relógio tocou duas horas da tarde assustando — Dolores e, por sinal, realmente tenho que seguir meu caminho. —, a jovem moça se apresentou em sua despedida, estava apressada, só naquele momento percebeu o quão rápido o tempo podia voar durante uma conversa interessante.

— Arlequin… — o homem nomeou-se, nem um pouco surpreso pela apresentação tardia, tinha confiança de que iria acontecer, nesse sentido, com um aceno rápido das mãos, um pedaço de papel consideravelmente elegante apareceu entre seus dedos, inclinou-se para frente, separando-se da coluna de concreto finalmente e estendendo o braço para a dama com um sorriso galante no rosto. — Caso queira continuar a conversa uma outra hora.

Ela corou levemente, não eram muitos os que cortejavam em pleno horário de trabalho, na verdade, o seu último pretendente fora um velho amigo de infância, algo bem comum em Syrt, o feudo do Palácio Celeste. De toda forma, guardou o cartão entre os seios e caminhou apressada, voltando-se uma última vez para observar o homem com um olhar quase pecaminoso.

Alguns minutos depois uma moça loira decidiu seguir seu caminho, caminhou pelo meio da praça movimentada sem muita atenção, como quem caça uma trombada acidental, o que de fato não demorou muito para acontecer, chocou-se com uma elfa já com certa idade trazendo linhas de costura em uma cesta artesanal, o choque arrancou esta de seu braço e fez os rolos se espalharem caoticamente pelo chão, alguns pararam para observar o acontecido, mas logo voltaram a andar normalmente, atarefados.

— Mil desculpas, minha senhora, estava tão distraída… — sua voz era sincera e seus atos conversavam bastante com ela. Assim que se desculpou, logo se abaixou para começar a catar cada linha que havia caído. — Eu ajudo a senhora…

— Ora, deixe de formalidades. — a outra sorriu como quem está sempre vendo o copo meio cheio. — Não sou uma velha, estou plena em minha juventude tardia e, de toda forma, chamo-me Muhtybie, a costureira.

— Prazer, Dolores. — apresentou-se sorridente levantando o rosto momentaneamente para lhe visualizar novamente.

— Enquanto reparamos esse nosso probleminha enrolado, diga-me — demonstrava curiosidade pela situação em seu olhar — o que lhe tirou tanto a atenção ao ponto de esbarrar numa senhora… —, percebendo o que acabara de falar, pigarreou — mulher… — e continuou. — tão espalhafatosa quanto eu? — Só então Dolores notou os inúmeros enfeites e bijuterias que Muhtybie levava tanto nas roupas quanto no corpo em si, ouvira mesmo falar que alguns elfos tendiam para essas predileções.

— Eu estava pensando em como as relações econômicas entre Hamal e Altarf vão ser modificadas neste futuro próximo… — respondeu num comentário quase introspectivo.

— O que quer dizer com isso? — a elfa estranhou a aleatoriedade daquelas palavras, voltando seu olhar momentaneamente para as esmeraldas no rosto de Dolores — Digo, Lorde Dumuzi e Lorde Yeshua nunca foram muito amigos, mas sempre mantiveram boas relações…

— É que eu soube que o Lorde Apóllōn resolveu tomar um lado… — a loira media bem suas palavras, vasculhava vez ou outra seus arredores atrás de movimentação suspeita, não sabia quem poderia estar escutando.

— Fico um pouco triste pelo Lorde Dumuzi, as histórias contam que ele lutou tanto pelo povo dele…

— Mas o Rei escolheu justamente o povo dele. — interrompeu de imediato, num sussurro firme, largando alguns rolos dentro da cesta.

— Não pode ser, Ele não escolheu o lado do seu sucessor? — Muhtybie estava notoriamente estupefata com a informação. Sua mãos pararam de tatear o chão atrás das linhas e começaram a brincar com seus cachos castanhos, numa espécie de tique curioso.

— Pois é, os planos dEle são misteriosos, mas devemos confiar. Só fico com medo do ego do Lorde Yeshua.

— É de se considerar… — estava contemplativa, fazia considerações sobre o caso, mesmo que isso não a influenciasse muito, não a ela, moradora de nata de Syrt, mas era uma mulher antiga, curiosa, quase tanto quanto trabalhadora.

— Eu soube que o próprio Animus foi enviado para aniquilar os arianos… — cochichou bem séria e depois completou quase que apenas para si: — talvez.

— Animus? — espantou-se e se levantou ao perceber que já não haviam mais linhas a serem recolhidas. — Estou indo agora na casa do Fausto, sua mulher me encomendou algumas dessas linhas, parece até destino.

— Fortuna, minha cara, os deuses não se dariam ao trabalho de escrever sobre nós… — respondeu enfática batendo o vestido para tirar-lhe a poeira do tecido. — De toda forma, mande meus cumprimentos para ambos, não ando com tempo de lhes visitar esses dias, muito trabalho…

— Que tipo de trabalho, se não estiver me intrometendo demais, não a vejo carregando nada agora.

— Do tipo que todos gostam e ninguém reclama, sou a melhor nisso, venha me visitar qualquer dia desses… — a garota não estranhou a pergunta, na verdade aproveitou a oportunidade para entregar seu cartão de boas-vindas à elfa, qualquer cliente era bem vindo em seu trabalho.

Muhtybie pegou o papel curiosa e lhe examinou atentamente as inscrições: “Casa de Massagem | Dolores Sucaaji Hudjako| Rua dos Prazeres, 917, Antares | Qua - Seg: 11h - 13h e 21h - 5h”. — Antares? Pensei que fosse de  Hamal ou Altarf pela nossa conversa… — a elfa arguiu sagaz, conferindo se todas as linhas estavam na cesta e limpas, não entregaria mercadoria defeituosa.

— Sou de Hamal, mas trabalho em Antares, leis mais flexíveis para não dizer frouxas… — deu de ombros e seguiu caminho, desaparecendo entre os transeuntes. A morena conformou-se com a explicação, observou a outra sumir e seguiu para a casa de forja, encontrar-se com sua cliente.


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Notas finais do capítulo

Então é isso, eu posso acabar acelerando ou desacelerando a história uma vez que ainda não tenho exatamente a ordem dos capítulos em mente, mas vou tentar manter essa frequência.

Espero que estejam gostando, o feedback é importante então, se tiverem tempo, deixem comentários sobre o que estão achando. Um agradecimento especial para o leitor Kurosaki Ryuuji pela bela recomendação e desde já:

Obrigado pela atenção,
Sir Death



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